Burning Up a Sun Just to Say Goodbye escrita por Bad Wolf


Capítulo 11
Definição 1923




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Ele entrou na TARDIS, esperando ter que procurar por ela. Mas ele a encontrou na sala de controle, sentada no chão, com as costas contra o console. O casaco dele ainda estava envolto em torno de seus ombros.

"Isso não deve ser muito confortável", ele observou, sem mais nada para dizer. Quando ela não respondeu, ou até mesmo olhou, ele caiu ao lado dela, esticando as pernas para frente e cruzando-as no tornozelo.

"Consertei as coisas com os Oods", ele disse em tom de conversa.

"Você tem medo de mim", ela disse, sua voz distante.

"Não", ele respondeu, firmemente.

"Eles disseram que você tem."

"E se um Ood diz deve ser verdade. É isso?"

"Doutor", ela disse, impaciente. "Esta coisa na minha cabeça... é perigosa. Eu sou perigosa."

"Nah. Você é Rose. Você é brilhante."

"Eles tinham medo de mim. Ninguém nunca teve medo de mim antes. Não realmente. E eles estavam certos, não estavam? Eu não deveria estar aqui. Não deveria ter sido capaz de salvá-lo. É muito poder. Mas eu teria feito qualquer coisa para chegar até você. Nem sequer parei para pensar sobre os universos e tudo mais. Eu sou perigosa."

"Um cânone solto", ele disse sabiamente. Quando ela não respondeu, ele suspirou. "Mais perigosa do que eu? Você viu o que eu fiz, Rose. Para o meu próprio povo. E eu eliminei os Daleks. Uma raça inteira."

Ela deu uma respiração instável. "Isso que eu fiz. Eu matei todos os Daleks. Fiz com que eles nunca existissem. Genocídio, você disso, quando você – o outro você – fez a mesma coisa."

Ele queria pegar seus ombros, fazê-la olhar para ele. Ao invés disso, ele repetiu. "Eu não tenho medo de você, Rose."

"Sim, você está."

"Não. Isso é conto de fadas demais para o meu gosto. Quem tem medo do Lobo Mau?" Ela olhou para ele então, revirando os olhos. "Sorry", ele ofereceu, apenas metade  do pedido de desculpas. Pelo menos ela estava olhando para ele agora. Oh... talvez não.

Ela olhou para suas mãos, que descansavam em seu colo. "Minha mãe estava certa. Eu não sou mais eu. Não sou mais Rose Tyler. Não sou humana..." suas últimas palavras foram ditas em um sussurro, como se ela estivesse com medo de dizê-las.

Ele mordeu sua ira irracional de Jackie Tyler e manteve sua voz leve. "Quando ela disse isso?"

"Pouco antes de... Canary Wharf."

Ele considerou o topo de sua cabeça por um momento, então enfiou a mão no bolso de seu casaco, tirou a Chave de Fenda Sônica e apontou para o rosto de Rose. "Não", ele disse, desligando-a. "Ainda humana. Apenas... atualizada." Ele fez uma careta. "Desculpe. Má escolha de palavras. Péssima. Ainda... cem por cento Rose Tyler."

Ela olhou para ele, por baixo dos cílios, um leve sorriso brincando nos lábios. "Você tem uma definição para isso na sua Chave de Fenda Sônica?"

Ele sorriu de volta para ela. "Ah, sim. Definição 1923 – verificar a presença de Rose Tyler. Definição muito importante."

"Você usa isso bastante, não?" ela riu, depois ficou séria de repente. "Você estava se escondendo de mim. No casamento de Donna."

"Yeah. Bem... não escondendo exatamente. Não é muito viril, não é? Se esconder. O que eu estava fazendo era mais como... mau humor", ele admitiu.

Ela virou para olhá-lo, surpresa por ele ter admitido algo. "Por quê?"

De repente, ele percebeu que estava tendo problemas para falar. Ela estava olhando para ele, esperando uma resposta e sua garganta parecia ter travado. Inconveniente. Ele limpou a garganta e tentou novamente. "Desde você... desde o Crucible Dalek... Eu cometi erros, Rose. Tantos erros." Suas próximas palavras saíram em um sussurro, e ele não sabia que elas estavam vindo até que ele as tinha dito. "É como se eu não pudesse parar." Ele estremeceu e passou a mão pelo cabelo.

Rose estendeu a mão e tocou no ombro dele.

~

"Você não pode decidir o que é melhor para ela! Para mim!" O Doutor vestido de azul estava andando pelo pequeno quarto, sendo observado por seu Senhor do Tempo homólogo.

"Eu posso."

"Por quê? Por que você é um Senhor do Tempo? Eu também sou!"

"Não completamente. Meio humano. Um só coração. Não é um Senhor do Tempo. Você não está pensando claramente,"

"Ela nunca vai ficar comigo. Dada a escolha que ela tem, eu não ficaria comigo. E eu sou eu."

"Você sou eu."

O Doutor humano olhou para a sua contraparte por um momento, sua mandíbula relaxou. Então disse, "Sim. Eu sou você. E eu sei o que você está pensando. Você não pode esperar que eu acredite que você vá. Não depois... eu não iria apenas-"

"Você é humano."

"Parte humano."

O Doutor encolheu os ombros. "Que seja. Eu vou embora. Eu tenho que ir. Eu a amo demais para mantê-la aqui, quando ela pode ter-", ele acenou com a mão em direção ao seu clone.

