Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 37
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo e um dos meus preferidos.



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O almoço correu o mais normal possível.

Meu pai adorou ver minha marca elementar e teve orgulho em contar sobre o seu gavião elementar, Purple. Como voava alto e tinha uma ótima visão. Nathan foi quase obrigado a contar sobre Fleur ao meu pai. Mas, assim que acabou, me entreguei a missão de salvar Nathan.

“Vamos para o terraço?”, eu o perguntei.

Ele assentiu de um jeito que eu pensei que fosse arrancar a sua cabeça fora. Segurei o riso e me levantei da mesa, seguida por Nate. Senti os olhares de meus pais e Lissa em nossas costas enquanto atravessávamos a sala e começamos a subir a escada que levava ao terraço.

O terraço era enorme e me trazia muitas lembranças. Era ali que eu dançava com minhas antigas melhores amigas. Tinha sido ali que eu tinha dado meu primeiro beijo. Era ali onde eu me escondia quando os poderes começaram a se instalar. Eu tinha vivido uma boa parte da minha vida no terraço.

O sol de fim de tarde tocou meu rosto e eu sorri. Andei até o muro e me inclinei para ver o pessoal na rua. Lembrei também de como eu costumava ficar ali naquela rua, jogando , correndo , brincando.

“Sua família é bem legal”, a voz de Nathan quebrou todos os meus pensamentos.

Levantei o olhar para ele, mas Nate encarava a rua e via as pessoas , assim como eu estava fazendo. Ele era sempre tão distante, eu não sabia nada dele. Mas, menos assim, esse mistério que me fazia sempre ir atrás de mais dele.

“É, eles são”, eu respondi e voltei a encarar a rua.

“Bem melhores do que meu pai.”, ele continuou e me encarou. “Não sei o porque de você e sua irmã serem tão hostis uma com a outra. Dá pra ver nos olhos de vocês que se amam.”

Será que dava pra ver nos meus olhos o que eu sentia por Nathan?

Abaixei meus olhos e comecei a brincar coma parede de tijolos onde eu me encostava.

“Nosso amor acabou no dia que eu disse: Sou uma Bruxa”, eu disse.

Nathan começou a balançar a cabeça e passou a mão pelo seu cabelo escuro, nervoso. Como eu adoraria poder fazer isso para ele. Mas, claro, a regra de , não nos tocarmos, seria quebrada.

“Você não sabe do que está falando” ele disse duro, voltando a olhar a rua.

“Não, Nathan. Você não sabe do que está falando”, eu disse com raiva. “Assim como você mesmo disse, eu não te conheço. Mas, você também não me conhece para dizer do que eu falo ou deixo de falar.”, eu suspirei. Nathan me encarou com os olhos arregalados e uma sobrancelha levantada.

Eu não deveria ter dito aquilo. Não mesmo. Mas, mesmo assim, tinha algo que me fazia acreditar que tinha sido o certo a dizer. A adrenalina queimava em meu sangue de um jeito tão forte que eu conseguia escutar meu coração batendo forte no peito. Será que Nathan escutava?

Provavelmente, sim.

Ficamos nos encarando em silêncio, até que eu soltei o ar que nem sabia que estava segurando e desviei meus olhos do dele, com um pouco de dificuldade.

“Lissa já me amou, mas hoje em dia?!”, eu balancei a cabeça. “Não tenho mais esperanças de que nossa relação volte a ser a mesma de antes.”, suspirei. “Nos mudamos para cá quando eu tinha 10 anos e Lissa 12. Meu pai estava pensando no bem dela, para que nós ficássemos perto da escola quando os poderes se manifestassem.”, eu dei um soco na parede, exasperada. Mesmo não o olhando, sabia que Nate estava me olhado. “Era sempre Lissa. Sempre. A queridinha da casa. A futura bruxinha elementar. A herdeira do fogo. Enquanto a mim?”, dei de ombros. “Eu era um nada na vida deles. Mesmo assim, eu os amava, e queria que eles se orgulhasse de mim, ou que, pelo menos, soubesse que eu estava ali. Foi aí que os erros começaram.”

