Emma’s POV:

                Eu não entendo. Eu realmente não entendo. Eu sempre tive muita facilidade para conversar com as pessoas, principalmente desconhecidas; hoje chega aquele menino jogando todo o charme pra cima de mim e eu simplesmente não reajo. E além disso, ainda fico vermelha de vergonha.

                Depois que saí da praça de alimentação eu passei em uma livraria do shopping para dar uma olhada nos lançamentos, mas não deu tempo para comprar nenhum livro, já que tinha que ir trabalhar. Peguei um táxi e cheguei na padaria faltando cinco minutos para começar meu expediente. Hoje de manhã eu esqueci de perguntar ao dono – acabei de perceber, NÃO SEI O NOME DELE! – o que eu teria que fazer. Sorte minha que ele lembrou e deixou anotado para mim.

                Menina Emma – atendente

                Suas tarefas são simples. Não precisa cozinhar nem preparar nada. Só trabalha com os clientes. Vista a touca, SEJA GENTIL! Depois que falarem os pedidos, pegue a luva e coloque delicadamente na embalagem. Depois é só pesar e passar para o caixa. Se pedirem algo que não tem no balcão, veja se tem na cozinha. Se pedirem algo que não tem nem na cozinha, fale para voltarem em uma hora e encomende.

Espero que se de bem. Sr. Campbell

Bom, de agora em diante vou chamá-lo de senhor Campbell. Quando acabei de ler o bilhetinho, coloquei a touca e sentei no banquinho atrás do balcão.

- Posso ajudá-lo? – perguntei à um homem que havia acabado de entrar.

- Eu quero cinco croissants de chocolate, por favor. – ele disse observando o balcão de doces.

- Hm, claro. Um minuto. – haviam só três croissants no balcão, então eu fui ver se não tinha mais na cozinha.

Eu dei uma olhada por cima pela cozinha, mas não consegui achar outro croissant. Então fui perguntar para a pessoa que estava preparando alguma coisa lá.

- Com licença, oi, boa tarde. – eu disse, até que a pessoa olhou para mim.

Harry’s POV:

Depois de tomar meu café, eu coloquei a mão na massa. Literalmente. Comecei a preparar a lista de coisas que o Sr. Campbell deixou. Até que alguém entrou na cozinha. PUTA QUE PARIU! Aquele pirralho sabe que eu odeio que entrem na minha cozinha. Ele tem que ficar no caixa que é o lugar dele.

                Mas de repende eu ouvi uma voz fina. Ok, a voz dele era fina, mas essa era de garota. Não! Não de garota. De uma garota. Era dela, com certeza. Eu virei a cabeça devagar, mas assustado. Como ela sabia que eu trabalhava aqui? Eu não disse nada sobre isso. Ou eu disse? Não, tenho certeza que não.

                - T-tudo bem? – ela gaguejou. Acho que notou a minha cara confusa e apavorada e pensou que eu estava passando mal.

                - Ãhn, sim sim. O que você está fazendo aqui? – eu perguntei confuso.

                - Boa tarde pra você também – ela disse com um sorriso provocante.

                - Desculpe – eu fiz uma reverência enquanto falava – tudo bem com você, senhorita Emma? – ela riu da minha má atuação, e eu amei sua risada.

                - Tudo sim, e com você, senhor Harry? – nós dois ouvimos o sininho que havia em cima do balcão para os clientes, e ela deu um pulo. – Ah, desculpa. Pediram cinco croissants, mas lá só tem três. Tem algum por aqui?

                - C-como assim? V-você é a nova atendente? Sério? – eu disse com um sorriso assustado.

                - Sim, algum problema? – ela sorriu me provocando novamente.

                - Não, nenhum. – PUTA QUE PARIU! Sério que é ela? Agora não sei se isso é bom ou ruim. Quero dizer, se fosse outra menina, eu teria duas; mas eu vou mudar, não vou mais namorar duas ao mesmo tempo. Agora se no futuro nós namorarmos, como vai ser ver ela todos os dias? Não vou poder das a desculpa “estou trabalhando”. Mas se eu gostar muito dela, não vai ser bom vê-la todos os dias? Quero dizer, isso nunca aconteceu comigo, mas eu vejo nos filmes.

