Passei o dia me encolhendo na cama apertando um travesseiro na barriga a fim de fazer isso como um remédio para minha dor. Christian ficou comigo e me ajudou muito, de uma em uma hora ele descia e ajudava minha avó a preparar um chá bem quente e me trazia para beber, aquilo me aliava a dor por alguns minutos.

- Minha filha o que será que está acontecendo com você? – Elisabeth perguntou entrando no quarto junto com Christian que segurava o meu oitavo chá do dia.

- Eu não sei vovó, deve ser alguma coisa que eu comi... – segurei o chá e me sentei melhor na cama para não derrubar.

- Christian pega um pedaço do bolo que eu fiz lá embaixo para você comer – vovó acariciava a orelha de Christian, ela tinha mania de fazer isso – Você não comeu nada ainda.

- Eu vou sim... – o garoto sorria com o carinho, parecia que se conheciam a muito tempo – A senhora aceita um pedaço também?

- Sim, sim e não economize eu quero um pedaço bem grande – Chris sorriu para vovó e desceu para a cozinha – Arrumo um partidão em Sophie...

- Para com isso vó! – levei a mão até a boca segurando a risada.

- Já é tarde, vou pedir para o seu vô pegar um colchão e colocar aqui para ele dormir com você – olhei confusa para Elisabeth, eu não esperava por essa.

- Não precisa vovó ele é nosso vizinho...

- Ué... Mas ninguém precisa saber disso – ela deu uma piscadinha e saiu do quarto deixando a porta aberta.

- Sua vó me ama! – Christian entrou no quarto sorridente se exibindo.

- Cala a boca Chris e me dá um pedaço desse bolo – estiquei o braço e o garoto levou o prato para perto da minha mão e depois tirou.

- Nada disso mocinha! – fiz cara de brava – Você está toda doente ai do estomago e quer comer bolo de chocolate...– o garoto colocou um pedaço do bolo na boca -  Com morango... Creme...

- Isso vai me tortura, não é você que sente a dor! – coloquei a xicara do chá na mesa ao lado da cama – Nossa mas eu estou com muita vontade desse morango... Só o morango Chris! E eu não te peço mais nada!

- Sophie? Suplicando? Implorando? – Chris colocou a mão na minha testa – Você realmente está doente! – ele gargalhou da própria piada e pegou o morango colocando na minha boca em seguida.

- Sabe de uma coisa que eu ainda não sei sobre você – limpei a boca que estava suja de morango.

- O que?

- O que você faz? Em relação a poder... – Christian sorriu e pegou o garfo que estava no bolo.

- Esta preparada para isso? – assenti. O garoto rapidamente enfiou o garfo no próprio braço.

- CHRIS! – o choque tomou conta de mim, olhei para o garoto que ainda estava sorrindo.

- Calma... Olha... – Christian tirou o garfo do braço e colocou de lado na cama, com a outra mão ele pressionou o ferimento por alguns segundos e quando ele tirou a mão, o ferimento não estava mais ali.

- Seu idiota! – joguei o travesseiro – Eu quase tive um ataque do coração! – Começamos a rir daquele meu desespero.

Richard entrou no quarto com um colchão na mão e murmurando alguma coisa para a minha vó. Christian rapidamente foi ajuda-lo segurando ele o colchão sozinho. Vovô me olhou desconfiado e deslizou seus olhos para Chris com a mesma expressão. Pude ver Elisabeth o empurrando pelas costas obrigando ele a falar alguma coisa.

- Tá legal, tá legal – disse baixo olhando para vovó – Cristian obrigado por estar cuidando da Sophie – aquilo me fez sorri, ver a cara de bravo do vovô falando isso – Eu queria te convidar... É... Eu queria que você... – coçou a cabeça – Na verdade a Elisabeth que quer que você durma aqui, pronto falei.

- Richard! – vovó entrou no quarto ficando na frente – Christian desculpa por esse velho sem educação! – sua voz era doce agora- Você gostaria de ficar aqui com a Sophie, para olhar ela durante a noite?

- Eu adoraria – Christian fez uma pequena reverencia e eu pude ver vovô virando os olhos antes de sair do quarto, acompanhado de sua mulher.

Eu levantei da cama para pegar alguns cobertores e travesseiros para Christian, enquanto eu arrumava a cama o garoto pulou a janela do quarto indo até a casa dele para pegar algumas roupas, eu ainda não sei por que ele não usou a porta da frente. Christian foi rápido, antes mesmo de eu colocar os travesseiros ele já estava voltando pela janela do quarto.

- Porque você não faz como as pessoas normais e entra pela porta – joguei o travesseiro na sua cama.

- Porque eu queria mostrar meus músculos para você – fez pose.

- Christian – fiz uma pausa – Pular a janela não mostra que você é forte, mostra que você é retardado... Sai dessa! – dei leves tapinhas em seu ombro.

