Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 13
Capítulo 12




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Não vimos Lien o resto do dia todo.

Procuramos ela pela escola toda, mas encontramos exatamente nada. Fomos no quarto, pelos estábulos, até mesmo na floresta que ela costumava frequentar (não me perguntem o porque, era uma das manias de Lien). Fomos até o jardim que ficava em frente a entrada do dormitório e paramos no banquinho para descansar.

“Quando Lien quer se esconder, faz melhor do que o Rudne”, Daemen comentou se jogando ao meu lado no banco. Voltei meu olhar para Luen que parecia ser a mais frustada com o sumiço da irmã.

“Você realmente não consegue vê-la, Luen?”, perguntei pela centésima vez.

Ela se sentou nos pés de Daemen, sem encarar ninguém. Colocou seu queixo apoiado nos joelhos dobrados e as mãos nas têmporas enquanto suspirava.

“Não, não consigo”, ela lamentou. “Ela sabe como funciona minhas visões como ninguém. E também sabe como driblá-las.”

“Ela não deve ter ido para muito longe”, Nick disse se sentando ao lado de Luen nos meus pés. Suzy continuava em silêncio ao meu lado, encarando o nada. Coloquei minha mão por cima da dela e ela sorriu para mim, mas dava para ver que era forçado. “Amanhã mesmo ela terá que ir as aulas e de noite irá dormir no quarto”

“Ele não conhece Lien”, Suzy murmurou triste. Todos os olhares foram para ela. “Não sabe como é Lien quando quer desaparecer, literalmente. Vocês não lembram da última vez?”

Todos ficamos em silêncio, menos Nick que não sabia do que estávamos falando. É claro que nós quatro lembrávamos da última vez que Lien sumiu assim. Ela foi parar em outro país e quase foi expulsa da Spell the Most e presa. Sorte que nós intercedemos por ela!

“Foi por pouco que ela não foi expulsa”, Suzy continuou dizendo e eu vi seu olhos se enchendo de lágrimas. Ela odiava perder algo, ainda mais um amigo e ver Lien ir embora daquele jeito a machucou muito.

Meus olhos também se encheram de lágrimas e apostava que se olhasse para o lado e para baixo, veria Luen e Daemen na mesma situação que a gente. De repente Luen se levantou com o rosto totalmente vermelho e com lágrimas escorrendo pelo rosto, e apontou acusatoriamente para Nick.

“A culpa disso tudo é sua”, ela berrou para Nick. Era óbvia a sua dor pela ideia de perder a irmã. “Se você não tivesse, tivesse...”, ela parou e afundou o rosto nas mãos. Daemen se levantou e a envolveu em um abraço que ela recebeu de boa.

“Calma, Luen.”, Daemen disse entre a confusão que se encontrava o cabelo de Luen de tanto ela prender e soltar. “Nós vamos encontrá-la”

“Não vamos não, Daemen”, ela chorou mais ainda. “Eu sei como Lien é cabeça dura e nunca a vi daquele jeito antes”

Suzy se levantou e começou a andar para longe dali. Eu a segui de súbito apenas parando para deter Nick que começava a me seguir.

“Não. Isso é um assunto meio que pessoal”, eu me desculpei e antes que ela pudesse dizer algo, eu virei e fui atrás de Suzy. A parei segurando-a pelo ombro e encarei seus olhos cinzas chorosos. Ela me abraçou quase que no mesmo segundo e chorou em meu ombro.

“Aly, ela foi embora de vez”, Suzy disse.

“Não, querida. Ela vai votar. Eu sinto isso”, na verdade eu não sentia nada, mas precisava acalmar minha amiga. Suzy me segurou pelo ombro e me encarou sorrindo um pouco. Bem pouco.

“Você mente muito mal, Aly”, ela disse.

“Não se preocupe. Ela vai voltar.”, eu a garanti passando meu braço pelo seu ombro e recomeçando a nossa caminhada. “Esqueceu que Lien odeia dormir no frio”, eu sorri.

