... era o gato do Afonso.

- FODA-SE, AFONSO! O TEU GATO IA-ME MATANDO! - Gritei, assustada e a rir.

Ele riu que nem um desalmado e só parou de rir quando eu me levantei e lhe virei as costas.

- Oh, princesa... Não te zangues... Estava a brincar... - Disse ele, abraçando-me a cintura por trás.

- És o melhor amigo mais idiota de sempre. - Resmunguei, soltando-me do seu abraço.

Ele segurou-me a mão, impedindo-me de fugir, e puxou-me para ele.

- Tu amas-me. - Riu baixinho.

- Convencido. Estávamos a ver o filme, lembras-te? - Sorri-lhe, sentando-me no sofá, depois de me afastar dele. Ele estava estranhamente persistente.

Ele sentou-se novamente a meu lado e meteu o filme a dar novamente a partir da parte em que o tínhamos deixado. Acabei por me deixar dormir no colo dele, pois, depois de quase morrer de susto com o gato, o filme em si já não me metia medo. A companhia do Afonso era reconfortante, o que ajudava bastante na parte de não ter medo. Já para não falar que sabia bem dormir no seu colo, ou pelo menos eu dormi muito bem no colo dele, ahah.

- Nikky... Hey, pequenina... - Ouvi a sua voz perto do meu ouvido, num sussurro.

- Hum... - Fiz eu, ensonada.

- Hey... Adormeceste... - Disse ele, fazendo-me festas no cabelo.

Levantei-me apressada, olhando desorientada para as horas. Foda-se, já passava da meia noite. E agora?

- Foda-se... E agora, Afonso? - Perguntei, preocupada.

- Podes dormir aqui... Tenho um quarto a mais...

- Nem penses que depois de ver este filme fico sozinha a dormir! - Exclamei, assustada.

- Então dormes comigo. Prometo que me porto bem. - Riu-se.

Acabei por concordar e ele emprestou-me uma das suas camisolas para eu dormir, que me ficava pouco abaixo do rabo, e deitámo-nos. Acabei por adormecer com a cabeça no seu peito. Como eu gostava de estar assim com o Zayn...

- Cuidado! - Gritou um rapaz, em inglês, que vinha a descer uma rampa rapidamente em cima de uma bicicleta na minha direção. Foda-se, vai-me passar por cima!

Ele conseguiu parar mais ou menos a tempo... Ok, mentira, ele caíu-me em cima com a bicicleta. Bela maneira de travar, atrasado!

- Oh, man, desculpa! O travão falhou...Estás bem? Oh, por favor, diz-me que estás bem! - Disse o rapaz, preocupado.

- Estou excelente, não te preocupes, rapaz. - Ri-me. 

Ele respirou fundo e voltou a sentar-se, de frente para mim. Olhei para a sua cara e fiquei sem ar.

- ZAYN?! - Exclamei. 

- Shiiiiu, baixo! - Pediu, com um dedo sobre os lábios. 

- Desculpa mas... - Nem consegui acabar. 

Estava sem palavras, sei lá. Era o Zayn que estava ali à minha frente... Era o Zayn que tinha chocado comigo... Bem, pensando bem... eu conhecia toda a gente assim: chocando com elas. Não podia conhecer ninguém normalmente? Ah, que importa? O rapaz que eu amo está mesmo à minha frente.

- Directioner? - Perguntou com um sorriso. Assenti e ele suspirou. - Bem, queres um autógrafo ou algo assim?

- Bem... Na verdade eu quero mais que isso...

- Como assim?

- Eu sempre tive o sonho de te conhecer a ti e aos rapazes... Estava a pensar... bem... Queria ser tua amiga se possível... 

Que é que eu estava para ali a dizer? Era óbvio que ele ia dizer que eu estava louca! Eu sou só uma directioner tola, uma miúda apaixonada por eles que nunca terá qualquer hipótese. Não sou bonita, sequer... 

- Eu... tenho de ir! - Exclamou ele, fugindo na sua bicicleta. Passados uns segundos, umas dez miúdas passaram por mim a correr. 

Claro, eu nunca teria hipótese com ele... Só queria que ele tivesse pelo menos falado comigo de alguma maneira... Nem sei... Também, que é que eu estava para aqui a dizer? Eu nunca na vida lhe chamaria à atenção daquela maneira... Ele nunca iria gostar de mim...

Caminhei em silêncio para casa, para ao pé da Ariadne e da Ashley. Não lhes ia contar o que aconteceu. Não valia a pena... Não era nada de especial, sequer.

O telemóvel tocou. Olhei para o ecrã. Era o Alex... Foi mais forte que eu e atendi.

#Chamada ON#

- Diz. - Disse ao atender.

- Hey... - Disse ele e eu percebi que chorava.

- Olá, Alex... Que se passa? - Perguntei, preocupada. Apesar da nossa história, eu ainda o amava e ainda me preocupava com ele...

- Eu... tenho cancro.. - Disse ele. E eu fiquei ali parada com o telemóvel ao ouvido, na rua da minha casa, sem saber o que fazer.

- O quê? - Disse eu, num sussurro.

- Tenho cancro... E não o posso curar aqui em Portugal... Tenho de ir para Inglaterra, segundo o médico... Mas não sei o que fazer... Preciso de ti... - Chorou.

- Alex... Eu estou em Londres... Podes... podes vir viver comigo e eu estarei lá para ti, ajudo-te como puder. Prometo... Tu vais ficar bem. - Disse eu, chorando também. Sentei-me no chão da rua, sem querer saber das pessoas que passava por mim e olhavam como se eu fosse louca.

- Prometes? Por favor... Daniela, eu ainda te amo e estou tão arrependido... Por favor... Prometes que eu posso ir viver contigo? - Pediu e eu pude ouvir esperança na sua voz.

- Sim. Prometo. Quando quiseres podes vir. Tenho... Tenho de ir. Adeus. - Disse-lhe.

- Está bem... Vou marcar a viagem e depois digo-te qualquer coisa... Amo-te. Adeus. - E com isto, eu desliguei a chamada.

#Chamada OFF#

Ele amava-me... Ele tinha cancro... Minha Deusa, o que ia eu fazer agora?! 

Entrei em casa, com um sorriso falso na cara, pois tinha saído de casa feliz quando voltara da casa do Afonso nessa manhã. Entrei e subi as escadas até ao meu quarto onde fiquei a dormir o resto da tarde. O Alex ainda estava presente no meu coração e eu percebera isso com aquela chamada. Mas o Zayn... o meu Zayn... era completamente diferente. Quando o vi hoje depois de ele ter chocado comigo, senti-me... sei lá... diferente... senti-me leve. Mas... que importa? O Zayn nunca na vida iria olhar para mim. Será que eu estava destinada a ficar com o Alex? Depois de tudo o que ele me fez passar, eu ainda o amava... Será que isso queria dizer alguma coisa? O Afonso dizia que só assim era porque eu não tinha conhecido a pessoa certa ainda. Talvez assim fosse... De qualquer maneira, ele vinha viver comigo agora... tinha de conviver com ele 24/7. Será que iria tudo voltar?