Distrito 5 - A Força Da Inteligência escrita por BelleJRock


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Gente desculpa a demora!!! Séeeeerio! Minha semana de prova acabou (ufa) e agora terei muito tempo para escrever ^^
Esse capítulo está muito legal e espero que gostem! Boa leitura.



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              Infelizmente estava correta. Tudo começou a girar, manchas substituíram as grandes árvores que surgiam a minha frente e a ardência em meu ombro e garganta era enorme. Depois de alguns metros percorridos na direção oposta do acampamento eu caí no chão e escorei-me num tronco. Fiquei ali sentada e encarando o chão, contando as folhas secas caídas com algum esforço. Em questão de segundos, senti o pesar das minhas pálpebras e elas se fecharam lentamente, como um bebê que está reconfortado nos grandes braços da mãe.

               Felizmente eu não sonhara com nada perturbador. Algumas horas, que para mim foram minutos, ouvi umas vozes ao fundo. Não conseguia distinguir quem era. As vozes falavam com distração e tranquilidade. Por um breve momento achei que estava enlouquecendo, mas as vozes se materializaram melhor e consegui ouvir algo fino e ameaçador:

               - Vamos, gente. Vamos Cato. Vamos caçar a pobrezinha apaixonada! – Disse a voz de uma garota, e em seguida uma gargalhada.

               Caçar... Cato... Gente... Essas palavras ficaram rondando em minha cabeça, e quando finalmente fez sentindo lembrei-me dos carreiristas. Fiquei mias enfurecida que com medo: Além de ter dormido e gastado todo esse tempo, teria que enfrentar os carreiristas. As vozes se aproximavam e não conseguia me mover direito. E finalmente fui consumida pelo desespero. A fome, a sede e a dor me deixaram esgotada. Só pensei em algo que seria inútil, mas valeria a pena tentar. Com alguns simples movimentos, quando a voz estava praticamente ao meu lado, girei pela árvore, e quanto mais avançavam mais eu ficava para trás. Foi tão simples. Passaram rosnando e esfomeados por sangue, como qualquer um da capital, porém não me viram. Não pude prender um sorriso. Eles não perceberam, que péssimos observadores...

            Esperei que as vozes dos carreiristas desaparecessem e o silêncio voltasse a sua normalidade para eu ficar mais tranquila. O meu primeiro pensamento foi um tratamento para essa dor, mas precisava primeiro de água. Peguei minha garrafa e dei três goles com a maior vontade do mundo. Á agua percorreu minha garganta como se fosse uma cura divina. Depois retirei a mochila de minhas costas e abri a primeira parte. Havia algo que já fora pedaços embrulhados de coelho, mas que ainda poderia ser comido. Peguei uma coxa que eu havia guardado, não seria uma boa escolha acender uma fogueira, então comi tudo frio. Era aquele o último pedaço que poderia ser considerado seguro.

               Já estava ficando escuro e não consegui mais suportar a dor. Encorajei-me a ver esse maldito corte que era o medo maior, e terminei o rasgo que tinha na blusa deixando todo o ombro de fora.  Ainda sem olhar para a agoniante visão do machucado, toquei o dedo mindinho no local, senti algo molhado que era o sangue, e carne mole e nojenta.  Minha vontade era de vomitar. Sempre gostara de aprender sobre o corpo humano e vendo imagens sobre vários dos assuntos, mas acontecendo na vida real já era algo muito diferente. Decidi tocar mais dois dedos e eles foram se encharcando de sangue. Fiquei tentando me lembrar sobre os cortes: eles doem muito. Muito mesmo. São machucados pouco comum lá no distrito 5, mas quando acontecem, lavam o machucado e depois... E depois tem que fechá-lo certo? Pensei. 

            Respirei fundo, abri os olhos e vi o machucado. A faca tinha entrado fundo, aberto uma grande ‘’fenda’’ no meu ombro. O aspecto estava feio: o sangue seco pregava na pele e mais sangue escoava um pouco com folhas e terra por cima. Latejava e isso doía muito. Desanimei-me muito. Eu não tinha recursos para limpar meu machucado e estancar o sangue. Ou qualquer remédio para a dor. Havia me desorientado na fuga e água estava fora do meu campo de visão.

            - Oh! O que farei? Seria assim um bom modo de morrer? – Perguntei para uma pedra ao lado. Senti-me tão inútil e frágil. Isso me deixou furiosa. – Quer saber? Esquece isso. O sol ainda está se pondo. Vou procurar água. – Falar sozinha às vezes ajudava naquela hora. Com as mochilas nas costas, a faca e o estilingue preso ao cinto, fui andando devagar e me apoiando nos troncos que ficavam cada vez mais próximos um do outro. A mata foi ficando tão fechada e a noite se aproximava. Prometi que iria parar depois de uma hora, uma vez que os carreiristas ficam perto das fontes de água e devem fazer turnos para matar as pessoas que se aproximam.

