Scorpius Malfoy.

A verdade caíra sobre mim da maneira mais rude que alguém possa imaginar. Ela havia mentido, mesmo em todas as vezes que lhe deixe dizer a verdade. Fiquei no mesmo teto que ela durante meses, acabei por me apegar a sua filha, agora, e sempre minha filha.

Decidi ir embora, não moraria mais na casa de Rose, talvez dormir na casa de Catherine, até pelo menos conseguir um novo local a morar, qualquer local seria melhor do que ali ao lado dela.

Meu amor não foi cessado, ao contrário, aumentava a cada segundo, mas suas mentiras chegaram ao fim, não poderia acreditar novamente.

Sempre fui um tolo apaixonado, apaixonei-me por alguém que não ligava para o que eu sentia ou deixava de sentir.

Ela sempre soube que eu gostei de Andie desde a primeira vez que a vi!

Sabia que minha decisão poderia ser precipitada. Sentiria falta de minha pequena.

Andie não merecia tudo isso, não depois de tudo que aquele psicopata a fez. Ele ainda pagaria por tudo o que fez a minha menina!

Percebi algo estranho naquele local, e pude notar que Rose vinha em minha direção, algo que Andie lhe disse a fez vir aqui, falar comigo.

– Precisamos conversar – ouvi sua voz.

– Não temos nada a conversar Rose. – respondi e sai andando, mas senti sua mão fina e quente tocar em meu pulso.

– Oras! Temos muito que conversar! – sua foi saiu decidida.

– Ah é? Conversar sobre o quê? Conversar sobre como você mentiu para mim durante todos esses anos? Como nunca me contou toda a verdade?

– Scorpius...

– Scorpius o quê? Eu cansei Rose, cansei de tudo.

– E tudo o que aconteceu conosco? Para você não foi nada?

– Realmente Rose... Pra mim foi à melhor coisa que me aconteceu, senti-me como antes: vivo. Quando éramos jovens e ingênuos o bastante para as barbaridades do mundo, mas definitivamente nesse tempo eu fui feliz. Pude sentir seu amor novamente, mas como sempre as palavras e as mentiras estragaram tudo – pausei – E pude perceber que tudo o que vivemos foi mais uma de suas mentiras.

– Scorpius...

– Não, por favor, não diga nada, só se lembre que eu venho buscar, Andie no sábado, vou passar o dia com ela e não me prive disto também. – falei em tom sério.

Ela ficou por pensar durante alguns segundos, encarou o chão e disse:

– Tudo bem – suspirou – Não vou lhe privar disto, Andie também é sua filha.

– Ótimo venho buscá-la às nove da manhã.

– Ah sim...

– Até sábado... Rose. – tornei a falar e não esperei resposta, logo aparatei, mas senti um vazio enorme em meu coração.

***

Lá estava eu, na pequena cidade de Hogsmeade, lembrei de minha filha, provavelmente agora estaria fazendo milhares de perguntas à mãe, ou não, mas de qualquer forma pude imaginar seus pensamentos, talvez até os sentimentos do pequenino coração que ali batia.

Entrei no pub Três Vassouras, e sentei-me em uma mesa afastada, o plano inicial não era beber muito, mas logo eu já estava na terceira garrafa de fire whiskey, com vontade de pedir a quarta.

Olhei a minha volta, o movimento continuava o mesmo de sempre, já fazia alguns anos que eu não vinha a este lugar.

Quando já estava na sexta garrafa, uma figura loira sentou a minha frente, e essa sorria para mim.

– Posso ajudá-la? – perguntei, pude sentir algumas pontadas em minha cabeça, droga de bebida.

– Não se lembra de mim? – perguntou ela sorrindo.

Tentei lembrar-me da moça, mas nada me ocorreu, por fim balancei a cabeça negativamente.

– Ah, uma pena – respondeu frustrada.

– Então de onde nos conhecemos? – perguntei por fim.

– Nos conhecemos aqui mesmo, você não mudou nada sabe, estava aqui bebendo como hoje... Então loiro atormentado – ela disse divertida – que te trás de novo aqui?

– Não sei nem por onde começar – cocei a cabeça com uma das mãos e em seguida apoiei-me em ambas.

– Que tal pelo começo? – ela disse pedindo mais duas garrafas de fire whiskey ao barman.

– Bem... Vamos dizer que eu fui, ou sou muito apaixonado por uma mulher... E que no dia em que iria pedir a sua mão... – pausa, senti o rosto ferver e os olhos encherem, fitei o chão por um tempo respirando fundo – Não dá... – reclamei choroso – Eu não consigo falar... Eu mal te começo e... – parei, cobri meus olhos com as mãos.

– Ei... – ela falou tocando minha mão – Se acalme... Vai ficar tudo bem... Eu sei que dói, e dói muito, mas você precisa falar... Precisa soltar tudo isso que está preso dentro de ti ou então se tornará alguém frio...

