Percy

Annabeth e Teresa estavam estranhas. E não digo isso no sentido normal de que elas já são estranhas.

Desde que chegamos aqui e elas tiveram aquela conversa (que todos assistimos e ouvimos atráves do sistema de segurança da casa-caverna dos filhos de Teresa) elas parecem brigadas de algum modo.

Ou estão tão abaladas por conta do assunto que não conseguem trocar mais que meia dúzia de palavras por dia. Mas não culpo nenhuma das duas por essa reação, por que só tenho conseguido falar normalmente com Teresa por que preciso falar com ela.

Mas isso até que eu tenho suportado sem problemas e estou me dando muito bem com a Teresa também, parei de brigar com Galatea e Rigardo (principalmente agora que alguns portões abriram pra mim e consigo entender mais do que estamos passando, nada importante, mas já é alguma coisa), e meu tempo com Annabeth tem sido perfeito.

Também estou me dando muito bem com os filhos de Teresa, que estão me ajudando a treinar Galatea e Rigardo e me manter em forma.

A única coisa realmente dificil de conviver é o clima que o ambiente fica quando precisamos manter Nico e Thalia no mesmo recinto. Por isso nossas reuniões são rapidas e sem demora. O que não melhora a situação em nada.

Mesmo assim os últimos dias tem sido incriveis.

==========X==========

Depois de quase duas semanas na caverna estavamos em uma rotina calma e muito confortavel.

Cuidavamos da limpeza do lugar, treinavamos, tinhamos refeições decentes, banho quente, nossas roupas estavam sempre limpas, conseguiamos descansar no fim do dia e conversar sobre assuntos importantes com calma.

E o melhor é que Annabeth estava com a saúde perfeita, apesar de ainda estar enfrequecendo um pouco as vezes.

Mas nada que é bom assim fica perfeito por muito tempo. Seja por monstros, deuses ou meio-sangues.

Estamos quase todos na sala.

Eu estava abraçado com Annabeth conversando um pouco sobre as crianças.

Teresa estava ensinando grego arcaico para Galatea e Rigardo no meio da sala enquanto seus filhos faziam o maior barulho arrumando o jantar na cozinha.

—Mas eu não acho que esses nomes sirvam Percy. Não tem nenhum significado especial para nós. -Annabeth me deu uma bronca quando sugeri os nomes Paul e Livy para os bebês.

—Mas e dai? Precisa ter um?

—São nossos filhos, pense em algo importante como o nome da sua mãe ou dos seus avôs.

Aquilo me fez formular uma pergunta meio idiota. Olhei pra Teresa e falei na lata.

—Teresa, por que seus pais te deram esse nome? Qual o nome do seu irmão?

Ela me olhou assustada e Annabeth quase me matou com um olhar.

—Eu... nossa. Faz tempo que não me perguntam isso. -Ela riu enquanto parecia tentar não sorrir, mas foi impossivel. -Teresa era o nome da minha bisavó paterna, que foi quem criou meu pai depois que a mãe dele morreu ainda criança. Já o meu irmão se chamava Lucio, por que a minha mãe foi salva quando criança por um campista senior que morreu anos mais tarde e tinha esse nome.

Olhei para Teresa um tanto intrigado.

Seu nome e do irmão eram comuns, mas para seus pais e para ela mesma tinham muito significado. Uma herança sentimental.

Me virei para Annabeth e sussurrei em seu ouvido:

—Já sei que nomes daremos a eles, na hora eu te conto.

Ela tentou retrucar mas não teve tempo, uma discução começou ou foi um acidente. Isso ainda não ficou claro de verdade.

—Seu maldito desgraçado! Eu vou te matar se chegar perto de mim novamente! Vou fulmina-lo com um raio bem no meio da sua cara!

Os gritos de Thalia eram tão altos que pareciam trovões ribombando dentro da caverna.

Tanto eu como Annabeth olhamos para Teresa, Galatea e Rigardo. Os três suspiraram cansados.

—Eu sabia. Eu disse que eles iriam ter um atrito hoje. Mas não, tinham que dizer para deixar acontecer por pior que fosse o estopim da bomba. -Galatea levantou indo em direção a porta.

—Não podiamos fazer nada. Isso poderia ter piorado a situação. -Rigardo foi até o lado dela e parou ao lado da porta.

