Os cabelos de Anna balançavam no ritmo do vento, à medida que a menina se jogava para frente e voltava. Sua camiseta não era das mais apertadas, e também voava ao redor de seu corpo, com a frase irônica iluminando os olhos de Jason.

  Tudo naquela noite parecia perfeito; os cheiros, a luz da lua, a floresta, a clareira, e principalmente Anna.

  -Adorei a – Ela esperou voltar a se balançar para frente. – Surpresa.

  Riu, observando Jason balançar levemente a sua, enquanto Anna se esforçava para tocar os pés na copa da árvore. Por um momento ela lançou seus braços para cima, soltando a corda do balanço e gritando, porém logo voltou a agarrá-las e soltar uma risadela.

  Jason se ocupava em observar a menina, que logo percebeu e ficou corada. Mesmo assim não parou de balançar, desta vez mais discretamente. Ele fez a mesma coisa, tentando domar seus olhos.

  Depois de alguns minutos no silêncio, Anna voltou a encará-lo, com uma sobrancelha misteriosamente arqueada.

  -O que foi? – Jason perguntou.

  -Nada. – Ela respondeu, sorrindo.

  E, com um gesto da mão de Anna, o balanço de Jason foi impulsionado para frente. O filho de Apolo quase caiu para trás, e ela se divertiu com isso, soltando uma gargalhada.

  Sobre a cabeça de Anna começou a girar o símbolo de Zeus em dourado, e todo o show da reclamação divina se repetiu. Jason não conseguiu desviar seus olhos da brilhante Anna, que aguentava o show em silêncio.

  -Bacana. – Sorriu Jason, quando terminou.

  Anna atirou sua mão para frente, o que conduziu o ar a empurrar Jason. Só que daquela vez ele caiu. Assustada e culpada, ela conseguiu pará-lo a meio metro do chão. Pulou do balanço e correu ao seu encontro, soltando-o.

  -Uf. – Jason soltou, quando suas costas bateram no chão.

  -Ai caramba, me desculpa. – Anna disse, ajoelhando-se ao lado de Jason e procurando por sinais de ferimentos.

  -Não foi nada. – Afirmou, se levantando rapidamente com auxílio das mãos. Aquilo o levou a ficar a pouquíssimos centímetros longe de Anna: face a face.

  Ela sorriu sem mostrar os dentes, querendo se afastar e obedecer aos avisos da mulher, porém hipnotizada pelos diamantes a brilhar que eram os olhos de Jason. Podia sentir a respiração quente e ofegante de Jason alcançar seus lábios, e ficava vesga ao tentar capturar cada detalhe da boca do garoto: rosada, fina e quase aberta. Pronta e desesperada por um...

  Uma mão de Jason se dirigiu à nuca de Anna, penteando seus cabelos no caminho, e dando-lhe calafrios agradáveis. Ele fechou os olhos, sem um mínimo sinal de fatiga... Anna subiu no colo de Jason, que ainda esticava as pernas sobre a grama, instintivamente.

  Com a mão que tocava sua nuca, Jason puxou a cabeça de Anna lentamente para si. E ela o seguiu, movida mais pelo momento do que pela sensatez.

  Mas um barulho estranhamente próximo os interrompeu.

  Mais uma vez.