Things Ill Never Say escrita por Lady Dark Moon


Capítulo 23
Cap. 23 - Confissão!


Notas iniciais do capítulo

Amo esse capítulo.



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[ROXY’S POV]

Não tive muito tempo de pensar quando vi Pat cair no chão, por um momento pensei que ele tivesse desmaiado por causa da notícia, mas ao chegar mais perto vi que ele chorava. Até imaginei porque ele estava assim, pois durante muito tempo eu fui a única que percebi a ligação que ele tinha com Lachelle, se essa ligação era recíproca, isso eu não sabia. Vi Pierre se afastar um pouco de mim, segurando Pat pelos ombros, levando-o para longe de toda a aglomeração, ele fez sinal com a cabeça para eu ir com eles e eu os acompanhei. Estava tudo muito silencioso na sala de espera depois da notícia, apenas podia ouvir o choro baixo de Pat.

– Vai passar. Eu sei que é difícil, mas teremos de superar. Com certeza logo ela vai melhorar. – Pierre disse tentando consolá-lo
– Não sei se irei superar tão cedo, porque...
– Por que Pat? Você sabe que pode contar comigo... – Pierre continuou com as mãos em seus ombros, em sinal de apoio. – Você gosta dela, não é?

Pat nos olhou com cara de espanto, como quem não acreditava no que Pierre havia dito. Mas ele não conseguiu negar a verdade, apenas balançou a cabeça positivamente e secou as lágrimas com as costas da mão.

– Sim, eu a amo. Mas ela não sabe. Eu nunca disse nada, pois eu sei que ela ainda gosta de você, Pierre. Mas eu, mesmo sem falar nada, me sinto feliz com ela. Mesmo sem tocá-la, sem beijá-la... Ela me faz feliz. Eu acho que eu não deveria ter esperado tanto, eu deveria ter dito, quem sabe assim ela não teria saído ontem a sua procura. Se ela soubesse que eu a amava, ela não teria tentado te beijar e agora nós estaríamos rindo juntos... Só de pensar me faz sentir culpado. Eu deveria ter protegido-a... Eu fui um péssimo amigo... Eu deveria ter contado a verdade... Mas agora é tarde demais. Se ela não sobreviver como eu vou ficar me sentindo? Vou carregar essa culpa pra sempre.

- Pat, você não tem culpa de nada. – eu disse o olhando – Ela apenas não teve sensibilidade suficiente pra perceber que o amor dela sempre esteve tão perto. Vamos pensar positivo, ela vai sair dali e assim, você não vai perder tempo e contará a verdade.

- E, quem sabe, nós seremos felizes juntos. – ele disse com lágrimas nos olhos. – Difícil de acreditar, mas não custa nada sonhar.
Levamos Pat em casa, vimos que ele estava sem condições de dirigir sozinho. Ele estava um pouco debilitado e, pelo que o conhecíamos, Pat era capaz de qualquer coisa uma hora dessas.

[PIERRE’S POV]

Entrei em casa e sentei-me no sofá. Liguei a televisão enquanto Roxy ia até a cozinha pegar um copo de água para eu tomar meu remédio. Troquei de canal e deixei no Jornal da Madrugada, qual não foi minha surpresa quando escuto e vejo o jornalista cara de cavalo magro passando a mais nova notícia da noite: Pierre Bouvier e sua ex-namorada sofrem acidente, deixando Lachelle Farrar em grave estado no hospital. Terá Bouvier uma boa explicação para o que aconteceu? O que sua namorada deve pensar da situação? Será que Bouvier estaria pulando a cerca? Em breve mais notícias do estado de Lachelle. E você Bouvier... Onde estão as suas explicações?

- Que explicação o quê! – disse desligando a televisão
– Você se sente culpado?

– Hãn? – indaguei sem entender onde Roxy queria chegar

– Por ela estar mal! Afinal, você a empurrou.

