-Hey! Tem alguém aí? - gritei, eu estava sentada em uma cadeira e tudo estava escuro - será que eu morri e este é meu inferno? - olhei para as lados e não vi nada. Ouvi passos atrás de mim, me levantei da cadeira e olhei para a menina que vinha em minha direção. Ela usava tênis pretos, calças jeans claras e rasgadas e uma blusa que dizia: “Metal is the best Fuck the rest” ela era eu, mas tinha algo de diferente.

-olá Molly - levantei uma sobrancelha, aquela maldita voz que me assombra todos os dias.

-Manola? - ela girou os olhos rindo - você sou…eu? - ela cruzou os braços sorrindo, tive que rir.

-sim, e você não está morta se ‘tá achando isso - ri de lado e agradeci mentalmente por isso - você está em um hospital há cerca de um dia.

-quando eu vou voltar? - disse apressada, já tinha saudades de casa.

-agora - ouvi vozes e tudo começou a ficar mais claro, mas de uma cor alaranjada. Abri os olhos e vi um quarto todo branco, ele estava escuro e as janelas estavam abertas, a luz do abajur ao lado da minha mesa estava ligada, fazendo com que só aquela parte ficasse iluminada pela luz de cor alaranjada.

Olhei para o sofá ao lado da cama e ele estava lá, tive que rir pois ele estava em uma posição ridícula naquele sofá minúsculo.

-Georg - senti minha garganta seca e minha voz saiu falha - Georg! - tentei gritar, ele se mexeu um pouco no sofá e abriu os olhos devagar, logo depois me olhou, se levantou rápido e veio até mim me abraçando, senti uma dor horrível no braço esquerdo - ai Moritz! - ele se separou rápido sorrindo de lado.

-desculpa - neguei, coloquei a mão sobre meu braço, estava enfaixado, queria ver o Tom e pegar aquele muleque - ‘tá tudo bem? - sorri me colocando confortável na cama.

-comigo sim, espero que tenha roupa preta para funerais - ele riu de lado e acariciou meu rosto rindo, sorri.

-calma, o Tom está super preocupado com você lá fora - respirei fundo me deixando levar pelos seus dedos que agora estavam em minha bochecha.

-ligaram para o Gheorge? - ele ficou sério e tirou a mão do meu rosto.

-não, achei melhor você fazê-lo - assenti sorrindo, não queria que Gheorge voltasse aqui por culpa de uma besteira que eu fiz. Alguém bateu na porta e todos entraram fazendo imenso barulho.

-oi linda! - Bill veio até mim, me abraçou com cuidado e me deu um beijo na testa, Gustav repetiu o ato e Tom ficou no canto do quarto, o olhei de relance e olhei depois para Kristen.

-oi querida - disse com a voz fina de sempre - espero que esteja bem - assentiu sorrindo de lado.

-na medida do possível - disse baixo sentindo meu braço esquerdo latejar de leve, não disse nada.

-bem espero que esteja melhor até nossa festa no nosso último dia - assenti forçando um sorriso - nós vamos te deixar descansar, amanhã de manhã você já estará liberada - Gustav disse sorrindo, menino fofo.

-obrigada pela notícia - ficamos um tempo em silêncio - gente…será que vocês podiam… - não terminei a frase eles assentiram, Georg me deu um beijo na bochecha e todos saíram deixando Tom lá no canto, parado e olhando para os próprios pés. Ele não dizia nada e eu muito menos, ficamos ali naquele silêncio e podia jurar que ouvia o soro pingar.

-desculpa - ele disse baixo, respirou fundo e levantou a cabeça, em passos pequenos veio até mim - eu…estava meio que desesperado e…queria saber sobre…eu só estava preocupado com você - disse depois de se enrolar na frase, respirei fundo e o fuzilei com os olhos.

