Capítulo 03: Sem Explicação.

Os minutos pareciam horas. As horas pareciam dias. E naquele dia, o tempo parecia que não passava.

– Droga! – ele falou olhando o relógio. Faltava uma hora ainda para sair da delegacia.

– O que você tem cara? Você esta estranho, nunca ficou tão aflito pra ir embora. – falou seu melhor amigo, encarando-o preocupado.

– Nem eu sei Naruto.

– Estou achando você tenso demais, é sério, o que você tem? – Ele voltou a perguntar.

Sasuke estava perdendo o resto da paciência que tinha.

– Já disse que não sei! – ele afirmou irritado.

– To falando que você não esta bem, esta mais irritadinho do que o normal. Tenho dó da Sakura... – Sasuke olhou-o irritado.

– Ta, tô saindo, preciso falar com a Hinata. – Naruto usou essa desculpa pra sair, pois pela cara que Sasuke fez, sabia que ela bateria nele sem dó nem piedade. Sim Sasuke não estava num dos seus melhores dias!

Sasuke observou-o saindo e pensou: porque ele se sentia assim? Estava irritado, agoniado, como se algo estivesse acontecendo.

“Que besteira” Ele pensou balançando a cabeça, talvez tanto trabalho por causa do seu treinamento estava o deixando assim, Precisava de folga, é rápido.

Pensou em viajar com Sakura, um final de semana longe de tudo é de todos e com ela, era o que ele precisava!

Sakura, o que ela estaria fazendo agora? Com esse pensamento, ele pegou o telefone digitou rapidamente o numero de sua casa, e esperou calmamente. Tocou... Tocou... Tocou. Mais ninguém atendeu.

Então, ele digitou os números do celular dela, mais também ela não atendeu.

Ele estranhou, porque ela não atendeu?

De repente, o mal pressentimento voltou com tudo. Aquilo era estranho demais.

Obrigou-se a pensar que estava paranóico, e que tudo não passava de fonte de sua imaginação. Sakura podia estar muito bem tomando banho, e o som de sua casa estava alto. Ela adorava deixar o som no ultimo volume.

Riu lembrando-se disso.

Ele obrigou-se a pensar no passado, quando conheceu Sakura, quando a achava irritante, quando eles começaram a se falar, quando eles ficaram pela primeira vez, quando começaram a namorar e ate hoje quando eles estavam casados, e quando percebeu já era hora de ir pra casa. Agradeceu mentalmente enquanto dirigia-se ate a porta.

Ainda chovia muito, por isso Sasuke andava devagar na pista. A sensação ainda não tinha o deixado.

Ligou o som, estava passando uma musica qualquer, ele nem prestou atenção. Estava preucupado de mais.

Balançou a cabeça afastando pensamentos que o atordoavam.

Quando percebeu já tinha chegado em casa. Assim que colocou o carro na garagem começou a chover mais fortemente.

Ele entrou correndo em casa, tentando não se molhar. Riu de sua infantilidade, enquanto procurava as chaves para entrar, mais assim que colocou a mão na maçaneta uma surpresa: A porta estava destrancada.

– Sakura... Cheguei! – gritou fechando a porta.

Tirou a jaqueta e a jogou no sofá.

– Sakura, onde você esta? - ele perguntou ainda gritando e indo para a cozinha, esperando que ela saísse de algum dos cômodos da casa.

No meio da sala ele parou e voltou-se olhando para trás, para o caminho que fizera. Ele estranhou a quietude da casa.

Parou na escada que dava no andar de cima.

– Sáh... Sakura você esta ai? – ele voltou a gritar, mais nada.

Voltou-se lentamente, de súbito consciente do silêncio. Não ouvia nada familiar. Nem rádio. Nem televisão. Apenas a chuva batendo no telhado.

– Sakura você esta em casa?

Ninguém respondeu.

Com um impulso foi para a cozinha. O estrondo do trovão sacudiu a casa quando ele estava na porta.

Mais o que o parou mesmo foi os cacos de pratos quebrados que estavam espelhados no chão.

Parou vendo aquilo, tinha acontecido alguma coisa, ele sabia.

O mau pressentimento que sentirá, será aquilo? Virou-se rapidamente e saiu.

De volta à sala.

No Hall.

No quarto deles...

A cama estava desarrumada, como quando ele saiu. Olhou-a, lembrando-se da paixão que os uniram naquela manhã.

