Abraços Perdidos escrita por Graziele


Capítulo 17
Mais do que sublime felicidade.


Notas iniciais do capítulo

Obg a: Marcela, camila almeida, Elle vedder, Lili Swan, LalaiStew, Pandora Bonheur, Lu Nandes, LittleDoll, Barbara Gordon, novacullen, Isa Salvatore Cullen, Marianas2, Suzana Dias, Eclipse She, Jessica Coelho, whatsername, RoCullen por comentarem *-*
Olá, lindas *o* Eu realmente estou me sentindo péssima por não estar respondendo aos reviews, mas eu não tenho tempo ): Mas eu leio todos, disso podem ter ctz! Vocês sempre me motivam cm essas as palavras :') Espero que gostem desse capítulo! Eu o achei razoável, realmente não é um dos meus preferidos, mas espero que agrade. Ultimamente, não estou com cabeça para escrever, pq o curso técnico está me consumindo, KKK.
Enfim, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/244175/chapter/17

Três meses depois...

Edward Cullen sorriu enormemente ao sair de seu carro, depois de tê-lo estacionado no meio fio do estúdio de balé de vidros fumê. Deu os já tão conhecidos dez passos até empurrar a grande porta de vidro e entrar no salão principal, que estava sendo preenchido pelas doces notas de algum compositor clássico que Edward desconhecia.

O relógio ébano que enfeitava a parede a leste marcava o passar das seis horas e, por isso, não havia mais ninguém por ali, provavelmente só a sua bailarina que, como sempre, ficava até mais tarde para poder arrumar tudo.

Ela havia conseguido o emprego de professora num estúdio de balé das redondezas e, estranhamente, não poderia estar mais realizada.

Todos os dias, as seis, ela acordava, tomava seu café da manhã light, pegava suas sapatilhas de ponta, dava um beijo de despedida em Edward e saia de casa, toda alegre e disposta, rumo ao seu trabalho, que estava ajudando-a a continuar o serviço de se reerguer.

Edward não podia deixar de se sentir extremamente fascinado pela nova mulher que florescera em Bella.

Ela estava leve, livre, solta... Sem medo de exteriorizar seus sentimentos, sem medo de enfrentar o mundo, sem medo da imperfeição... Dava risada alto, comia frango com a mão, dançava sem gostar da música que tocava, contava piadas sujas, brincava de guerra de travesseiro... Tudo o que ela não fazia antigamente, por achar que não era propício, por achar que ia contra seu “manual da perfeição”. Coisinhas simples, mas que faziam toda diferença no balanço final de sua felicidade.

“Oi, meu amor.” Ela cumprimentou alegremente, saindo da saleta destinada aos professores, segurando um casaco grosso nas mãos, com o cabelo marrom preso num coque disciplinado e o corpo esbelto adornado por um vestido de saia rodada, que caia por cima das pernas definidas embrulhadas numa meia calça perolada.

“Hey.” O médico devolveu, enlaçando-a pela cintura e plantando um beijo rápido nos lábios rosados. A bailarina corou e olhou discretamente para os lados, verificando se nenhuma das sócias do estúdio estava por perto. “Vamos?” Edward indagou divertidamente e ela acedeu, portando um sorriso arrebatador, como já lhe era usual.

Bella estava adorando ser professora naquele estúdio, como era nítido. O que a deixava mais a vontade era o fato de não haverem homens em nenhum canto daquele lugar – as donas eram duas irmãs idosas, bailarinas aposentadas, que também já tiveram seus dias de glória no passado.

O que mais lhe dava prazer era ser, por incrível que pareça, a professora pela qual as crianças mais tinham empatia. Ela não fazia o estilo “linha dura”, exatamente por saber que isso só trazia pontos negativos na vida de qualquer um; procura balancear a exigência com a compreensão, conseguindo um resultado ótimo na maioria das vezes.

“Como foi seu dia?” Bella indagou animadamente quando ambos se acomodaram dentro do carro.

“Cansativo.” Edward deu de ombros, enquanto ligava o carro. “Amanhã eu tenho folga, olha que beleza. Vai querer fazer o quê de legal?”

“Amanhã eu trabalho, amor.” Fez um beicinho contrariado. “E, também, você precisa mesmo dormir.” Riu, observando as olheiras extremamente roxas debaixo dos olhos dele. “Vamos fazer assim: amanhã você só vai descansar, não vai se preocupar com absolutamente nada. Nem em tomar banho. Não quero que você seja processado por cochilar em alguma cirurgia ou algo do tipo.”

Edward gargalhou. “Parece perfeito pra mim. Pena que você não vai poder ficar comigo.”

“Ahh, mas no domingo a gente faz algo legal. Que tal um piquenique no parque?”

Foram, então, fazendo planos animados sobre o final de semana por todo o caminho até o apartamento. Estacionaram o carro na vaga que lhe pertenciam e subiram, abraçados, até o apartamento na cobertura – que estava inteiramente transfigurado: de lugar impessoal e totalmente masculino, para um verdadeiro lar, com direito a vasos de rosas no centro da mesa da cozinha e panos de prato com desenhos de vaquinhas.

