Coração De Mãe escrita por UnderworldKing


Capítulo 14
Capítulo 13 - Convite


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo levou bem mais tempo pra ser publicado devido a trabalho de conclusão para faculdade. Deixe-me lhes dizer, essas coisas praticamente não te deixam tempo livre.
De qualquer maneira, aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/245247/chapter/14

Capítulo 13

Convite

Haku não conseguia se lembrar qual fora a última vez em que ela se sentira tão embaraçada. Sentada na mesa de jantar com Lily a sua esquerda e Miku e os gêmeos Kagamine no lado oposto, Ninguém falara nada desde que Haku mostrara a letra da música que Miku compôs para se declarar para Luka (ela descobriu o nome após falar com Lily e pressionar a loira).

Miku estava igualmente embaraçada, incapaz de falar ou achar alguma justificação. Só esperando para ver o que sua mãe diria. Enquanto isso, a letra fora passada entre os gêmeos. Rin leu e deu um assobio, claramente impressionada que Miku escrevera algo como aquilo.

– Se importa se eu roubar essa música um dia, Miku? – a loira disse, em uma tentativa óbvia de aliviar a atmosfera. – Ou eu só faço um cover se você quiser.

Len foi o último a ler e ao assimilar tudo o que havia sido dito, ele se virou para sua primeira paixonite e perguntou:

– Então... o motivo pelo qual você me rejeitou era porque você estava atraída por uma professora e por que você gosta de mulheres? – aquilo soou mais como uma afirmação do que uma pergunta, mas Miku balançou a cabeça em confirmação. – Oh. Tá certo então. – Len disse com um sorriso.

– Cê... não tá zangado nem nada? – Miku perguntou, olhando para seu melhor amigo.

– Nah. Pra ser sincero tou até aliviado. Quer dizer, se você gostava de mulheres desde o início então não tinha nada de errado comigo. – Len falou aquilo como uma piada.

– Tipo não ser másculo o suficiente? – Rin comentou.

– Exato... EI!!! – Len acrescentou depois de perceber o que Rin falará.

Haku ficou silenciosa, pensando em como começar a conversa da qual ela sabia que não poderia escapar. A mulher de olhos vermelhos então começou:

– Miku, porque você não me contou sobre isso?

– Ah... bem... – Miku gaguejou, tentando encontrar as palavras certas. – É que... eu queria dar um jeito nisso sozinha e... bem, a tia Lily já havia me dado um conselho e...

– Quer dizer... que v-você achava que eu só iria atrapalhar? – Haku disse, seu tom indicando que ela estava bem próxima de chorar, o que fez Miku e Lily se apressarem e falarem para ela que não era nada daquilo que ela estava pensando.

Uma coisa que Miku e os amigos de Haku logo aprenderam sobre a pediatra era que ela não lidava muito bem com rejeição, quando vindo de pessoas que ela conhecia, principalmente amigos. Se Haku pensasse que alguém estava dispensando sua ajuda porque achava que ela não tinha capacidade ou só iria atrapalhar, ela logo se debulhava em lágrimas (ou escondia sua tristeza atrás de um sorriso falso que fazia o coração de qualquer um pesado com culpa) e uma Haku chorando era a ultima coisa que qualquer um iria querer.

Meiko certa vez disse que talvez aquilo explicava porque Haku nunca tentara arranjar um namorado. A própria Haku disse que ela tem consciência de que não lida muito bem com rejeições, mas não podia evitar de se sentir imensamente triste. Gakupo insistia que aquilo era porque Haku era uma mulher muito gentil e enfática com as pessoas de quem gostava e que isso não era exatamente um defeito.

– Hum... mas você pode me ajudar agora mamãe. – Miku disse, tentando controlar o dano feito. – Quer dizer... eu até agora não consegui chegar a lugar nenhum. – ela disse com uma voz cabisbaixa.

– Miku... você tem certeza de que... – Haku começara, mas Lily a interrompera.

