Maus Costumes escrita por OlgAusten


Capítulo 1
Capítulo I: Se conhecer em Tortuga.




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Não passava da meia noite, as estrelas iluminavam o céu caribenho e a lua, refletida na água, guiava à rota dos navios. Após mais uma de suas pilhagens, o capitão Jack Sparrow, e toda sua tripulação, atracara em Tortuga.
— Dessa vez tivemos sorte, não tivemos, Jack?
— Sim, Sr. Gibbs, tivemos — o mais jovem, que ostentava um chapéu armado no topo de sua cabeça, respondeu. — Vá buscar o rum na taverna, naquela porcaria de navio só havia chá. Malditos sejam os ingleses!
Gibbs assentiu com a cabeça e se afastou de seu capitão, à caminho do respectivo estabelecimento. Sparrow caminhou por alguns minutos pelas redondezas da ilha, cumprimentou velhos conhecidos e passando por uma casa de moças, reconheceu algumas de suas antigas companheiras de aventuras. Ficou ali parado contemplando-as à varanda, deleitadas na brisa noturna. Aos poucos estas o foram reconhecendo, e uma a uma, lhe acenaram;
— Jack! — uma loira de espartilho cantou-lhe o nome. 
— Não quer subir um pouco? — uma outra o sugeriu — Parece frio aí fora, Capitão Sparrow.
— Não Scarllet, hoje não, querida.
— Na próxima atracagem talvez? — ela insistiu, mas Jack não estava tão certo daquilo.
— Talvez
— Hei, você! — gritaram à sua espalda. Ele olhou em resposta, mas parecia não reconhecer a dona daquela voz — É, você mesmo! É o dono daquele navio de velas pretas, não?
Uma jovem mulher de cabelos castanhos e assanhados, vestindo um modelo vitoriano rasgado, encharcado e completamente encardido, aproximou-se dele. Suas intenções pareciam claras, pois a transparência de suas atitudes não deixava dúvidas quanto à raiva que sentia por estar na presença de Jack.  — Sim, senhorita. — ele respondeu mirando àquela estranha figura — Sou o Capitão Jack Sparrow! E com quem estou falando?
— Está falando com Lady Lane, de Liverpool.
— Lady-Lady? 
— Não, Lady Lane — ela o corrigiu.
— Lady Lae?
— Ó messa! — ela bufou, irritada — L-A-D-Y L-A-N-E, de Liverpool.
— Grande coisa — uma das prostitutas exclamou, do alto. 
Lane deu de ombros àquela provocação
— Ahn! E...? — ele continuou com desinteresse — Veio à nado de Liverpool pra cá? Porque se formos levar em conta o estado das roupas que está usando - -
— Sr. Sparrow! — ela dizia aos gritos — Só quero que devolva as minhas jóias! 
— Jóias? — ele repetiu, confuso — Nos conhecemos de algum lugar, querida?
— NÃO! Mas conhece o meu navio muito bem.
— Ó messa! — ele que agora exclamara — Arranjaram um novo dono para o meu Pérola?
— Você é demente? Não fala nada com nada, homem! Estou falando do navio que acabou de roubar. Era o navio em que eu estava.
Aquela mulher estava no navio que Jack e sua tripulação havia acabado de pilhar. Sparrow agora se perguntava se ela teria vindo realmente à nado do navio saqueado até a costa.
— Quer as suas jóias de volta, senhorita Lay?
— Lane! — ela o corrigiu acentuando o sotaque britânico 
— Quer mesmo? — ele repetiu recuando alguns passos.
Lane estendera um braço à espera de seus pertences.
— Sim, eu as quero. Eram jóias de família
— Acho que isso não será possível. — Jack fingiu lamentar, desvencilhando-se da mulher — Acho que não as tenho.
Lane ensaiou estender o outro braço na direção do pirata, mas acabou por relevar de dentro de suas veste uma arma.
— Vai me devolver ou não? — ela o ameaçou
— Damas inglesas não sabem atirar — ele provocou antes de empunhar sua própria arma, porem, Jack logo percebeu que Lane já lhe apontava a dela.
