Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 18
17.


Notas iniciais do capítulo

MIL DESCULPAS. Eu não podia ficar de fato 40 dias (quaresma, sabe) sem entrar aqui e não atualizar. Mesmo que faz um bom tempo que não atualizo. E eu não me surpreenderei se vocês tiverem me abandonado.
Mas sempre esperando por coisas boas e vocês ainda aqui né :B
Ai gente, desculpa.



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    O vento soprou novamente com violência contra o gramado do estádio da Roosevelt. E isso fazia minhas bochechas doerem, parecendo que estavam sendo mordidas pelo vento gelado contra minhas lágrimas quentes. Suspirei, reequilibrando meu peso na barra de ferro que estava sentada, que separava como uma cerca a arquibancada do campo.

    Nunca em minha vida eu havia chorado tanto. Nem mesmo quando Charles – meu lindo akita inu – morreu. Minha mente apenas dava voltas e mais voltas, sem saber para onde ir ou de onde sair. Os pensamentos corriam por aqui e ali e nunca paravam. Tudo se repetia em minha mente.

    Não podia acreditar que Jolie havia feito aquilo. Eu me sentia traída.

    Mas, primeiro, eu a traí.

    “Estamos quites, Jo.”, suspirei.

    Ouvi passos vindo, mas não levantei os olhos até ter certeza de que era apenas coisa da minha cabeça, mesmo sabendo que não era.

    - Hey. – A voz masculina saiu soprada. Levantei a cabeça e olhei para minha esquerda, Justin estava lá, mãos nos bolsos, olhar condescendente, Senti o ar faltar em meus pulmões, meu coração acelerando de repente. O que ele estava pensando de mim?

    Mas o ressentimento foi a única coisa que passou por mim naquele momento e eu fechei a cara.

    - Veio me julgar também? – Perguntei, segurando meus joelhos com as mãos.

    - Missão de paz. – Levantou as mãos, mas sem humor. – O que foi aquilo? Era verdade?

    - O que você acha? – Rebati.

    - O que você me disser. – Respondeu. – Quero ouvir de você, não ficar sabendo por um papel cor de rosa de mau gosto.

    Não pude evitar uma pequena risada em concordância. Justin pareceu ficar mais satisfeito por ter me feito sorrir ou algo do tipo, mas tentei não me colocar no centro do mundo por pelo menos uma vez. Assim como Jolie havia me dito para não fazer.

    - Eu acho que é a minha deixa para dizer: sim.

    Um minuto de silêncio veio dele. Eu esperei, em expectativa, a reação dele. Queria que não fosse tão ruim quanto minha mente estava projetando.

    - Você sabe que isso é estranho. – Ele disse. Eu assenti. – E não acontece todo dia.

    - Eu sei. Na verdade, para mim, pessoas conhecendo a Princesa da Dinamarca acontece todo dia, de qualquer forma. – Revirei os olhos, limpando uma lágrima que escorreu sem permissão.

    - É diferente.

    - Deve ser.

    - Hey, K, não fique assim. – Ele se aproximou mais e sentou ao meu lado na grade, fazendo algum esforço para se manter na estreita barra de ferro. – Isso é difícil, como você consegue?

    - Lições de modos. Tópico treze, subparágrafo dois: uma princesa sempre tem postura. – Suspirei.

    - Isso parece mais um livro de leis.

    - Quem você acha que fez isso? – Perguntei.

    - Sinceramente eu não sei, Karen. Mas, sério, você pretendia nunca contar nada? A ninguém?

    As lágrimas voltaram automaticamente aos meus olhos e o peso em meu peito se atenuou.

    - Você faz ideia do que é ser tratada uma vida inteira de um jeito totalmente especial porque você tem status, dinheiro, família, sangue real?

    - Não sei. – Admitiu.