De fato, ela voltou, mas apenas no dia seguinte.

Nós estávamos indo para a primeira aula, quando nós a vimos parada no meio do corredor. Lien estava tão pálida que em vez de parecer uma fada, parecia um fantasma. Seus olhos estavam vagos e vermelhos, como se ela tivesse passado a noite toda acordada ou chorando. Era impressão minha ou ela estava mais magra?

“Lien” , nós gritamos ao mesmo tempo e nos jogamos em sua direção, chamando toda a atenção dos estudantes que passavam no corredor para a gente.

Mesmo com o abraço em grupo, ela continuava parada e olhando o nada.

“O que houve, Li?”, Luen perguntou a segurando pelo ombro.

De novo, silêncio.

Olhei para Nick, suplicante. Tinha pedido a ele mais cedo para que quando encontrássemos Lien, ele pedisse desculpas. Ele lutou um pouco contra a ideia, mas no final cedeu. Tudo pela minha felicidade, ele disse.

Nick deu um passo a frente e parou a poucos centímetros de Lien. Seu rosto ainda estava encarrancado, mas ele se pôs a sorrir e colocar uma mão no ombro de Lien. Isso a fez virar a cabeça para encara a mão e depois voltar seu olhar para o rosto de Nick. Por um segundo me perguntei se era assim que eu tinha ficado quando me afastaram do olhar de Nick. Tão parada e sem vida. Tão pálida.

“Lien, me desculpe.”, Nick disse. “Não deveria ter te chamado de ignorante na frente de ninguém. E nem pelas costas. Você é o que é, e ninguém pode mudá-la. Isso a faz ser única”

Ela continuou em silêncio apenas encarando o rosto de Nick, mas eu vi a mudança em seu olhar. Não estava mais vago, mas assustado. Como um gatinho assustado com a chuva. Exatamente como eu nunca imaginei ver Lien em toda a minha vida. Com medo. E cada vez mais as palavras de Nick ficaram fazendo sentido.

“Adaga”, ela sussurrou de repente, mas apenas eu e Nick estávamos perto o suficiente para escutá-la. “Tanto sangue e Mia... Ah, Mia”, ela lamentou e afundou seu rosto nas mãos.

E pela primeira vez em toda a minha vida eu vi Lien chorando.

Nick olhou para a gente por cima do ombro, mas ninguém sabia o que tinha acontecido. Subitamente, Lien levantou os olhos para Nick e murmurou. “Eu não te mereço” e saiu correndo, esbarrando em mim.

Tentei segurá-la pelo pulso, mas ela foi bem mais rápida e saiu correndo pelo corredor, se misturando pela confusão de estudantes atrasados para a aula. Quando íamos ir atrás de Lien, dona Fisher, nossa monitora apareceu e nos fez ir para a aula.

Não dissemos nada no caminho inteiro e eu mal percebia os dedos de Nick nos meus me dando apoio. Chegamos em nossa aula (exceto por Luen, claro que não tinha essa aula) como zumbis e nos sentamos em nossos lugares no modo paciência.

Sr. Nage estava falando hoje sobre as armas que algumas criaturas mágicas usavam em lutas ou defesa pessoal. Ou até mesmo para ganhar o direito de ser casar com outra criatura mágica, ganhando o respeito de toda a família.

“Alguns eram treinados para isso, outros já nasciam que esse dom. Como, por exemplo, a Senhorita Night e suas flechas, e o Senhor Poison com sua espada de esgrima”, ele comentou e todos riram. Isso serviu para diminuí a tensão e o estresse que rondavam o nosso grupo.

Olhei para Daemen ao mesmo tempo que ele me encarou sorrindo. Daemen era ótimo na esgrima desde que eu o conheço. Até mesmo tentei entrar nessa aula, mas aprendi que eu não era de espada, mas sim de flechas.

Ao lado de Daemen, estava Jack que parecia cada vez mais emburrado e zangado. Com certeza não havia encontrado Mia afinal de contas. O professor continuava contando a história, quando Paloma Justine, uma fada loira e amiga de Lana levantou sua mão.