— Ó, nós sabemos sim, senhor Sparrow. Sabemos muito bem.
— Certo, certo... — ele fingiu-se dar por vencido — Baixe a arma. Que tipo de criminoso pensa que eu sou? Vou morrer por uma esmeraldazinha daquelas?
— E um colar rubis também - -
— Exatamente. — ele continuou — Rubi são vermelhos demais pra mim - -
— E um par de diamantes - -
— OK, OK! Senhorita Lady Lay, a senhora - -
— É LANE! — ela o corrigiu sonoramente, mas aquilo não fazia a mínima diferença para o capitão do Pérola. Sendo ela uma Lady Lane - britânica de (não tão) bons modos - em busca das jóias da família ou não, ele não a deixaria ficar com apurado do dia.
— Você quer seus rubis-esmeraldas caros como diamantes? — ele a questionou pela ultima vez, já guardando sua arma no bolso da calça. 
— Hã? Sr. Sparrow, não brinque comigo.
— Se quer - - Venha pegar!
Jack deu-lhe as costas e correu o mais rápido que pôde deixando pra trás aquela mulher tresloucada. Era uma corrida injusta, Sparrow não usava um vestido ensopado tão longo quanto o dela, ou calçava um salto genuinamente francês que de tão fino afundava no solo arenoso de Tortuga.
No porto, sua tripulação já o esperava para zarpar. Jack subiu correndo até o convés do navio e ainda ofegante, ordenou que as velas fossem içadas. Ele queria sair dali o mais rápido que pudesse, afinal; nunca tivera um lucro tão grande em apenas um dia de trabalho. Não iria perder tudo para uma fútil dama inglesa.
— Hei, Pirata! — a voz dela ecoou do píer. Todos ao redor voltaram-se a ela; os tripulantes do navio e os homens em terra, mas era para Jack que Lane olhava. — Estou falando com você, capitão!
— Vamos, vamos! — ele agilizava as ordens sem olhá-la
O barco se distanciava, Lane não sabia o que fazer e agarrando-se à umas cordas dele, escalou a proa ao encontro de Jack. 
— CAPITÃO! — ela exclamou por fim.
— Ó, Lady La-la — ele voltou-se receptivo — Vejo que perdeu seus sapatos.
— Não me apego à certas coisas. Deixei-os pra trás. E meu nome é - -
— Não se apega? — ele a cortou, secamente — E porque está aqui? Vá embora, mulher. Estamos partindo.
— Eu disse que eram jóias da família. — ela repetiu num tom ameaçador
— O que vai fazer, La-la? — ele caçoou — Vai atirar em mim? Está no meu navio, agora. Sob os meus comandos.
— Não existe jurisdição no mar. Não existe Lei, e vou atirar se não me devolver - -
— Veio à nado não foi? — ele perguntou, agora a achando indefesa — Vou lhe dizer uma coisa: A arma não vai funcionar. A pólvora está molhada, querida.
Tortuga se distanciava, e somente uma ponte a traria de volta à terra. Lane pensou no quão burra havia sido quando decidiu escalar a proa daquele navio. Estava cercada por criminosos e não adiantava fugir, agora ela teria de dançar conforme a música da tripulação.
— Você não me mete medo, senhor — ela tentou não perder a pose, quando ele aproximou-se dela a intimidando.
— Sua coragem - - — ele dizia, fingindo analisar uma mecha daquele cabelo castanho — - - É disfarçada! 
— Não me toque. — ela bradou.
— Espero que, amanhã, suas idéias estejam mais claras, querida Lane. Porque por hoje: Você está presa.

XXContinuaXX


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Notas finais do capítulo

Primeiro capítulo. Espero que tenham gostado. O título da fic faz menção aos Maus Costumes de Sparrow, estes, por sua vez serão explorados a cada capítulo.
Próximo chama-se "Sempre se compadecer"



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