Coração De Mãe escrita por UnderworldKing


Capítulo 13
Capítulo 12 - Paixão


Notas iniciais do capítulo

E aqui está, para aqueles que queriam e estavam esperando, Luka! (Como se o fato de ela ter sido introduzida no capítulo anterior não fizesse isso óbvio...)
Agora as coisas vão ficar mais sérias... ou hilárias.




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Capítulo 12

Paixão

Como qualquer adolescente, Hatsune Yowane Miku tinha matérias em que se saia bem, outras em que não era tão boa e algumas que ela simplesmente não conseguia compreender como fariam alguma diferença na sua vida. Uma destas era Física.

E como exatamente saber a taxa de desaceleração, ou fórmula de sei-lá-o-que, vai me ajudar a me tornar uma cantora melhor? Miku se perguntava enquanto apoiava a sua cabeça em sua mão, olhando com tédio para o quadro-negro onde o professor discursava sobre uma ou outra equação. Se fosse física do som, aí até vá...

Apesar de seu desinteresse, Miku ainda conseguia tirar notas “passáveis”. Porém, isso fora no semestre anterior, quando o professor era outro.

Agora a situação era completamente nova.

Quando sinal para a primeira aula tocou, Miku já se preparava para outro discurso maçante sobre objetos em inércia, ou algo assim, quando uma mulher adulta entrou na sala. Uma mulher adulta de olhos azuis.

Olhos azuis e cabelo rosa...

Cabelo rosa e com um botão aberto em seu uniforme, mostrando só um pouco de seios generosos...

Cabelo rosa e um corpo escultural, digno de modelos...

Ela já mencionara o cabelo rosa?

Claro, Miku vira muitas cores de cabelo antes, mas rosa era nova.

Ainda mais com um corpo como aquele.

- Vendo algo que gostou, Miku-chan? – uma voz travessa vinda de trás de Miku fez ela se virar e ver Rin com suas mãos cruzadas sobre a mesa com seu queixo repousando nelas enquanto a loira erguia uma sobrancelha sugestivamente.

- Huh? – Miku exclamou, seu olhar quase que magneticamente voltando para a (bela) professora que agora escrevia no quadro.

- Tá a fim dela, né? – Rin falou, seu sorriso parecido com o do gato que pegara o canário.

- Eu não sei do que você tá falando.

- Você não consegue desviar os olhos dela. Literalmente.

- Claro que consigo. – apesar de falar aquilo, a cabeça de Miku parecia ter travado na posição em que estava.

Enquanto Rin pensava em maneiras de tirar sarro de sua amiga, a professora terminara de escrever seu nome no quadro e se virara para a turma, sua expressão neutra, mas sem parecer séria demais ou intimidadora.

- Olá turma. Sou sua professora este ano. Me chamo Megurine Luka, 23 anos, atualmente procurando por um emprego estável como física. Sendo assim, ensinarei a vocês até o final deste ano. Espero que possamos trabalhar juntos e ajudar uns aos outros. – Professora Megurine se apresentou à turma, que não falara uma única palavra, parecendo encantada com a presença e voz daquela mulher, além de sua obvia beleza. – Agora falem-me de vocês. Chamarei seus nomes e vocês me contem algo sobre si. Pode ser sonhos, gostos, qualquer coisa.

Assim, Professora Megurine pegou a lista e foi chamando os alunos, um a um, para se apresentarem. Miku ficou apenas olhando-a, como que enfeitiçada. Será que era isso que todo mundo vivia dizendo sobre amor á primeira vista? Miku ficou contemplando aquilo por tanto tempo que não ouviu Luka chamando seu nome.

- Hatsune Yowane Miku está aqui? – Luka repetiu.

Rin deu um cutuco em Miku, que finalmente percebeu que estava sendo chamada e praticamente pulou de seu assento:

- PRESENTE!

Aquilo fez toda turma se virar para ela com olhares curiosos. Miku se sentiu como se estivesse em um palco, com o holofote sobre si enquanto que a audiência esperava ela começar. Até Luka á olhava como que esperando por algo.