– Haku, antes de você começar com a conversa de “tem certeza de que é isso que você quer?” deixa eu te dizer que a Miku tá apaixonada. E não uma paixonite qualquer. Digo paixão como em “borboletas no estômago”, “seu sorriso ilumina meu dia” e todo resto da prosa.

– É verdade? – Haku perguntou. Miku apenas corou e concordou com a cabeça. – Oh... bem, nesse caso... – Haku então se perdeu.

Ela nã tinha nem ideia de como lidar com essa situação. O fato de que Miku era lésbica não era exatamente um problema aqui, pelo menos na visão de Haku, mas o fato de que sua filha gostava de uma professora bem mais velha do que ela... aquilo podia gerar sérias complicações.

– Mas ainda tem o fato dela ser a professora da Miku. Isso pode gerar outros problemas. – Haku apontou.

– Bem, já sei que praticamente não tenho assunto pra conversar com ela. O que poderia ser pior? – Miku perguntou.

– Pra começar, todo mundo pode te chamar de “queridinha da professora”. – Rin falou, tendo finalmente parado de discutir com Len. – Ou te acusarem de tirar notas boas porque a Professora Megurine gosta de você. Ou ela pode perder o emprego por causa da relação, ou até ir presa por pedofilia.

– E você só fala isso agora?! – Miku praticamente gritou, ficando cada vez mais assustada conforme sua amiga listava as possíveis consequências. Porém sua preocupação maior era por causa de Luka.

– Você nunca perguntou. – Rin disse. Miku cerrou seus olhos e lançou um olhar a sua amiga.

Haku tentou acalmar sua filha, porém confirmou o que Rin dissera, o que apenas fez com que Miku se sentisse pior. Isso significa que, na remota chance de Luka ser reciproca aos sentimentos de Miku, a bela professora podia acabar tendo sua carreira prejudicada.

– Bem, existe uma solução bem simples pra isso, não acha? – Lily falou. A atenção de todos se voltou para a loira mais velha. – Espere o ano escolar terminar e namorem escondido.

Lily falou em um tom de quem apontava a coisa mais óbvia do mundo. Mas para Miku e Haku aquilo não parecia tão simples.

– Lily-nee-san, eu não acho que isso vai funcionar. – Len falou.

– Len, eu já namorei homens e mulheres já compromissados e até um que era casado. É claro, eu não sabia na hora. Mas de qualquer maneira, eu posso te dar todas as dicas que você precisar Miku. – a tia adotiva de Miku falou aquilo com um sorriso.

A adolescente de cabelos azuis grunhiu, se preparando para outra das “lições da tia Lily”.

– Lily, eu não quero que a Miku tenha de enfrentar problemas por cause de... – Haku começou, mas sua amiga a interrompeu.

– Relaxa Haku. Além do mais, se ela namorar a Luka ela vai ficar feliz, certo Miku?

A colegial olhou de sua tia para sua mãe e se sentiu conflita entre concordar com Lily e concordar com Haku. Ela só podia imaginar como as coisas ficariam daqui pra frente...

– / - / - / - / - / - / - / -

As aulas de Física mostraram-se uma surpresa para Miku quando veio a nota da primeira prova e Miku descobriu que se sairá bem. Ela sabia que devia tudo isso a tutelagem de Luka nas aulas de reforço.

Se pelo menos eu pudesse sair com ela, aí as coisas ficariam ótimas. Miku pensou. Ela decidiu então agradecer a sua professora de cabelos rosa quando a aula acabasse.

– Lembrem-se turma, continuem com seus estudos e se saíram bem na próxima prova. – Luka disse, dando um de seus raros sorrisos. O que podia ser explicado pela média boa das provas. – Dispensados.

Todos os alunos saíram da sala, comentando sobre a prova. Miku esperou até todos irem e foi até Luka, que estava guardando seus matérias na sua pasta. Ao notar a garota de cabelos azuis, a professora falou:

– Sim, Miku-san?

