Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

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Obviamente a escola proibiu a saída dos alunos nos fins de semana. Isso era tão esperado que nem me surpreendi quando Luen me contou de noite no quarto. Mas, só porque o fato era esperado, não queria dizer que todos aceitaram.

Algumas pessoas queriam protestar, mas acabaram se acalmando com a voz da invencível diretora Clover. Outras, como Lana, tinham planejado fugir a noite sem que ninguém soubesse. Até mesmo estavam pensando em usar um feitiço para fazer a supervisora do dormitório dormir até o dia seguinte.

“Só poderia ser ideia dessa cabeça de vento loira”, eu disse me deitando na cama. Luen sentou-se na sua de pernas cruzadas e me encarou sorrindo.

“Ela e suas ajudantes.”, Luen revirou os olhos. “Ela já até colocou outra no lugar de Mia. Parece que tem um tipo de prazo e regras, coisas do tipo, para se andar com ela. E uma delas é nunca ficar longe do grupo por mais de vinte e quatro horas.”

“É, eu sei.”, eu concordei. “Quer dizer, eu sei sobre a garota nova, Paola, mas não sobre essa regras.”

“É”, ela pareceu pensativa e olhou para suas mãos, pensativa. Esse eram um dos momentos em que eu comparava as duas irmã.

Luen com seus cabelos longos, lisos e cor de cobre. Pele tão pálida quanto a da irmã, mas com algumas sardas. Os olhos também eram iguais, azuis violetas. Mas Lien era um pouco mais alta e mais esperta, além de ser menos sentimentalista e ter os cabelos curtos e ondulados.

“O enterro de Mia vai ser amanhã, não teremos aula”, Luen me avisou. De repente, ela levantou seu olhar na minha direção , confusa e curiosa. “É engraçado que eu esteja lhe dando essas informações quando você deveria ter estado lá para escutá-las.”

Eu já até sabia onde isso iria parar.

Diferente de Lien, Luen não sabia dar desculpas tão boas e aceitáveis.

“Fiquei meio ocupada o dia inteiro com Lien”, eu disse.

“Eu sei disso. Mas onde, diabos, ela estava afinal de contas?”, Luen, mesmo disfarçando com um sorriso forçado, parecia um pouco enciumada por eu ter passado um dia inteiro com sua irmão e ela ainda não.

“Você não vai acreditar, mas mesmo assim vou te contar”, eu disse me sentando na cama e puxando o coberto para que cobrisse minhas pernas. “Ela estava na enfermaria”

“OMG! Eu não acredito nisso. Lien em uma enfermaria? E a da escola? Ela estava bem?”, Luen estava presa entre a incredulidade e o choque.

“Sim, Lien estava bem. Era paranóia na diretora.”, eu revirei os olhos. “Exatamente como essa paranóia de não podermos sair. Ninguém sabe ao certo como e onde Mia foi morta. Quem garante que ela não morreu aqui dentro mesmo?”

Luen abriu a boca para me respondeu, mas pensou melhor e a fechou. Ela não tinha argumentos contra isso. Por último, ela suspirou e ajeitou as pernas debaixo o coberto, se preparando para dormir. Passou a mão pelo vestidinho rosa com um desenho de uma fada na frente ( que irônico) e sorriu para mim.

“Você tem razão”, ela finalmente concordou. “Não estamos seguros em lugar nenhum”

“Ainda mais agora, com um assassino a solta e nem sabemos aonde”, eu passei a mão por minha trança e suspirei.

“Posso perguntar onde você e Lien passaram o dia todo?”, Luen já estava deitada e coberta até o queixo. Apenas a luz de seu abajur iluminava seus olhos azuis que se destacavam tanto contra a pele pálida.

Me deitei novamente.

“Demos uma volta para que ela refrescasse a mente”, outra onda de culpa me tomou naquele momento. Aquela tinha sido a desculpa que Lien tinha dito para eu usar caso alguém perguntasse por onde nós andamos o dia todo. Mas mentir me fazia tão mal. E mentir para meus amigos piorava ainda mais a situação.

“Que bom! Acho que foi bom para ela passar um tempo por ai”, Luen sorriu com a mente um pouco distante. “Bem, boa noite”

“Boa noite”, eu estiquei minha mão e apaguei seu abajur, mas não dormi instantaneamente como eu fazia todos os dias. Mas também esse não tinha sido um dia igual os outros.

“Alex, ainda está acordada?”, Luen perguntou.

“Sim”, eu encarava o teto vermelho, mesmo não conseguindo enxergar as cores.

“Vai no enterro de Mia amanhã?”

“Sim, vou”, eu concordei.

“Está com medo?”, sua voz tremeu.

“Todos estamos”, eu respondi e fechei meus olhos, deixando que a inconsciência me pegasse de vez.

Bem nesse momento a porta foi aberta e Lana entrou fungando.

*********

O enterro simbólico de Mia foi no ginásio por ser o único lugar da escola onde cabia todo mundo. Nas arquibancadas se encontrava uma multidão de preto. Desde o pano mais simples ao mais caro estava presente, mas sempre na mesma cor.

Preto, a cor da morte.

A cor com que lamentamos a morte.

Naquele momento, estávamos fazendo um minuto de silêncio pela memória de Mia, mas ainda conseguia escutar alguns alunos chorando a perda. Quando o silêncio se acabou, o padre retomou sua missa de despedida.

