Eu precisava devolver o carro antes que Christian sentisse a ausência do mesmo estragando o que eu fizera. Mas antes que eu pudesse guardar o automóvel na garagem, um carro da policia chamou minha atenção, não entendi muito o que via, apertei os olhos colocando a cabeça para frente para melhor visão.

- Christian? – o garoto estava cabisbaixo no banco traseiro. A curiosidade fez com que eu seguisse o carro.  

 A delegacia demorou a chegar, eu não sabia se conseguiria voltar para casa. Parei o um pouco afastado do portão por onde o carro entrou. Esperei alguns minutos antes de sai, liguei o alarme e fui para a portaria.

- Olá... – encostei os cotovelos no balcão – Eu vim fazer uma visita.

- Nome? – uma mulher de cabelo vermelho mascando chiclete me atendeu.

- Meu? Ou de quem vim visitar? – não pude deixar de ser grossa, o barulho da sua saliva passando pelo chiclete estava me enojando.

- Os dois... – respondeu seca

- Sophie... Vim visitar o Christian Allen Brown – a mulher olhou alguns papeis e achou o de Christian bem no topo.

- Mas ele acabou de chegar, visitas somente depois do primeiro dia... – ela estava me provocando, não pude me controlar.

- Ei! – chamei sua atenção para os meus olhos – Ele já esta aqui a muito tempo... Eu tenho permissão para entra – suas pupilas dilataram me causando um sorriso orgulhoso.

- Claro... – a mulher estava com o olhar vazio – Eu te levo até ele.

- Obrigada – respondi sorridente e acompanhei a mulher.

Seus olhos não moviam ou piscavam, ela abria as portas sem ao menos olhar a fechadura. Passamos pela frente da primeira segurança e foi fácil, os guardas abriram passagem sem questionar. A segunda porta, que dava acesso as celas, estava uma pouco mais monitorada. Eram cinco guardas, eu não sabia se ia dar conta de atrair a atenção dos cinco ao mesmo tempo. Mas eu precisava.

- Pois não? – um dos guardas que se posicionava na frente da porta impediu a mulher de passar, mas ela não podia responder devido ao transe que eu a causara.

- Nós precisamos entrar... – eu não conseguia conectar os cinco olhares com o meu. Precisava de alguma coisa melhor, pensa Sophie...

- Precisavam? – um guarda atrás de mim cruzou os braços desconfiado, foi quando a ideia veio na minha cabeça.

 - Ah! – simulei um desmaio e me joguei no chão, senti os rapazes correndo em minha direção para ajudar.

 - Você esta bem? – perguntou um deles, abri o olho devagar e minha sorte estava ali. Todos me olhavam fixamente preocupados.

 - Eu? Mas eu nunca estive aqui – levantei e pela minha surpresa eles se levantaram também, pelo jeito eu tinha mais poder do que imaginava – Eu fui apensa um sonho que vocês tiveram.

Entramos no corredor onde havia poucas celas, pareciam ser celas isoladas. Uma porta grande e branca escondia a identidade de quem estava ali dentro. A mulher dos cabelos vermelhos parou em frente a penúltima porta colocando a chave e se afastando. Eu assumi seu posto e abri a porta devagar. Ele estava lá, com o seu uniforme laranja.

- Christian? – o garoto olhou para o lado e voltou a encarar o chão.

- Vai embora daqui Sophie... – senti a raiva na sua voz, mas não entendia o porquê.

- O que aconteceu? Porque você esta aqui? O que você fez? – eu estava realmente preocupada, Christian não aparentava ser uma pessoa ruim.

- O que eu fiz? Você tem coragem de perguntar o que EU fiz? – ele levantou da cama que estava sentado – Me aproximei de você Sophie foi isso que eu fiz! Me aproximei demais, e deixei meu coração me enganar! Foi isso que eu fiz! – ele gritava comigo me deixando assustada.

- Mas... Mas o que que eu tenho haver com isso?

- Como assim? Você é a razão disso Sophie! – ele me afirmava – Se eu não tivesse entrado para te salvar do Josh ele não teria me batido e eu não estaria aqui agora!

- Me salvar? O Josh te bateu? – sentei na cama confusa, nada daquilo fazia sentido – Mas ele me disse que você sofreu um acidente...

- E você ainda saiu correndo para abraça-lo no hospital... Acidente? – Christian me olhou confuso, parece que só agora ela escutou o que eu falei – Ele te falou isso? Você estava lá Sophie! Como não sabe o que aconteceu?