- Fala alguma coisa sobre você, besta. – Rin sussurrou para sua amiga desorientada.

- Hum... ahh... oi... – Miku deu um leve aceno. Alguns de seus colegas abafaram risadas e Rin levou sua mão a testa, sacudindo a cabeça. – Sou Hatsune Yowane Miku e... ahh... gosto de cantar.

Luka fez um sinal de aprovação com a cabeça e Miku se sentou, seu rosto rubro de vergonha enquanto o resto dos colegas se apresentava.

- Muuuuito legal, Miku. – Rin comentou.

- Não enche, vai... – Miku reclamou, cruzando seus braços na mesa e enterrando seu rosto neles, esperando que isso pudesse fazê-la invisível...

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O horário do lanche era sempre um intervalo bem-vindo para Miku onde ela podia aproveitar o seu sanduíche de cebola Negi com o tipo de condimento que ela escolhera aquele dia. No entanto, hoje ela havia decidido que iria comer no refeitório junto com Len e Rin então ela fora forçada a ouvir os comentários de sua amiga loira:

- Sério, você devia ter visto a sua cara. Foi super engraçada! – Rin disse.

- Dá um tempo, vai Rin... – Miku murmurou com olhos e expressão fechada enquanto comia seu sanduíche.

- É Rin. Não precisa ficar falando disso a cada cinco segundos. – Len falou.

- E lá vem você defendendo ela, oh, cavaleiro da Tabula de Shota. – Rin proclamou quase como se estivesse em uma peça.

Suficiente dizer, aquilo fez com que Len entrasse em uma discussão com sua irmã. Miku apenas suspirou e voltou seus olhos para a entrada do refeitório. Estava um belo dia lá fora e gastá-lo ali dentro, considerando que alguns colegas ainda apontavam e riam dela, começou a parecer uma perda de tempo para Miku.

- Vou lá fora pegar um ar. – Miku anunciou, fazendo com que os gêmeos parassem de discutir quando ela se levantou e começou a caminhar em direção á porta.

Os gêmeos se levantaram para seguir Miku enquanto que a adolescente de cabelos azuis pensava na sua nova professora. Foi então que, quando Miku saiu, ela acabou esbarrando em uma pessoa. Se virando para pedir desculpas, Miku viu... cabelos rosa.

Oh-oh.... ela olhou para cima e viu o rosto atraente e sério da Professora Megurine.

- Ah... Professora Megurine, eu... – Miku então notou que a mulher estava olhado para algo no chão. Olhando para baixo, a estudante viu que ela havia feito a professora derrubar o seu lanche. – Ai caramba, me desculpa! Eu não prestei a atenção e... bem...

Rin e Len chegaram e viram o que Miku havia feito, os dois mantendo a distancia enquanto que Luka se abaixava e recolhia seu lanche agora sujo.

- Tudo bem... – a professora de cabelos rosa disse, suspirando e olhando para Miku. – O atum estava vencido mesmo... isso que eu ganho por comprar algo já pronto em um mercadinho qualquer.

- Ah... mesmo assim, foi minha culpa então.... se a senhora quiser eu posso lhe pagar... digo... – Miku começou a tropeçar nas palavras de novo. Legal, ela provavelmente vai pensar que eu sou algum tipo de idiota estabanada.

Luka encarou Miku, parecendo realmente estar olhando para a garota. Ela então farejou o ar e sentiu um cheiro familiar. Olhando para a mão de Miku, a professora notou o sanduíche que a garota ainda estava segurando:

- Essa sanduíche tem atum? – ela perguntou.

- Uh? – Miku olhou para onde Luka estava olhando e notou que ela se referia ao seu lanche. – Ah, é. Eu coloquei um pouco essa manhã. Por que?

- Façamos um trato, eu lhe perdô-o, se você me der uma mordida desse sanduíche. – Luka disse com um sorriso que até então nenhum dos adolescentes havia visto.

