Coração De Mãe escrita por UnderworldKing


Capítulo 17
Capítulo 16 - Transição


Notas iniciais do capítulo

Não, não estou morto. Não, a fic não foi abandonada.
Para resumir, a explicação do porque ela não teve nenhum novo capítulo desde o fim do ano é uma: trabalho e problemas na vida real.
Tudo isso culmina em pouco tempo e pouca inspiração pra escrever, então espero que entendam a minha situação.



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Capítulo 16

Transição

– Aquela... - Miku mordeu um grande pedaço da cebola que estava segurando. - pirralha... - outra mordida feroz. - me chamando... - mais duas mordidas e Miku já alcançava outra cebola Negi. - de bully... - Miku visualizou a ponta do vegetal como sendo a cabeça de Zatsune e deu uma mordida feroz.

Haku e Lily podiam apenas observar a adolescente de cabelos azuis devorando Negi após Negi com uma atitude vingativa que deixou as duas sem palavras. Haku já fazia uma nota mental para comprar mais do vegetal enquanto dava graças ao céu que Miku não atacara o sorvete ou a cerveja escondida nos armários da cozinha.

– Hum... não que eu não queira te dar apoio Miku, mas Zatsune já vai voltar da reunião e eu tenho que receber ela em casa. - Lily falou, instintivamente se preparando para uma explosão de raiva como as que ela ouvira de seus primos.

Para a surpresa da loira, Miku simplesmente parou, olhou pra ela e, ao invés de raiva, seus olhos estavam lacrimejando com um olhar de filhotinho abandonado.

– Você vai me abandonar também, tia Lily? – o tom dela era tão triste que Lily se sentiu mal imediatamente. Ela estava para falar algo, mas Miku simplesmente baixou a cabeça. – Tudo bem... eu sei que você tem o seu trabalho e a Zatsune deve ser muito mais interessante que eu...

Miku começou a comer suas cebolas Negi em velocidade acelerada, enquanto murmurava entre uma abocanhada e outro:

– Ele é um gênio... é emancipada... e filha de cantores super-famosos...

Lily queria abraçar Miku e dizer que não era nada disso, mas ela já estava se atrasando e Zatsune não gostava muito de ser deixada esperando do lado de fora. Haku colocou uma mão no ombro de sua amiga e fez sinal de que ela cuidaria disso.

Lily suspirou e deu um aceno com a cabeça, dando um “tchau” para Miku no caminho para fora. Haku olhou de volta para sua filha e pensou em como poderia ajeitar a situação quando Miku perguntou:

– Mamãe... você já conheceu alguém que parecia ser bem mais interessante do que você em tudo?

Haku pensou em como ela poderia dar uma resposta, mas percebeu que não adiantaria tentar amaciar as palavras e simplesmente falou:

– Pra ser sincera, filha, eu nunca fui muito... sociável na sua idade. Sempre ficava nervosa ao redor de pessoas que não conhecia e preferia ficar em casa estudando e lendo do que falar com os outros. Como resultado, eu tive muitos poucos amigos e quase não ia em festas ou outros eventos. – Haku deu um sorriso encabulado enquanto que Miku olhava para ela. – Soa meio patético quando comparado a você.

– Você não é patética! – Miku disse, batendo com seus punhos fechados na mesa e fazendo saltar as cebolas que ainda haviam na mesa. Até mesmo Haku se assustou um pouco pelo gesto brusco. – Você é a melhor e mais incrível mãe do mundo! Além disso, você é super fofa.

Haku enrubesceu quando Miku a elogiou, porém ficou confusa ao final daquela frase.

– “Fofa”?

– É. Tia Lily diz que você era super moe quando tinha minha idade e que ainda é. Então não diz que você é patética, mamãe. É só que você era tímida por causa que você também era fofa, como aquelas garotas moe de anime.

Uma gota escorreu pela cabeça de Haku ao ouvir aquela explicação. Talvez ela devesse limitar as visitas de Lily, porém considerando que Zatsune iria morar lá, aquilo provavelmente não era mais um problema.

