Haz desceu do carro e eu fiz o mesmo, ainda era cedo, então não tinha ninguém além dos pais dele em casa. Fiquei parada ao lado do carro esperando que ele dissesse ou fizesse alguma coisa, qualquer coisa. Eu ainda não sabia exatamente o que eu queria, aonde eu chegaria simplesmente "deixar rolar" nunca foi comigo, eu e meu costume de planejar e fantasiar as coisas.

Mas como sempre, nunca acontecia como eu imaginava, desisti da minha idéia boba, mas Haz voltou e segurou nos meus ombros. Ele olhou fundo nos meus olhos, abriu um pouco a boca como se fosse dizer algo, mas fechou em seguida. Ele estava muito estranho e eu sem saber o que fazer eu fiquei imóvel com a reação dele. Ele fechou os olhos e forçou sua mandíbula como se estivesse bravo, e eu não sabia se ficava com medo ou se falava alguma coisa, completamente sem reação, coloquei minhas mãos sobre as mãos dele. Ele abriu os olhos e entortou seus lábios.

– Sabe Sun... - Ele olhava para os lados desviando meu olhar, como se estivesse escondendo algo. Eu podia jurar que ele ia me agarrar à qualquer momento, mas na verdade isso era o que eu queria que acontecesse. – Você é muito especial pra mim, e naquele dia que você quase foi embora, eu pensei que tinha te perdido para sempre. - Sem entender o que ele estava querendo dizer eu comecei ensaiar alguma coisa para responder ele, mas eu estava com um nó muito grande, tanto na minha mente, quanto no meu coração. – Eu fico feliz por estar aqui hoje, e eu teria ido atrás de você, se você tivesse ido embora. - Arregalei meus olhos quando ele disse que iria atrás de mim, com a confusão que estava minha cabeça comecei pensar, "ele gosta de mim." e minha consciência dizendo, "para com isso!". Abri a boca para falar à ele tudo o que estava sentindo, mas precisava me controlar.

– Você iria? - Soltei as palavras em um impulso praticamente incontrolável. Ele se afastou um pouco de mim e abaixou a cabeça. – Haz... - Dei um passo para me aproximar dele; e ele deu um passo para se afastar, e acabamos ficando na mesma distância de antes.

– Sunny querida! - Tia Anne veio de dentro da casa, eu e Haz olhamos para ela que estava com um sorriso radiante como sempre. – Quanto tempo, sumiu, nunca mais veio aqui em casa, senti sua falta.

– Tia Anne! - Contribui seu sorriso e lhe dei um abraço apertado, eu vinha bastante até a casa do Haz, a família dele era como se fosse minha também. – Que saudades! E parabéns! Cadê o tio Des?

– Está lá dentro com Gemma, estão preparando as músicas para tocar no jantar. - Ela pegou a minha mão e a mão do Harry e praticamente nos puxou para dentro da casa. – O que aconteceu que você nunca mais apareceu aqui? Hem mocinha?

– Mãe! - Harry disse rindo sem jeito.

– A tia... Eu e o Harry... - Olhei para ele pedindo ajuda para dizer alguma coisa à ela. Como eu ia dizer para ela que o Haz simplesmente se afastou de mim? Sem cabimento...

– Olha só, mesmo que algum dia você e o Harold briguem, quero que venha me visitar, você é como uma filha para mim! - Ela sabia, ela era uma fofa, como uma mãe para mim eu disse "awn" e sorri para ela. – Vem comigo Sunny, quero te dar uma coisa. - Olhei para o Haz e ele balançou a cabeça negativamente dizendo não saber o que era.– Harry meu filho, vá se arrumar... Sun está linda, fique à altura dela.

– Eu sou lindo de qualquer jeito. - Ele saiu rindo, convencido? Imagina. Eu comecei rir.

– O que quer me dar tia? - Nós entramos em seu quarto e eu sentei-me em sua cama. Então ela abriu o guarda roupa e veio de lá com uma caixa de madeira. Fiquei olhando tentando adivinhar o que seria então ela sentou-se ao meu lado.

– Eu sei que seu aniversário é semana que vem... Essa caixa eu ganhei da mãe do Des quando fiz 18 anos. - Arregalei meus olhos e fiquei admirando a caixa de música.– Sabe querida, desde que você apareceu na nossa vida. Eu quero dizer... Na vida do Harold, ele mudou muito. Você fez algo muito lindo com meu filho. - Aquele papo tava ficando estranho, mas não tive como não me emocionar, eu já sentia meus olhos arderem junto com um nó na garganta. – Eu sei que você tem sua vida, e ele tem a dele, mas minha intuição de mãe diz que você - Ela disse com mais convicção o "você" – é muito especial para ele. E tudo que deixa meu filho feliz, me deixa muito mais feliz ainda!

– Tia, eu não sei o que dizer. - A lágrima escorreu em meu rosto, sorri para ela segurando a caixa, e ela segurou minha mão com aquele sorriso lindo dela.

