Primeiro dia sem ele.

A noite passada foi terrível, não dormi, chorei tanto que minhas lagrimas, hoje se negavam a sair. Acordei sem animo algum para ir para a escola, mas é óbvio que Nanda não  me deixou  faltar, dizendo que seria “uma ótima distração para mim”. Peguei minha roupa que estava separada e um cabide na porta de meu guarda-roupa junto com minha mochila e sai do quarto para comer algo no refeitório. Chegando la vi que minhas tias estavam sentadas junto com os outros. Todos riam, pareciam empolgados. Fui até eles e me sentei cabisbaixa sem dizer ao menos uma palavra, apenas fiquei la mexendo na pulseira que Zayn me dera no dia anterior. Ficava pensando onde ele estava, se estava bem, se sentia a minha falta tanto quanto eu sentia a dele. Até agora ele não me mandou nem uma mensagem, nem uma ligação, nada.

-Ei Mary, acorda menina estamos falando de um assunto que você deveria escutar. – Disse Nanda me tirando de meus pensamentos.

-Desculpa, eu não estou muito bem hoje.

-Era exatamente sobre isso que nós estávamos falando. Mas você deveria saber que o acordo entre elas já foi marcado para amanhã e depois dessa reunião nós vamos para Londres e você vai voltar a ver seu namorado lindo e perfeito que você tanto ama. – Renata se manifestou toda sorridente, me dando a melhor noticia que eu receberia durante o dia inteiro. Não pude evitar de sorrir.

-Bem, bem, todos felizes mas querida você esta atrasada para a escola então sai logo. – Calvin se levantou e agarrou meu braço e me empurrou para fora da cadeira enquanto riamos.

-Ta bom maninho, eu sei que você me ama. Não precisa demonstrar. – Eu disse enquanto caminhava para a porta.

-Tchau Mary. – Todos disseram em coro e eu apenas acenei.

-Espera Mary. – Escutei uma de minhas tias me chamarem. Quando e virei vi que era minha tia.

-Sim, tia pode falar.

-Tenho uma coisa para te dar.

-Ok...

-Esse colar e esta pulseira pertenceram a sua mãe. O colar foi sua avó que deu para ela em sua primeira aula de dança, ele é de ouro e diamantes. E o anel, foi seu pai que deu. Por favor cuide muito bem deles. Ela não vivia sem eles.

-Pode dexar, eu vou cuidar muito bem deles. – Senti as lagrimas caírem silenciosamente sobre meu rosto.

-Vamos la, prove. Veja como ficam em você.- Não pensei duas vezes e obedeci. O anel coube perfeitamente e o colar ficou perfeito.

-Muito obrigada tia. – A abracei e tentei parar de chorar.

-Bem, agora você pode ir. Já te atrasei muito. Tchau. – Nos abraçamos e eu fui embora.

Coloquei meus fones de ouvido e meu o capuz da minha blusa enquanto andava. Novamente minha mente foi tomada por pensamentos dele e de momentos nossos juntos, todas as risadas, as musicas e as aulas matadas. Mas também não podia parar de pensar em minha mãe. Sorri afastando as agrimas que estavam se formando em meus olhos. Quando vi, já estava na escada pensei em ir para o esconderijo, mas isso só pioraria as coisas e me faria sentir mais triste do que já estou.  Entrei e fui direto para meu armário, sem tirar os fones nem o capuz. Peguei  meu livro de matemática e me preparei para uma aula dupla. No corredor eu não ouvia nada, as podei sentir os olhares e risadas direcionados a mim. Entrei na sala e quando eu estava chegando a minha mesa, senti algo segurar meu pé, e depois dei de cara com o chão, meu corpo todo sentiu o impacto, principalmente minhas mãos e meus joelhos. Nessa queda, meus fones caíram. E pude ouvir as risadas. Ignorei por um instante, não olhei para trás e resolvi levantar. Sabia muito bem quem fez aquilo comigo. Continuei andando e fui direto para a última mesa. Abaixei a cabeça e coloquei meus fones mais uma vez.

-Bom dia classe. Todos em seus lugares. – Escutei a voz de nosso professor ecoar pela sala e depois todos ficaram em silencio. Peguei meu caderno e comecei a escrever, fazer desenhos e coisas que me lembravam de minha mãe e Zayn.

As aulas demoraram a passar, estava na hora do intervalo. Fui para o esconderijo e fiquei la apenas sentada, chorando. Quando ouvi o sinal abafado da aula, sai de la e fui para as ultimas duas aulas, que por sorte passaram relativamente rápidas. Guardei meu material o mais rápido possível. Quando cheguei na porta fui barrada por Evelyn e suas amigas.

-Agora ninguém mais pode te defender. Preparada para voltar à realidade? – Ela deu um sorriso malvado e suas amigas seguraram meus braços com toda a força. Eu não tinha forças para protestar. Elas me empurraram para a porta da escola e começaram a me bater. A dor era insuportável, fiquei consciente por cinco minutos e depois apaguei.

Quando acordei, tentei ficar de pé, mas não conseguia, só pensava em chamar alguém para me ajudar. Então peguei meu celular no meu bolso e liguei para Nanda. Não expliquei nada, disse apenas para ela vir rápido pois eu precisava de ajuda. Não demorou muito e ela me ligou perguntando onde eu estava, e eu apenas respondi rápido.

-O que aconteceu com você mooooore? – Ela disse desesperada correndo até mim para me ajudar a levantar.

-Depois eu explico. Mas agora eu preciso que você me leve para o hospital. Mas por favor não ligue para ninguém.

-Ta louca? Vou ligar para as suas tias agora!

-Não. Por favor, faz isso por mim.

-Ma elas precisam saber que você esta assim.

-Elas não precisam saber disso, não agora.

-Mas você promete que vai me contar tudo la no hospital?

-Prometo.

-E que vai contar para as tias quando chegarmos em casa?

Hesitei por um momento.

-Responde!

-Ta, eu prometo contar para elas.

Ela passou meu braço por seu ombro e fomos com muita dificuldade até o hospital que ficava a duas quadras dali.