– Hum... eu só... queria agradecer... pela ajuda com a matéria. Você é uma ótima professora. – Miku disse, com seu típico nervosismo ao lidar com Luka.

– Não há necessidade. Afinal, um professor só é bom por causa de seu aluno.

De repente, Miku teve uma ideia. Era arriscado fazer isso logo agora, mas... ora, quem ela estava enganando? Essa era a única chance que ela teria.

– Mesmo assim.... eu queria fazer algo pra te agradecer pela ajuda. Tipo... – Miku se preparou mentalmente para o que poderia ser tanto seu maior triunfo, quanto sua maior decepção. – Que tal um jantar na minha casa a noite?!

Luka olhou para Miku com uma sobrancelha erguida. Vendo o olhar de sua professora, Miku começou a se perguntar o que lhe dera na cabeça para pensar que aquilo era uma boa ideia? Era óbvio que Luka nunca iria...

– Eu tenho esta quinta livre. Isso é, se seus pais concordarem.

Miku olhou de volta para Luka tão depressa que ficou surpresa que seu pescoço não estralou.

– É... É claro! Eu só vou falar com a minha mãe e então eu confirmo com você! – Miku falou.

– Muito bem. – Luka então se levantou, recolhendo suas seu material e sorrindo para sua aluna. – Nos vemos então. Miku-chan.

Com isso Luka saiu da sala, deixando uma Miku atônita, mas muito feliz, para trás. Tanto que quando a adolescente teve certeza que Luka não podia mais ouví-la, Miku soltou um “Yeah!”, fazendo um sinal de vitória com sua mão direita.

Recolhendo seus materiais rapidamente, Miku saiu da sala praticamente saltitando, mal podendo esperar para contar para Rin e Len e sua mãe que ela conseguira convidar Luka para vir jantar na casa dela. Enquanto pensava no que iria vestir, Miku viu os gêmeos parados na saído do colégio. Se aproximando, ela viu a expressão de preocupação e... medo em seus rostos?

Inclinando a cabeça para um lado em confusão, Miku se aproximou dos dois e perguntou o que eles estavam fazendo. Rin e Len viraram para ela e apenas apontaram para a rua. A adolescente de cabelos azuis olhou e viu sua professora favorita com... tia Lily?

Ela se aproximou, com os gêmeos logo atrás, e logo viu que Luka não estava com a melhor das caras enquanto mirava a loira adulta. Se Miku tivesse de classificar o olhar de Luka, ela diria que era glacial.

– Nunca pensei que veria sua cara novamente. – a professora de cabelos rosados disse.

– Olha aqui. Eu nem te conheço, tá? – Lily falou, parecendo exasperada. – Então porque tá me olhando assim?

– Claro que não se lembra... – Luka rolou os olhos. – Considerando o tipo de pessoa que você é, duvido que se lembre de com quem dormiu na última noite.

Miku estava confusa ao ouvir o tom frio e cortante de sua professora. Parecia que ela conhecia Lily, mas não da maneira que a maioria das mulheres de quem ela ouvira falar conheciam. Desde que Lily se tornara famosa, diversas de suas/seus ex’s de repente viraram notícia e o pessoal da mídia ficara mais do que decidido a extrair um comentário de Lily sobre certas alegações.

A loira, no entanto, nunca afirmara nada, assim como nunca negara nada. Miku pensava que Lily provavelmente se preparara para aquele tipo de situação e ensaiara suas respostas de modo que elas fossem satisfatórias e não dissessem nada ao mesmo tempo. Isso só fazia com que a admiração que Miku tinha por sua tia adotiva como cantora aumentasse.

Eventualmente, o assunto da vida amorosa da mais nova diva começou a perder o fôlego inicial e, combinado com as respostas de Lily, logo pararam de se tornar notícia de primeira página. Porém, vendo essa cena, Miku já não estava tão certa se Lily conseguira se safar de tudo.

A loira pareceu incomodada com aquela afirmação e estava prestes a retrucar quando Luka continuou:

– Suponho que o nome Kasane Tei não lhe desperte nenhuma memória.