—Isso é uma frescura, nem foi tão grave assim. Quero dizer, Ártemis quase matou um homem por causa desse tipo e coisa, mas... Bom, agora nos teremos que fazer algo. -Teresa disse parando atrás de Galatea.

—O que foi isso? O que aconteceu? -Annabeth queria levantar mas não deixei.

Em vez disso fui até lá ver que rumo a briga tomará. Enquanto Teresa e os outros dois explicavam o que havia acontecido e admito, não foi nada fácil de resolver.

—Thalia foi tomar banho nas termas, mas esqueceu de marcar o quadro de aviso. -Teresa

—Ela e Nico não se falam, então só nós fomos avisados que ela estaria lá. -Galatea

—Nico estava dormindo. Quando acordou foi para as termas e encontrou Thalia lá. -Rigardo

—Deuses! Façam algo antes que eles se matem! -Annabeth gritou do sofá. -Por que não fizeram nada antes?

—Por que eles iam brigar hoje de qualquer forma. -Dessa vez os três falaram juntos.

Olhei para eles um tanto preocupado.

—E agora?

—Vamos ver o que podemos fazer com relação a isso para que eles não se matem. -Teresa foi até o local da briga acompanhada de Galatea e Rigardo.

Fiquei com Annabeth por que pela cara que os três fizeram quando tentei segui-los pensei que iria morrer.

Nos minutos seguintes nós ouvimos muitos barulhos de laminas batendo, meia dúzia de clarões como labaredas, um rio de água passar direto pelo corredor antes de Teresa voltar com Nico desmaiado e com as roupas chamuscadas.

Quando Galatea sentou ela simplesmente suspirou desanimada antes de Rigardo lhe dar uma bronca.

—Precisava mesmo quase afogar a Thalia?

—Ela tá viva não é? -Téa falou emburrada.

—Sim. Mas você podia te-lá matado.

—Não matei, isso já é alguma coisa.

Teresa riu e logo Tea estava rindo também. Em menos de um minuto Rigardo também ria como um louco.

Depois Annabeth e eu.

Até mesmo os filhos de Teresa que haviam ficado em silêncio começaram a rir.

Infelizmente o episodio das termas piorou muito o clima entre Thalia e Nico.

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Galatea

É incrivel como certas coisas podem acontecer de uma hora pra outra piorando ainda mais o que já estava ruim.

Nesse ponto não estou incluindo ser uma semi-deusa. Ter uma cunhada grávida de um imortal tão poderoso que pode destruir o mundo se não nascer ou mesmo o fato retardado de que meu “cunhado” Nico e minha prima Thalia são dois completos idiotas.

Também não inclui os portões de Sojesed ou o fato que meus últimos dias chegaram a ser agradáveis só por que logo nada mais iria dar certo.

Estou dizendo isso por que depois de todos esses fatos eu ainda sou uma completa retardada e isso não é para demonstrar minha maturidade mental e sim minha burrice mesmo.

Burrice por ter achado que de alguma forma algo finalmene daria certo.

Mas acho que eu ainda tinha a minima esperança de que algo pudesse salvar essa missão do nivel cinquenta de morte, em uma escala que vai até dez.

Mas como já disse: eu fui burra ao pensar algo assim.

==========X==========

O dia estava lindo.

E quando digo lindo é por que estava perfeito em todos os aspectos.

A temperatura, o céu azul, a água refrescante da cachoeira, a brisa leve que corria pela floresta e a nossa festa na cachoeira.

Mas depois de duas semanas aguentando o clima que ficava toda vez que Nico e Thalia entravam no mesmo comodo qualquer clima estaria bom pra mim.

Bom, Annabeth estava só com os pés na água, mas mesmo assim estavamos nos divertindo (mesmo com aquele clima indecente entre Thalia e Nico, mas nem ligo mais pra isso).

Haviamos montados dois times de queimada na água com os filhos de Teresa.

Percy e Annabeth ficaram de fora por segurança dela. Thalia e Nico por que não queriamos brigas.

Então eu, Rigardo e Teresa formamos um time contra Easley, Yue e Ryuu.

Não posso dizer que foi um jogo fácil. Os três deuses eram fortes e altos, mas tinham problemas pra se mover na água enquanto eu estava no meu habitat natural. Teresa também tinham certa facilidade em se mover e Rigardo, bom... ele é senhor perfeição. Mesmo não se movendo tão bem assim na água ele consegue ser insuportavelmente perfeito em qualquer coisa que faça.

