Maus Costumes escrita por OlgAusten


Capítulo 4
Capítulo IV: Sempre compartilhar suas descobertas


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo IV - Sempre compartilhar suas descobertas

Por Olg'Austen


Penélope jazia sentada nos degraus que davam para a entrada da cabine. A moça estava faminta, um dia inteiro se passara e tudo que ela tinha no estômago eram doses cavalares de rum. Jack rompeu à porta as suas costas, desceu os degraus sentando-se ao seu lado:

— Tome! — ele disse pousando uma cesta no colo de Lane — São todas as frutas que temos: Maçãs, bananas, carambolas e - - Vai com calma, Lady.

Penélope nem sequer ouvia as palavras do Capitão. Ela estava muito entretida com as frutas que devorava.

— Porque não experimenta comer as mesmas coisas que toda a tripulação? — ele continuou

— Porque - - — ela falava em meio às abocanhadas nas maçãs — Vocês só comem porcaria.

— Não diga isso, Lane - - Oh

Jack parou de falar. Por um momento toda sua atenção se voltou ao suco que escorria pelo canto dos lábios da garota. Sóbrio, ele nunca antes havia reparado nela daquela forma. E apesar de conhecê-la há pouco menos de 48 horas, Jack se amaldiçoou por nunca antes haver parado seus olhos dobre aqueles lábios que, apesar de não serem carnudos, possuíam certa sensualidade acompanhando o arrebite do nariz.

— Mas é verdade! Na Inglaterra prezamos pela boa forma! — ela concluiu antes de questionar a expressão de bobo que Jack ostentava — O que foi, homem?

Sparrow apontou para o rosto de Lane, mas, ela não conseguiu entender aquele gesto. O capitão gaguejou um pouco até perceber que as palavras lhe haviam fugido.

— Está bêbado?! — ela tornou a perguntar, já irritada. Então, antes que pudesse se dar conta, Lane sentiu um dos dedos da mão estendida de Jack aparar o tal liquido furtivo.

— Pronto!

— Mudou de função neste navio, senhor?! — ela bradou já se levantando. Sparrow a acompanhou confuso.

— Do que está falando--? — ele perguntou mesmo tendo suas palavras constantemente cortadas pelos gritos esganiçados da senhorita a sua frente.

— Não é mais o capitão desse barquinho? — ela insistia — Transformou-se num guardanapo?!

— Eu estava tentando lhe ajudar. Não seja tão estúpida!

— Ó, está me chamando de estúpida? — ela repetiu ofendida

— SIM!

— Pois fique sabendo, Sr. Sparrow - - — ela dizia voltando-se a ele com o dedo em riste — - - Estou com os olhos bem firmes no senhor! Pensa que eu sou como aquelas mulheres de Tortuga?

— Mas, de jeito nenhum! As minhas queridas tortuguenses, são mulheres muito simples sem nenhum preconceito ou algo do tipo! — ele retrucou — E fico feliz em saber que está com os olhos pregados em mim. Saiba que eu também estou de olhos bem abertos, Srta. Lane! — Jack disse forçando um falso sotaque britânico ao pronunciar o sobrenome de Penélope. — A senhorita não me entra mais naquela cabine!

— RÁ! Como se eu quisesse! — ela respondeu com desprezo aproximando o dedo da ponta do nariz alheio sujo de fuligem.

Por alguns segundos Lane fitou o capitão encurralado a sua frente, os olhos negros de Jack se estreitavam ao encontro do dedo que lhe apontava. Lane não riu, mas, achou engraçado ver o capitão vesgo. Vesgo e muito charmoso. Ela nunca havia achado alguém vesgo tão atraente.

— Tire esse dedo do meu nariz, senhorita. — ele disse por entre os dentes — Aliás, tire esse dedo britânico do nariz do capitão. Onde pensa que está? — Jack perguntou retoricamente — Eu não a conheço nem sei de onde veio - -

— Liverp - - — ela tentou dizer, mas, ele a interrompeu:

— Também não sei por que veio - -

— Vim pelas minhas jóias!