~

Rose abriu os olhos e retirou a mão do ombro dele, cambaleando para sobre seus pés e para longe dele. Seu casaco escorregando para o chão. "Você-"

Ele levantou-se, seguindo-a. Ele pegou suas duas mãos, entrelaçando seus dedos.

~

Dor. Tanta dor. Dor física. Sangue por todo o rosto. Sua face. Ele estava apontando uma arma para alguém.

"O Mestre", ele disse em sua mente. Sua memória fornecendo imagens do Mestre. Seu amigo. Seu melhor amigo. Seu melhor inimigo. Outro Senhor do Tempo. Dois meninos esperando para serem levados para ver a Cisão Temporal. Sentadas em cadeiras que eram muito pequenas para eles, rindo baixinhos até o olhar severo dos seus tutores os silenciar. Lutando. Sempre lutando contra o outro. Até que não havia mais ninguém. O Mestre, morrendo nos braços do Doutor.

O Mestre falou: "Ele é o culpado, não eu! Oh... a conexão está dentro da minha mente. Mate-me, a conexão se parte, eles vão embora." A mão do Doutor ficou tensa ao redor da arma. Ela podia sentir o metal contra sua própria pele. Errado. Tão errado. "Você jamais faria isso, seu covarde."

Então ele estava olhando para uma mulher. Observando quando ela lentamente baixou as mãos dos seus olhos e olhou para ele, uma lágrima a correr pelo seu rosto.

Fogo. Não o fogo de Gallifrey queimando, apesar de isso doer tanto. O dispositivo.

O Doutor falou, o triunfo obscuro em sua voz, que tinha estado lá muitas vezes depois. "A conexão está quebrada! Volte para Guerra do Tempo, Rassilon! Volte para o Inferno!"

"Você morrer comigo, Doutor!" o Presidente levantou a mão enluvada, apontando-a para o Doutor.

Atrás do triunfo, ela podia sentir a exaustão do Doutor. Aceitação. "Eu sei."

~

Rose abriu os olhos novamente, ainda vendo as imagens em sua mente, mas agora confusamente capaz de ver o rosto dele, na TARDIS. Menos de 72 horas após os eventos que ele jogou em sua mente. Ele estava observando-a atentamente.

"Doutor-", ela começou.

"Shh. Ainda não." Ele cortou, inundando sua mente com novas imagens.

~

"Eu estou vivo", ele levantou-se um pouco, no chão coberto de estilhaços de vidro. "eu ainda estou vivo." Ela podia sentir seu cérebro funcionando, tentando assimilar a ideia.

Então, no silêncio, quatro batidas. Wilf estava batendo no interior da cabine. Preso. É claro que ele estava. Isto era um ponto fixo no tempo. Tinha que ser. Como poderia todos já terem visto isso? Todos, menos ele.

Ele estava em pé na frente da cabine, segurando sua Chave de Fenda Sônica. Coisa inútil. Item estúpido.

"Sinto muito", Wilf disse. "Olhe, só me deixe aqui."

O Doutor sorriu então, a expressão amarga. Torcida, de alguma forma. "Ok, bem, então eu vou. Porque você tinha que entrar aí, não é? Você tinha que entrar e ficar preso, oh sim!" Ela sentiu o momento em que isso tingiu sua mente. Sentiu a raiva e a renúncia crescerem em igual força. "Porque isso é quem você é, Wilfred. Você sempre foi assim. Esperando por mim, todo esse tempo."

"Não, realmente, simplesmente me deixe. Eu sou um homem velho, Doutor. Eu já tive o meu tempo."

"Bem, exatamente, olhe pra você. Nem remotamente importante!" o Doutor se enfureceu, imaginando se a raiva seria o suficiente para deixá-lo sair da sala. Para fugir. "Mas eu... Eu poderia fazer mais! Muito mais! Mas isso é o que eu consigo. Minha recompensa. E isso não é justo!" Ele começou a soluçar, sem fôlego, já sabendo que não poderia escapar. Ele estendeu a mão e derrubou alguns papéis para fora da mesa. Furioso com sua própria incapacidade de ir embora.

A dor. A radiação, queimando-o de dentro para fora. Ele estava deitado no chão da cabine, enrolado em si mesmo. Rose podia sentir a dor como se ela estivesse atravessando através dela. Ela sentiu seus joelhos se dobrarem, como se permitindo que essa afundasse até o chão e se enrolasse também.

~

Ele parou. Ela estava em pé na TARDIS, ofegante, em meio as lágrimas que estavam escorrendo pelo seu rosto. Ela olhou para as suas mãos, percebendo que elas ainda estavam entrelaçadas com as dele, mas não parecendo estar a ponto de produzir mais nenhuma visão de pesadelo.

De repente, ela foi dando passos para trás até que estivesse pressionada contra o console. O Doutor se pressionou contra ela, soltando as mãos dela e deslizando as suas próprias pelos braços dela, até emoldurar o seu rosto. Ele estava sussurrando alguma coisa, as mesmas palavras, mais e mais. Quando ele chegou mais perto, levando a sua boca ao encontro da dela, ela ouviu.

"Sinto muito."

Em seguida, seus lábios estavam trabalhando contra os dela, sua língua traçando vários caminhos dentro de sua boca enquanto suas mãos a seguravam no lugar.


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