– Um pouco. Mas, por que tu tá tão séria? Você não é de ficar assim?
Roxy não conseguiu se agüentar e caiu na gargalhada, eu não entendi o porquê, mas comecei a rir também.
– Desculpa, eu sei que não é uma boa hora. – ela disse secando os olhos, por causa da gargalhada vertiam lágrimas de seus olhos.
– Você está feliz, não está? – foi minha vez de perguntar
– Capaz Pierre, querendo ou não é uma vida que foi destruída! Olha o estado que ela está. E o Pat... Tadinho dele.
– Eu achei que nunca iria dizer isso, mas eu até que estou um pouco feliz...
– Você só pode estar brincando? – Roxy disse olhando-me incrédula.
– Não! Tá, eu fico triste pelo Pat, mas só de pensar que a Lachelle vai ficar “beeeemmmmm” longe por um tempo e o nosso namoro enfim vai ter um pouco de paz, isso me deixa feliz.
- Eu não queria dizer, mas no hospital eu me segurei para não rir. É chato dizer isso, mas realmente foi um alívio isso que aconteceu, ela já estava insuportável.
– É! – eu concordei
Caímos na risada novamente, parecia mentira, mas era bom ter Lachelle longe. Eu me sentia um pouco culpado por rir desse jeito da situação, pois ela já havia sido minha namorada, eu já havia amado ela uma vez, mas como Roxy disse, ela estava insuportável. Se Pat tivesse sorte, ela seria uma pessoa melhor junto com ele.
– Mas me conta. Tá se sentindo melhor agora?
– Perto de ti, eu fico ótimo. Durante todo o tempo em que eu estava no hospital, a única coisa que eu pensava era em estar contigo, te abraçar, te beijar...
– Verdade? – Roxy perguntou olhando-me nos olhos
– Sim. Mesmo inconsciente, eu pensava: “seja lá o que tenha acontecido comigo, se eu for morrer, eu gostaria de dizer para Roxy que eu amo muito ela, independente de tudo... eu não estou pronto para ir embora e deixá-la... eu não quero perdê-la...eu tenho que ter tempo de dizer que a amo, pelo menos uma última vez...”, eu apenas pensava nisso.
Roxy me olhou com lágrimas nos olhos e me abraçou forte. Beijei-a com carinho, alisando cada parte de seu corpo com minhas mãos. Só agora eu havia percebido o quanto ela me fazia falta e como eu ficaria, caso tivesse que viver sem ela. Eu não suportaria. Trouxe-a para mais perto de mim, apertando nossos corpos em um abraço caloroso, junto com nosso beijo. Nunca mais queria ficar longe dela. Acabamos adormecendo no sofá.

[POV OFF]

Já era a terceira vez naquela manhã que Patrick entrava no quarto de Lachelle, como se fosse encontrá-la sentada na cama, mexendo em seu notebook, chamando-o a cada cinco minutos porque havia mexido em alguma coisa errada. Sentou-se na cama e pegou a blusa rosa que se encontrava ali desde o dia que ela havia saído pela porta da sala pela última vez. Abraçou a blusa tentando sentir o suave perfume dela, porém o perfume não estava mais ali ou seu nariz já havia se acostumado com o cheiro, ele não sabia dizer ao certo. Esperava ansioso, olhando para o relógio de meia em meia hora esperando o horário de visitas para poder vê-la. Passados dez dias que Lachelle estava na UTI, finalmente ontem ele havia recebido a notícia de que ela havia saído do coma e que ele estava autorizado a vê-la no quarto. Claro que como ela estava sob o efeito dos medicamentos, talvez ele não a visse acordada, mas saber que ela tinha pelo menos uma chance de sobreviver já era o bastante. Caminhou em direção à sala do apartamento, que os dois dividiam haviam dois anos e escorou a testa na janela da sala, observando o chuvisco que caia do lado de fora. Pegou um foto dela que se encontrava na pequena estante a sua direita e não conseguiu segurar algumas lágrimas que insistiram em cair de seus olhos. Como ele desejava tê-la ao seu lado agora... Como ela lhe fazia falta...