    - Eu só queria me sentir normal. Pelo menos uma vez na vida. Queria que as pessoas olhassem para mim e visse que eu sou só a Karen, uma menina como qualquer outra no mundo. Mas eu não sou assim, eu sou a filha do rei da Dinamarca. Herdeira por direito do trono dinamarquês. E eu acho que, afinal, estou conseguindo meu tratamento diferenciado. Somente hoje Jolie me chamou de vadia egoísta. Quem sabe eu seja mesmo.

    - Karen, não diz isso. – Justin pediu. – Não é sua culpa querer algo que você julga melhor.

    - Acho que estamos quites. – Observei.

    - Mas eu ainda tenho um segredo.

    - Você parece uma garota falando. – Ri fraco.

    - Esquece isso, shawty. Seu sorriso vale muito mais que essas lágrimas. – Ele ignorou meu comentário. Trocando a resposta por algo que me fez sentir muito melhor. Sorri para ele, involuntariamente, sendo respondida.

    - Eu estou me sentindo uma cretina, você sabe.

    - Sei. Vamos sair daqui. – Ele pulou da grade e me puxou pela mão. – Vai perder alguma coisa incrível hoje?

    - Uma incrível aula de História. – Murmurei, sem ânimo até para minha doce história.

    - Nada demais. – Ele revirou os olhos. – Vamos comer alguma coisa. Está com fome? Não te vi no refeitório.

    - Não fui. – Respondi. – Estava ocupada demais levando um choque de realidade para comer.

    - Karen, pare com esse negativismo. Não combina com você. Sorria? Por mim?

    Como dizer não a esse menino?

    Abri um sorriso involuntário.

    - Vamos achar comida para você.

    Deixei que ele me rebocasse até seu Impala 67. Acho que eu nunca me cansaria de admirar aquele carro em toda sua elegância e imponência. Justin sempre parecia orgulhoso de seu carro quando estava perto dele. Mesmo com tão pouco tempo de convivência, eu sabia quanto ele gostava daquilo. Ele abriu a porta do carro para mim e eu entrei, ignorando o estranho incômodo que era receber esse tipo de gesto agora que ele sabia que eu era quem eu era.

    Não soube dizer um lugar para comermos quando ele me perguntou onde eu queria ir, dessa forma acabamos no restaurante da mãe dele. Pattie sempre me recebera muito bem, todas as vezes que estive ali. Mas não ficamos no restaurante propriamente dito.

    - Não é muito, mas... – Justin falou baixinho, chutando uma peça de roupa para debaixo de um móvel para apoiar os pés. Revirei os olhos para a preocupação dele. Subi os últimos degraus da escada anexa aos fundos do restaurante.

    - Você sabe que eu não ligo, não sabe?

    - Você não é assim, eu sei. – Suspirou, apesar de tudo, e olhou em volta.

    - Vai, me mostra seu quarto. – Pedi e ele voltou seu olhar para mim tão rápido que acho que ouvi seu pescoço estralar. Ele parecia surpreso e até mesmo assustado, mas eu não entendi o porquê dessa reação e apenas pisquei duas vezes, esperando sua resposta.

    - Uh... Erm, claro... Eu... Por aqui.

    Justin passou pela sala e adentrou um corredor que tinha a parede coberta de fotografias caseiras. Justin e Pattie, em todas elas. Eu o segui de longe, parando de vez em quando para ver alguma foto que mais me chamava atenção.

    - Só por curiosidade, qual foto você está vendo? – Eu pulei no lugar quando a voz de Justin estava logo atrás de mim e me assustou. Olhei para ele por cima do ombro e segui seu olhar para uma foto dele, em seus três, quatro anos, pelado, em uma praia. Esta estava acima da que eu realmente estava olhando: uma onde ele estava deitado na neve, fazendo um anjinho com os braços e as pernas.

    - Essa. – Apontei. – Mas essa que você está vendo é fofinha também. – Deixei uma risadinha sem graça sair.

    - Minha mãe tem que tirar essa porcaria daí. – Ele revirou os olhos, depois me segurou pela mão e me levou até seu quarto, que era a última porta do corredor.