Fechei os olhos por um momento e suspirei. Eu tinha contado uma parte da minha vida para Nick, mas não tudo, por que tinha medo de destruir a sua felicidade. Mas, com Nathan, eu não tinha esse medo. Era como se ele dividisse dos mesmos problemas.

“Primeiro tentei ser a filha rebelde. Não os obedecia, burlava as regras, fumava, bebia e matava aula. Cheguei bem perto assim”, fechei a mão e estiquei o indicador e o dedão bem perto um do outro, mas sem que eles se tocassem. “de entrar para as drogas, mas consegui me recuperar na última hora. Depois, tentei ser a filha que qualquer pai se orgulharia. Era inteligente, estudava, e era popular.”, eu ri de mim mesma. “Usava roupas extravagantes, diferente do meu atual preto e branco. Minha popularidade e confiança, me levaram a ser a capitã das líderes de torcida, namorar o capitão do time de futebol e virar uma pessoa ruim”, como Lana. Mas deixei esse pensamento implícito.

Nathan balançou a cabeça e aproveitou meu silêncio.

“Você não é uma pessoa ruim”, ele disse.

“Agora”, eu completei. “Você não me conheceu antes. Nem eu mesma me conhecia, nem as pessoas ao meu redor. Não confiava em qualquer um, mas também , não demorava a criar vínculos. Eu errei tanto por confiar as pessoas”, fechei meu olhos e balancei a cabeça. Meu cabelos caíram para frente e roçaram em meu rosto.

“Aly, também não é assim”, Nathan disse.

Eu me irritei novamente. Levantei meu olhar para ele. Por que ele não poderia me deixar sofrer quieta, como Nick tinha feito? Por que? Se ele queria tanto me ajudar, então teria que se esforçar bastante.

“Está vendo aquela garota, sentada na escada dessa casa aqui na frente.”, eu apontei ainda olhando para ele, meus olhos estreitos. Nathan ficou um tempo me encarando, até que, relutante, olhou para onde meu dedo indicava. “Está vendo?”, eu perguntei irritada.

“Estou”, eu respondeu, relutante.

Eu olhei para a mesma garota. Ela era alta e tinha a pele cor de chocolate, acompanhados por cabelos longos e trançados. Mesmo sendo fim de tarde, ela estava de casaco e calça jeans. Seu olhar era vago e pensativo, enquanto tomava algo fumegante saindo de seu copo.

“Kayla Pattinson.”, eu disse. “Ótima líder de torcida e meu braço direito, além de ser uma das minhas antigas melhores amigas.”, eu balancei a cabeça . “Hoje em dia, ela é a capitã e se orgulha da antiga capitã vadia ter saído.”

Nathan tirou a atenção da rua para mim. Sua boca estava pronta para abrir e dizer alguma coisa, mas eu o impedi. Apontei para outra garota. Essa era loira e tinha os olhos azuis. De um jeito estranho, a me lembrava Lana. Mas Lana era muito mais esperta. Diferente de Kayla, ela estava apenas com um short e uma regata. Ela também não estava sozinha. Estava com um grupo de meninas que falavam e riam animadas. Esperei Nathan olhá-la, para continuar.

“Raven Baker. Outra ótima líder de torcida e outra antiga amiga minha.”, estalei a língua e ri, sem humor. “Hoje em dia, ela saiu das líderes de torcida. Mas continua saindo com os namorados das líderes de torcida, principalmente o capitão do time de futebol.”

Os olhos escuros de Nathan se arregalaram. Ele não esperava isso.

Aproveitei sua surpresa e apontei para mais uma pessoa, dessa vez um garoto. Ele estava parado do outro lado da rua, observando Raven de braços cruzados. Sues olhos eram azuis opacos e seu cabelos era castanho claro, cortado bem curto, mas nem tanto. Ele suspirou. Nathan acompanhou meu olhar e esperou.

“Drew Thompson.”, eu disse. “Ótimo jogador de futebol, capitão, para dizer a verdade. Meu primeiro e último namorado humano.”, sorri triste. “Hoje em dia, ele é de qualquer garota que quiser ir para cama com ele, já que sua antiga namorada vadia, nunca foi com ele, quebrando as regras de namoro entre jogadores e líderes de torcida.”, eu levantei minha cabeça. “E me orgulho de não tê-lo feito.”

