Quinn piscava sem parar devido ao nervosismo e permaneceu boquiaberta.
"Pois é, Fabray. Nossa amiga Tina virou um ser nojento e maligno." Disse Santana, quebrando o silêncio.
"Ela é uma feiticeira do mal?" Perguntou Quinn, e os amigos riram da ingenuidade da loira. Ela falava como uma criança perguntando sobre um conto de fadas.
"Tecnicamente sim, ela faz magia negra." Respondeu Kurt.
"Por que? Ela não podia ser que nem vocês?" Quinn tirou a atenção da conversa quando a fadinha em seu ombro se desmanchou, assim como as outras, deixando glitter no chão.
"Não faz essa cara triste, Q. Ela não morreu, voltou pra casa dela, quando eu fizer a mágica de novo ela volta." Disse Brittany, sorrindo, e a amiga sorriu de volta.
"Tudo bem, mas, voltando ao assunto..." Insinuou Quinn.
"Eu posso contar essa parte." Disse Blaine, levantando-se. Todos se assustaram com a voz do garoto, que estava calado desde a chegada de Quinn.
"Blaine, tem certeza?" Perguntou Kurt, e seu namorado assentiu.
"Primeiro, oi Quinn. Estou feliz que você saiba de tudo agora, até porque tenho certeza que você possui um dom. Você é especial demais para ser uma mera humana."
"Hã... obrigada?" Respondeu ela, incerta do que deveria dizer.
"É. Então, a situação da Tina era totalmente o contrário da sua. Ela não tinha poder nenhum, e nós tínhamos certeza disso. Mas, assim como você, ela descobriu sem querer. Um dia, achávamos que ela não viria ao colégio, pois não a vimos no almoço, então marcamos uma de nossas reuniões. Mas ela chegou atrasada e ouviu toda a nossa conversa aqui dentro." Disse Blaine, dando de ombros.
"Ela ficou louca." Comentou Kurt, completando a história do namorado. "Nos xingou o máximo que pôde, não parava de dizer que éramos traidores e nos acusava de ter escondido isso dela, logo nós, que nos dizíamos tão amigos dela."
"Mas nós a estávamos protegendo." Completou Mercedes. "É claro que ela não entendeu. E jurou vingança. Jurou que acabaria com cada um de nós."
"Vocês não consideraram a hipótese de ela ser uma criatura mágica?" Perguntou Quinn.
"Ela não era, eu posso sentir." Disse Artie. "Até porque esse é o meu dom, eu consigo captar facilmente emoções, origens, coisa do tipo. E ela é humana."
"E por que você não consegue captar que eu sou humana, Artie?"
"Porque você não é, Quinn." Ele respondeu, confiante. Rachel permaneceu encarando a amiga, mas, por dentro, estava louca para descobrir o dom de Quinn. Ela era misteriosa, então era quase impossível prever qual seria.
"Então, ela quis ser mágica de qualquer jeito, mesmo sem ter nascido para isso." Disse Blaine.
"E foi aí que ela conheceu as artes da magia negra, ou seja, foi aí que nós nos fudemos." Completou Santana, fazendo gestos que demonstravam impaciência.
"Santie, sem palavras feias" Sussurrou Brittany, tocando seu braço. A namorada olhou para a loira e deu um sorriso.
"Desculpe, Britt Britt." Ela respondeu. Brittany amolecia Santana em qualquer situação, por mais raivosa que a latina estivesse. Se Brittany não estivesse por perto, Snix podia se libertar, e a coisa ia ficar feia.
"Promete que ela não vai tomar conta de você de novo?" Perguntou Brittany.
"Prometo." Disse Santana, com os olhos brilhando. Quinn olhava as amigas, adorava o relacionamento das duas. Quem dera um dia ela se desse tão bem assim com alguém. Sua expressão mudou e ela ficou um pouco triste, quando sentiu alguém se ajoelhar na sua frente e tocar seu joelho direito.
"Está tudo bem?" Perguntou Rachel. Quinn assentiu e completou, sussurrando:
"Mas eu ainda tenho muito o que perguntar, você sabe." Rachel deu um leve sorriso.
"Você pode passar na minha casa quando quiser, é só me ligar antes. Precisamos de tempo para que eu possa responder o turbilhão de perguntas que virá." Quinn riu e segurou a mão de Rachel.