    - Vai com calma, J... Uau. – Eu mesma me interrompi quando entrei no quarto dele. Era absolutamente diferente. Tudo bem que eu nunca havia entrado num quarto masculino da minha idade, mas ainda assim.

    Duas das quatro paredes eram pretas e as brancas estavam cobertas por várias fotos, pôsteres e pilhas de CDs. Um colchão de casal estava em uma parte mais elevada do piso, os lençóis bagunçados, o cobertor quase caindo da elevação. Uma mesa abarrotada de papéis e cadernos de composição. No canto, ao lado da estante com uma TV e um Xbox, um violão estava encostado. Não pude deixar de abrir um sorriso para aquilo.

    - Não sabia que você tocava. – Falei, impressionada.

    - É... Um dos meus hobbys. – Deu de ombros.

    - Além de basquete, fotografia e... Uau.

    - Você vai ficar falando ‘uau’ o tempo todo agora? – Ele riu fraco.

    Eu não havia reparado que o teto dele era apenas vidro. Não satisfeita, eu comecei a rodar pelo quarto dele enquanto ele apenas deitou na cama e se esticou, me observando. Fui para a primeira parede logo ao lado da porta, que ficava de frente para a cama dele. Abarrotada de fotos. Cada uma mais incrível e aleatória que a outra. Mas eu parei em uma, especialmente uma. Tirei o imã de cima dela e segurei em minhas mãos, sentindo algo dentro de mim se aquecer. Virei-me para ele.

    - Quando você tirou isso? – Eu quis saber.

    - Naquele dia que você se perdeu. Foi na Estátua da Liberdade. Você estava olhando a ilha. Eu não pude perder o momento. – Explicou, sem parecer ter remorso ou vergonha.

    - Eu gostei dela. – Sorri. Quando eu iria imaginar que Justin tinha uma foto minha em sua parede? Afastei-me dali depois de devolver a foto e sentei na cama. – Então, o que você toca.

    - Hm... De tudo.

    - E você canta?

    - Claro. – Deu de ombros.

    - Por que você faz isso?

    - O quê?

    - Uma hora você está sendo... Legal. E noutra está me dando respostas curtas.

    - Eu faço isso? Desculpe, eu não queria.

    - Está fazendo de novo.

    - Foi mal. E pare de vigiar meu comportamento. – Abriu um sorrisinho de canto.

    - Ok... – Revirei os olhos.

    Justin não respondeu, apenas focou seu olhar no teto de vidro e pareceu contemplativo. Sem saber se podia mesmo, deitei ao seu lado, procurando lá em cima o que ele tanto via, mas só vi um céu cinza e algumas gotas.

    - Eu sempre quis ter um desses. – Falei, apontando para o telhado.

    - Um teto de vidro?

    - É. – Sorri. – Mas nunca me deixaram ter.

    - Impediram a princesa de ter o que queria?

    Ignorei o tom sugestivo e lugar-comum dele.

    - Não posso fazer tudo o que quero, sabia?

    - Huh, isso é novidade. – Ouvi seu tom divertido.

    - Fique sabendo que eu tenho um monte de regras e deveres que precisam ser seguidos.

    - Ei. Aquele dia, na festa, quando você me falou sobre rei...

    - Experiência própria. – Suspirei.

    - Isso é bizarro, você sabe.

    - Obrigada pela parte que me toca, mesmo que ela seja minúscula.

    - Não me culpe. Não estou acostumado a receber lições de princesa.

    - Vou ignorar seu tom acusador.

    - Qual é, K... – Ele se sentou e me olhou de cima.

    - O que é, J? – Imitei seu tom.

    Justin não falou nada. Apenas ficou ali, me olhando daquele jeito que estava começando a ficar estranho. Por um momento eu fiquei presa em seu olhar, sem poder focar outra coisa que não fossem seus olhos castanhos, quase mel, líquidos e brilhosos. Mas depois comecei a me sentir desconfortável, sem saber o que fazer.