O garoto correu na minha direção me segurando pela cintura e me tirando do chão. Gargalhei com a atitude dele, senti minhas costas baterem no colchão no qual o Christian havia me jogado, ele subiu em cima de mim fazendo cócegas na minha barriga, tentei tirar a sua mão mais a minha risada estava me deixando sem força. A graça logo passou, quando nossos rostos se encontraram.

Encaixei minhas pernas devagar envolta do garoto que se ajeitou em cima de mim agora me encarando serio, passou suas mãos em meu rosto e me beijou devagar. Meu desejo foi mais forte do que a razão, puxei sua blusa devagar pelas costas tirando a mesma com a sua ajuda, joguei em um canto qualquer do quarto, deslizei minha mãos pelo seu tronco chegando ao cinto. Tentei tirar mais não consegui, sorri no meio do beijo e Christian fez o mesmo.

- Quer uma ajuda ai Babe? – disse ainda com o nariz colado no meu.

- Eu adoraria Brown – uma risada teimosa saiu pelo meu nariz.

Christian colocou as mãos em cima das minhas e me ajudou. Antes que pudéssemos continua, o quente na minha barriga voltou dessa vez muito forte. Empurrei o garoto para traz apertando minha barriga, eu não estava conseguindo aguentar. Corri para o banheiro e vomitei novamente.

- Sophie a gente precisa ver o que é isso! – Christian segurava meu cabelo.

- Não deve ser nada Chris, amanha já passou...

Quem dera eu ter acreditado no que tinha falado. Passo um mês e aquilo ainda não tinha passado, eu não sabia mais o que fazer. Christian cuidou de mim por todo esse tempo, eu senti um pouco de pena. Pedi para que ele não fizesse isso, mas não adiantou muito. Ele ia de manhã para a escola e voltava direto para minha casa, só saia para buscar roupas.

- Sophie chega a gente precisa ir ver isso... – Christian sentou na ponta da cama onde eu estava deitada.

- E você quer me levar aonde? Em um médico normal? E falar que eu sou uma mutante que vomita um liquido preto? E depois sair andando com uma receita na mão?

- Eu não pensei em te levar em um medico normal... – fez uma pausa e me olhou – Pensei em te levar para a Melanie.

- Melanie? Você ficou maluco? – Me arrumei na cama ficando mais reta.

- Sophie desculpa mas você vai! Eu não aguento mais ver você assim – Christian abriu meu armário – Fala o que você quer que eu pego.

- Pega o que você quiser Chris... – tirei os lençóis dos pés e joguei as pernas para o lado, eu estava muito fraca.

Christian me ajudou a trocar de roupa e arrumou meu cabelo, eu estava me sentindo péssima por não conseguir fazer aquilo sozinha. Fui carregada até o carro, colocada no banco e somente o cindo te segurança eu consegui colocar.

- O caminho é meio longo se você quiser pode dormir... – Christian entrou no carro sorrindo, ainda não sei porque ele fazia tudo isso para mim.

- Eu vou tentar ficar acordada. – segurei sua mão e ele deu um beijo em cima da mesma. Eu consegui ficar acordada por quarenta minutos de viagem, dormi sem perceber.

- So... So... – senti meu braço balançar – Sophie?! Acorda... – Christian me acordava devagar.

- Nós chegamos? – minha voz ainda era sonolenta.

- Sim – o garoto desligou o carro e tirou os nossos cintos – Fica ai que eu vou te pegar.

A porta do carro se abriu ao meu lado e eu pude sentir as mãos de Christian passarem pelos meus joelhos e costas, ele me carregava com certa facilidade. A casa de Melanie não era tão horripilante quanto eu imaginava. Era branca nas paredes e no telhado, tinha algumas plantas enfeitando a entrada, nada muito chamativo. Entramos na casa e Christian me colocou no chão, eu apoiei meu braço ao seu e o segui, ele parecia já saber o caminho.

- Olá Christian... – Melanie estava sentada em uma das salas da casa, com aquele sorriso que me causava arrepios.

- A gente precisa da sua ajuda. – Christian começou a falar.

Com poucos detalhes ele foi explicando o que estava acontecendo comigo. Mrs. Jones olhava atentamente e concordava com a cabeça. Acabando a explicação, a mulher me pegou pelos braços devagar e me deitou na mesa no meio da sala, fechou os olhos esfregando uma mão na outra, ela parecia estar se concentrando para alguma coisa. Passou as mãos lentamente pelo meu corpo, dos meus pés a cabeça, mas sem encostar. Quando foi repetir o processo sua mão parou na minha barriga, ela encostou na mesma e arregalou os olhos olhando para Christian.

- O que foi? – Perguntamos juntos

- O que eu tenho? – sentei na mesa encarando a mulher.

- Ela está gravida. – aquilo me atingiu como uma bomba.