— E não sei pra onde vai — ele por fim concluiu

— Vou pra Port Royal! — Lane deixou-se gritar — Um lugar bem mais civilizado do que esse barquinho.

— Navio! — ele a corrigiu. Poderiam falar mal da Sra. Sparrow, a sua mãe, mas do Pérola jamais! — E o que vai fazer naquele lugarzinho desgraçado?

— Já esteve por lá? — ela perguntou mudando o rumo da conversa — É um bom lugar?

— Não acabou de dizer que era um lugar por demais civilizado? — Jack rebateu — Nunca esteve lá, não é verdade?

— Bom — Lane tomara a palavra — Imagino que seja um bom lugar. Na verdade eu nunca estive lá. E, a uma altura dessas já devem estar se perguntando por que o navio em que eu estava não chegou a terra.

— Que peninha — cínico, o capitão fingiu lamentar.

— É realmente uma pena, Sr Sparrow! — ela falou secamente — Eu e toda a tripulação daquele navio fomos muito infelizes quando resolvemos nos meter nas proximidades de Tortuga. Não sabíamos que um veleirozinho nos pilharia.

— Veleirozinho, é? — ele repetiu com desdém — Mas pilhou, não pilhou?

— Ó, Sr. Sparrow! — ela exclamou, despindo-se de seu orgulho desnecessário — Porque não me devolve as minhas jóias? Devolva-me, e, se não quiser voltar à Port Royal pode me deixar no primeiro porto! Saberei encontrar o caminho até lá.

— Hum. Eu não quero mesmo voltar àquele lugar — ele dizia a si mesmo — Lugarzinho desgraçado. Só volto lá algemado. E tenho dito!

Lane fitou os devaneios do capitão por alguns segundos e lhe perguntou com ar de riso:

— Por que odeia tanto àquela pequena Inglaterra caribenha?

— Inglaterra caribenha?! — ele repetiu com o olhar atravessado — Escute uma coisa senhorita: da Inglaterra, aquele povo só tem os avôs. Os valores são outros! Quer ver o quanto?

— Depende - -

Mas Jack não a deixou se esquivar do que estava prestes a fazer. De pronto o homem levantou uma das mangas da própria camisa expondo uma recente cicatriz em forma de P

— Sabe o que isso significa? — ele perguntou. Lane sentiu uma pontinha de orgulho em sua voz.

— Pinguço?

— RÁ! De novo com essas piadinhas, mulher?! — ele retrucou sem achar graça — é P de Pirata! Tornei-me um por não condizer com as leis dos seus heróis de Port Royal. Mas, eu vou me vingar de quem me fez isso.

— Quem lhe fez isso, senhor? — ela perguntou tomada de curiosidade, mas, Jack não ouviu, estava muito ocupado com a vingança mental que travava.

— Escreva aí, senhorita Penélope Lane de Liverpool: Eu vou marcar quem me fez isso com algo muito pior!

— Quem lhe fez isso, Sparrow? — ela insistiu

— Você não o conhece. — ele disse sem hesitar — É apenas um oficial desgraçado que comerciava escravos. — Jack declamava àquelas palavras, caminhando ao redor da garota, como se ensinasse a um aprendiz. — Descobri o que ele fazia por debaixo dos panos. O miserável me marcou pra sempre. Mas, o que é dele está guardado.

— Como ele se chama? — ela tornou a insistir — Esse patife tem um nome?

Sparrow fez cara de nojo como se estivesse de frente pro seu inimigo. E num só golpe cuspiu o nome do indivíduo:

— Cutler Beckett!

Lane se engasgou e logo voltou a se lembrar de suas jóias: Era àquele homem a quem sua família devia.

— Então - - — ela falava fazendo parecer mudar o rumo da conversa — Vai me devolver os meus pertences e me deixar no próximo porto?