– Você está certa. – respirei fundo, tomei um gole de fire whiskey e prossegui – Quando pedi sua mão ela terminou comigo – virei à garrafa novamente – e depois eu descobri que ela ia se casar! Mas o pior não era isso ela também estava grávida!... E... Dentro de mim... Em consideração a tudo o que havíamos passado...

– Você achava que era o pai. – ela disse virando a garrafa.

– Sim... E há pouco tempo descobri que realmente era... Seu nome é Andie, ela é um verdadeiro anjo sabe... E eu não digo isso por ela ser minha filha, pois até antes de descobrir que era minha filha já a achava...

– E a mulher que você amou? – ela disse interessada pelo assunto;

– O que tem ela? – perguntei finalmente a encarando.

– Você ainda a ama? – tornou a perguntar, deixando-me surpreso.

– Eu... Ah... Eu acho que...

– Você acha...

– Eu nunca deixei de amá-la. – respondi e tomei outro gole enorme da bebida.

– Ah sim... Entendo isso – forçou um sorriso.

– Também sofreu por isso? – perguntei.

– Digamos que parecido, casei-me um tempo depois daquela dia que nos conhecemos – agora sabia já quem era a “loira” – Mas meu marido mais trabalho do que fica em casa, sempre quis ter filhos, sabe, mas ele não quer...

– Talvez ele não seja o cara certo. – incentivei,

– Não, ele é uma ótima pessoa, apenas trabalha muito...

– Diga isto a ele.

– Você acha mesmo? – perguntei.

– Eu tenho certeza que ele entenderá – sorri.

– Falando assim parece que você tem a sua vida toda resolvida – ela disse enquanto virava mais um enorme gole de sua bebida.

– Com eu queria, como eu queria – sorri.

Passamos o final da tarde conversando. Acabei por descobrir que seu nome é Jessie, e que trabalha no banco Gringotes, ama quadribol e alguns jogos trouxas como basquete, vôlei, e alguns outros.

Contei a ela desde que entrei em Hogwarts, até o que ocorreu no tempo em que fiquei na casa de Rose. Descrevi como era a pequena Andie, e o quanto de esperteza ela tinha. Sorria com as lembranças, e logo minha mente ficava cada vez mais confusa. A bebida, me consumia por inteiro.

Jessie despediu-me de mim, alegando que tinha que voltar para a casa, seu marido chegaria logo e prometeu que iria conversar com ele.

Agradeci a ela pela tarde e disse que fiquei feliz em vê-la novamente. Ela sorriu e me agradeceu, e lembrou-me que se precisasse desabafar, eu poderia procurá-la que me ouviria sempre.

Logo que ela foi embora ficamos apenas eu e as garrafas de fire whiskey, tomei mais algumas garrafas. Quando senti a tontura, decidi ir embora, deixei todo o dinheiro que estava em meu bolso em cima da mesa e fui embora dali.

Pra onde iria? Sou apenas mais um tolo neste mundo. Observei a minha volta: ninguém na rua.

Dei um grito, de desespero, tristeza, raiva, tudo misturado em minha mente. Já não agüentava mais. Minha cabeça latejava. Aparatei sem rumo. Só pensava em um lugar, e foi para lá que eu fui.

Consegui chegar até a casa, e dei três batidas fortes na porta de madeira. Após cerca de cinco minutos uma figura morena abriu a porta.

Meu porto seguro.

– Scorpius está tudo bem? Já estava preocupada, liguei para você varias vezes, fiquei sabendo o que houve hoje...

A olhei e me segurei em seus ombros, minhas pernas haviam ficado bambas. Pude perceber que a bebida finalmente fazia efeito.

– Scorpius, está tudo bem? – tornou a perguntar.

Pude ouvir passos vindos do lado de dentro e logo percebi que a pessoa estava perto da porta.

– Hey Cathy, quem está ai essas horas da noite?

– É Scorpius! – disse nervosa – Albus, por favor, me ajude a levá-lo lá pra dentro.

Senti que os dois me ajudavam, e logo um baque me atingiu. Fui colocado no sofá da sala, mas as imagens eram sempre distorcidas e eu pouco via.

– Eu acho que está bêbado.

– Claro que está Cathy.

– O que faremos com você Scorpius? Porque bebeu?

– Eu... Eu não sei... Só queria esquecer-me de tudo, de tudo Cathy – disse elevando a voz.

Albus sumiu por uns instantes e logo voltou com um copo e entregou-lhe a Cathy.

– Tome essa água, vai sentir-se melhor – ela disse me entregando um copo.

Bebi rapidamente o líquido, e pude perceber o olhar receoso que ela lançou a Albus antes de eu adormecer.

Continua...