“Sim, senhorita Justine”, Nage disse.

“Sabe, eu também faço aula de arco e flecha e não fui citada”, ela reclamou e me olhou de canto de olho. Sabia que ela gostava de chamar tanta atenção quando Lana.

“É porque você ainda é nova nisso”, ele respondeu e continuou. Na língua de Nage, ser 'ainda nova nisso' significava que você era ruim. “Senhorita Night tem mais experiência”, ele sorriu para mim. “Mas, continuando”, ele parou novamente quando Paola Fillowita, outra amiguinha loira de Lana levantou a mão. “Sim, senhorita Fillowita”, Nage parecia cada vez mais impaciente.

“Professor, o senhor tem uma arma?”, ela perguntou amavelmente piscando seus olhos castanhos de filhotinhos para o professor.

“Oh, claro.”, Nage sorriu de novo. “Espadas, adagas, coisas do tipo.”

Adagas.

Eu quase engasguei com minha própria saliva, sorte que Nick me salvou batendo em minhas costas. Eu o encarei e vi seu assentimento. Ele sabia exatamente o que eu estava pensando.

Tanto sangue e Mia... Ah, Mia

As palavras e o rosto de Lien voltaram a minha mente. Isso fez com que todo o meu corpo tremesse e congelasse ao mesmo tempo. O que será que havia acontecido para Lien ficar daquele jeito? E o que havia acontecido com Mia afinal de contas. Encarei Jack e o vi quase dormindo na aula, enquanto Daemen ficava cada vez mais fascinado nas histórias das armas de criaturas sobrenaturais.

“As armas certas podem fazer de uma criatura fatal e invencível, mas escolham as armas erradas e estarão mortos.”, ele passou a mão pelo pescoço como se cortasse. Alguns estudantes tremeram e isso foi o suficiente para fazer Nage rir e acrescentar. “É claro que não estamos no século XVIII, onde esse tipo de luta era praticado.”

Quando o sinal tocou, todos saíram com um sorriso no rosto por causa do tema da aula. É claro que na aula de Nage, deveríamos treinar nossos poderes, mas ouvir um pouco de história era interessante. Ainda mais uma da época de que éramos vistos como heróis, com princesas e coisas do tipo.

Todos pareciam felizes e distraídos, menos eu. Um misto das palavras de Lien e do professor Nage ainda ecoavam em minha cabeça. Nick estava conversando entusiasmado com Daemen, sobre ele fazer esgrima quando Luen apareceu, mais pálida do que nunca e me agarrou pelo braço. Seu aperto foi tão forte que eu conseguia sentir suas unhas em minha pele e reclamei.

“Luen, o que houve?”, eu perguntei, mas tudo o que ela disse foi:

“Precisamos conversar, e rápido”

Nesse exato momento, o alto falante soou:

“Alunos da Spell the Most, quem vos fala é a diretora Nice Clover. Sinto interrompe lhes o dia, mas preciso dar um comunicado triste e urgente. Abandonem as aulas do segundo tempo e vão até o ginásio o mais rápido e disciplinado possível”

Comecei a seguir a multidão de alunos guiada pelos dedos entrelaçados de Nick quando Luen me puxou para a direção oposta. O quer que fosse, parecia bem urgente. Sem resisti mais, soltei meus dedos dos de Nick e segui Luen. Os olhos de Nick se arregalaram, mas logo ele se perdeu no mar de estudantes e seguiu Daemen e Suzy.

Luen continuou me puxando até a entrada do dormitório feminino. Parecendo acordar de um sonho, ela respirava forte e fundo. Aí foi a minha vez de puxá-la pelo braço até as escadas para que a gente pudesse se sentar.

“O que aconteceu, Luen?”, perguntei preocupada. “É algo com Mia? Lien?”