Nathan ficou em silêncio absorvendo o que eu disse. Finalmente não tentou me agradar com nenhum elogio idiota. Na verdade, quem fazia isso era Nick. Nathan gostava da verdade, nua e crua, na sua cara. Mas, ás vezes, a verdade doía , de um jeito que ninguém poderia imaginar.

Eu iria dizer alguma coisa, mas a buzina conhecida do carro da Spell the Most tocou. Eu olhei para o céu. O sol estava guardando seus últimos raios de luz. Suspirei e me virei para ir embora. Tinha sido um dia e tanto. A voz de Nathan me parou.

“Por que?”, ele perguntou. “Por que você me contou tudo isso?”

Eu o encarei por cima do ombro.

“Parabéns, você conseguiu”, eu disse, mas ele pareceu confuso. “Eu confio em você”

*****

A volta para casa foi tão silenciosa quanto a ida. Quer dizer, as primeiras meia hora. Minha mãe tinha nos feito prometer que voltaríamos quanto mais cedo. Assim que pudéssemos. Fiquei impressionada com o fato dela ter chamado Nathan também.

Em retribuição, Nathan lhe deu uma margarida e um copo de leite para Lissa. Lissa sorriu e corou, algo que eu não via a muito tempo junto. Meu pai o abraçou bem forte e disse para levar lembranças dele a Jean Paul. Depois disso, nós entramos no carro e nos ignoramos.

Até que Nathan disse:

“Lissa é sua irmã de sangue?”, ele perguntou.

Eu revirei meu olhos.

“Pensei que esse assunto tinha terminado, mas sim, ela é”, eu respondi dura.

Não sabia até onde ele queria ir, até que disse:

“Já pensou na possibilidade de sua mãe ter traído seu pai?”

Eu engasguei com a minha própria saliva e o encarei com os olhos arregalados.

“Você é maluco? Se escutou falando.”, eu disse com raiva. “Minha mãe, nunca trairia meu pai com outro. Eles se amam. Lissa, eu e esses malditos poderes não tem nada a ver com isso.”

Nathan voltou a ficar em silêncio, até que suspirou.

“Se você confia em mim, eu tenho que começar a confiar em você”, eu o encarei. Ele olhava para frente e o seu olhar estava vazio, como se enxergasse época a sua frente. Ele passou a mão pelo rosto e tirou os fones de ouvido. “Meus pais se conheceram quando minha mãe ainda era casada. Ela amava muito meu padrasto, mas , incrivelmente, amou mais ainda meu pai.”, ele fechou os olhos. “Aquele canalha. Sou usou minha mãe para que ela pudesse engravidar e lhe dar o seu herdeiro.”

“Herdeiro?”, eu perguntei. “Você?”

Nathan deu um sorriso triste.

“Sim, eu. Nathan Castille, filho de Jean Paul Castille. Herdeiro.”, ele abriu os olhos e me encarou. “Tenho mais 2 irmãos mais velhos e uma irmã mais nova que moram com a minha mãe. Meu padrasto morreu a sete anos. Meu pai, aproveitou a situação e fez outra herdeira.”, ele socou o banco do carro com raiva. “Megan, minha irmã mais nova parece tanto com aquele monstro que dói para minha mãe olhá-la. Mas ela a ama e não quer perdê-la , como quase aconteceu comigo.”

“Como assim?”, eu perguntei. Me aproximei mais dele. Nathan virou seu olhar para mim e eu pude ver novamente, aquele circulo azul em seus olhos negros. Eram quase imperceptíveis de longe, mas como estávamos perto um do outro, era diferente. Ele piscou e sumiu , de novo.

