Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 26
25.


Notas iniciais do capítulo

Oie :D
Leia as notas finais: importante.



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Querido Diário,


Queria compartilhar aqui com você como a população americana é fascinante. Exatamente à minha frente se encontra a maior barbaridade que eu já vi em toda minha vida: uma briga no refeitório. E, eu digo, literalmente! Uma briga física, uma briga de punho com punho! Dois garotos no chão!

Mas o mais chocante ainda vem por aí: não existe uma alma boa para separar a briga. Na verdade, as pessoas estão incentivando!

Oh, esqueça. O treinador já interferiu. Acho que os garotos serão levados à diretoria. Não sei o motivo pelo qual começaram a brigar, mas a cena já estava me causando algum tipo de ansiedade, minhas mãos estão suando e a caneta está escorregando.


Parando de escrever, franzi para o pequeno caderno de capa de couro pousado na mesinha de pedra do pátio. Eu estava descrevendo toda a situação e isso é desnecessário, talvez um dia eu precisasse dessa folha que preenchi com devaneios bobos.

Falando em brigas...

Olhei em volta, procurando um rosto conhecido em especial. Avistei Luke e Seth, olhando para a rodinha com certo tédio, como se aquilo fosse... Normal. Suspirei, frustrada. Onde estava ele? E pelo visto não era só eu quem procurava Justin. Jenny também olhava em volta várias vezes.

- ... Princesa... – Ouvi uma das garotas que passaram por mim na mesa cochichar.

Meu queixo caiu.

Ainda? As pessoas ainda falam disso? Achei que já havíamos pulado esse degrau, minha gente!

Passei as mãos pelo cabelo. Privacidade. Eu precisava de um pouco de privacidade.

Olhei no relógio a hora; eu ainda tinha quarenta minutos até o início do período da tarde. Juntei minhas coisas da mesinha e saí dali, decidida a achar um lugar tranquilo e silencioso para me concentrar em alguma atividade mais intelectual. Empurrei a porta que dava para os corredores vazios do complexo das salas de aula, atravessando-os em direção à parte mais baixa, que levava ao ginásio.

Se os corredores estavam vazios, o ginásio estaria sendo habitado por almas.

Achei as portas vermelhas ao atravessar o corredor que anexava um prédio ao outro e entrei, sem hesitar. Tudo o que eu queria era algo para me dar paz. O ginásio estava parcialmente escuro, bom, pelo menos onde eu estava, sim. As arquibancadas ainda estavam visíveis, a quadra bem iluminada e a acústica também, eu podia ouvir alguns murmúrios vindos dali.

Fiquei surpresa ao ver Justin ali, tirando algumas bolas de basquete do carrinho de compras. Ele me viu assim que emergi das sombras. Não pude evitar o sorriso em meu rosto, que logo espelhou o dele.

- Desculpe, eu não sabia que você estava aqui. – Falei, acenando com a mão, meio que indicando que eu meio estava de saída, meio estava sem graça.

- Não... – Ele hesitou. – Não faz mal.

- Ok. – Sorri mais um pouco. – Eu... Eu já vou... É.

Girei nos calcanhares para sair, mas a voz dele me chamando me prendeu no lugar.

- Na verdade, fica. – Sua voz saiu rouca ao dizer isso, como se estivesse calado há muito tempo. – Não acho que teremos mais algum tempo para ficar... – Ele deixou a frase no ar.

- Ficar...? – Encorajei-o a terminar, mas ele balançou a cabeça, vindo até mim, um sorriso descontraído nos lábios.

- Uma longa história. E nós não temos tempo. – Sussurrou, colocando uma mexa do meu cabelo para trás da orelha, o sorriso ainda lá. – O que veio fazer aqui?

- Eu queria um lugar calmo e silencioso. O ginásio me pareceu o melhor lugar para isso. – Dei de ombros, olhando para qualquer outro ponto que não fosse ele.

- A mesma razão pela qual estou aqui. – Justin riu fraquinho.

- E sobre o que você veio pensar? – Não pude evitar a pergunta, ela simplesmente saiu e pareceu atingir em cheio o rosto de Justin. O sorriso sumiu, mas logo ele o colocou de volta.