– Eu sei que a Johannah gostou muito de você, e eu também... Nós duas queremos que você esteja com nossos filhos. - Sério que ela disse isso? Onde enfiar a minha cara? No primeiro buraco que eu achar claro, eu arregalei meus olhos e abri a boca. Johannah era o nome da Senhora Tomlinson... Mãe do Louis.– E eu sei também, que nossos filhos querem você! - Mais uma vez arregalei meus olhos e abri a boca, como ela podia me dizer essas coisas? My Josh. Eu ia dizer "Não tia, é impressão, imagina, você está delirando ou algo parecido"... Claro que não teria coragem de dizer nada disso.– Está escrito nos olhos deles.

– Tia... - Eu estava me sentindo estranha, sem saber o que fazer exatamente, completamente envergonhada, sentia meu rosto corar.

– Eu sei tudo o que está acontecendo, Harold me contou! Não dizendo que era você e Louis, mas eu sabia. - Ela falava com uma delicadeza e também falava como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Eles vão estar aqui também... E os pais do Zayn, do Niall, do Liam... Então tudo o que eu quero é que você me responda uma pergunta. - Ta aquilo ficou assustador, o que ela ia me perguntar? Porque ela estava me dizendo àquelas coisas? – Você seria capaz de viajar para um país desconhecido, para encontrar o meu Harry? - Porque ela estava me perguntando isso? Será que tinha haver com o que o Haz me disse no carro? Minha mente cheia de dúvidas, mas eu tinha certeza de certas coisas.

– Eu não sei por que você me disse essas coisas Tia Anne, mas... - Minha mão estava suando frio, e eu estava meio assustada com aquele papo. – Hoje eu estou aqui, longe da minha família, dos meus amigos, em um país desconhecido... E só estou aqui agora, porque o Haz... Porque ele é muito importante pra mim... E depois de conhecer ele, eu não consigo me imaginar sem ele por perto!

– Foi o que eu imaginei. - Ela sorriu mais uma vez e me abraçou.– Eu espero que essa confusão que está sua cabeça se arrume logo. E eu torço muito para que você e Harold tenham alguma coisa. - Ela piscou para mim e saiu do quarto, eu fiquei ali sentada olhando a caixa mais confusa do que antes. Será que ela tinha razão quando disse que Harold... Ela disse que ele me quer... Será que ele gostava de mim? E todos aqueles momentos estranhos... Ouvi uma batida na porta e me virei para ela.

– Sun... - Harry entrou e se aproximou de mim sentando-se ao meu lado. – Eu queria te pedir desculpa por lá fora, e por todo esse tempo. - Ele estava com as mãos entrelaçadas olhando para elas, e eu fiquei olhando para as mãos dele também.

– Tudo bem... Todo mundo tem momentos confusos e acho que isso é normal. - Eu coloquei a caixa ao meu lado na cama, e me ajoelhei na frente do Haz procurando olhar os olhos dele. Ele começou me fitar e eu procurava algo útil para dizer, mas nada saia. Ele me puxou para cima e levantou-se, e em seguida me abraçou em silêncio. Eu apenas correspondi o seu abraço.

– Não quero te perder Sun, você é muito importante para mim. Eu... - Ele parou o abraço e olhou sério nos meus olhos.

– Você? - Perguntei meio sem jeito, as coisas que a tia Anne tinha me dito haviam mexido muito comigo, eu estava confusa e meio sem saber se era verdade, mas eu podia jurar que eu ouviria aquela três palavras.

– ACHEI VOCÊS! - Gemma empurrou a porta... Eu e Haz olhamos para ela assustados.– Então... - Ela falou sem jeito percebendo que havia algo estranho no ar.– Harry a mãe está te chamando porque os convidados estão começando chegar e ela quer falar alguma coisa pra você! E Sun, o Lou tava te procurando.

– Já vamos descer! - Harry disse para ela, e ela saiu em seguida. – Eu tinha me esquecido de falar... Mas todos os meninos e seus pais vão estar aqui. Acho melhor nós descermos e você ir falar com o Lou.

Ele sorriu e saiu do quarto, eu olhei mais uma vez para a caixa de música e fui atrás, na sala estavam o Senhor e Senhora Tomlinson conversando com os pais do Haz e perto do sofá estavam as Gêmeas Daysi e Phoebe, junto com suas irmãs Charlotte e Felicite. Olhei procurando pelo Lou, mas não o achei. Cumprimentei os pais do Louis que me mandaram parar de chamá-los de Senhor e Senhora Tomlinson e dei um oi geral para as meninas.

– Ei Charlotte, cadê sua irmã Georgia e o Louis? - Perguntei olhando para todos os cantos procurando por eles. Charlotte riu.

– A Georgia viajou com a mãe dela. - Eu havia esquecido que ela era irmã só por parte de pai do Lou. – E o Lou... -Ela riu mais uma vez, e eu senti uma mão fria esconder minha visão. Claro só podia ser Louis. Coloquei minhas mãos sobre as dele.

– Lou? - Eu disse tentando reconhecer passando minhas mãos pelos braços.

