Harry’s POV:

                - Hm... Pois é. O que eu queria te falar? – eu perguntei fingindo estar confuso. O que eu iria dizer? Eu sei, é muito estranho se apaixonar de um dia pro outro, mesmo sendo o Harry Styles.

                - Não me parece que tu queira me falar... – ela falou sorrindo. Meu sorriso preferido.

                - Não sei se quero. – eu falei brincando com os dedos dela entre minhas mãos.

                - Não importa se quer ou não. Mas tu precisa me dar uma explicação pra isso.

                - Isso? – então eu olhei para nossas mãos juntas.

                - Não Harry. Para de ser idiota. – ela disse rindo e apertando de leve minha mão. – Uma explicação para estar na frente da minha casa essa hora. E eu sei que tu não queria só tomar café da manhã comigo.

                - Bom, tudo bem então. – eu disse derrotado. Eu tinha que contar, era agora ou nunca. Se eu não contasse era possível de ela nunca mais querer falar comigo.

                Emma’s POV:

                - Está preparada? – ele perguntou parecendo tentar me examinar por dentro dos meus olhos com os dele. Eu tinha que me preparar? Que medo! O que ele tinha feito?

                Eu esperei alguns segundos para responder. Fiquei olhando para nossas mãos entrelaçadas – minha mãozinha pequena entre aquelas mãos bem grandes e macias dele – e fiquei relembrando da caminhada até o Starbucks. Silenciosa, mas aconchegante. Eu me sentia segura quando estava com ele.

Na verdade, ele parecia um anjo. Literalmente. Ele me fazia sentir segura, me divertia, tinha o cabelo encaracolado, as mãos macias e, com toda a certeza, tinha a cara de um anjo.

                - Bom, eu acho que sim, mas...

                - Ok, deixa eu falar tudo e só depois que eu acabar tu fala. – ele me interrompeu.

                -Ta bom. – eu prometi já me calando.

                - Bom, lembra quando nos conhecemos...lá no McDonald’s? – eu acenei com a cabeça, mantendo a promessa, então ele continuou. – Eu vou te contar como eu era... Há um dia atrás.

                Como assim como ele era? Ele tem dupla personalidade? Não estou entendendo isso...

                - Eu acho que a Bárbara já falou de mim pra você, não falou? – eu acenei mais uma vez dando passagem para ele continuar. – É, eu achava que sim. E não foi coisa boa, né? – eu balancei a cabeça, concordando com ele. – Hm... Bom, eu era do tipo pegador sabe?

                - Era? – eu não me contive e perguntei. Ele levantou uma sombrancelha e sorriu, eu sorri de volta e fiz um movimento como estivesse chaveando minha boca.

                - Era. Aí que eu quero chegar. Eu pegada todas, mas estava decidido a mudar. Quando eu vi você sozinha no shopping, só você e sua beleza, não resisti e fui falar contigo. Mas então eu percebi que tu não era como as que eu geralmente pego... – ele deu uma pausa. – pegava. – se corrigiu. – Bom, eu só pegava pela beleza. Mas você... – ele sorriu e eu sorri de volta.

                Ele começou a fazer carinho na minha mão com o polegar. Quando ele falou aquilo, eu senti uma coisa estranha no estômago. O mais próximo que consegui relacionar foi com náuseas, mas ainda assim era diferente. Não dava vontade de vomitar, e era uma sensação... boa.

                - Você é feliz, divertida...linda – eu olhei no fundo daqueles lindos olhos verdes e sorri. Ele continuou falando. – Mas quando você rejeitou a minha carona, pensei que nunca mais a veria novamente. Surpreendentemente, você estava lá, na padaria. De início pensei que era uma cliente querendo fazer mais do que devia, mas tu trabalhava lá... Não tem noção de como fiquei feliz com isso!

                Eu  continuava tendo aquelas sensações estranhas. Até pensei em levantar e ver se queria vomitar, mas eu não queria sair de perto do Harry. Ok Emma, quem é você?

                - Depois, quando fomos jantar... Eu simplismente amei te conhecer melhor. – ele sorriu olhando para nossas mãos. – E isso foi estranho para mim. Eu sempre tentava saber menos possível das meninas. Para falar a verdade, a Bárbara é uma das únicas que eu sei onde moram.