    - O que você está fazendo? – Eu tentei falar, mas ao invés disso saiu um sussurro. Justin desviou o olhar, parecendo sair de seu transe e me deu atenção.

    - Não sei. Acho que nada. – Sussurrou de volta. – Por que estamos sussurrando?

    - Não estamos. – Falei, em voz alta, me distanciando de seu olhar. Sentei-me e olhei em volta. – Você disse que ia me dar comida. – Reclamei, sem me importar de estar sendo mal educada.

    - Verdade. – Ele pareceu se dar conta e pulou da cama, indo em direção à porta. – Mãe?

    Segui-o pelo corredor.

    - Espero que goste de macarrão instantâneo. É a única coisa que teremos já que minha mãe não está em casa. – Falou ele, rindo pelo nariz. De repente Justin parou de andar e eu parei imediatamente, alguns centímetros de suas costas. Ele girou nos calcanhares e deu de cara comigo, mas não recuou. Eu, ao contrário, tentei dar um passo para trás, tropecei em meus pés e ele segurou meu pulso com uma mão e, com a outra, minha cintura para que eu não caísse. – Wow!

    Senti minhas bochechas corarem.

    - Desculpe. – Eu disse. – A gente tem que parar de fazer isso.

    - Fazer o quê? – Os olhos dele estavam nos meus.

    - Ficar de frente um para o outro. Muito perto.

    - Isso te incomoda?

    - Parece que vamos...

    - O quê? – Um sorriso brotou em seus lábios, atraindo meus olhos para lá. Por um momento eu me perguntei se os lábios dele eram como os de Seth. Não me leve a mal, mas... Justin parecia ser totalmente beijável e eu queria saber se ele era tão bom quanto Seth era.

    Droga, eu tenho que parar de comparar os dois desse jeito.

    Eu me sinto uma vadia.

    Jolie estava certa!

    - Karen, o que é? – Justin insistiu.

    - Nada. – Falei, sentindo minhas bochechas corarem violentamente.

    - Tem certeza?

    Apenas assenti, incapaz de olhar em seus olhos. Justin sorriu para alguma coisa que eu não havia entendido e me puxou pela mão até a cozinha.

[...]

    Fechei a porta atrás de mim e suspirei, sentindo enfim todo o peso do mundo em minhas costas. Não sabia se Jolie estava em casa. E o pensamento de que ela poderia estar em casa e me ignorar era tão ruim quanto pensar que ela não estava aqui e ia continuar me ignorando.

    - Tia Judith? – Chamei, em voz alta, olhando em volta.

    - Ela não está em casa. – Jolie apareceu, saindo da cozinha e indo para o corredor que levava aos quartos.

    - Jolie! – Guinchei e fui atrás dela.

    - Vai embora, Karen! – Fechou a porta do quarto com força. Bati com os nós dos dedos.

    - Jolie, por favor! Você não pode ficar brava comigo por tanto tempo!

    - Você quer apostar? – Ela gritou de dentro do quarto.

    Suspirei, começando a me sentir frustrada.

    - Onde está sua mãe? – Mudei de assunto.

    - No tribunal.

    - Tribunal?

    - Assinando os papéis do divórcio. – Respondeu.

    - Ah. – Foi tudo que eu pude dizer e foi somente o que disse. Suspirei de novo e fui para o meu quarto. Sentei em minha cama e olhei para as paredes dali, sentindo falta de algo cobrindo. Como as paredes de Justin. Cheias de coisas que era a cara dele.

    Mas eu teria tempo para pensar sobre isso mais tarde.

    Agora eu precisa pensar em como seria meu dia depois da tempestade.

    Eu estou tão f...


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Notas finais do capítulo

Isso não foi um palavrão sHPSOASKÃO
Desculpem pelo capítulo ruim, eu não pude pensar em nada melhor. Eu só queria atualizar para vocês 8(
Enfim.
xxo ♥