- O estado dela realmente estava grave nos primeiros dias – o médico dizia para Patrick – Fizemos o melhor para mantê-la fora de perigo. Caso ela reaja bem aos tratamentos, em pouco tempo poderá voltar para casa.

- Pouco tempo para vocês é quanto tempo?

- Como eu lhe disse, depende da reação dela. Se fossem apenas os ossos fraturados, ela já estaria em casa, mas precisamos mantê-la em observação por causa do seu quadro anterior, ou seja, o risco de voltar ao estado de coma. Ela fez uma cirurgia muito delicada para receber o rim novo, então ela precisará ficar aqui para evitar o risco de infecção, se é que o senhor me entende.

Patrick estava impaciente com o médico. Ele explicara todo o necessário, mas fugia muito bem quando a pergunta era “Quanto tempo?”. Talvez nem eles tivessem essa resposta e Pat não queria forçar mais, por isso preferiu ficar quieto.

- Você já pode ir vê-la – o médico disse indicando o corredor à direita, quando os pais de Lachelle voltaram do quarto dela.

Take a breath... I pull myself together

(Tomo um fôlego... Eu vou me controlar)

Pat sentiu suas mãos tremerem e suarem ao atravessar o imenso corredor impecavelmente branco, tais como o chão todo revestido de mármore. Sentia medo do que veria ali dentro do quarto de Lachelle, talvez não fosse forte o suficiente para vê-la cheia de equipamentos mantendo-a viva. Tubos... Qualquer coisa menos tubos... Era tudo o que ele pensava.

Just another step... Until I reach the door

(Só mais um passo... Até alcançar a porta)
You'll never know the way... It tears me up Inside to see you

(Você nunca saberá o jeito... Que me faz em pedaços por dentro te ver assim)

Estava apenas a um passo da porta e era como se a sua mão não encontrasse a maçaneta para abri-la. Respirou fundo e enfim conseguiu abri-la. Um bipe insuportável atingiu seus ouvidos num primeiro momento. Um bipe que tocava e parava, tocava e parava... Sim, ela estava viva. Ele abriu os olhos e sentiu seu coração partir em pedaços ao vê-la.

I wish that I could... Tell you something... To take it all away

(Eu queria poder te dizer alguma coisa pra fazer tudo ir embora)

Seus frágeis braços estavam tomados por pequenas agulhas fincadas em todos os lugares possíveis. Um pequeno tubo entrava pelo seu nariz, onde ao seu lado esquerdo uma pequena mola subia e descia incansavelmente levando oxigênio para os seus pulmões. Minha Lachelle está viva, ele pensou.

Sometimes I wish I could save you... And there's so many things...  That I want you to know

(Às vezes eu queria poder te salvar... E tem tantas coisas que eu quero que você saiba)

Depois de hesitar por alguns momentos chegou perto dela e pegou sua mão direita... Não conseguiu conter um riso de felicidade por vê-la, digamos que, bem. Um sorriso em meio às lágrimas, que ainda insistiam em descer pelo seu rosto.

- Eu tenho tanto pra te dizer... Queria tanto que você pudesse me escutar.

I won't give up 'Till it's over... If it takes you forever... I want you to know

(Eu não vou desistir até acabar... Se isso te levar pra sempre... Eu quero que você saiba)

Ao mero som da voz de Patrick, Lachelle imperceptivelmente mexeu os olhos, porém Pat não viu, evitava olhar para o seu rosto. Doía demais vê-la assim.

- Eu não devia tê-la deixado sair aquele dia. Eu devia ter dito o que você significa para mim... Devia ter dito o que você sempre significou para mim todos os dias em que você esteve perto de mim. - Ele baixou a cabeça e tocou a mão de Lachelle com os lábios... Era o mínimo que ele podia fazer.