Miku corou um tom rubro e, incapaz de falar, apenas estendeu seu sanduíche para Luka que, com um sorriso de agradecimento, retirou um naco do lanche da adolescente e comeu com um som de contentamento.

Ela deve realmente gostar de atum. Rin notou, enquanto que Miku parecia hipnotizada.

- Muito obrigado por compartilhar seu lanche comigo... – Luka agradeceu.

Miku finalmente saiu de seu transe e percebeu que a professora ainda não sabia seu nome.

- Miku! Hatsune Yowane Miku! – ela falara aquilo muito rápido, mas Luka pareceu entendê-la.

- Miku-chan. Obrigada. Vejo você em aula.

Com um aceno de mão, Luka se virou e foi embora.

Miku ficou parada em seu lugar, apenas olhando a bela professora deixando o corredor. Rin e Len se aproximaram de sua amiga e o loiro não pode deixar de comentar:

- Megurine-sensei tem um belo sorriso.

- É... – foi tudo que Miku conseguiu dizer.

- Uh, pessoal. Só pra lembrar, nós temos que correr ou... – o sinal tocou enquanto Rin falava. A loira suspirou. – Vamos perder a aula...

Os três foram então arrastados pela corrente de alunos que voltavam para as suas salas...

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Uma semana se passou. Nessa uma semana Miku se viu antecipando as aulas de Física com a Professora Megurine. Ela até mesmo ficava mais alguns minutos antes de sair, só para ver Luka um pouco mais. É claro, a professora não tinha nem idéia de que Miku estava prestando uma atenção especial.

Porém, essa atenção de Miku não se estendia á matéria. Isso acabou levando-a a frequentemente perguntar algo á Luka, que, desempenhando seu papel profissional, dava a resposta que Miku precisava para entender o conteúdo. Mas, se ela fosse sincera consigo mesmo, Miku queria mesmo era ouvir aquela voz melodiosa.

Então Miku começou a tirar fotos de sua professora.

No início, era para ser algo inocente, simplesmente admirar Luka. No entanto, quando o número começou a aumentar e até mesmo a cobrir a professora durante o recreio ou saindo da escola, Rin chamou a atenção de sua amiga no dia em que ela pegou o celular de Miku para ligar para Lily e viu as fotos:

- Miku, o que é isso?

- Hummm... fotos? – a garota de cabelos azuis disse com uma expressão de uma criança que fora pega fazendo travessura.

- Que são fotos eu sei. O que eu quero saber é porque você tem tantas da Professora Megurine? Ah, meu Deus... – Rin arregalou seus olhos enquanto que olhava para Miku como se sua amiga tivesse crescido uma segunda cabeça. – Miku, você virou uma stalker!

- Uma o que?

- Uma stalker! Ah caramba, por favor me diz que você não pegou o endereço da Professora Megurine e andou tirando fotos dela em roupa de baixo!

- HEIN?! – aquilo fez algumas imagens se formarem na mente de Miku.

Porém antes que a adolescente de cabelos azuis pudesse controlar o sangue em sua bochechas e falar para Rin que ela não havia feito nada disso a loira continuou:

- E se você de repente ficar obcecada?! Por favor, me diga que você não ficou yandere, Miku! Eu não quero que minha melhor amiga vire uma psicopata!- antes que Rin pudesse continuar com suas ilusões de uma Miku insana, Miku a agarrou pelos ombros e deu um tapa nela. – Ok... agora parei. – Rin falou em seu tom de voz normal, com o rosto ainda virado para o lado.

- Ótimo. E de onde você tirou essa idéia de que eu sou uma stalker psicótica? Esse tipo de coisa só acontece em anime e manga. – Miku falou em um tom indignado.

- Tá, mas então porque você tem todas essas fotos? – Rin voltou a perguntar.

Miku voltou a ficar embaraçada. Ela tentou encontrar uma explicação que deixaria Rin satisfeita, porque, conhecendo a garota loira, Rin não deixaria o assunto de lado se ele pudesse levar Miku a ser presa (o que soava meio hipócrita, considerando o que ela e seu irmão fizeram no verão passado).