A camiseta de Sasuke, que Sakura usava de manhã, estava jogada no chão do lado do guarda-roupa, como se ela estivesse parado ali e vestido outra roupa. Nada daquilo era típico dela. Ela era ordeira de maneira quase obcecada. Sasuke olhou horrorizado para aquilo tudo, sacudiu a cabeça, e foi para o banheiro.

Chegando lá, a mancha de sangue na pia quase fez seu coração parar.

– Não! – sussurrou e teria caído se não se apoiasse na parede. – Não, não pode ser!

O pânico o assaltou, apertando-lhe o estômago e acelerando sua respiração, ate que ele começou a ofegar buscando ar.

Vai ver, ela se machucou na cozinha foi para o banheiro se trocar e depois foi para o hospital, né? Vai ver ele estava pensando em coisas que nem existiam...

Rapidamente, ele pegou seu celular e digitou o numero do celular de Sakura. Assim que começou a chamar ele ouviu um toque vindo de uns dos cômodos da casa, ele seguiu e viu que o celular dela estava jogado no chão do quarto deles.

O Pânico o atacou novamente.

Ele pegou o pequeno objeto como se aquilo pudesse dizer onde ela estava.

Suas pernas tremiam quando voltou a caminhar. Foi ate o escritório.

Não parava de dizer a si mesmo que estava fazendo tempestade num copo d’água.

Não era dia de Sakura trabalhar, mais ela era medica, podia ter acontecido alguma emergência e ela teve que ir correndo ao hospital.

Digitou os números, fechou os olhos e respirou fundo.

– Hospital Dan Opcional Denver! – atenderam. – No que posso ajudar?

– Sou Sasuke Uchiha esposo da doutora Sakura...

– A sim sei. – ela não o deixou terminar de falar. – E no que posso te ajudar?

– Queria saber se a Sakura foi trabalhar hoje, foi?

– Não ela não trabalha hoje.

– Eu sei! – ele afirmou. – Mais pode ter acontecido alguma emergência e chamarão ela, ou ela se machucou, sei lá. Por favor, pode averiguar se ela esta ai?

– Esta bem, espera um minuto.

Ele esperou ainda com os olhos fechados, rezando para aquilo não passasse de um sonho ruim.

– Uchiha?

– Sim, estou aqui.

– Ela não veio trabalhar hoje como eu te falei. – as esperanças dele se desfizeram como bolas de sabão.

– To bom, obrigado. – e desligou.

Mal enxergava os números quando começou a digitar outro telefone. Rezou pra que ela atendesse...

– Alo? – uma voz doce atendeu.

– Hinata, aqui e o Sasuke, a Sakura esta ai com você?

– Não por quê?

– Você não falou com ela hoje? – perguntou.

– Bom, falar eu falei...

– Que horas? – ele não a deixou terminar de falar.

– Bom, há umas três horas atrás, mais por quê? Aconteceu alguma coisa?

– Acho que sim... Ela te falou que ia sair ou alguma coisa parecida?

– Não, ela falou que ia ficar em casa te esperando, você sabe que ela odeia sair no frio. O que aconteceu Sasuke? – era verdade ela odiava sair no frio, o pânico veio novamente, ele mal conseguia segurar o telefone.

– Não da pra falar agora, tenho que desligar, tchau. – e desligou.

Tinha acontecido alguma coisa, ele sabia.

Ele parou pra pensar, tudo o que acontecia com ela, qualquer coisinha mínima, ela sempre ligava pra ele, no entanto o celular dela estava jogado como se ela procurasse ajuda e alguém a impedisse.

Por impulso ele foi pra sala. Já que ele era policial sabia muito bem que não podia mexer em nada.

Suas pernas tremiam, mal conseguia ficar de pé, por isso procurou conforto familiar...

– Residência Uchiha!

– E o Sasuke, me deixa falar com a minha mãe.

– Sim, espera um minuto.

Esperou ate ouvir a voz confortadora de sua mãe:

– Sasuke?

– Mãe, a Sakura esta ai?

Mikoto Uchiha conhecia bem seu filho mais novo, e percebeu na hora a ansiedade em sua voz.

– Não, não esta. Na verdade nem falei com ela hoje.

– E o pai? – ele continuou.

– Tenho certeza que ele também não falou com ela...

– Pergunte pra ele, por favor.