- Em como você está linda hoje. – Puxou o sorriso para o canto e piscou.

- Obrigada, valeu a tentativa de mudar de assunto. – Revirei os olhos.

- Não é nada, só gosto de lugares mais calmos.

- Por que eu não acredito nisso?

- Por que você deveria?

Mantivemos o contato visual por alguns segundos, antes de eu quebrar indo para o carrinho com as bolas, sentindo-me um pouco magoada. Ele não confiava em mim?

- Você está só... Treinando? Achei que os campeonatos haviam acabado. – Comentei, segurando uma bola entre as mãos. Justin olhou para mim, algo em seu rosto, como se estivesse tentando decidir alguma coisa, mas não podia ter certeza. Abri um sorrisinho, virando-me para a cesta.

- É sempre bom estar em forma. – Ouvi-o comentar, sua voz aumentando de acordo com a proximidade. – Da última vez que você veio aqui não quis fazer a cesta. – Apontou para a trave.

- Eu não sei jogar. – Suspirei, fitando a cesta.

- Não precisa saber, é algo natural. Apenas arremesse.

- É fácil para você dizer, você é bom nisso.

- Já tentou alguma vez?

- Não.

- Então como pode ter certeza de que é difícil?

- Porque eu não tenho nenhum jeito com esportes.

- Mas você monta. – Argumentou, arqueando uma sobrancelha.

- Cavalos são seres vivos comportados. – Repliquei.

Justin não respondeu nada, apenas balançou a cabeça, dizendo para ir em frente.

Segurei a bola na altura do busto, olhando fixamente a pequena circunferência com uma rede amarrada em sua borda. Levantei mais os braços e estava prestes a jogar a bola quando ouvi a risada baixa de Justin e suas mãos seguraram meus braços, seu peitoral contra minhas costas.

- Não precisa levantar os braços desse jeito. – Disse. – Vou te contar o segredo. Os joelhos.

Justin se inclinou levemente e, com a ponta dos dedos, gelados contra minha pele, flexionou meus joelhos. Quando ele terminou, sua mão subiu pela minha perna enquanto ele se endireitava. Fechei os olhos, tensa com todos aqueles joguinhos dele. Meu coração batia a uma velocidade absurda e eu me encontrei a ponto de chorar, pular, sair correndo e gritando.

- Agora sim. – Voltou a falar em meu ouvido. – Você pode jogar e, quem sabe, com um pouquinho de sorte, você consegue uma cesta. – Soltou uma risadinha.

Assenti, voltando à realidade e foquei de novo a cesta. Flexionei mais um pouco os joelhos para ganhar impulso e joguei a bola. Expectativa. Expectativa. Perto da cesta. Expectativa. Fora.

- Quem sabe a próxima? – Ouvi Justin rir, envolvendo minha cintura com os braços. Permiti-me relaxar contra seu peito e respirei fundo.

- É... Quem sabe. – Concordei. – Justin? Posso te fazer uma pergunta? Por que você some durante o dia?

- Você fica me procurando? – Seu tom saiu presunçoso.

- Não, mas... Eu não te vejo por aí. Não como antes. – Falei, mordendo o lábio em seguida.

- Tenho estado ocupado. – Murmurou.

- Consertando a parede perto do almoxarifado? – Franzi o cenho, sem realmente perceber naquele instante como minha pergunta foi invasiva.

- Karen...

- Justin Evans! – Ouvimos as portas do ginásio serem abertas de uma só vez com um estrondo terrível. Justin pulou, soltando-me numa fração de segundo e se colocou atrás do carrinho com as bolas. – Eu sei que não te dei muita opção e eu não quero entrar nos méritos de novo, mas você não vai ficar o dia inteiro aqui de novo! Eu disse para ficar longe dela e não para ficar longe de tudo!

Olhei para baixo, para onde Justin estava encolhido, de olhos fechados, tenso e parecia soltar uma horda de xingamentos baixinhos. O homem parou assim que pisou na quadra, olhando para mim com certa surpresa.

Eu o olhei de volta. Tão surpresa quanto.

Era o homem do distintivo, aquele que ficou no escritório do diretor, conversando com Justin. O dia que ele passou a agir de um modo totalmente diferente comigo. O que ele estava fazendo ali? Era óbvio que ele era da polícia. Então, o que a polícia estava fazendo ali? E atrás de Justin?!

