Tabita olha com seus olhos encharcados pelas lágrimas para Mabel, que sorri para ela com crueldade e desprezo. A jovem refém não aguenta mais escutar tantas mentiras vindo da boca de suas três sequestradoras, não aguenta mais ver Tavius, Samira e Valery passarem por várias lutas e vários perigos por conta da maldade daquelas três. Não aguenta mais sofrer todas as torturas as quais é submetida... Sente que, suas forças estão começando a deixar o seu corpo...

Mabel continua a sorrir para Tabita de forma cruel e, o olhar amedrontado e triste de sua prisioneira apenas aumenta seu fazer e satisfação em tortura-la de todas as formas possíveis.

Soraya está preparada, apenas esperando a ordem de Mabel para mostrar a Tabita a visão que a fará desejar pela morte. E, só este pensamento já faz com que a bruxa exiba um largo sorriso, plenamente satisfeita.

– Preste bem atenção no que você verá agora, mimadinha. – diz Servia, de modo cruel – E então você terá certeza de que o idiota do seu irmão não está nem aí para você, que ele finge que te ama e as patetas das suas amigas querem distancia de você e querem mais é que você morra, inútil.

– Isso... Isso é mentira...! – diz Tabita, sentindo-se sufocada pelo chicote preso em seu pescoço – Eu sei... Eu sei que isso não é verdade...!

– Não? – Mabel pergunta de forma cruel ao mesmo tempo em que gargalha de prazer. – Veremos se não é, mimadinha. Soraya, pode mostrar.

Soraya começa a murmurar palavras em um idioma desconhecido, e seus olhos começam a mudar de cor, assumindo uma coloração roxa. E, através desta invocação, Soraya faz aparecer imagens de um local que Tabita conhece muito bem. A jovem refém vê a lua cheia iluminando o céu estrelado e reconhece de imediato os grandes muros do casarão deixado para ela e Tavius por seu falecido pai. Ela não consegue entender porque aquelas três mulheres lhe mostram imagens de sua casa enquanto continuam sorrindo para ela de forma assustadora.

Rapidamente a projeção muda e Tabita começa a ver imagens de dentro de sua casa, a grande sala mobiliada com móveis elegantes e chamas vindo da lareira que ela sabia que aqueciam todo o ambiente. Ela simplesmente não conseguia entender porque aquelas três estavam lhe mostrando aquelas imagens.

E o que ela vê a seguir faz sua visão congelar e seu coração querer parar de bater em seu peito.

***

Tavius e Valery estão esperando Samira chegar com o jantar, se aquecendo ao redor da fogueira, quando veem a arqueira chegando com duas lebres mortas e sorrindo.

– Espero não ter demorado. – diz a arqueira, de bom humor.

– Nem um pouco. – responde Valery.

– Só estava preocupado de você se afastar demais e ser atacada. – diz Tavius – Não sabemos quando aquelas três malditas irão atacar novamente.

– Tavius, eu já disse que aprendi minha lição. – diz Samira, sorrindo – Não vou me afastar de vocês e sair sozinha e desarmada por aí. Uma vez foi mais do que suficiente.

– Acho que nós três já aprendemos a nossa lição. – diz Valery, rindo junto com a amiga.

– Sem a menor sombra de dúvidas. – Tavius se junta às três.

Samira usa duas de suas flechas como espeto, para colocar as lebres para assar e assim eles terem o que comer, enquanto os três conversam sobre todos os perigos que já enfrentaram até aqui.

De repente, Tavius sente algo em seu coração e tem certeza de que é Tabita. Não sabe o que acontece com ela, mas, tem certeza absoluta de que neste exato momento ela está sofrendo demais. Seu coração é tomado por uma terrível angústia e nem percebe as lágrimas que inundam seus olhos.

– Qual o problema, Tavius? – Samira pergunta ao ver as lágrimas nos olhos do amigo.

– Nenhum. – responde o espadachim. – Estou preocupado com a Tabita, só isso.

– Eu sei que está, Tavius. – diz Valery – Samira e eu também estamos. Claro que nossa preocupação não é maior que a sua, mas estamos.

– E eu continuo sendo da opinião de que não estamos longe de Tabita. – continua Samira, ainda de bom humor – Aquelas três nojentas não mandariam aquelas quimeras atrás da gente se não estivéssemos perto do esconderijo delas.

– No fundo, elas devem estar com medo de que nós consigamos chegar até elas. – diz Valery – Elas sabem que não desistiremos enquanto não resgatarmos a Tabita.

– Eu gostaria de ser tão otimista quanto vocês, meninas. – diz Tavius – Mas às vezes acho difícil. Não consigo parar de pensar na Tabita.

– Você precisa ser otimista por você e por ela. – diz Samira – Pois o fundo a Tabita nunca vai deixar de acreditar que você irá salvá-la, Tavius. Ela sempre acreditará em você.

***

Os olhos de Tabita não param de derramar amargas lágrimas ante a visão que era obrigada a ver. Em sua casa, Tavius estava abraçado a Valery e Samira, os três sorrindo alegremente... Os três com taças de vinho, bebendo... Pareciam não se preocupar com nada... Estavam felizes... Pareciam nem se lembrar de que ela existia... Pareciam ter esquecido completamente da existência dela...

Tavius era o mais feliz de todos... Estava alegre e se divertindo... E Samira e Valery se divertiam junto com ele... Nenhum deles pareciam se lembrar dela... Nenhum deles pareciam ao menos querer saber se ela estava viva ou morta... Nenhum... Nem mesmo Tavius...

Ao se dar conta disso, lágrimas de tristeza começam a banhar sem parar sua face ferida.

– Tavius... Por que...? Por que...?

Mabel, Soraya e Servia começam a gargalhar de prazer ao verem as lágrimas de dor e de desespero de Tabita. A dor estampada na face dela apenas embelezava o retrato daquela patética criatura. Porém, para aquelas três, aquilo ainda não era suficiente.

– Viu só como estávamos com a razão, mimadinha? – diz Servia, sem conseguir esconder um sorriso tétrico e perturbador – Você acreditou tanto que aqueles três viriam te salvar e olha só, parece que eles não estão nem aí para você.

– Olha só, “princesinha”. – diz Mabel com um sorriso irônico – Se seu irmão e suas amigas gostassem de você, eles não estariam na sua casa, se divertindo enquanto você está aqui com a gente.

– Eles não se importam com você. – diz Soraya – Percebe como eles se divertem e parecem nem se lembrar de que você existe? Percebe que podemos mata-la neste exato momento e nenhum deles irá se importar?

– Olha como seu irmãozinho está abraçado aquelas que se dizem suas melhores amigas. – continua Mabel – Você acha que se elas fossem suas amigas de verdade estariam tão abraçadas a seu irmão?

Tabita tenta fechar seus olhos para não ver mais aquelas cenas terríveis de Tavius se divertindo enquanto ela está sofrendo. Porém, Mabel a obriga a continuar vendo aquela cena cruel, em que Tavius parece não se importar com ela... E tudo piora ainda mais quando ela vê seu irmão beijando os rostos de Samira e Valery.

– Parem...! Parem por favor...! Eu não quero mais ver isso...!

– A verdade dói, mimadinha? – ironiza Sérvia – Tem certeza de que aquelas duas são suas amiguinhas de verdade? Tem certeza de que seu irmão te ama?

– Parem...! Eu imploro...! Me matem...! Me matem...! Mas parem de me mostrar isso...! Por favor...!

CONTINUA...