“Quando eu atingi a idade da instalação, meu pai entrou com uma ação para pegar a minha guarda. Minha mãe lutou, mas meu pai é um homem muito perigoso e poderoso. Então, ele ganhou. Minha mãe sofreu muito e meu pai achou que uma mesada bem gorda a faria parar de me ligar e de se preocupar comigo, mas minha mãe não deixou que dinheiro a calasse.”, seu sorriso cresceu e virou verdadeiro enquanto falava a mãe, mas se dissolveu quando continuou. “Meu pai me levou para França e me fez entrar na Spell the Most de lá. Eu continuava a ter contato com minha família, mas era bem limitado. Férias eu ia para casa, mas sempre por um curto período, porque tinha que estudar.”

Era estranho conhecer a história de Nathan e ver que ele não era tão mal como os outros pensavam. Tinha sido a vida que o tinha feito assim. Era mais estranho ver que ele realmente confiava em mim para dividir essa história. Me aproximei mais ainda dele para que ele não tivesse que dizer alto demais o restante. Na verdade, ele já estava sussurrando e mesmo com a minha super audição, eu tinha que me esforçar um pouco para escutar.

“Eu só queria sair do controle do meu pai, então fiz uma coisa que eu nunca pensei.”, ele parou de falar e me encarou. Eu mal tinha percebido o quão perto nós estávamos. Eu vi o por do sol desenhando o rosto de Nathan e iluminando seus olhos.

“O que ?”, eu perguntei. “O que foi?”

“O que foi?”, ele repetiu. “Você é linda e estando tão próxima de mim é difícil me concentrar na minha história.”, ele sorriu. “Além disso, você não vai mais acreditar em mim.”

“Claro que vou.”, eu disse e me afastei um pouco, meu rosto quente. “Eu confio em você”

Independente dele ser meio maluco ou não.

“Eu virei um espião”, ele disse e deu de ombro. Tive que segurar para não bufar. “Meio que aconteceu. Eu contei sobre a minha vida pra o meu professor de mágica e ele me contou sobre o seu trabalho. No início, pensei que fosse loucura, igual a você está pensando agora”, ele disse. Meu rosto corou mais ainda. Estava tão na cara assim? “Mas isso me deu a oportunidade de sair daquele maldito colégio francês, onde só tinha um bando de mauricinho e patricinhas e vir para cá e te conhecer.”, ele levantou a mão, e por um momento, pensei que fosse me tocar. Mas, ele abaixou-a novamente.

“Mas, seu pai sabe?”, eu perguntei tentando acabar com o clima tenso.

Nathan revirou os olhos negros e voltou a olhar para frente.

“Claro que sabe. Ele é o chefe dos espião”, Nathan continuou olhando para frente. “Eu tive que passar pela aprovação dele para me tornar um também.”, ele piscou e sorriu para mim. “Felizmente , ele fez algo de bom na vida me aprovando.”

Depois disso, nós ficamos em silêncio, até que atravessamos os portões dourados da escola. Voltar nunca pareceu ser tão bom. A tensão no carro meio que tirou minha animação do final de semana. Assim que o motorista abriu a porta do carro, senti a tristeza rondando a escola.

Eu só tinha visto isso poucas vezes.

E elas sempre vinham acompanhados por um comunicado de funeral.

Eu e Nathan apenas trocamos um rápido olhar. Ele já tinha notado a mesma coisa que eu. Nem ao menos nos despedimos, mas qualquer coisa, eu iria a cabana hoje a noite. Corri até o meu quarto e encontrei ao caminho, muitas pessoas cabisbaixas. O que diabos tinha acontecido?

Assim que entrei no quarto, de de cara com Luen dobrando algumas roupas em cima da cama. Não havia sinal nem de Lien, nem de Suzy. E , Luen estava fungando. Ela estava tão concentrada em dobrar as roupas, que nem notou a minha chegada. Só percebeu que eu estava ali no quarto, quando eu a abracei.

Ela enterrou sua cabeça em meu ombro nu e começou a chorar. Por cima do ombro, vi que nenhumas das roupas eram minhas. Nem de Luen. Eu reconheceria aquele suéter rosa em qualquer lugar. Segurei Luen pelos ombros e a afastei o suficiente para olhasse em seus olhos azuis. Ela se acalmou um pouco e se sentou na cama.

“Encontraram Lana, não é?”, eu perguntei.

Luen assentei.

“O corpo dela”, ela fungou novamente.


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