O enterro não era tão simbólico assim, já que o caixão com o corpo de Mia estava no meio da quadra. Lana tinha se sentado o mais próximo do caixão e estava com os olhos vermelhos e o rosto pálido. Toda hora ela passava um lencinho úmido em seus olhos e soava o nariz. Nunca tinha visto Lana tão vulnerável assim.

O padre disse algumas coisas de Mia sobre como ela era jovem e bonita e tinha um futuro pela frente, além de muitas pessoas que a amava. Em falar de pessoas que a amava, Dylan estava ao lado de Lana, com o braço em seu ombro, e com o rosto neutro, olhando apenas para frente. Jack estava bancos acima de Lana. Seu rosto distante e pensativo. Era óbvio o que ele pensava, todos pensávamos a mesma coisa:

E se fosse conosco?

Se eu fechasse os olhos conseguia me imaginar ali, deitada com pessoas que me amavam chorando a minha perda. Sem respirar, sem nenhum movimento, apenas observando. Morta. Tremi e apertei a mão de Nick.

Tanto ele como os meus amigos estavam absorvidos pelas palavras do padre. Conseguia ver inúmeras vezes Daemen assentindo com as palavras do padre. Suzy só encarava o nada pensativa como Jack. Luen estava encolhida e quieta nos braços de Daemen e ocasionalmente eles se olhavam e sorriam. Ela parecia tão pequena e indefesa, mas , ao mesmo tempo, tão feliz e determinada.

Em falar em determinação, Lien , que estava ao meu lado, mal respirava. Seus olhos estavam fechados e ela estava tão quieta que por um momento me perguntei se ela estava dormindo, mas no instante que o padre disse algo sobre “aproveitar a vida enquanto temos tempo”, vi uma lágrima escorregando por sua bochecha.

Os pais de Mia não estavam ali por aquele ser apenas um enterro para a escola. Eles tinham direito disso. Depois daqui, o corpo iria para Idaho, onde Mia nasceu e foi criada. E onde seus pais moravam atualmente.

De súbito e do nada, Lien se levantou e saiu correndo porta a fora. Pensei em me levantar e ir atrás dela, mas Suzy foi mais rápida. Luen ficou ereta encarando a irmã enquanto ela saía. O silêncio no espaço era tanto que, nem mesmo a voz do padre preenchendo-o, algumas pessoas ao nosso redor escutaram e notaram a saída nada sútil de Lien.

“Vou atrás dela”,Suzy sussurrou para mim quando tentei me levantar e ela me deteu.

Suzy saiu porta a fora e nos deixou preocupados. Comecei a me perguntar se Lien tinha alguma recaída de humor, ou era o efeito atrasado da morte de Mia caindo em cima dela atrasado.

Era engraçado como isso a afetava, então. Ela nunca foi de se preocupar com as pessoas que não fossem seus amigos. Na verdade, acho que a única pessoa com quem ela se preocupava era a própria irmã. Isso porque ela era gêmea dela.

Tirando essa saída de Lien, nada mais aconteceu no restante do enterro. Fomos liberados e a diretora declarou estado de luto para a Spell the Most, significando que não teríamos aula o restante da semana. A diretora também deixou que nos aproximássemos no corpo para nos despedir.

Eu não queria isso, por isso deixei que Daemen, Luen e Nick o fizessem. Eu fui atrás de Suzy e Lien, mas quando cheguei no quarto delas, encontrei apenas Suzy.

Tinha algumas roupas em cima da cama que pertenciam a Mia e o chão estava coberto de caixas. Suzy estava com uma camiseta rosa dobrada na mão quando eu entrei. Quando eu olhei em seus olhos, os vi sérios e chorosos, mas, principalmente suplicantes.

“Me ajude”, ela pediu com um fio de voz apontando com a cabeça para a pilha de roupas que ela estava dobrando e guardando na caixa para dar aos pais de Mia.

Não conseguia hesitar sob o olhar suplicante de Suzy, por isso quando dei por mim já estava com uma calça dobrada na mão e a jogando na caixa. Apenas o silêncio preenchia o quarto e me queimava os ouvidos.

Tinha alguma estranha com Suzy e eu poderia ter apenas a tocado e descoberto, mas preferia quando isso saía de sua boca. Ela parecia tão distante, mas quando os nossos olhos se encontravam ela sorria como sempre. Uma parte de mim jurava que ela estar estranha tinha algo a ver com a saída repentina de Lien do enterro de Mia.

“O que foi, Suzy?”, eu finalmente perguntei.

“Nada”, ela respondeu e evitou meus olhos , se concentrando apenas no trabalho a sua frente.

Resolvi mudar de assunto.

“Falou com Lien?”

“Sim”

“E?”, eu persisti.

“E nada”, ela ainda evitava meus olhos. “Ela ficou abalada com o enterro por se lembrar do corpo de Mia.”

“Hum”, eu respondi e fiquei em silêncio absoluto. Terminamos tão rápido o trabalho que mal o senti acontecendo. Minha mente trabalhava de modo que não me permitia sentir o tempo passar do modo que deveria.

Tudo do que eu tinha certeza era que Suzy estava escondendo algo de mim. Lien com certeza tinha inventado essa desculpa para Suzy usar comigo, mas pena que a pequena bruxinha do raio não sabia mentir bem.


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Notas finais do capítulo

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