Aquilo fez Lily parar e arregalar seus olhos. A loira pareceu finalmente olhar Luka e Miku podia jurar que viu um brilho de reconhecimento passar pelos olhos da cantora de sucesso.

– Tei era meu pai. – Luka falou, seu tom fazendo um frio percorrer a espinha de cada um presente.

– Ah... sério... ? – Lily então mostrou uma expressão que Miku nunca vira no rosto de sua tia antes: desconforto e vergonha. – Nem notei...

– Por que sou parecida demais com minha mãe? É. Ouço isso muito. – Luka cortou a loira, intensificando seu olhar.

– Ele nunca me disse que tinha uma filha... – Lily murmurou para si, porém não baixo o suficiente, pois Luka respondera.

– Devo supor que também nunca te disse que era casado?

– Olha... Luka. – Lily falou. Miku podia ver que a loira estava tentando contornar a situação, porém a adolescente de cabelos azuis já conseguia ver alguns de seus colegas tirando fotos de toda cena. – Eu realmente... hem... realmente não sei o que dizer. – Lily disse.

– O que está fazendo aqui, de qualquer maneira? – Luka perguntou, nunca erguendo seu tom de voz, mas o efeito teria o mesmo se ela tivesse gritado, pois até Miku podia sentir o frio emanando de sua professora.

– Vim buscar meus primos.

Luka ergueu uma elegante sobrancelha para aquilo, porém, diferente de como fazia quando em frente de Miku, a sua expressão era mais uma de desconfiança do que de curiosidade.

– Olha, não quero confusão, ok? Ele nunca me disse que era casado e eu nunca perguntei. Isso tudo é um grande...

– Engano? – Luka perguntou. Ela então largou sua bolsa no chão e estalou seus punhos e pescoço. – Tenho certeza que sim.

Miku e os gêmeos começaram a suar frio ao ver que Luka aparentemente estava pronta para iniciar uma briga com Lily. Eles não faziam idéia se a professora de Física sabia alguma arte marcial ou não, mas brigar com Lily ali, no meio da rua, traria grandes problemas a ambos.

Rapidamente se colocando entre as duas com seus braços abertos, Miku falou:

– Por favor, não briguem!

Luka parou e Lily pareceu surpresa em ver Miku ali. Alguns dos alunos chiaram baixinho ao verem Miku parar o que com certeza renderia uns belos cliques na conta do YouTube de cada um deles... só para notarem que seus celulares, de repente, haviam misteriosamente desaparecido de suas mãos.

– Hatsune-san? – Luka perguntou, olhando para sua aluna de maneira confusa.

– Olha... eu sei que vocês provavelmente tem uma história... não muito agradável. – ela lançou um olhar breve para Lily, que pode apenas dar de ombros. – Mas acha mesmo que isso é motivo pra começar uma briga no meio da rua?

Miku estava muito nervosa e isso se mostrava na expressão assustada em seu rosto e pelo fato de que ela parecia estar prestes a chorar. Porém, aquilo pareceu fazer Luka voltar a si, pois após a mulher a encarar por alguns instantes, ela suspirou e recolheu sua bolsa na calçada, dizendo:

– Tem razão, Hatsune-san. Isso... não é a maneira certa de resolver esta situação.

Miku suspirou em alívio ao ver que havia conseguido parar aquela briga. Luka então olhou para os outros alunos em volta e disse em seu habitual tom de sala de aula:

– Não deveriam estar voltando para casa?

Ouvindo aquele tom e olhar sério, todos logo se apressaram para cumprir a ordem de Luka e dispersaram sem nem ao menos ligar para o fato de que seus aparelhos celulares haviam desaparecido.

Enquanto isso Lily se aproximou de Miku e colocou uma mão em seu ombro, fazendo a adolescente olhara para ela enquanto que a loira lhe dava um sorriso em agradecimento. Miku estava para sorrir de volta quando Luka passou perto delas e deu um pisão no pé de Lily. A loira gritou de dor e se pós a saltar em um pé só enquanto segurava o outro pé. Luka nem ao menos diminuirá o passo e já estava atravessando a rua como se nada tivesse acontecido.