– Tirando a minha... fofura de lado... – Haku corou ao falar aquilo. – Acho que você não devia tentar confrontar a Zatsune, Miku. Você já viu no que deu no hospital. – Miku resmungou entre seus dentes ao se lembrar da cena. Haku ignorou aquilo e continuou. – Dê algum tempo. Se Zatsune é tão horrível quanto você pensa, ela vai acabar mostrando isso eventualmente.

– Mas e se ela for que nem aqueles psicopatas na TV? Sabe, os caras que conseguem enganar todo mundo e nunca serem pegos. Ela poderia estar tramando algum plano pra tomar controle da gravadora Kripton no futuro!

– Filha... acho que você já está exagerando. – a voz de Haku se tornou mais séria e assertiva, o tom que ela usava quando Miku se comportava mal. Aquilo fez a garota de cabelos azuis parar de falar. – Só por que você não gosta de alguém, não é motivo pra você acusar a pessoa de estar tramando um golpe empresarial, ainda mais quando você não tem provas disso.

– Flashforward –

– Suas vendas ultimamente tem sido boas... marginalmente falando.

Uma Zatsune de 19 anos sentada atrás de uma mesa de mogno com uma placa dizendo “CEO Zatsune Miku” disse para a idol mais famosa de todo Japão, Hatsune Miku, que teve de usar toda a sua paciência e compostura para não replicar imediatamente.

– Em minha defesa, meu novo CD e as trilhas foram os mais vendidos e baixados da semana. Todas as projeções indicam que estamos no topo dos mais vendidos. – Miku falou.

– No topo... – Zatsune falou aquilo se reclinando na sua cadeira macia de couro (importada e feita sob medida). – Miku... qual é o nosso objetivo aqui em Kripton?

Miku teve de segurar o suspiro. Ela já perdera a conta do númeor de vezes que Zatsune falara “a conversa” para nela. Aliás, por que ela, dentre os sete mais famosos de Kripton, era a única que tinha de ouvir aquilo toda santa reunião que tinha com a Presidente da Gravadora? Ela até perguntara aos outros e nenhum deles tivera de aturar isso.

– Ser a gravadora número 1 no mercado mundial e mostrar a superioridade de nossos idols, pois Kripton só aceita o melhor dos melhores... – Miku falou, não conseguindo esconder o tom de contentamento no final, mas Zatsune pareceu ignorar aquilo, ou não prestou atenção.

– Exato. Você me diz que suas músicas estavam entre as mais baixadas... no Japão. Nós não cantamos só para o público Japonês, Miku. Nós estamos em um cenário mundial. Se formos comparar as suas vendas com outros astros internacionais, você irá entender que...

A mente de Miku parou de processar o resto da “conversa” enquanto que seu corpo permanecia imóvel, olhando para Zatsune e dando a impressão de que ela ouvia atentamente a tudo, uma habilidade que ela fora forçada a desenvolver após um mês de reuniões com Zatsune.

O fato que uma garota de apenas 19 anos conseguira assumir a presidência da gravadora de maior sucesso no Japão era matéria de muita especulação e até teorias conspiratórias. Os mais excêntricos gostavam de chamar aquilo de “O Caso Zatsune”. Tudo, é claro, não passava de mera especulação e não havia prova alguma de jogo sujo. Miku, no entanto, não estava tão certa.

E considerando tudo, Hatsune podia afirmar (infelizmente) que ela preferia a maneira como Zatsune a tratava na rua, do que a maneira como ela tinha de deferir a sua sósia dentro da gravadora.

Eu odeio essa garota...

– Fim do Flashforward –

Miku eventualmente cedeu ao discurso de sua mãe e prometeu que ela não iria mais brigar com Zatsune. Haku afirmou que violência não iria resolver nada naquela situação e que, emancipada ou não, gênio ou não, Zatsune ainda era uma criança e Miku só estaria prejudicando a si mesma se ela tentasse brigar com sua sósia.

– Não estou pedindo pra que vocês duas sejam melhores amigas... – Miku levantou a cabeça e lançou um olhar incrédulo para Haku. – Nem que vocês conversem. – ela emendou, o que pareceu deixar sua filha mais aliviada. – Mas pelo menos seja cordial com ela. É só o que peço, filha.