– Não... - Uma voz masculina imitando uma voz fina. Se não era o Lou quem podia ser?

– Quem é então?

– Somos quase parentes. - Ele disse normal e riu.

– Nini! - Ele me soltou e eu me virei para abraçá-lo. – Que bom que meu parceiro quase parente está aqui para bater prato comigo. - Nós rimos. Eu e Niall sempre brincávamos que éramos quase parentes porque minha mãe era Irlandesa e quando dizíamos "bater prato" não podia significar outra coisa a não ser COMER.

– Isso fica aí agarrando ela que eu fico com ciúmes. - Louis veio por trás e pegou na minha cintura. Niall ficou olhando com os olhos arregalados e começou apontar para mim e para Louis, fazendo um gesto engraçado. E começamos rir quando ele entendeu que estavamos juntos "tecnicamente".

– Isso mesmo fique aí vocês dois se agarrando que eu fico com ciúmes! – Harry veio e agarrou Lou por trás. – Amor, vai me trocar por ela?

– Hazza, claro que não minha vida! – Lou olhou no fundo dos olhos deles, se eu não soubesse como os dois era eu podia jurar que eles iam se beijar.

– Agora quem ficou com ciúmes fui eu! – Eu disse cruzando os braços e fazendo bico.

– Calma você me tem! – Nini disse me abraçando. – Eu sei como é, Lou e Hazza... Zayn e Liam... Eu sempre sobro. – Ele fez bico. E todos começaram rir.

– Falando em Liam e Zayn... Cadê os dois? – Eu perguntei procurando por eles em algum lugar.

– Zayn foi buscar a Perrie, e o Liam provavelmente foi buscar a Danni. – Harry disse me fitando. Ele estava completamente estranho, parecia que ele queria me falar alguma coisa, e se a mãe dele tivesse razão? Mais essa ainda para confundir minha mente. – Hey Sun, vem aqui comigo, eu preciso te mostrar uma coisa.

Eu olhei para ele meio sem saber o que fazer depois eu olhei pro Lou e pro Nini, e Harry puxou minha mão então me levou pro andar de cima. Entramos em um quarto vazio, Harry puxou uma escada e abriu o forro.

– Me dá a sua mão... – Eu estendi a minha mão, e ele me ajudou subir junto com ele.

– O que é isso Harry? – Perguntei rindo meio com medo, eu sempre medrosa quando o assunto é lugares assustadores como forro, porão ou qualquer ambiente fechado e escuro.

– Calma pequena, eu tenho certeza que você vai gostar! - Ele abriu uma janela e nós olhamos por ela. E como era bela a visão do bairro todo iluminado ali de cima. – Sun, eu to ensaiando faz algum tempo para dizer isso... – Ele mexeu na nuca e bagunçou o cabelo. – Eu não posso mais agüentar isso que eu estou sentindo, eu não posso mais esconder que... Que eu te amo.– Eu senti meu coração acelerar, e minha garganta deu um nó, eu podia sentir a sua respiração completamente ofegante bem perto da minha.

– Isso é sério? - Falei quase sussurrando, a voz quase escapou de mim. Ele colocou sua mão em meu rosto, e eu coloquei minha mão sobre a dele. Ele assentiu com a cabeça e nós nos aproximamos. Seus olhos brilhavam e encaravam os meus.

– Eu te amo pequena. – Eu fechei meus olhos ao ouvir aquelas palavras e sorri segurando as lágrimas que queriam sair.

– Eu também te amo Haz..... eu... – Eu falei baixo e então ele colocou o seu dedo nos meus lábios “Shiu” ele sorriu abertamente e foi aproximando sua face da minha.

Ele puxou minha cintura juntando nossos corpos, e então senti minhas pernas bambolearem com o toque dos nossos lábios. Fui envolvia por um beijo quente e cheio de desejo, tanto da minha parte quanto da dele, ele abraçou meu corpo como se nunca mais fosse soltar, como se a qualquer momento eu fosse embora. Eu o abraçava da mesma maneira, eu não queria que aquele momento parasse, eu queria ficar ali com ele, sentindo o sabor do seu beijo, até que meu celular começou tocar. Eu olhei o número era um interurbano.

– Alô? – Francis estava com a voz trêmula e rouca, mas quando ele disse meu nome senti um calafrio percorrer o meu corpo.

– Sunny... Você precisa voltar ao Brasil. – Ele disse em um impulso quase sem ar.

– O que houve? – Senti um aperto e muito medo da resposta.

– Nosso pai Sun... – O ouvi chorar do outro lado da linha. – Ele sofreu um acidente. – Quando ouvi isso comecei chorar, não podia ser verdade. – Ele está entre a vida e a morte Sun.

Fiquei paralisada, o telefone caiu no chão, minhas mãos gelaram e eu senti meu mundo começar rodar. Harry me perguntava o que aconteceu, mas a voz simplesmente não saia, ele me olhava assustado sem saber o que fazer, tudo começou ficar escuro, eu apaguei.