             Finalmente senti que o solo ia descendo e dessa vez fui olhando para o chão procurando lírios d’água.  Era uma tarefa difícil quando feita á noite, mas para mim é muito fácil identificar as plantinhas. No meio do solo com pedras achei um pequeno brotinho mais verde que as plantas anteriormente. Fui seguindo naquela direção e meu ânimo foi subindo. Fui recuperando meus sentidos e minha garganta clamava por água. Minha garrafa estava terminando e dei meu último gole. Continuei á procurar por plantinhas. Paf. Virei bruscamente para trás, alguém estava me seguindo? Fui para trás de um tronco e discretamente peguei terra e coloquei sobre a mochila joguei as últimas gotinhas de água na garrafa para umedecer a terra, mas foi uma tentativa inútil. Porém uma boa notícia: na verdade era um esquilo que significava comida e que provavelmente estava procurando por água e aqui deve ter. Voltei rapidamente para seguir as plantinhas e elas mostravam um caminho reto e foi aí que eu estava certa. Um lírio d’água! Ótimo!  Era um pequeno lago. Observei o esquilo bebendo água e com graciosidade bebeu-a rapidamente, deixou um pouco na boca e saiu correndo, subiu na primeira árvore e foi por cima. Lá se vai a comida, porém se estivesse alguém ali provavelmente pegaria o esquilo. Aceitei a hipótese, pois a dor no meu ombro era pior que qualquer morte rápida por um tributo.

              Sentei no leito do rio deixei a mochila ao meu lado, e primeiro enchi a garrafa de água e coloquei a pílula de purificação. Em meia hora estaria limpa e isso seria o tempo necessário para limpar minha ferida. Tentei lembrar alguns procedimentos básicos. Peguei umas das tiras de tecido que eu tinha e coloquei imerso na água. Espremi a água sobre meu ombro. Soltei um gemido, um gemido de alívio. Era como se eu estivesse perdida há muito tempo e finalmente achei um caminho. Fiquei fazendo esse procedimento várias vezes e com os olhos fechado fiquei lembrando do distrito 5. Lembrando das memórias boas. Jurava que podia sentir o cheiro da precária comida do distrito, mas que minha mãe as transformava em delícias. Se eu tivesse tempo e saúde poderia ter pegado aquele esquilo com o modelo de armadilha elétrica do meu pai. Até as brigas com o meu irmão ou a seriedade de Ed. Talvez pensar nessas coisas seja prejudicial a minha saúde emocional, mas como se isso realmente importasse por aqui.

                 Passaram-se dez minutos e todo o sangue escoava pelos braços juntamente com a água. A ferida havia ficado mais clara e a terra saía levemente. Peguei outra tira e enxuguei o que havia restado. Não parecia algo assustador agora, mas ainda sentia desconforto. Milagrosamente a dor parara de arder tanto assim. Talvez a terra, folhas e detritos que nem sabia o que era não estavam ajudando muito. Encarei um pouco a ferida, agora eram somente pele morta, a carne exposta e algumas marcas de sangue ressecado. Pensei em fechar a ferida. Estudei um pouco esse negócio com agulhas e fios e pensei que ajudaria. Havia espinhos em algumas das árvores perto dos leitos, eu limparia e faria de agulha. Tenho fios finos e grossos. E depois amarraria com minha última tira de tecido nova. As outras estavam com sangue ou sujas de gordura de coelho, joguei fora só as com sangue. O resto eu limparia.

                 Mais vinte minutos se foram e a água estava pronta. Limpinha, tomei um pequeno gole. Queria tanto ter mais de uma garrafa. Depois guardei tudo, deixei somente uma tira de tecido presa ao cinto, junto com a faca que arrancaria os espinhos da árvore. Mas foi no momento em que levanto ouço um barulho: Bip, bip, bip. O barulho vem do céu e não parece ser algo humano. Mas quando identifiquei o que era eu vibrei. Parecia a felicidade vindo em minha direção. E mais uma vez me senti animada de novo. Um pequeno paraquedas. Ele parou á minha frente e parou de apitar. Retirei a caixinha e abri-a, deparei com um quite de agulha e um creme anestésico. Antes de pegar nos equipamentos li um bilhete que havia dentro:

                  ‘’ Eles gostam do que faz. Mas ser derrotada por um corte no ombro? Trate isso. ’’

                  ‘’Eles’’ eram os patrocinadores eu receio. Querem me ver saudável. Eu agarro aquela dádiva com todo carinho e por mais rude que o bilhete seja (principalmente porque não é Rodney que está com a dor) pego o kit e passo o creme sobre o ombro, em questão de segundo ele age e não sinto mais nada. Pego o fio, passo pela agulha e começo a costurar. Mal consigo acreditar no que vejo. Eu costurava como se fosse um bicho de pelúcia e ia com toda animação. Alguns pontos feitos e terminei, cortei o fio com a faca e joguei as coisas no chão. Olhei para cima e sorri, com lágrimas nos olhos repeti silenciosamente as palavras ‘’ Muito obrigado, Rodney’’. Quando o anestésico começa a passar o efeito eu pego o kit guardo na caixa e jogo na mochila junto com o paraquedas e amarro uma última tira de tecido no ombro e assim vejo que nenhum tributo morreu. Respiro fundo e desapareço na escuridão da floresta para procurar um abrigo. Estou morrendo de fome e mal vejo a hora para uma grande caçada amanhã.


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Notas finais do capítulo

E aí? mereço review? Mande se gostou ou não, me motiva muito á continuar a fic e a escrever mais. Obrigado!



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