Miku pode apenas suspirar. Pelo menos nada de pior acontecera. Ela se virou para Rin e Len e viu os dois com alguns celulares em cada mão, também tomando nota de que os bolsos deles pareciam mais cheios do que antes. A aspirante a cantora pode apenas olhar para eles. Os gêmeos finalmente notaram Miku e Rin disse, com um sorriso:

– Galaxy Note!

Lily então se recuperou a tempo de ouvir aquilo, porém ela fixou seu olhar em Len e chamou o nome do garoto, que a olhou e ao ver que Lily e Miku estavam indagando com o olhar o fato de ele ter pego os celulares, o loiro suspirou, dizendo:

– Não é uma habilidade da qual eu me orgulhe, mas tem suas vantagens. Além do mais... – ele olhou para o celular na sua mão esquerda com um leve sorriso. – Eu tava querendo um iPhone.

Miku suspirou enquanto que Lily deu de ombros...

– / - / - / - / - / - / - / -

Haku era uma mulher muito calma. Ela não acreditava em usar violência para resolver seus problemas e preferia em evitar conflitos. Essa característica muitas vezes fazia com que ela fosse persuadida por seus amigos a fazer algo (como tomar três garrafas de cerveja em um sábado a noite com suas amigas).

Lily e Meiko (quando esta estava bêbada) frequentemente diziam que a timidez e atitude calma de Haku a faziam parecer fofa, como uma moe adulta. Gakupo e Kaito tiveram de segurar suas risadas quando as duas disseram aquilo e Haku corou um tom rubro, olhando para baixo. Até mesmo Dell dera umas risadinhas com seus olhos fechados. Isso também fez com que Meiko comprasse para ela um spray de pimenta no outro dia “por precaução”.

No hospital, Haku aplicava esta mesma filosofia, acreditando que não dava para você simplesmente impor algo a força em seus pacientes. Devido a isto, Haku possuía uma grande paciência ao lidar com muitas das crianças mais problemáticas, o que eventualmente lhe deu certa fama no hospital. Alguns outros médicos e enfermeiras até mesmo diziam que Haku tinha a paciência de Buda.

Porém, Haku era apenas uma mulher e, portanto, até mesmo sua paciência tinha seus limites... como agora.

– Você namorou o pai dela e a esposa dele pegou vocês dois juntos?!

Quando Haku ouviu dos gêmeos e sua filha sobre o confronto na frente da Academia Crypton, ela temeu que isso pudesse ter alguma repercussão grave sobre a carreira de Lily e a vida escolar de Miku. Felizmente (ou não, dependendo do ponto de vista) Rin e Len “confiscaram” os celulares de seus colegas antes que estes pudessem exportar os vídeos gravados para a internet.

– E como eu iria saber que o nome de solteira daquela mulher era Megurine? – Lily se defendeu.

Miku e os gêmeos olharam de uma mulher para a outra conforme elas falavam.

– Mas você disse que Luka se parece com a mãe! Com certeza você deve se lembrar do rosto dela.

Os adolescentes olharam então para Lily, apenas para que a loira coçasse a sua bochecha com uma rara expressão de vergonha.

– Na verdade... acabei me esquecendo do rosto dela. Eu meio que queria reprimir a memória. – Lily deu uma risadinha encabulada, aparentemente tentando parecer charmosa.

Haku não caiu nessa.

– Isso complica em muito as coisas. Se Professora Megurine descobrir que somos vizinhas, ou que você serve como tia da Miku, isso pode fazer com que ela se afaste.

Na verdade, Haku estava pronta para abandonar toda a história. Ela não era contra o fato de Miku gostar de mulheres, mesmo com todos os problemas que isso certamente traria para sua filha, mas namorar sua professora certamente era pedir pra que mais problemas acontecessem.