— De jeito nenhum! — ele bradou — Em primeiro lugar não vou devolver os seus pertences. — ele a imitou — Nem se me persuadir.

— Não vou persuadi-lo! — ela disse rapidamente, antes de Jack voltar-se a ela enroscando um de seus dedos a uma mecha daquele cabelo castanho.

Apesar do pouco tempo que passara com o Capitão Sparrow, ela já sabia que aquele era um de seus passatempos preferidos: Enroscar os dedos nos cabelos dos outros os fazendo se sentir desconsertados — Ele deve fazer isso com todas! — E Jack realmente fazia.

— Bom... — ele disse voltando-se ao primeiro rumo da conversa — E em segundo lugar: a única próxima terra à vista é a ilha onde está enterrado o tesouro que nós estamos à procura.

— Ainda está com essa conversa?! — ela bradou irritada — Essa conversa adolescente!?

— Não é nenhuma conversa, senhorita — Jack respondeu ofendido — Reza a lenda que, para escapar de seus cobradores, um jovem, belo, atraente e charmoso capitão escondeu - -

— São sinônimos. — ela o interrompeu.

— O quê?

— Belo, atraente e charmoso são sinônimos. — Lane lhe explicou — Basta dizer bonito, não?

— Então — ele continuou fingindo não se importar — Um jovem e bonito capitão escondeu seu apurado de dois meses numa ilha remota ao sul do Caribe, e, estamos há poucas milhas dela.

— Com sabe? — ela interpôs

— Eu posso sentir, oras.

— Sabe o que eu acho? — ela opinava pensando provocá-lo — Acho que você, grande Capitão Jack Sparrow, é este idiota que perdeu o tesouro por aí.

— Ahá! — ele exclamou saltando pra cima da garota — Tirando a parte do “idiota”, a senhorita acertou em cheio!

— Eu sabia!

— E fico feliz — ele continuou voltando a aproximar o seu corpo do dela — - - Em saber que a senhorita realmente me acha belo, atraente e charmoso.

Jack riu, Penélope não. Suas bochechas ardiam, e, ela sabia muito bem que só ficava daquele jeito quando se sentia encabulada.

— Mas, eu não o acho - - — ela tentou mentir, mas a voz lhe falhou.

Bonito? Charmoso? Bem, Jack não era a figura perfeita e nobre de que ela sempre desejou estar nos braços, mas, só em passar aqueles últimos dias em meio aos piratas mais feios e horrorosos dos sete mares a fez enxergar certa atratividade no capitão a sua frente;

— Fui o primeiro que veio à sua mente. Não minta pra mim.

Jack insistia em sorrir, mas Lane estava muito desconsertada com aquela situação.

— Ah, vá pro inferno, Jack Sparrow!

— Ahã! — ele negou, voltando-se à luneta no bolso da própria calça — Ontem à noite fomos os dois juntos ao inferno, não é verdade?

— Do que esta falando? — ela perguntou irritada. Mas, na verdade, Lane sabia muito bem do que ele falava.

— De nada não. — Jack mentiu, olhando através do objeto que agora estava em suas mãos. — Veja! — pediu, mudando de assunto.

Ainda nervosa, Penélope tomou a luneta das mãos do capitão e o imitou. Ao longe avistou alguns amontoados de terra de que o navio agora se aproximava.

— Aquelas “são” a sua ilha? — transpirando ironia, ela perguntou.

Jack deu de ombros:

— Uma delas certamente.

Sparrow não estava certo daquilo, havia tantas ilhas ao sul do Caribe. Naquele momento o capitão do Pérola se arrependeu amargamente por ter, há alguns meses atrás, enterrado seu pequeno tesouro no primeiro pedaço de terra que avistou. As ilhas dali pareciam todas iguais: Coqueiros contornavam a costa, a areia branca contrastava com água cristalina... Como ele não havia pensado antes? Distingui-las seria a pior parte.

***

Continua:.


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Notas finais do capítulo

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