- Eu... honestamente eu não sei explicar. – Miku disse pegando seu celular de volta de Rin e olhando o papel de parede (que obviamente era uma foto de sua professora de cabelos rosa). – É só que... cada vez que eu olho ela, sinto que meu dia fica melhor. E sempre quando eu a vejo, quero me lembrar do rosto dela. Eu queria realmente poder fazer Luka-sensei sorrir. Você me entende, Rin?

A aspirante a cantora se virou... e viu sua amiga cobrindo a boca com uma mão, sua expressão deixando claro que ela estava se esforçando para não rir. Miku mostrou uma expressão irritada ao ver aquilo e falou em um tom sério:

- Tá, tá... pode rir. Eu sei que deve soar ridículo pra você, mas eu...

- Não é isso. – Rin disse, conseguindo segurar seu riso. – É só que...

- Só que o que?

Miku esperou para Rin falar alguma coisa. Quando sua amiga levou a mão a boca para conter outra risada, Miku fez uma cara impaciente enquanto batia seu pé. Rin então finalmente falou, ou melhor, cantou:

- Miku e Luka~ sentadas numa árvore~ se bei-jan-....- Miku correu até Rin e tapou a boca da loira com suas mãos.

- Qual o seu problema?! – Miku exclamou, corando um tom rubro.

- Ah, qual é? É obvio que você tá caidinha pela professora. – Rin disse depois de livrar-se das mãos de Miku. – Mas isso pode ser só minha opinião, então que tal perguntar a mais alguém?

- Quem?

- Ora, a pessoa mais experiente e madura que eu conheço.

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- Miku e Luka~ sentadas numa árvore~... – Lily cantou com um sorriso travesso.

- Se bei-jan-do~! – Rin completou e as duas loiras riram.

- Muito maduro da parte de vocês... – Miku resmungou, com a cara emburrada e séria, apesar de que a cor rubra de suas bochechas somente fizesse com que Lily a achasse adorável.

- Ah, qual é Miku-chan? – Lily disse. – Não estamos rindo de você.

- Ah-hã...

Quando Rin falou que elas iriam consultar alguém maduro e experiente, Miku esperara que elas fossem falar com “tio” Gakupo. Até mesmo Dell teria servido e tudo o que o cara fazia era resmungar suas respostas.

- Mas sério, eu não fazia idéia de que você jogava pro outro time, Miku. Se bem que eu também não posso falar nada. – Lily disse, cruzando seus braços embaixo de seus peitos. –Você sabe que pode enfrentar uma penca de dificuldades, não? – a loira mais velha e tia adotada de Miku disse, assumindo um tom mais sério que Miku nunca ouvira vindo da cantora. – Gays não são exatamente muito aceitos na maioria da comunidade japonesa, apesar de que a possibilidade de você ser linchada não é lá muito grande.

- Linchada? – Miku repetiu, começando a se preocupar.

- Eu saberia. Tenho de esconder da mídia o fato de que sou bi, do contrário posso ter fanáticos com foices e tochas a minha porta.

- Hum... Lily-nee-san, cê tá assustando a Miku.

- Oh? – a loira pareceu finalmente notar que Miku não parecia muito confortável com aquela conversa. – Mas deixa isso pra outra hora. – ela falou com um sorriso embaraçado, tentando mudar o foco. – Primeiro, como essa Luka é?

Antes que Miku pudesse falar algo, Rin rapidamente enfiou a mão no bolso da amiga e tirou seu celular, atirando-a para Lily, apesar dos protestos da estudante de marias-chiquinhas.

Rin faria uma ótima batedora de carteiras... Miku pensou de cara fechada enquanto lançava um olhar á sua amiga.

- UAU!!! – Lily exclamou ao ver uma foto de Luka. Ela passou para a próxima. – Ela é QUENTE!!! – Lily passou para outra foto. – Mas, sério, eles são de verdade, Miku?

Quando a adolescente de cabelos azuis assumiu uma expressão de confusão, Rin disse:

- Acho que são, mas não dá pra saber ao certo sem tocar né? Aliás ela nunca usa muito decote.