A mulher de cabelos prateados decidiu que era melhor tentar convencer Miku a mudar de ideia:

– Filha... acho que você devia pensar melhor sobre isso. Com o que aconteceu hoje... – Haku se encolheu um pouco ao ver o olhar de Miku, sabendo que sua filha não estava gostando daquilo, mas ela tinha de falar para o bem de Miku. – Talvez, se você pudesse...

– Não! – Miku praticamente empurrou a cadeira ao se levantar, usando um tom de ugência que surpreendeu todos os presentes. Ao notar que ela havia sobressaltado a sua mãe, Miku se explicou. – Quer dizer... eu estou tão perto... mamãe, ela aceitou vir aqui. Isso significa que talvez eu tenha uma chance. – Miku então juntou suas mãos em uma expressão de suplica e olhou para Haku como quem implorava por uma segunda chance. – Por favor, por favor, por favor, mamãe! Eu prometo que se algo der errado eu desisto, deixo isso tudo de lado e volto a me concentrar só na escola, mas me dá só essa chance!

Aquele olhar e tom de voz suplicante fez com que o coração de Haku se apertasse e a mulher de olhos vermelhos se sentisse uma péssima mãe novamente. Haku não conseguia manter sua posição com Miku dando-lhe olhar, parecendo a beira de chorar.

Ela realmente gosta dessa Luka. Haku percebeu, o que somente fez com que ela se repreendesse por ter tentado fazer com que sua filha desistisse de se encontrar com a pessoa de quem ela gostava. Que tipo de mãe eu seria pra negar a Miku a chance de encontrar felicidade?

Lily e os gêmeos olharam de Miku para Haku, vendo no rosto da mulher o conflito em sua mente. Haku pareceu finalmente ceder e disse:

– Está... está bem, Miku. Diga a sua professora pra vir nesta quinta. – ela então sorriu para mostrar para Miku, que ela lhe daria todo o apoio que precisaria. – Vou fazer o meu melhor pra ajudar, filha.

Ver o sorriso que iluminou o rosto de Miku quando ela disse aquilo, fez Haku sentir que ela tinha feito a coisa certa. Quando a adolescente deu um pulo de alegria e abraçou-a forte, Haku decidiu que pararia de tentar interferir e apoiaria Miku com sua primeira paixão.

Além do mais, Miku era uma garota muito responsável e Luka parecia ser uma pessoa séria e igualmente, senão mais, responsável. Mesmo assim, ela fez uma nota mental para ficar de olho e se certificar de que sua única filha não seria usada.

Lily então sorriu ao ver a cena tocante, porém este murchou quando Miku se virou para ela e disse:

– E você vai ter de se comportar e ficar fora de vista, tia Lily.

– Como? – a loira questionou, surpresa que a garota de cabelos azuis estava reprimindo-a.

– Normalmente, eu estaria do seu lado, mas você mesma sempre disse que pior do que fazer algo de errado é ser pega fazendo-o.

Haku olhou de sua filha para sua melhor amiga com suas sombrancelhas erguidas e fixou na loira adulta um olhar de “o que você andou ensinando pra minha filha?!”.

Lily parecia prestes a tentar se explicar, mas olhou para o lado e admitiu:

– É... cê me pegou nessa Miku... – ela então suspirou. – Pena... eu tava doida pra tirar fotos do seu primeiro encontro...

Haku era um pessoa que não acreditava em violência e evitava-a a todo custo, crendo que sempre havia uma maneira mais civilizada de se resolver as coisas. Porém, como dizia o ditado: há sempre uma primeira vez pra tudo. Sendo assim, mesmo com o fato de que ela viria a se arrenpender e pediria desculpas a Lily mais tarde, Haku deu um soco no topo da cabeça da loira, forte o suficiente para deixar um galo.

Lily não falou mais nada o resto do dia. Ela não pensava que sua amiga com atitude tão calma e fofa tivesse um punho tão pesado...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coração De Mãe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.