- O que ele disse?

- Que teria uma reunião na empresa.

- Você não ta preocupada?

- Não quero me ligar nisso agora. Já basta o que eu passo o dia inteiro em casa com o Jason e a Julieta.

- Acha que ele ta te traindo – suspirei ouvindo um choro alto e agoniado.

- Tenho que ir, Jason acordou.

- Tudo bem, qualquer coisa me liga. Beijos

- Beijos – finalizei a chamada e passei a mão nos cabelos.

Corri até o quarto do bebe, onde Jason chorava desesperado, o peguei no colo e balancei um pouco.

- Ai meu deus, você ta quente – resmunguei preocupada e fui até a pequena banheirinha, enchi com água morna enquanto ele ainda chorava agoniado em meu colo.

Lhe dei um banho rápido, já desesperada com seu choro. Ele gritava e tinha o rostinho já vermelho.

- Filho, o que ta acontecendo? – perguntei agoniada e lhe coloquei na posição pra mamar, mas eu sabia que ele não queria. Havia menos de duas horas que ele tinha mamado.

- Mami – ouvi a voz baixinha e doce e me virei pra porta, onde Julieta estava com os pés descalços e coçando os olhos.

- Volta pra cama Ju – pedi e ela andou até mim, segurando minha perna.

- Num consigo – olhei o bebe em meus braços que ainda chorava, depois olhei minha pequena, seus olhinhos cor de mel como os do pai pareciam confusos – Jay, ta bem? – perguntou preocupada com o irmãozinho.

- Ele só ta se sentindo mal – avisei e tentei sorrir, mesmo com aquele bolo de desespero formado na garganta, eu não choraria na frente dos meus filhos.

A levei até a sala e liguei a televisão em algum desenho. Fiquei na sala ainda tentando acalmar Jason que agora parecia rouco de tanto chorar. Ela me olhava preocupada, quase sentindo a minha angustia.

Peguei meu celular e disquei o numero rapidamente, chamou muito e logo caiu na caixa postal. Liguei mais umas duas vezes, até decidir deixar um recado.

- Justin, por favor, eu preciso de você. Eu não sei o que ta acontecendo, Jason esta inquieto e eu to preocupada, por favor me liga assim que puder.

Passei a mão nos cabelos e deixei uma lagrima escorrer, corri pro quarto com Jason no colo e derramei algumas lagrimas, baixinho. E agora a agonia do pequeno bebe parecia pior, ele me olhava chorando e chorava mais ainda.

- Alô – respirei fundo e respondi tentando não soluçar entre as palavras.

- Ryan, por favor, você ta na empresa?

- Não Lilah, eu sai mais cedo – arfei lembrando que Justin havia usado Ryan como desculpa pra ficar na reunião.

- Você ta em casa?

- Estou, algum problema? To ouvindo um choro de neném, Jason esta bem?

- Na verdade eu não sei. Ele não para de chorar e esta um pouco quente.

- Me espera que eu já vou indo ai.

- Obrigado – finalizei a ligação e fui até a sala.

- Filha, você pode colocar uma roupinha, nós vamos no médico com o tio Ryan. – ela assentiu e rapidamente foi pro quarto. Não fui até la, não me importava se ela fosse se fantasiar de princesa como da ultima vez que a deixei sozinha.

Troquei a fralda de Jason, e vesti nele uma roupa quente. Preparei a bolsa enquanto ele chorava deitado no berço. Passei pelo espelho do quarto enquanto caminhava e parei vendo a imagem decadente ali.

Eu estava com um vestido florido, não era feio e muito menos velho, mas meu rosto parecia cansado, o que de fato estava. Meu cabelo uma aparência seca e sem vida. O prendi em um rabo de cavalo e peguei meus óculos de grau, uma sapatilha e estava pronta.

Não duvidava nada que realmente Justin estivesse me traindo, já fazia quase três meses desde a nossa ultima transa e eu não era mais a garota deslumbrante que ele casou a seis anos.

Completaríamos seis anos de casado na próxima semana, e nosso casamento não podia estar pior.

Tínhamos uma filha de seis anos, um dos primeiros motivos pra termos nos casado rápido e um filho de seis meses. Justin era um pai maravilhoso, isso ninguém pode negar, mas de uns tempos pra ca, não tem sido o marido mais perfeito do mundo.

Ouvi a campainha tocar e respirei fundo, ignorando as lagrimas que queriam descer. Peguei Jason e fui até o quarto de Julieta que não conseguia fechar a sapatilha.

- Vem filha – pedi e ela ficou de pé. Estava engraçada, um dos seus vestidos rosa e um arco azul, a sapatilha branca de fivelas um pouco suja demais. Fui até seu armário e peguei outra sapatilha, limpinha e rosa. Coloquei Jason ao seu lado na cama e me abaixei calçando nela as sapatilhas.

- Agora corre la e abre a porta pro seu tio Ryan – sorri e ela rapidamente saltou da cama.

Peguei Jason que soluçava já sem forças pra chorar. Quando cheguei na sala, Ryan conversava com Julieta no colo e sorriu fraco quando me viu.

-Vamos? – assenti e peguei a grande bolsa, mas logo Ryan a tomou de minha mão, levando a grande bolsa azul e Julieta no colo.

[...]

O hospital não estava tão cheio, afinal eram quase dez da noite. Rapidamente Jason foi atendido por uma pediatra que pediu que esperássemos alguns segundos pra ver se o remédio contra cólica e febre faria efeito.

Meu celular tocou enquanto via Julieta dormindo no colo de Ryan. Suspirei e olhei Ryan que me observava, já sabendo quem me ligava deu um sorriso triste.

- Alô.

- Onde você esta?

- No hospital.

- Fazendo o que? Com quem?

- Jason estava com febre e pedi ao Ryan que me trouxesse, eu te liguei mais seu celular estava desligado e provavelmente você estava ocupado, pois não viu a mensagem que te deixei. – fez-se um silêncio por alguns segundos, e eu sabia que ele devia esta fazendo aquela cara de assustado.

- Como ele esta? – perguntou finalmente.

- Bem melhor, já tomou o remédio, estamos só esperando pra ver se fez efeito mesmo.

- Eu vou até ai buscar vocês.

- Tudo bem. Tchau. – finalizei a ligação e relaxei fechando os olhos e deixando uma lagrima escorrer. A limpei rapidamente lembrando que estava na frente de Ryan e de Julieta, em uma sala de espera de hospital.

- Ta tudo bem? – ouvi a voz de Ryan e abri os olhos. As lagrimas queimando pra sair. Assenti e me levantei. Fui até o pequeno berçário onde meu pequeno de cabelos escuros dormia.

O peguei em meus braços e sorri quando ele se aconchegou, todo esse sofrimento tinha como recompensa meus filhos, as únicas coisas que faziam tudo valer a pena.

Quando voltei pra sala de espera, Julieta dormia agora no colo de Justin que conversava baixo com Ryan.

Ryan parecia agoniado com alguma coisa, talvez nervoso e Justin tentando ao maximo falar baixo. Eu sabia que eles estavam discutindo.

- Podemos ir – avisei minha presença, sem me preocupar em atrapalhar o assunto, sem nem sequer querer saber do que eles falavam. Não me importava.