O som do sangue pingando poderia ser em outra situação uma coisa a qual se preocupar.. Mas não agora. Quando ouvi o som do meu sangue bater no chão foi um imenso alivio. Afinal eu não estava morto. Muito perto..mas ainda não morto. 
Tentei mover minhas mãos e a dor me fez parar antes que eu soltasse um grito. Mesmo relutantemente abri meus olhos vendo as luzes do poste dançarem até me acostumar com a claridade. Olhei em volta e a lembrança do acidente me veio de volta a memoria. Eu ainda estava dentro do carro totalmente destroçado. Meu sangue pingava no chão e uma poça considerável havia se formado em baixo. Um pedaço de vidro estava encravado em minha mão esquerda. Minha perna parecia que havia quebrado. Isso sem contar as pequenas escoriações. Bufei e puxei o vidro de minha mão. Com uma careta de dor prendi o grito que parecia que iria sair de meus lábios quer eu queira ou não. Ao soltar o cinto que me prendia ao carro cai em cima da poça e puxei minha perna. A dor agora estava mais presente do que nunca. Ainda no chão me arrastei para longe do carro. E então pude olhar em volta completamente pela primeira vez. Eu não tinha ideia de onde eu estava. Eu não sabia como havia conseguido causar esse acidente. Apenas de duas coisas eu tinha total certeza: 
1° Sair do Acampamento Meio-sangue aquele verão foi a ideia mais estupida que já tive em toda minha vida.
2° Eu não estava sozinho. 

O barulho de assas e guinchos estranhos me fizeram erguer o tronco e olhar para o fim da rua aonde havia um mulher gorducha mas ao mesmo tempo com a cara chupada. Ela tinha assas que pareciam pequenas para o tamanho do corpo, mas que se mostravam eficientes pois a mulher estava a uns bons 2 metros do chão. "Uma Harpia" pensei.
No mesmo momento já comecei a me levantar e sai mancando na direção do carro novamente. A espada que um amigo meu havia me emprestado esse verão estava lá. A Harpia soltou um outro guincho e voou na minha direção. Faltando poucos segundos para ela arrancar minha cabeça com aquelas garras enormes consegui me abaixar saindo apenas com um arranhão no rosto.
- Ai! - resmunguei colocando a mão no lugar arranhado e olhando para a Harpia que havia batido no carro e já estava levantando voo novamente.
Quando ela havia se afastado do carro corri até o mesmo revirando tudo que ainda estava inteiro dentro mas a espada não estava em lugar nenhum. Bufei e me virei ao mesmo tempo em que a Harpia gritava:
- Semideus inútil. Semideus inútil. - e de repente eu ouvi mais alguém gritando. Me deparei com as flechas do meu arco no banco traseiro. Peguei uma e puxei meu cordão que logo se transformou em um arco. 
- HEY OLHA PRA QUI SUA GALINHA FEIA. - Gritava um menino do outro lado da rua. Quando a Harpia virou sua atenção para ele com um tiro certeiro eu acertei sua nuca e então ela se dispersou em pó. 
O menino logo estava do meu lado. Como ele tinha chegado ali tão rapido eu não fazia ideia. Pra falar a verdade eu também não fazia ideia de como eu havia parado no chão. 
- Você está bem? Quer disser. É logico que você não está, você está sangrando e tudo mais. - dizia me estendendo a mão para me ajudar a levantar. Dei um sorriso tordo aceitando a ajuda.
- Eu estou bem. 
- Meu nome é Harry. Lider dos mênades e que para sua sorte estava saindo de uma festa na hora certa.
- Eu sou o Louis -respondi. Mas então algo me prendeu a atenção.- Espera. Você disse mênades? 
- Sim. Seguidores de Dionisio e tudo mais. Ah vários grupos de seguidores por ai. Pelo visto você gosta de arco. 
- Ah é. Eu sou bom nisso. - dei de ombros e comecei a andar com Harry ao meu lado para longe daquele carro. 
- Você poderia se juntar aos Arqueiros de Apolo. Soube que eles ficam no Hawaii. - disse com os olhos brilhando. Soltei uma pequena risada.
- Arqueiros é? Me fala mais deles...
Naquela noite na fria Itália tracei um plano. Eu iria ir me tornar um dos arqueiros custe o que custar.