"É melhor se preparar mesmo." E riu com a morena, sem perceber que estava tocando nela como uma... como uma amiga. Amiga? De Rachel Berry? Ah não, há minutos atrás ela estava a xingando, e estava completamente certa. Era assim que a pirâmide social funcionava, ela tinha que torturar Rachel para ficar no topo. Quando Quinn olhou intensamente nos olhos da morena e se preparava para dizer algo bem rude, ela simplesmente parou. Observou o doce brilho nos olhos de Rachel e tentou raciocinar por um minuto. Aquilo era tão imbecil. Rachel nunca fizera nada para ela a não ser ajudá-la.
"Me desculpe, Rachel." Murmurou Quinn. A morena a encarou, confusa. Quando estava prestes a perguntar por que, Quinn continuou: "Me desculpe por te atormentar tanto, eu não sei... Eu não sei o que acontece, mas eu fui criada em um meio em que a vida social era tudo, e agora as pessoas que não me fazem mal são as que eu mais maltrato. Me desculpe, Rachel, me desculpe."
"Oh, Quinn... Você não precisa se desculpar." Disse Rachel, levantando-se e abraçando a loira. "Quer dizer, foi bom que você tenha se desculpado, sim. Mas você sabe que eu nunca guardei rancor." Quinn soluçou um pouco nos braços de Rachel, enquanto se abraçavam. Seus colegas do Glee Club as observavam, incrédulos, pois achavam que a única interação que veriam entre elas seria uma sequência de tapas e puxões de cabelo. Quando Rachel se afastou, viu que Santana comentava algo com Brittany.
"Eu sei onde isso vai dar." Sussurrou a latina para a namorada, que sorriu maliciosamente, afinal, era assim que a história das duas havia começado. Com um abraço. O sinal tocou e todos começaram a sair da sala, deixando apenas o sr, Schuester, Quinn e Rachel.
"Então, eu estava pensando... Sexta-feira?" Perguntou Quinn, encarando a morena, que sorriu e assentiu. Era quarta-feira, o que significava que Quinn ainda tinha bastante tempo para pensar em suas perguntas.
"Tudo bem. Até mais, Quinn. Hm, precisa de uma carona ou algo do tipo?"
"Não, obrigada. Eu vou dar uma passada na sala da Sue." Rachel fez que sim com a cabeça e acenou para Quinn, saindo da sala. A loira virou-se para o sr. Schuester, que arrumava sua pasta com algumas partituras.
"Sr. Schue?"
"Sim?" Respondeu ele, sem se virar para encará-la.
"O senhor também é um deles, não é?"
"Sou. E o Glee Club era apenas uma faxada para as nossas reuniões, achamos que ninguém ia querer entrar de verdade. Mas aí vieram você, Sam, Tina... E acabamos realmente virando um clube de coral." Ele se virou e sorriu para Quinn.
"Vocês fazem apresentações até quando estão a sós? Quer dizer, só as criaturas mágicas?"
"Sim, virou tipo um... hm... hobby." Quinn assentiu e pegou sua bolsa.
"Obrigada, só queria saber isso mesmo." E virou-se, quando o sr. Schue a chamou.
"Quinn?"
"O quê?"
"Tome cuidado." A loira assentiu e saiu da sala

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Quinn seguia pelos corredores agora vazios e meio escuros em direção à sala de Sue. Uma mulher que podia ser um pouco má, mas com certeza era sábia o bastante para aconselhar Quinn quanto a tudo o que estava acontecendo. Ao chegar no corredor da sala da treinadora, ouviu barulhos estranhos.
Ah, meu Deus. Está tudo se repetindo. Respire, respire. Não é nada, é a sua imaginação, Quinn. Aqui nem é corredor do Mike. Ah, meu Deus, e se ele tiver se libertado? Isso não é bom, não não não, não é nada bom.
Quinn ouviu o som de madeira estalando.
O som de unhas batendo no chão liso.
E, finalmente, o som de algo realmente pesado caindo. Como... como um troféu. Um rosnado ecoou no corredor, e Quinn sabia que estava perdida. Olhava para todos os lados e não achava nada para se defender. Procurou um alarme de incêndio, qualquer coisa, mas nada encontrou. Foi aí que aquilo apareceu. E não era Sue Sylvester, não podia ser. Porém, a criatura que se encontrava na sua frente vestia as roupas rasgadas de Sue... além de não possuir um olhar muito amigável.