-Tom - comecei séria - você me deve um celular novo - sorri de lado e ele riu se sentando em uma cadeira ao lado da minha cama - eu entendo você só…sou muito teimosa e - bufei o olhando sério, ele riu assentindo.

Ficamos em silêncio durante um tempo e vários pensamentos passaram por minha cabeça, respirei fundo e continuei.

-Tom eu…preciso te contar a verdade - ele me olhou sério - eu não tenho muito tempo aqui e eu preciso te contar pra pelo menos me sentir mais…normal - ele apenas assentiu.

-eu vou esquecer mesmo, não é? - assenti sentindo um aperto no peito - pode falar - sorriu.

-eu vim do ano de 2012 - ele me olhou estranhando, por mais que me ouvisse acho que ele ainda pensava que a queda teve impacto - em…em 31 de Março do mesmo ano o Georg me pediu em casamento - ele assentiu - e no vosso aniversário de 23 anos ele…ele bebeu muito e brigou com o Daryn - ele me olhou com uma sobrancelha levantada.

-o mesmo Daryn de dois dias atrás? - assenti - por isso você tinha uma cara de retardada quando conheceu ele - o fuzilei e ele riu, continuei.

-nesse dia o Georg teve um ataque de ciúmes, eu não sei o que lhe deu. Ele simplesmente atacou o Daryn e depois da briga pegamos a estrada.

-o Georg não é assim, ele é a pessoa mais calma que eu conheço - assenti - estranho…

-bom…nesse dia ele entrou em coma e tive a oportunidade de voltar aqui, hoje em 2007 pra ver se consigo fazer as coisas bem - engoli em seco.

-e como isso seria? - respirei fundo…

-se eu não conhecer o Georg significa que a briga com Daryn não aconteceria, ele não estaria bêbado e não iria dirigir e…ficar em coma - prendi as lágrimas.

-ou seja, quando seu tempo aqui acabar o Georg vai ficar com a Kristen, você desaparece e… - ele não continuou, me olhou sério e me mexi na cama - não é justo - o olhei sentindo uma lágrima descer - não é justo pra você, para o Georg e…pra nós - o olhei séria - me diz, como vou ficar sem minha melhor amiga? Sem lamentar todos os dias meus tênis perdidos e roubar caps da tua gavetas enquanto procurava tuas calcinhas - o olhei incrédula, lhe mandei uma almofada e ele agarrou rindo, foi aí que vi que seus olhos estavam vermelhos.

-vamos só…aproveitar ok? - ele veio até mim, limpei o rastro da lágrima que havia passado ali - vamos aproveitar e você vai me comprar um telefone novo - ele riu e nos abraçamos.

-promete que vai me deixar uma coisa sua - disse enquanto o apertava contra mim.

-prometo - depois de um tempo ele saiu do quarto, me deixando sozinha para dormir.

**

Não consegui e um tempo depois a porta se abriu, sorri vendo que ele havia voltado.

-devia estar dormindo - começou.

-você também Moritz - ele sentou na cadeira ao meu lado e me olhou sorrindo.

-me deixou preocupado - sorri vitoriosa e ele riu - sério Molly, promete que não vai fazer uma dessas de novo, vai ter cuidado - girei os olhos.

-ok Moritz, prometo que vou ficar aqui por um tempo ok? - ele riu assentindo e respirei fundo - não consigo dormir - disse por fim - fica aqui comigo? - ele assentiu e se levantou da cadeira.

-chega pra lá - levantou o lençol, o olhei com cara de desconfiada - chega pra lá logo! - afastei um pouco e fui mais para a ponta da cama, ele tirou os tênis e deitou ao meu lado, nos cobriu e me abraçou, enfiei meu rosto em seu peito sentindo seu cheiro, saudade.

-obrigada - minha voz saiu abafada e ele riu.

-vou estar sempre aqui pra você pequena, sempre - beijou o topo da minha cabeça enquanto acariciava meu braço e afagava meus cabelos. Acabei pegando no sono.