Miku queria protestar, mas sabia que seria inútil. Se ela nem ao menos cumprimentasse Zatsune, todos em volta a tachariam de mal-educada e boatos eventualmente circulariam. Boatos que iriam parar nos ouvidos de Luka e aí a relação delas morreria logo antes de ter a chance de começar.

– Promete que você vai tentar Miku? – Haku lançou um olhar quase suplicante a Miku que imediatamente amoleceu o coração da aspirante a cantora e a fez prometer para sua mãe que ela iria.

Aquele olhar nem fora intencional, era só algo que Haku fazia naturalmente e uma das razões pela qual Lily insistia em dizer que Haku era fofa, mesmo que a mulher em questão não entendesse.

– / - / - / - / - / - / -

O fim do ano escolar se aproximava e com ele vinham as expectativas dos estudantes de tudo o que o verão traria:

– Sol! Praia! Semanas sem ter de fazer provas! – uma Rin animada disse durante o recreio com um brilho sonhador em seus olhos. – Seria tão perfeito... – ela então ficou com uma expressão cabisbaixa no instante seguinte. – Se não fosse o fato de que Lily-nee-chan tem de fazer um tour.

– Qual o problema? Vocês não vão passar o tempo com os seus pais? – Miku perguntou.

– Sim, mas esse verão vai ser com toda família Kagamine reunida. Em. Um. Único. Hotel! Urgh! Eu odeio esses verões em família! – Rin esfregou suas mãos em frustração no seu cabelo loiro curto.

– Não pode ser tão ruim assim?

– Quer trocar? Daí você vai ver o que queremos dizer. – Miku ainda parecia confusa e Rin não se prestara a elaborar o que havia de tão ruim em reunir toda a família dos gêmeos. No entanto, Len entendia aquilo.

Miku fora adotada e não conhecia sua família biológica. Os pais de Haku morreram a algum tempo e a mãe solteira não tinha outros parentes próximos, logo a adolescente de marias-chiquinhas não tinha ideia de que tipo de situações ocorriam em reuniões de família. Apesar de não desejar aquilo para ninguém, Len sentia uma certa inveja. Se Miku tivesse de passar pelo o que eles passavam cada vez que todos os Kagamine se reuniam...

Len sacudiu sua cabeça. Era melhor não pensar naquilo e simplesmente contar a Miku sobre os fatos:

– Sempre que toda família se reúne Rin e eu... digamos que nós somos os mais novos e por isso considerados os mais “bonitinhos”. – Len falou aquela última palavra em um tom ácido. – Minhas tias simplesmente se recusam a parar de me chamar de Len-chan. Urgh! Quando eu tinha cinco, ainda vá, mas eu já tenho quatorze anos. Quatorze!

Miku podia entender o por quê daquilo irritar Len (além de fazer uma nota mental para jamais deixar escapar que ela ainda chamava ele de Len-chan quando o loiro não estava prestando a atenção).

– Sem falar que a mãe da Lily-nee-san vive apertando as minhas bochechas por eu “continuo tão fofo quanto quando era pequeno”.

– Isso não soa tão... – Miku começou.

– As outras bochechas... – Len a interrompeu.

A adolescente de cabelos azuis fechou a boca e deixou seu comentário morrer.

– E ainda tem o fato de que eles sempre forçam a Rin naqueles vestidos cheio de babados e... – Len foi interrompido por uma mão na sua boca, cortesia de Rin, que parecia furiosa.

– VOCÊ PROMETEU QUE NUNCA MAIS TOCARIA NO ASSUNTO!!! – ela praticamente explodiu.

Outros estudantes olharam para a mesa deles e Miku pode apenas dar um sorriso embaraçado para seus colegas, tentando se desculpar pelos gritos de Rin.

Após os gêmeos se acalmarem, Miku voltou a se sentar e perguntou a Rin porque ela não gostava de se vestir em algo mais feminino, como vestidos. A loira explicou:

– Eles me fazem usar vestidos rosa. Rosa! Eu pareço alguém eu ficaria bem de rosa?

Miku tentou imaginar sua amiga em um vestido daquela cor e, definitivamente, foi forçada a concordar com Rin. Também ajudava o fato de Miku saber que Rin não gostava muito da cor. Talvez um vestido amarelo...

– E você? O que vai fazer? – Rin perguntou a sua amiga.