– Tudo bem, espere ai.– seu coração falhou uma batida, ele esperou com os olhos fechados.

– Sasuke, seu pai também não a viu e nem falou com ela hoje. – as pernas dele se dobraram.

– Mãe me deixa falar com o pai...

– Filho o que aconteceu? – seu instinto de mãe lhe falou que estava acontecendo algo grave.

– Mãe, por favor, passa para o pai...

– Tudo bem, espere ai. – Ela desistiu de saber o que tinha acontecido com Sasuke e Sakura, com certeza ela ficaria sabendo então chamou seu marido.

Sasuke esperou por algum instante ate que escutou a voz de seu pai:

– Sasuke o que aconteceu?

– Aconteceu alguma coisa com a Sakura...

– Que coisa? – Fugaku perguntou.

– Ela desapareceu, tem pratos quebrados na cozinha e sangue no banheiro. – ele falou num único fôlego.

– Vai ver ela pode ter se machucado, e saído Sasuke! – Sasuke suspirou fechando os olhos, eles tinham apenas um carro...

– Não pai, eu to com o carro. – ele abriu os olhos. – Liguei para o hospital que ela trabalha e para a Hinata mais ninguém a viu!

– Tudo bem vou mandar o Kakashi com uma viatura ai, chego num instante. – e desligou.

Assim que desligou a campainha tocou. Ele foi correndo ate a porta pensando que podia ser ela...

Mais não era...

– Sasuke o que aconteceu? A Hinata me falou que você ligou pra ela perguntando pela Sakura. – ele parou de falar o encarando. – Você ta pálido, o que aconteceu?

– Ela sumiu, sumiu...

– Que? – Naruto não entendeu o que ele disse.

– A Sakura sumiu!

– Mais como? – Naruto perguntou com uma voz rouca e baixa.

– Tem sangue no banheiro e pratos quebrados na cozinha, são quase onze da noite, a Sakura nunca sai essas horas, e se ela saísse com certeza ela me avisaria, e também a porta estava destrancada, aconteceu algo eu sei que aconteceu... – Naruto percebeu o estado de Sasuke. Estava nervoso, em pânico, nunca viu o amigo naquele estado.

Então Naruto entrou e foi ate a cozinha. Observou por alguns segundos os pratos, e olhou com uma cara assustada para Sasuke.

– Você já falou pro seu pai? – Ele perguntou, sua voz apresentava preocupação.

– Já, ele esta vindo aqui com o Kakashi. – ele falou pegando as chaves de seu carro. – Eu vou sair...

– Pra onde? Não vai esperar seu pai?

– Não, eu simplesmente não posso ficar aqui parado sem fazer nada – ele falou, sua voz apresentava pânico é raiva de tão grossa. – Fica aqui e espera eles, por favor...

Naruto pareceu pensar por um minuto.

– Tudo bem vai lá, mais qualquer coisa me liga. – ouvindo isso Sasuke fechou a porta.

Entrou no carro tremendo de frio, mais não ligava pra isso, acelerou e saiu em alta velocidade.

Sasuke olhava para todas as sombras que passava por ele, como se Sakura pudesse aparecer miraculosamente...

Pisou mais no acelerador.

Ele começou a tremer de novo, mais não de friu e sim de pânico. Aquilo não podia ser real. Tinha que haver alguma explicação simples, de que ele não se lembrava.

E se ela houvesse se perdido? E se estivesse na rua, em algum lugar procurando o caminho de volta para casa?

Saiu do carro, debaixo de chuva, levando a necessidade de encontrar a mulher que amava.

Ele prometeu ficar com ela, não prometeu? Prometeu protege-la.

Ele realmente estava em pânico. Como poderia protegê-la se não sabia onde ela estava?

O vento friu jogava mais chuva em sua face, atrapalhando a visão enquanto ele caminhava pelo meio da rua. Seu coração batia forte no peito, seu estômago estava retorcido. Doía quando ele respirava. E o peito doía quando pensava nela.

A chuva aumentou. As roupas molhadas grudavam em sua pele.

Ele parou no meio da rua, olhando de um lado para outro. Nada havia entre Sasuke e o esquecimento, a não ser a chuva. A dor em seu peito foi aumentando até que inclinou a cabeça para trás e gritou:

– SAKURA! – então segurou a respiração e ficou esperando pela voz dela...

Que não veio.

Fim do Capítulo 03.