Lembranças De Um Outro Mundo escrita por Luan Snow


Capítulo 4
Capítulo 3 - O Funeral


Notas iniciais do capítulo

Agradeço e dedico este capítulo a todos que comentam e criticam a minha história!



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O funeral começara naquele mesmo dia as 14h30. Depois de cuidarem do corpo, enviaram-no, juntamente com um caixão, para a capela. O céu estava assumindo um tom cinza, indicando chuva. Poucas pessoas vieram, e eram somente familiares.  Thomas ficou o tempo todo sentado ao lado do corpo de sua mãe, olhando para o rosto dela.

Ainda era difícil acreditar que alguém que passou a vida toda ao seu lado morreu. Parecia um sonho, ou pesadelo. Muitos familiares falaram que sentiam por isso, mas certamente não ligavam. Foi assim o dia todo, e Thomas foi para casa descansar. Já estava tudo “limpo” quando chegou, e ele estava morrendo de sono.

Deitou-se em sua cama e dormiu quase que no mesmo instante. Nessa noite ele sonhou. Estava andando em um campo, que não parecia ter fim. Avistou, depois de um tempo, o que parecia ser um cemitério, mas era diferente dos outros que conhecia. Os mortos estavam em caixões acima da terra, e todos estavam abertos. Havia somente um caixão vazio, mas Thomas não percebeu isso.

Alguns eram somente ossos, mas muitos haviam morrido recentemente, e seus corpos continuavam lá, fazendo com que parecessem estar dormindo. Sua mãe estava entre estes, e muitos outros que na vida real de Thomas ainda não tinham morrido. Mas antes de poder ver seu corpo mais de perto, algo chamou sua atenção. Ao lado do cemitério duas sombras, que eram idênticas uma da outra, pareciam estar brigando.

Enquanto isso, um corvo voava em direção a Thomas, levando algo para ele. Pousou em seu ombro, e Thomas pegou uma carta das muitas cartas que o corvo carregava. Aquela tinha seu nome como destinatário. Nela continham apenas algumas palavras: O CAMINHO DA ESCADA É O MELHOR. Thomas ficou se perguntando o que aquilo queria dizer

Desviou a atenção da carta e percebeu que o cemitério sumira, e estava agora em um penhasco. Abaixo deste, havia um rio, e ao lado encontrava-se sua cidade, mas ela estava diferente da que Thomas conhecia. Não havia pessoas andando, e um furacão parecia ter passado por ela. As florestas que ficavam do outro lado estavam em chamas.

Novamente avistou a porta do sonho anterior, estava nas margens do rio, próximo a cidade. Thomas ouviu passos atrás de si, mas antes de virar-se, foi empurrado. Começou a girar no ar, entre os 70 metros de altura que o separavam do rio. Só quando mergulhou nele percebeu que estava sem roupas.

Começou a nadar até a margem, levantou-se e caminhou em direção a porta. Estava fechada, mas antes de decidir abri-la, olhou para o penhasco de onde caíra. No topo encontrava-se o outro Thomas, o mesmo que viu entre os mortos no sonho anterior. Ele parecia estar sorrindo. Ouviu atrás de si o barulho da porta se abrindo, e em menos de cinco segundos acordou em sua cama.

Agora conseguia lembrar-se dos sonhos. Sonhos não passam de sonhos, e pesadelos também, disse para si mesmo. Foi tirado dos pensamentos de que podia prever o futuro por seu tio, Michael, irmão de sua mãe.

- Já está na hora de ir para o enterro – avisou ele.

Thomas trocou de roupa, agora vestindo um terno preto. Não sentia fome e foi direto para o carro. Sabia que conseguia dirigir, mas achava melhor que o tio o levasse. Michael entrou no carro e seguiram para o cemitério. Nenhum dos dois falou algo durante o caminho. Chegaram ao cemitério as 10h30. O enterro estava previsto para as 11h00.

Depois de descerem do carro, Thomas percebeu que poucas pessoas vieram, e que todas elas estavam mortas no seu sonho. Foram para onde a mãe iria ser enterrada, e o caixão já estava posicionado. O padre falou muitas coisas que Thomas não ligava, e logo depois começou a chover.

Acharam melhor enterrar o corpo logo, e Thomas não falou nada. Aproveitou estes últimos instantes e beijou a mãe, no mesmo lugar onde a beijara e aonde a bala entrara em sua cabeça. Aquele foi o ultimo contato que fez com ela, e a ultima vez que a viu, pelo menos na vida real.

Quando estavam fechando o caixão, e Thomas ajoelhou-se e começou a chorar como nunca fizera em sua vida. Enterraram-na, mas Thomas continuou onde estava, ajoelhado e chorando. A chuva continuava cada vez mais forte. Michael achou melhor não interferir naquilo e foi para o carro, esperar por ele.

Thomas voltou aos pensamentos do sonho; talvez tudo isso tivesse acontecido por sua culpa. Ele podia ter ficado com a mãe, mas a droga o fez ir pra casa. Sempre a droga. Agora ele tentaria não usar mais ela. Era um desafio, dos muitos que a vida propõe a você, para conseguir que o mundo seja um lugar bom, e para que você seja uma pessoa feliz.

Levantou-se, e foi em direção ao carro. Quando entrou seu tio tinha finalmente algo para falar:

- Gostaria de ficar no meu apartamento, somente por alguns dias? – indagou Michael, imaginando que o sobrinho não aceitaria.

- Sim, gostaria, e muito. Obrigado – disse Thomas, e foram para o centro da cidade. O lugar estava pouco movimento, talvez pela chuva que não cessava. Seu tio estacionou o carro na frente de um hotel, e desceram. Entraram correndo por ele, para não se molharem muito, e Michael indicou o elevador para Thomas.

- Elevadores, ainda bem que eles existem. O caminho por eles é mais seguro e mais rápido. – essas palavras fizeram Thomas lembrar-se da carta que o corvo transportava.

- Não, a escada é melhor. O caminho pela escada é o melhor. O CAMINHO DA ESCADA É O MELHOR – falou Thomas, sabendo que o tio não entenderia o que isso significava.

- Tudo bem, pode subir por elas, o quarto é o...

- Não, você tem que vir comigo – falou Thomas, e no mesmo instante viu outras pessoas subindo por ele. – Vocês não podem subir por ai. Não é seguro.

Elas riram e entraram no elevador. Seu tio estava entre eles. – Saiam todos, não é seguro. Por favor – disse Thomas.

A porta se fechou e o elevador começou a subir. Thomas subiu correndo as escadas, e avisou as pessoas que esperavam por ele para descerem pelas escadas. Algumas pessoas fizeram o que ele falou, outras ficaram paradas. E quando Thomas se preparava para continuar com isso nos outros andares, ouviu o barulho de algo grande caindo. Ele sabia o que tinha acontecido. 


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Notas finais do capítulo

Quem ler, por favor, comente!