—Vamos logo com isso crianças. Estou ficando com sono aqui de tanto esperar. -Teresa provocou os filhos próxima do limite de território.

—Não provoque. -Ryuu atirou a bola com toda a força e errou.

Quase me acertou com isso.

Fiquei muito brava e usei a água para pegar a bola, depois me concentrei e atirei a bola em sua direção com toda a força que consegui e acertei-a na boca do estomago de Ryuu. Mas não ache que ele deixou a bola cair.

Ele passou a bola para Easley que jogou-a com toda a força em direção a Teresa e nós sabiamos que ela iria desviar, eu já podia sentir ela começar a se mover atraves da água quando tudo começou.

Teresa parou assustada e olhou perdida para mim, mas francamente não entendi o que era. Nesse exato momento a bola acertou em cheio sua cara e senti um puxão nas minhas entranhas tão forte que podia jurar que tinha algo rasgando meu corpo.

Me concentrei no que acontecia o meu redor e procurei a última pessoa que tinha visto.

Achei que Teresa iria gritar com o filho, mas quando olhei para Easley ele parecia igualmente assustado, bem como seus irmão e a mãe que já sairá da água.

Então o vulcão da ilha explodiu.

Eu podia ver ele soltar lava e fumaça enquanto a terra tremia, mas havia outra coisa que eu sentia: a água estava ficando agitada, eu podia sentir a frequencia dos tremores aumentar e uma tempestade começar a se formar.

O puxão nas minhas entranhas já tinha se tornado uma dor lancinante, mas felizmente a gravidade daquela sensação de que algo estava errado me fazia ignorar isso.

Então algo fez Rigardo e Thalia ficarem tão assustados quanto eu agora estava: uma chuva torrencial começou a cair, raios atingiam a floresta e o vulcão. O que quer que fosse não parecia bom.

O Sol brilhava com força mesmo com aquela chuva absurdamente forte. O vulcão parecia ainda mais feroz a cada terremoto. A água ficava ainda mais agitada e eu ficava mais agitada, além de ficar com mais dor.

Foi quando em meio a todo aquele barulho infernal vindo do nada eu consegui ouvir a voz do meu irmão.

—Teresa! Rápido! Acho... acho que vão nascer!

Não sei como meu irmão não morreu ao receber o olhar de Teresa, por que eu pude notar que ela fez uma cara como quem diz: “Só notou isso agora ou precisa de mais um desastre natural?”. De verdade eu fiquei com medo.

Teresa foi até Percy e Annabeth com todos nós no seu encalço como loucos debaixo daquela chuva.

Cada passo que eu dava me doia a alma, mas eu sabia que não era hora de ficar me retorcendo de dor.

Assim que chegamos aonde eles estavam eu quase vomitei.

Apesar de ainda estar fisicamente bem, eu podia ver a morte prestes a levar Annabeth de nós.

Então Teresa pegou Annabeth nos braços e Rigardo mandou os espiritos da morte recuar. Claro que nessa hora eu me senti aliviada, mas o medo que achei estar no máximo aumentou e a dor nas minhas entranhas também.

Teresa encostou corpo contra o meu e senti minha dor aliviar um pouco, o bastante para poder me concentrar no que aconteceu em seguida.

—Temos que sair da ilha agora. Vamos para o Olimpo já. -Teresa

—Como é quê é?!

Dessa vez a reação veio por parte da Thalia, embora ela tenha feito isso segundos antes de mim.

Vi Percy olhar para ela mais bravo do que jamais o virá antes e esbravejar:

—Vamos para o Olimpo. É lá que essa criança tem que nascer pelo que entendi.

Ninguém falou mais nada. Bom eu falei, mas nem sei se isso conta.

—Como chegaremos lá em pouco tempo?

Teresa me olhou e sorriu como quem tinha uma piada incrivel para contar.

—Meninos...

Os filhos dela colocaram todos nós tão juntos que Thalia e Nico tiveram que fingir não estar a menos de um centimetro um do outro.

Depois eles se colocaram ao nosso redor com os braços abertos como os vertices de um triangulo.

Uma espécie de vortice preto, dourado, prateado e vermelho nos cercou e no minuto seguinte estavamos todos no Olimpo. Na entrada da cidade.

Haviamos fugido de uma ilha em erupção para um lugar um pouco pior naquele momento.

Realmente o dia estava muito bom pra ser verdade. Agora estarimos realmente ferrados se algo desse errado.

Maravilha.

Continua...