- Oh, sua Alteza. Eu... Perdoe-me pelo grito eu... Eu não sabia que estava aí. – Ele levantou as mãos, como que em defesa ou pedindo remissão.

- Está tudo bem. – Respondi com o mesmo tom que usava nos encontros reais na Dinamarca. Era automático: era só dizer Alteza e eu entrava no modo princesa.

Ele sorriu, de novo, sem graça e saiu do ginásio sem dizer uma palavra. Quando a porta se fechou, Justin ficou de pé, parecendo agitado ou preocupado, vai saber. Olhei-o, séria, talvez um pouco nervosa e ansiosa. Cruzei meus braços.

- Droga. – Ele murmurou, ainda olhando para a porta e, quando se virou para mim, pareceu levar um susto com minha expressão. – Que foi?

- O que está acontecendo, Justin? Por que tem um detetive atrás de você? De quem você tem que manter distância? Por que está passando todos os dias aqui?

Justin piscou duas vezes, parecendo atordoado com a quantidade de perguntas, balançou a cabeça e olhou para a porta de novo.

- Eu não sei, esse cara é louco! – Ele limpou a garganta. Analisei-o por um tempo. Justin estava mentindo. Se não estivesse, seus ombros não estariam tão rígidos e seus olhos focavam qualquer lugar menos eu enquanto falava.

- Eu também acho. – Concordei, observando sua reação, que foi um visível relaxamento de seus ombros.

É, mentira.

Por que ele fazia isso?

- Bom, eu vou indo. Tenho aulas a comparecer. – Falei, tentando não soar tão venenosa. Justin franziu o cenho e, finalmente, olhou para mim.

- Já?

- Já. Tchau. – Dei meia volta e fui para a porta. – Ah, espero que um dia você possa me contar a verdade. – Soltei antes de fechar a porta atrás de mim.

O dia passou rápido depois daquele imprevisto no ginásio. Eu vi Justin nos corredores, muito embora eu pensasse que ele ia continuar desaparecido. Ignorei sua presença tanto quanto ele ignorou a minha, andando para cima e para baixo com Jennifer no encalço.

- O que está pegando entre você e o Justin? – Jolie cruzou os braços quando chegamos ao meu armário.

- Nada. Por quê?

- Vocês não estão se falando.

- Onde está escrito que temos que nos falar o tempo todo?

- Meu Deus, você quer me bater também? – Ela bufou para meu tom de voz. Droga, ela tinha mesmo que falar sobre aquilo? Revirei os olhos enquanto guardava meus livros desnecessários no armário.

- Desculpe, eu só... Não sei, acho que estou estressada. Muito dever de casa. – Dei de ombros. Abri a bolsa para colocar os livros que precisava, tirando meu cabelo do rosto no processo. Peguei o livro de Biologia de dentro do armário e, quando um pequeno papelzinho caiu de dentro dele, franzi o cenho.

- Entendo. – Jolie estava olhando para o teto, encostada ao armário vizinho ao meu, por isso não viu o papelzinho caído no chão. – Eu vou te esperar no carro, não estou me sentindo bem. Acho que estou desenvolvendo claustrofobia... – Ela mal começou a frase e já estava saindo. Assenti para ela, mesmo que ela não visse e terminei de guardar as coisas na bolsa.

Fechei meu armário e me abaixei para pegar o papelzinho.

“Quer jantar comigo hoje? Estarei esperando no estacionamento atrás da escola. Justin x”.


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Notas finais do capítulo

Aí está, mais um capítulo. Eu gostei dele, eu gosto desses momentos dos dois, sei lá, me emociona o fato de eu escrever algo assim. Bom, espero que tenham gostado. Acho que vocês vão gostar do próximo capítulo. Algumas surpresinhas ;D
Pergunta: o que vocês acham de eu parar de postar aqui e postar no Anime Spirit? Com os nomes verdadeiros e tal? Tenho reparado que muita gente migrou para lá, só eu que fiquei aqui :B
Por favor me digam o que acham!
Obrigada por tudo, minhas lindas ♥ xx



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