Logo quando entrou na sala de estar, Bella se jogou no sofá, gemendo de satisfação ao finalmente poder descansar seus pés doloridos; Edward deitou-se também, ajeitando-os até que a cabeça dele estivesse repousada no centro de seus seios.

“Você podia ir me buscar todos os dias.” Bella comentou despreocupadamente, mexendo nos cabelos macios e bagunçando-os ainda mais. “Tipo um motorista particular. Eu chego muito mais cedo e menos cansada do que quando venho de metrô lotado.”

“Viro seu motorista particular e sustento a casa de que jeito? Com vento?” Murmurou divertidamente contra os seios dela, gemendo de satisfação com o carinho que recebia.

“Eu te pago.” Bella bufou como se fosse óbvio. “Sou uma mulher moderna que pode sustentar a casa.”

“Está propondo que eu vire seu escravo? E os meus direitos?”

“Eu pago seus direitos todas as noites. Na nossa cama.” Sorriu sensualmente e ele levantou a cabeça para fitá-la ceticamente.

“Não vejo vantagem pra mim nisso.” Deu de ombros e voltou a se ajeitar contra os seios dela. “A menos que você resolva inovar. Algum chicote ou sei lá.”

Bella gargalhou. “Você deve estar com muito sono mesmo, já está até ficando meio incoerente.”

Edward ronronou. “Eu quero tomar um banho.” Mas não fez nenhum esforço para sair do colo de Bella.

“Levanta, então.” Bella riu, cutucando-o. “Eu também quero. A gente toma junto e economiza água, olha que legal.”

Edward sorriu sacana e, de súbito, levantou-se do sofá, pegando Bella no colo com muita destreza e jogando-a contra os ombros feito um saco de batatas. A bailarina riu, socando-o nas costas. Ele só depositou-a no chão quando ambos chegaram na porta do toalete principal, que tinha até uma banheira.

O sono de Edward pareceu ter desaparecido por completo ao passo em que beijava sua bailarina de forma impudica e passeava suas grandes mãos pelo corpo dela no mesmo compasso. Eles nem se preocuparam em deixar que a banheira se enchesse por completo, para se jogarem dentro dela, completamente nus e apaixonados.

Era meio desajeitado fazer amor dentro d’água, mas eles não ligaram para o provável afogamento, muito preocupados em apenas desfrutar do corpo do outro sem nenhum pudor.

Findado o ato e a quentura da água, Edward se recostou na beirada da banheira, trazendo Bella para o meio de suas pernas, encostando as costas dela ao seu peito.

“Agora eu estou muito acordado.” Edward gracejou e Bella riu, acarinhando-o na coxa.

Ficaram em silêncio por alguns segundos, e Edward aproveitou o momento íntimo para acariciá-la nos seios de forma deliberada, fazendo-a suspirar de contentamento. Distribuiu beijos languidos na pele exposta do pescoço fino e sussurrou amorosamente o quando a amava. Ela sorriu, mas não respondeu, e Edward perguntou-se quando é que ela se sentiria preparada para dizer em voz alta o que sentia por ele.

-

-

“Mary, pelo amor de Deus, você não sabe o significado de ‘folga’?” Edward gemeu de descontentamento ao telefone assim que o atendeu naquela tarde preguiçosa. Seus olhos estavam pesados e seu corpo com uma sensação indescritível de descanso. Ele bem sabia que poderia arrastar seu sono por mais umas quatorze horas.

“Edward, querido, eu não te ligaria se não tratasse de uma emergência.” A voz da senhora soou levemente angustiada e Edward logo se sentou na cama, coçando os olhos e lutando para ficar minimamente alerta. “O hospital está em polvorosa.”

“Por quê?” Edward lutou para não dar uma resposta mal criada à sua segunda da mãe, porque, afinal, não havia um dia em que o Presbyterian não estivesse em polvorosa; Mary não precisava acordá-lo no meio de sua soneca para dizer-lhe isso.

“Houve um engavetamento na divisa. Uma carreta perdeu o freio e colidiu com mais três carros, incluindo uma van com 10 crianças de um orfanato. Os que não faleceram estão em estado grave e a equipe do coitado do Doutor Morris não está conseguindo sozinha, então pediram para que eu o convocasse para vir ajudar. Te pagam como hora extra.”

Edward apertou a ponte do nariz e gemeu baixinho. Seus planos para sua folga não envolviam nada relacionado à ver fraturas expostas. No entanto, animou-se com a possibilidade de um pouquinho de adrenalina e de salvação de vidas, afinal, esse era seu trabalho e ele amava fazê-lo, mesmo que seus planos de passar o dia na cama, sem nem tomar banho, fossem frustrados por isso.

“Chego em uma hora.” Avisou, jogando os pés para fora da cama e tremendo ao colocá-los em contato com o piso frio.

“Obrigada, filho.” Mary disse energicamente, e logo depois desligou; Edward foi para o banheiro e regulou o chuveiro do jeito mais quente possível, quase cantarolando de animação ao sentir seus músculos relaxarem.