                - Então, tem algum por aqui? – ela perguntou quando o sino tocou novamente com o cliente impaciente.

                - Ah, claro. Aqui. – eu lhe alcancei os croissants.

                - Obrigada, mas aqui tem três. Eu só preciso de dois – ela disse sorrindo enquanto me devolvia um.

                - Não não, fica com esse. Eu fiz pra você – que desculpa horrível Harry Styles.

                - Ok, obrigada – ela disse rindo enquando voltava para os clientes.

                Emma’s POV:

                - Desculpa a demora, aqui está. – eu entreguei ao menino do caixa e atendi mais alguns clientes até a padaria ficar vazia.

                Esse menino tinha alguma coisa, ele mexia comigo de um jeito. Era engraçado, gentil muito fofo, além de ser muito lindo. Eu tinha vontade de ficar ao lado dele o tempo todo. Ele me fazia sentir segura, em casa; uma coisa que eu não havia sentido na Inglaterra ainda.

                - Então, como está indo ai? – eu nem percebi ele sair da cozinha. Sópercebi sua presença quando passou um braço por cima dos meus ombros. Faltava uma hora para acabar o meu expediente.

                - Está indo né. – eu sorri. Estava muito cançada, hoje tinha sido bem puxado. – e você?

                - Eu já acabei lá. Posso ir embora depois que acabo a lista de tarefas que ele deixa – ele deu um sorriso de canto.

                - Ah, sortudo. – eu sorri, sem muita animação.

                - Quer ajuda aqui na frente? – ele perguntou já indo atender um cliente.

                - Não precisa. De verdade. – eu fui na frente dele e olhei bem no fundo dos olhos verdes dele. – Obrigada.

                - Que isso! Eu te ajudo. – ele atendeu o cliente com muito mais rapidez que eu, e já foi para o próximo. Com ele ali me ajudando eu praticamente  não trabalhava.

                Quando acabamos o trabalho, eu fui me limpar, guardar a touca e as luvas, e pegar minha bolsa. Quando eu saí da padaria, o Harry estava esperando do lado de fora. Quando eu vi ele, senti uma coisa no estômago. Por que ele estava ali na porta...me esperando? Até que eu vi.

                Como eu sou estúpida. Emma, o que está acontecendo com você? Ele só estava ali pra fechar a porta. Ele não gosta de você, não inventa coisas. Idiota.

                - E ai, quer uma carona? – ele perguntou apontando para o carro.

                - Não, obrigada. Eu vou andando mesmo. É bem pertinho. – eu disse sorrindo.

                - Então vamos comer alguma coisa. Eu pago.

                - Tem certeza? Quero dizer, depois me leva em casa de volta? Por que eu me mudei ontem pra cá e ainda não tenho carro, e não conheço muito aqui.

                - Ah, mas claro. Mais um motivo pra você sair comigo hoje. Vou te apresentar um pouco da cidade. – eu fui em direção ao carro e ele abriu a porta do carona para eu entrar. Depois deu a volta e sentou no banco do motorista. – Então, está com fome?

                - Na verdade não – eu ri. – Espera, é melhor eu ligar para a Bárbara e avisar que não vou jantar em casa hoje.

                - Bárbara? – ele perguntou fingindo não estar interessado.

                - Sim, é minha amiga lá do Brasil. Estou morando na casa dela.

                - Ah, você também é do Brasil? Veio ontem de lá? – ele perguntou olhando para mim enquanto dirigia.

                - Sim e não. Eu me mudei pra Irlanda com onze anos, e ontem me mudei para cá, pra fazer faculdade.

                - Ah sim. Chegamos. – ele desligou o motor e saltou para o lado do carona dando a volta no carro, para abrir a porta para mim.

                - Tu sabe que não precisa disso né? – eu falei sorrindo.

                - Vale a pena – ele falou e piscou um olho. – Vamos? – o Harry passou a mão nas minhas costas me guiando para o restaurante.