- Nada do que você esta falando faz sentido para mim... – apoiei as mãos na cabeça puxando para baixo, encostando no joelho.

- O que... – Christian aproximou-se puxando um pedaço da minha blusa para o lado – Ele... Ele te transformou... – sua voz era baixa. Eu não sabia o que responder. – Por isso você não se lembra, ele te transformou e esta agora manipulando a situação. – sua voz era fraca.

- O que você esta falando Chris?

- Não! – ele cobriu os olhos rapidamente – Não vou deixar você fazer isso comigo! Sai daqui!

- Eu não vou te machucar Chris – tentei tirar sua mão do rosto, mas ele me segurava com força – Para com isso Chris!

- Como eu posso confiar em você? Se eu nem sei mais quem você é!

- Chris! – minha voz era chorosa agora, ver ele daquele jeito com medo de mim estava me matando por dentro – Chris... Eu não vou fazer nada... Confia... – apoiei minhas mãos nas suas e puxei devagar, ele recusou um pouco no começo, mas sedeu.

- Por que... Porque deixou ele fazer isso? Eu te pedi Sophie para ficar longe dele...

- Eu não deixei, ele me obrigou... Eu não sabia que isso ia acontecer! Acredita em mim! – eu suplicava apertando suas mãos.

- Como eu vou saber se não foi ele que mandou você falar isso?

Coloquei meus braços em seu pescoço o beijando com força, Christian se assustou no começo, mas se envolveu rapidamente. Sua mão puxava minha cintura de uma forma desesperada, como se ele estivesse precisando daquilo.

- Ele com certeza não mandaria eu fazer isso – disse com os olhos ainda fechados sentindo Chris deslizar a ponta do seu nariz  no meu – Vem eu vou te tirar daqui.

- Como?

Sorri torto e puxei o garoto para fora, joguei para dentro da cela a mulher dos cabelos vermelhos, que ainda esperava do lado de fora, e tranquei a porta. Christian me olhava assustado mas não questionava meus atos.  Repeti o processo que eu havia feito a poucos segundos atrás, mas agora para sair da delegacia.

- Você pegou meu carro? – Christian perguntou inconformado.

- Será que a gente pode discutir isso lá dentro? – apontei para dentro do automóvel e entramos rápido.

- E lá vou eu... – liguei o motor – Para carro com a Sophie Babe. – ele sorriu esperançoso.

- É temos um problema... – disse já com o carro em movimento - Eu não sei chegar em casa.

- Eu falo e você dirigi – o garoto respondeu entre risadas.

O caminho foi mais divertido do que eu imaginava, entre brigas e beijos durante o sinal fechado, nós chegamos na minha casa, vivos! Estacionei em frente ao portão da minha garagem.

- Você vai entrar né? – perguntei saindo do carro fechando a porta.

- E eu tenho escolha com você? – fechou a porta também indo para o meu lado e segurando minha mão, eu já não conseguia mais disfarçar meu sorriso. Entramos em casa rindo ao nos lembrar dos acontecidos a poucos minutos atrás.

- Que casal mais bonitinho – ouvi palmas vindo do sofá da sala de estar, ele estava aqui.

- Josh... O que você está fazendo aqui seu idiota! – larguei a mão do Christian indo para cima do Josh, mas fui segurada.

- Para com isso Sophie não vale a pena! – Chris segurava meu braço com força

- Você é um mentiroso! Um manipulador! – minha voz arranhava minha garganta.

- Eu sou mentiroso? Tem certeza disso Sophie? – Josh olhou Christian com um sorriso irônico.

- Josh não! – Christian me surpreendeu ao responder – Você prometeu que não contaria!

- Contaria o que? – puxei meu braço das mãos de Chris e o encarei.

- Hahaha eu vou sentar para assistir isso – Josh ria satisfeito.

- Christian contar o que? Do que ele esta falando?

- Eu... Eu estava esperando o momento certo para te contar... – o garoto se afastou me deixando confusa.

- É Sophie... – Josh chamou minha atenção para ele agora – Seu namoradinho não é tão diferente de você como você pensa...

- O que você quer dizer com isso Josh? O que ele quis dizer com isso Chris? – olhei para o garoto que estava agora de costas para mim – Olha pra mim! – gritei.

- Ele é um mutante Babe... – Josh sussurrou em meu ouvido.