- Bom, bom. Isso mostra seriedade e comprometimento com o trabalho. – Lily disse, balançando a cabeça em aprovação. – E cabelos rosa, heh? Se minhas professoras fossem tão sexy quanto essa Luka eu não teria cabulado minhas aulas. Se bem que ainda prefiro a Haku.

Miku apenas olhou a loira declarar abertamente seu interesse por sua mãe mais uma vez. Miku honestamente nunca soube como se sentir em relação ás intenções de Lily para com Haku. Se bem que ela nem estava certa de quais eram essas intenções considerando todas as notícias e rumores que ela frequentemente ouvia sobre Lily e algum cantor ou empresário famoso.

No entanto, Lily jurava que era tudo parte do jogo da fama e que ela não sentia nada pelos homens com quem saia. Miku podia até acreditar naquilo, afinal Gakupo também dissera que o mundo dos artistas era cheio deste tipo de encenações.

- De qualquer maneira... – Lily falou, retornando a atenção ao assunto. – Pergunta mais importante: saber como ela se sente em relação a você e se ela também é gay ou bi. No entanto, esse tipo de coisa exige calma e paciência pra descobrir e considerando que ela é adulta, a coisa fica mais difícil. Mas não se preocupe... – Lily sorriu de modo encorajador para Miku. – Ouça bem, porque a tia Lily vai te ensinar a arte de chamar a atenção de uma mulher...

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- Hum... Megurine-sensei... – Miku disse, quase gaguejando.

- Sim, Hatsune-san? – Luka perguntou, seu tom profissional, o de uma legitima professora, mesmo considerando que as duas estavam agora sozinhas na sala, pois Miku esperara até o período acabar e todos saírem para falar com a bela professora.

- Eu... estou com um pouco de dificuldade na matéria... então pensei... será que você p-podia me ajudar?

Miku falou aquilo tentando o seu melhor para se controlar e não soar muito desesperada como Lily havia instruído, mas ela descobriu rapidamente que, quando se tratava de Luka, qualquer preparação era inútil. Ela simplesmente não conseguia se concentrar com a bela professora olhando-a daquele jeito (apesar de que esse era o olhar normal dela em aula, sempre que ela falava com um aluno).

Mentalmente, Miku estava ainda mais desesperada:

Por favor, funcione! Será que ela vai achar esquisito demais?! Será que eu soei muito desesperada?! E se ela me achar esquisita?! Meu Deus, ela vai perceber!

- Claro. Em qual assunto você está tendo dificuldade? – Luka disse, seu tom completamente normal.

- Ah, o que? – Miku perguntou, só depois percebendo o que Luka acabara de falar. – Ah, é! Hum... aquelas formulas de... aceleração... sabe?

Luka a olhou com uma sobrancelha erguida. Miku começou a suar.

FUI DESCOBERTA! ABORTAR MISSÃO!!!

- Vamos marcar para essa quarta de tarde. – Luka disse de repente, fazendo com que a linha de pensamento de Miku sofresse uma freada abrupta. – Você tem algum compromisso nesse...

- NÃO! – Miku de repente disse, não deixando sua professora terminar. Luka à olhou com uma expressão de surpresa e Miku rapidamente falou. – Quer dizer, quarta tá ótimo! Heheh... – ela deu uma risada embaraçada enquanto levava uma mão atrás de sua cabeça.

- Muito bem. – Luka disse, parecendo se recuperar e agindo como se nada tivesse acontecido. – Nos vemos então, Hatsune-san.

- Hum... pode me chamar de Miku. – quando a professora olhou para a adolescente de novo, Miku rapidamente emendou. – Quer dizer... se quiser... ? – Para enquanto tá vencendo, idiota! Miku reprimiu-se mentalmente.

Luka pareceu não dar muita atenção ao comentário e olhou em sua pasta, parecendo procurar algo. Ela então mostrou uma expressão zangada e deixou escapar:

- Ótimo... esqueci de empacotar um lanche de novo.