– Bem... mamãe vai tirar férias do hospital por umas duas semanas. Ela também recebeu esse convite da tia Meiko e do tio Kaito pra um sítio que tem fora da cidade. O lugar parece um SPA. Tem até aguas termais lá, pelo que ela disse. – Miku admitiu.

– Ei, que tal se você convidasse a Professora Megurine. Aposto que seria demais, hein? – Rin falou aquilo com uma piscadela, enquanto que Miku corou.

– Ah... eu tenho certeza de que a Professora Megurine tem mais o que fazer.

Miku tentou não pensar em como Luka ficaria em um biquíni. Não. Ela definitivamente não estava pensando nas “medidas” da sua professora, ou nela usando só uma toalha e...

Pense em outra coisa, Miku. Outra coisa!

Foi então que ela ouviu Rin falar:

– Aposto que ela apareceria se você dissesse onde vai passar as férias. Afinal, durante o verão vocês não são mais professora e aluna. Só uma adolescente e uma mulher sexy andando juntas.

– Será que preciso lembrar você sobre uma coisa chamada “pedofilia”, Rin? – Len falou.

– Pfft. Detalhes, detalhes... Aliás, Miku, você faz aniversário logo, certo?

Miku pensou um pouco sobre aquilo. Pra falar a verdade, ninguém sabia exatamente quando era o aniversário dela, então eles simplesmente comemoravam este no dia em que Haku encontrou-a, o que seria dali a um mês.

De qualquer maneira, toda aquela discussão começava a soar absurda. Não era como se Miku pudesse simplesmente dizer para sua professora onde ela passaria o verão como se as duas fossem amigas ou...

– / - / - / - / - / - / -

– Sabia que minha mãe reservou uma semana pra gente em um sítio aqui perto? – Miku falou à Luka no final do período.

– É mesmo? Parece um ótimo programa, Hatsune-san. – Luka disse em seu tom profissional de sempre. – Tenha um bom descanso.

Miku queria falar mais alguma coisa, como “quer ir com a gente?”, ou “pode trazer um biquíni se quiser”, ou até mesmo “eu não estou secretamente tramando pra ver você só com uma toalha. Não senhor.” Felizmente, Miku só sacudiu a cabeça e deixou a sala.

– / - / - / - / - / - / -

A perspectiva de uma semana inteira sem a presença de Zatsune fez maravilhas para o ânimo de Miku enquanto ela e Haku dirigiam para o sítio onde passariam parte do verão.

A reserva no local havia sido originalmente feita por Kaito e Meiko, porém surgirá uma emergência de última hora que impedira os dois de irem e, não querendo desperdiçar o dinheiro que haviam gastado, os dois decidiram passar a reserva para Haku.

Quando a pediatra perguntou o que acontecera, Meiko mencionou algo sobre as irmãs de Kaito “dedurando”os dois para os pais dele e esses chamando-o para apresentar sua namorada. Haku então se lembrou que ela jamais perguntara sobre a família do homem e Meiko apenas respondeu com:

– Acredite... você não vai querer conhecê-los.

Haku aceitou o convite, porém exigiu que os dois a deixassem pagá-los o valor do pacote de uma semana. Com isso, ela e Miku agora estavam indo para o local para um pouco de relaxamento e descanso em família. De acordo com Meiko, Gakupo havia sugerido o sítio, o que deixou as duas excitadas. O empresário sempre recomendava os melhores programas.

Ao chegarem no sítio e estacionarem, as duas foram até a recepção com a bagagem que trouxeram para a semana. Enquanto Haku fazia o check in com a recepcionista, uma figura familiar entrou na recepção. Miku foi a primeira a reconhecê-la:

– Professora Megurine!

Haku se virou e viu a mulher de cabelos rosados vindo na direção delas. Usando roupas casuais como uma blusa leve, camisa creme e calças pretas. Luka se aproximou das duas com um sorriso educado no rosto enquanto removia os ocúlos escuros que estava usando.

– Hatsune-san. Yowane-san. Que agradável coincidência encontrá-las aqui.

Olhando para o sorriso no rosto de sua filha, Haku teve a leve impressão de aquilo não era exatamente uma “coincidência”.


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