                Eu olhei pra ele, com a cara séria, já que era a única coisa que eu podia fazer. Mas o que eu queria dizer era “Harry Styles que horrível você era. Como podia fazer isso? Não tem vergonha?”.

                - Mas quando eu te deixei em casa, você deixou uma pergunta em aberto... – agora eu estava lembrando... – Eu já falei o que acho de você. Agora quero sua resposta. – ele olhou para mim sorrindo.

                Eu apontei o dedo para minha boca sorrindo, mostrando que estava “trancada” e que eu não poderia falar.

                - Eu posso resolver isso. – ele já estava perto o suficiente para eu sentir seu hálito, mas se aproximou mais alguns centímetros. – Fala não se quiser que eu pare. – ele falou sorrindo. Ele sabia que eu não podia falar.

                Ele foi se aproximando calmamente, enquanto enclinava a cabeça para o lado e fechava os olhos. Eu fiz o mesmo.

                O beijo foi calmo, mas intenso. Não houve língua, mas mesmo assim me senti viva. E aquela sensação no estômago aumentando. Durante o beijo ele passou sua mão ao redor da minha cintura, me puxando para perto, mas logo depois afrouxou o braço e afastou a cabeça; sorrindo e me encarando.

                - Eu acho melhor você tomar seu café se não vai esfriar. E você ia para algum lugar, certo? Estava saindo de casa...

                - Ah – eu lembrei da cena da Bárbara e do Sam no sofá, e depois olhei para o café. – não quero mais, obrigada. E na verdade eu estava saindo para conhecer a cidade, nada que não possa fazer outro dia.

                - Hm... – ele olhou pela janela, depois voltou com o olhar para mim. – se quiser um guia turístico... Eu moro aqui desde que nasci, conheço cada canto da cidade.

                - Perfeito – eu disse sorrindo – Harry Styles, o guia turístico. – eu disse rindo dele.

                - Prazer, eu mesmo. – ele disse sério, estendendo a mão para mim.

                Eu coloquei minha mão sobre a dele e ele me guiou para a saída, deixando antes um dinheiro em cima da mesa. Nós saímos de lá e ele chamou um táxi. Depois de dar o endereço, ele me abraçou pela cintura como havia feito antes, e com a outra mão ele começou a brincar com os meus cabelos.

                O táxi estacionou e nós descemos. Era uma praça muito linda. Ele me guiou até uma árvore, então estendeu o casaco no chão e deitamos em cima do mesmo. Ele ficou me contando de sua infância ali, e das brincadeiras que fazia quando ficava sozinho. Uma delas era imaginar as formas das nuvens, que foi o que nós ficamos fazendo.

                Mas a nossa brincadeira era um pouco diferente. Quando eu falava uma forma e ele concordava, ele me dava um selinho; quando ele não concordava, eu tinha que dar um selinho. E vice-versa. Ficamos lá até a hora do almoço, quando começamos a ficar com fome.

                - Me leva em casa? – perguntei pra ele.

                - Tem planos pro almoço? – ele me perguntou com a cabeça baixa.

                - Não... Na verdade eu precisava de uma companhia. Acho que vou chamar aquela senhora lá que está alimentando as pombas para vir almoçar comigo. – eu disse sorrindo.

                - Tudo bem. – ele disse sorrindo de volta. – Mas se eu me vestir de senhora e alimentar as pombas, você almoçaria comigo? – ele disse piscando um olho.

                - Só se fizer isso. – eu disse rindo.

                - Ah garota, quanto trabalho tu me dá. – ele disse rindo. – Então vamos lá em casa comigo, eu tenho uma roupa de senhora.

                - Ah, tu tem é? – eu disse rindo bem alto. – Que chique.

                - Na verdade não é minha, é da minha avó viu? Não precisa rir de mim. – ele disse sorrindo enquando tirava um cabelo do meu rosto e me dava outro selinho.

                - Bom, eu acredito em ti, então eu te concedo a honra de almoçar comigo hoje. – eu disse pegando na mão dele.

                - Obrigada. – ele disse enquando soltava minha mão e me abraçava pela cintura. Nós saímos do parque e pegamos um taxi.