“Não”, ela disse, mas ainda respirava com dificuldade por causa do esforço. “É com você. Tive outra visão sua com aquele garoto.”, ela me encarou. “Vocês dois estavam presos em algum lugar da escola. Ele estava ferido e você tão pálida”, ela estiou sua mão e tocou minha bochecha.

“Luen, quem é esse garoto?”, eu perguntei.

“Eu não sei”, ela abaixou sua mão e afastou seu olhar do meu, derrotada. “Você estava morrendo na visão, mas estava tão linda. Parecia uma princesa.”

“Nascida como prebléia, morta como uma princesa”, eu refleti em voz alta.

“Exatamente”, Luen concordou e olhou escada a cima. “Será que podemos subir para eu ver se encontro Lien?”

“Claro!”, eu disse e levantamos.

Entrei no quarto, aproveitando para pegar meu óculos de sol. Estava muito calor. Final de verão, droga! Peguei meu óculos na mesinha de cabeceira e quase não notei o que estava em cima da minha cama.

Uma rosa vermelha.

Sorri. Nick deveria ter feito aquilo quando eu estava distraída ou ter mandado alguém fazer aquilo por mim, eu pensei. Mas quando a toquei, fui quase que envolvida por um tipo de mágica elementar. Era uma rosa invocada.

Poucos bruxos conseguiam fazer esse tipo de mágica. Apenas os que dominam a terra por um bom tempo e os que são nascido com uma certa afinidade com as plantas. Nick não tinha nada a ver com aquilo, eu tinha certeza.

Ele me disse no primeiro dia de aula que nunca tinha encontrado alguém como ele, um bruxo. E eu tinha certeza que aquilo era mágica elementar da terra. E também tinha certeza que não tinha outro bruxo aqui na escola que dominava a terra. Apenas ar, fogo, água e raio.

Estava me perguntando de onde, diabos , havia saído aquela rosa, quando Luen entrou no quarto. Fui rápida e guardei a rosa debaixo do meu travesseiro sem que ela notasse. Teria que pensar naquilo mais tarde.

“Lien não estava lá”, Luen lamentou.

“Então é melhor nós irmos até o ginásio antes que sintam a nossa falta”, eu disse e a puxei para fora do quarto em direção as escadas.

Nós fomos como um raio até o ginásio. Os corredores estavam tão vazios que isso não foi difícil. A escola parecia abandonada sem a confusão de estudantes atrasados. Mas isso mudou assim que atravessamos as portas do ginásio.

Ninguém notou a nossa entrada, e nós duas aproveitamos essa entrada silenciosa para chegarmos até nossos amigos. Todos estavam tão absortos nas palavras da diretoras que nem perceberam uma bruxa e uma vidente deslizando pelas pessoas. Sentei ao lado de Suzy, e Luen ao meu lado. Suzy apenas nos deu um sorriso rápido e voltou sua atenção para a diretora. Tentei acompanhar o que ela estava falando.

“... seu sumiço nos fez procurá-la como nunca. Dois dias são demais para um aluno da Spell the Most ficar fora sem o consentimento da família. Mas hoje, infelizmente soubemos de uma notícia trágica e com essa notícia haverá consequências.”, a diretora parou fazendo um certo suspense. “O corpo de Mia Daniele foi encontrado hoje de manhã por uma estudante no estábulo. Ele estava totalmente coberto de sangue e uma adaga estava cravada em seu coração”

Muitos múrmuros começaram e encheram a sala. Ninguém acreditava naquilo. Ninguém acreditava na morte de Mia. Nem precisei olhar para os meus amigos para saber que estavam chocados. Ainda mais para saber que eles sabiam quem era a 'estudante' que havia encontrado o corpo.

Me levantei de súbito, aproveitando a confusão para sair sem ser notada, mas fui parada pela mão de Luen. Quando olhei para baixo, percebi que todos os meus amigos estavam me encarando.

“Onde você vai, Alex?”, Luen perguntou.

“Vou procurar Lien”, com isso virei minhas costas e saí do ginásio ainda sem ser notada.


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