De repente, uma luz se ascendeu na mente de Miku e ela imediatamente viu uma oportunidade que não podia deixar passar, do contrário só confirmaria sua condição anterior como idiota-apaixonada. Correndo até sua mochila, Miku retirou desta um dos dois sanduíches que havia feita naquela manhã e correu de volta até a sua professora.

- Hum... Megurine-sensei... – Miku falou, chamando a atenção de sua professora. – A-aqui... eu fiz um sanduíche extra e... tem atum nele. – ela então ofereceu seu sanduíche á sua professora.

Luka olhou do lanche para Miku e agradeceu a garota, pegando o sanduíche e retirando o plástico ao redor. Dando uma mordida, a mulher de cabelos rosados mostrou uma expressão de surpresa em seu rosto.

- Você colocou cebola Negi nesse sanduíche?

- Ah. É. Elas são a minha comida favorita. – Miku disse, esperando que a atraente professora não a achasse esquisita. – Eu sei que pode parecer meio estranho e tudo mais.

- Ao contrário. Acho muito bom que uma adolescente como você se interesse por comidas saudáveis. – Luka falou com aquele belo sorriso que Miku havia visto no recreio anterior.

E, como na ocasião, ela corou um tom rubro.

- Bem, nos vemos nessa quarta então, Miku-chan. – com isso, Luka se levantou e deixou a sala de aula, junto com uma atônita Miku.

A garota de cabelos azuis conseguia apenas pensar no fato de que sua professora a chamara pelo primeiro nome. Talvez aquilo fosse um sinal...

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Um mês se passou desde que Miku começara a tomar lições de reforço com Luka e até agora ela não encontrara a coragem para perguntar á sua professora se ela gostaria de sair para passearem juntas (o que praticamente queria dizer “encontro”, apenas usando palavras diferentes). Isso por que sempre que Miku pensava em como ela iria se aproximar de Luka, suas idéias de conversa sempre soavam muito infantis ou simplesmente estúpidas.

Até agora, Miku não conseguira descobrir nada de muito pessoal sobre Luka (não que ela tivesse perguntado muito). Em contrapartida, ela aprendera muito sobre física, o que pelo menos lhe dizia que Luka era uma boa professora.... ou que ela só queria impressionar a mulher de cabelos rosados.

A situação com Len também acabara tomando certa precedência quando ele se confessou para Miku, que fora forçada a rejeitar seu melhor amigo. Porém, uma vez resolvido o caso, ela finalmente pode voltar a se concentrar na sua primeira paixão.

Vendo que falar não era seu forte, Miku resolveu tentar uma outra abordagem, buscando algo que ela pudesse apresentar á sua professora que indiretamente lhe dissesse que Miku desejava sair com ela. Após um dia de reflexão e assistir alguns filmes românticos, Miku teve a idéia de fazer uma canção.

Se sentando, Miku pensou em uma letra. Diversas idéias vieram a sua mente, porém uma delas se mostrou mais forte na mente de Miku, praticamente implorando para ser posta no papel. Imediatamente, a adolescente se pôs a escrever, dando graças á Deus pelo Clube de Música e Festival da Academia incentivar que alunos submetessem e cantassem músicas de sua autoria.

Se essas atividades fossem um concurso ao invés de algo para simplesmente acumular pontos extras, Miku tinha certeza de que teria ganhado, a julgar pelas reações de seus colegas e platéia.

Apagando algumas linhas e revendo algumas palavras rapidamente, Miku deixou-se levar pela inspiração, nem mesmo prestando muita atenção no que estava escrevendo. De acordo com sua tia Lily, esta era a marca de um verdadeiro artista: eles deixavam a inspiração tomar conta e moldar seu trabalho.

Quando a adolescente finalmente acabou o que poderia ser considerado um rascunho, ela tentou reler as palavras, mas sentiu seu olhar desfocar e soltou um grande bocejo. Olhando para o relógio ao lado, ela viu que já era de noite e quase hora de dormir.

- Acho... que vo-ou... – Miku soltou outro bocejo. – Fechar os olhos... por um tempinho...