When I hear your voice... It's drowning in whispers

(Quando eu ouço sua voz... Se afogando em sussurros)
You're just skin and bones...
There's nothing left to take

(Você é apenas pele e ossos... Não há nada mais para levar)

- Eu sempre te amei, minha querida. Desde o primeiro dia em que te conheci na escola. Você lembra? – ele disse olhando-a, mesmo sabendo que não obteria uma resposta - Mas eu sempre fui o melhor amigo. Você se encantou com Pierre e eu não tive outra opção, senão deixar o seu caminho livre para ele. Doía-me muito ver vocês juntos e agora... Que eu posso tê-la para mim... Você está aqui... Desse jeito. Que Deus é esse que é tão injusto comigo? Por que eu tenho que te perder? Eu não posso te perder.

And no matter what I do... I can't make you feel better

(E não importa o que eu faça... Eu não posso te fazer se sentir melhor)
If only... I could find the answer... To help me understand

(Se ao menos eu pudesse encontrar a resposta... Pra me ajudar a entender)

Patrick largou a mão de Lachelle e caminhou pelo quarto tentando encontrar as palavras certas. Ele sabia que ela não estava acordada, mas de certa forma ela poderia escutá-lo. Disso ele tinha certeza. Ele seria capaz de tudo agora para fazê-la sair dali, com ele, caminhando ao seu lado, segurando a sua mão. Tudo para fazê-la ficar melhor. Mas ele não tinha esse poder. Infelizmente.

If you fall, stumble down... I'll pick you up of the ground

(Se você cair, tropeçar... eu te levantarei do chão)
If you lose faith in you...
I'll give you strength to pull through

(Se você perder fé em você... Eu te darei força pra sair dessa)

- Por mais que você nunca tenha percebido, eu sempre estive ao teu lado, quando você mais precisou e por ironia do destino, aqui estou eu novamente. Eu estou aqui pra te proteger... Para te erguer... Pra te ajudar a passar dessa. Lachelle... Eu te amo tanto que eu seria capaz de tudo.


Tell me you won't give up... Cause I'll be waiting If you fall

(Me fale que você não vai desistir... Porque eu estarei esperando se você cair)
You know... I'll be there for you

(Você sabe... Eu estarei lá por você)

- Eu só te peço pra não desistir. – Pat disse no ouvido de Lachelle – Não desiste, não. Você tem muito pela frente. E quando sair daqui... Eu estarei lá fora te esperando de braços abertos, para quem sabe, começarmos uma vida nova. Dessa vez juntos. Você vai sair dessa e será tudo diferente. Você terá tudo que sempre quis... Ou melhor... Eu te darei o amor que você sempre quis... Mas por favor, não desista.

If only I could find the answer

(Se ao menos eu pudesse encontrar a resposta)
To take it all away

(Pra fazer isso ir embora)

Patrick beijou a testa de Lachelle e foi em direção a porta. Sabia que não podia demorar, então preferiu ir embora. Desejava ficar ali o tempo todo, mas não era possível.

Parou na soleira da porta e se deteve em olhar uma última vez para ela. Não soube precisar os minutos que ficou olhando, apenas soube que foi como se o tempo estivesse congelado.


I wish I could save you...I want you to know

(Eu queria poder te salvar...
Eu quero que você saiba)

Ele virou-se e colocou a mão na maçaneta para fechar a porta, mas ouviu um sussurro às suas costas, virou-se rapidamente e pode ver a boca de Lachelle mexer quase que imperceptivelmente. Se ele não a visse mexendo, não saberia que ela estava falando. Correu para o seu lado e pegou sua mão.

- Eu estou aqui... Nunca vou te deixar... Eu vou te salvar.

Ele observava seu rosto, quando os olhos de Lachelle, com certa dificuldade, devido a dosagem dos medicamentos, se abriram. Ela procurou por alguns segundos por Pat, até encontrá-lo parado a sua esquerda. Ela esboçou um sorriso e com certa dificuldade lhe disse... Quase que um suspiro...

- Eu quero que você saiba que...

- Shiii... Nada de esforços. – Pat disse

- Eu também te amo... - ela disse antes de seus olhos fecharem outra vez.


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