Esse “tempinho” não acabara até sua mãe chegar, cheirando a álcool (um cheiro que Miku nem dava muita bola, tendo se acostumado a isso quando era criança. Felizmente o cheiro não era forte a ponto de fazer com que ficar perto de Haku não fosse possível) e lembrando a ela que ela não devia ficar acordada trabalhando até tarde...

- / - / - / - / - / - / - / -

- Onde é que tá? – Miku resmungou, remexendo a sua mochila. Ela havia jurado que deixara a letra de sua recém-composta música junto com seus papéis na noite passada. – Será que eu deixei cair?

- Se acalma, Miku. Parece até que esqueceu a cola pra prova surpresa. – Rin falou.

- É que eu... espera, cola?

- Ehm.... você não ouviu nada! – Rin apontou para a garota de cabelos azuis.

Miku suspirou e deixou o assunto passar, voltando a remexer sua mochila atrás da letra de sua música Magnet. Ela nem sabia da onde veio o nome, mas achava ele bem melódico e combinando com a música.

Agora que ela parava para pensar e relembrava a maior parte da letra, talvez a música fosse um pouco pesada pra uma simples declaração, mas a inspiração do momento simplesmente a forçou a continuar escrevendo. Talvez ela devesse repensar e fazer outra, deixando Magnet para mais tarde, quando ela e Luka estivessem um pouco mais firmes.

Isso é, se ela conseguisse criar coragem e convidar a mulher de cabelos rosados para sair...

- Honestamente, só você pra se esquecer a serenata que você compôs pra se declarar para sua amada Luka. – Rin disse, meio caçoando, meio fingindo-se de dramática.

- Serenata pra quem? – Len perguntou, chegando ao seu lugar e ouvindo sua irmã falar sobre Miku e alguma serenata.

- Ah, é. Cê não sabe.

Miku decidiu desistir e esperar chegar em casa pra procurar, resolvendo se concentrar no agora. Luka também acabara de entrar na sala e Miku virou-se para Len, prometendo que ela explicaria tudo mais tarde.

- / - / - / - / - / - / - / -

Miku correu de volta para casa, se esquecendo que havia se voluntariado para ir ao hospital hoje e ela tinha de preparar o almoço para sua mãe. Haku estava voltando do trabalho mais cedo e levaria Miku em seu carro, além de passar o breve intervalo de seu almoço com a sua filha.

- Oi, mamãe! - Miku disse, abrindo a porta da casa e... parando ao notar que sua mãe estava sentada na mesa da sala com Lily sentada ao lado dela.

Sua tia Lily estava com uma expressão de “sinto muito” no rosto ao olhar para ela enquanto que Haku parecia imensamente embaraçada. No entanto, aquela expressão de embaraço não era a que Miku normalmente viu sua mãe fazer quando Lily flertava com ela.

Também havia o fato de que Lily estava dirigindo á Miku aquele olhar de desculpas. Alguma coisa não estava bem...

Rin e Len chegaram em seguida, já que Lily havia se auto-convidado para a casa de Haku no dia anterior para “aproveitar” um almoço com sua “musa”, o que, por padrão, significava que os gêmeos almoçariam com elas também.

- Ãh... que tá havendo? – Rin perguntou a questão que Miku tinha em sua mente.

Nenhuma das duas adultas respondeu.

Haku então tirou algo debaixo da mesa e colocou nesta, virando e empurrando na direção de Miku. A adolescente então empalideceu ao reconhecer a letra de Magnet.

- M-Miku... – Haku falou, gaguejando um pouco, indicando que o assunto era algo que a deixava embaraçada. – Pode me c-contar sobre essa sua p-professora.... que você tanto gosta?

O tom da mãe de Miku não era um de reprovação, nem um de “explique-se, mocinha!”. Ao contrário, ela soava como quando tentara explicar os “fatos da vida” para Miku, simplesmente tentando educar sua filha da melhor maneira que podia.

E era exatamente por isso que de pálida, Miku foi para corada enquanto só podia pensar:

Oh-oh...


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