Vestiu-se com uma camisa polo qualquer – e, com certeza, Bella diria o quão “degolado” ele estava, por conta do colarinho todo torto – e com uma calça jeans, jogando o jaleco de qualquer jeito por cima dos ombros; lembrou-se de pegar o crachá e o celular, digitando uma mensagem para sua namorada rapidamente, avisando-a da impossibilidade de  ir buscá-la naquele dia.

Oi, meu amor.

Eu sinto muito, mas não vou poder te privar de metrôs lotados hoje. Me ligaram do hospital e me convocaram para uma emergência, então, meus planos de dormir até morrer foram substituídos pela visão de alguns ossos.

Fique bem. Eu te amo muito.

Edward.

A resposta não demorou muito a chegar, fazendo o iPhone de Edward vibrar no bolso do jaleco no momento em que abria a porta de seu carro.

Lamento pelo seu sono, amor. Mas lamento ainda mais pelos meus pés que estão doendo horrores e que ainda vão ter que suportar mais algumas horas me sustentando. Mas tudo bem, esse é o preço que se paga por ter um namorado médico lindo, rico e gostoso.

Cuide-se, e volte inteiro pra mim. Prometo fazer uma massagem sensual em você quando chegar.

Edward riu sozinho ao terminar de ler a mensagem e quase respondeu algo obsceno, mas resolveu limitar-se a guardar o celular e ligar seu carro, rumando para o Presbyterian.

-

-

Mary estava utilizando-se de um eufemismo cretino quando referiu-se a situação do hospital como “polvorosa”. O local estava, na verdade, um inferno, com amontoados de gente chorando por todos os cantos, exigindo das recepcionistas o nome dos acidentados, desmaiando e pedindo clemência ao saberem que entes queridos estavam mortos. Um verdadeiro caos.

Edward odiava toda essa confusão, por isso que quase sempre fazia de tudo para escapar dos plantões de madrugadas de sextas feiras – quando o lugar ficava ainda mais propício a esse tipo de acontecimento.

Ele não conseguia se concentrar em fazer o seu melhor na operação de algum paciente, porque sempre tinha um parente desesperado a espreita, quase torcendo seu pescoço para ter qualquer mísera notícia. E, quando os acidentes eram muito graves, ele sempre tinha que respirar fundo, reunir coragem e informar a muitas pessoas sobre mortes dolorosas.

Mas já que, naquela tarde, ele não iria conseguir escapar mesmo, abaixou a cabeça, tentando passar despercebido entre as pessoas que choravam na sala de espera, e rumou para a Emergência, tendo que desviar de inúmeros médicos apressados pelos corredores, até topar com um esbaforido Doutor Morris.

“Edward, graças a Deus!” Morris comemorou, aliviado. Morris era baixinho, com cabelos e barba grisalhos, e suas rugas denunciavam todas as vezes que não conseguira dormir, concentrado demais em livros de medicina. “Tem uma garotinha lá no pré-operatório esperando suas mãos milagrosas para colocar-lhe alguns ossos no lugar e fazer-lhe uma cirurgia na coluna.” Informou ele, atropelando as palavras apressadamente. “As enfermeiras estão cuidando dos casos menos graves e agora eu vou dar notícia aos parentes. Trabalho é o que não vai faltar hoje, meu filho.”

Morris deu dois tapinhas de condolências no ombro do mais jovem – afinal, sabia bem como era horrível ser interrompido em plena folga – e saiu em disparada pelo corredor, com o jaleco esvoaçando pela pressa.

Edward suspirou e foi em direção a sala dos médicos, tendo a informação, ao chegar lá, que a tal garotinha que o Doutor Morris havia falado era a última criança da van do orfanato que precisava de cuidados – cinco não haviam sobrevivido e outras três já não corriam riscos, sem mencionar a assistente social e o motorista, que já haviam passado por cirurgia e estavam em coma induzido. Uma tragédia total, daquelas que Edward odiava ter que lidar.

Preparou sua equipe, colocou sua máscara de cirurgia, esterilizou as mãos, pôs as luvas e rumou para a sala operatória, adotando sua postura de profissional inabalável.

-

-

Sua nuca estava doendo horrores e seus olhos verdes pesavam uma tonelada. Checou seu relógio de pulso e tomou um susto ao constatar que já se passavam das onze da noite; a cirurgia de coluna da garotinha havia durado quase cinco horas, mas ele havia conseguido refazer os pequenos ossinhos e articulações de modo que a possibilitasse andar novamente. No entanto, ela passaria por fisioterapia e viveria com o auxílio de uma cadeira de rodas até que conseguisse equilibrar-se de novo.

Mas ele havia impedido uma tetraplegia numa criancinha inocente e isso já o deixava muito mais do que satisfeito e realizado.

Os trabalhos referentes àquele engavetamento haviam perdido fôlego com o arrastar das horas e, naquela altura, todas as vítimas já haviam sido tratadas e a polícia já estava averiguando as causas de tamanho acidente.

Edward ouviu o eco dos próprios passos enquanto transitava pela Unidade de Tratamento Intensivo, checando os sinais vitais de seus pacientes. Foi sorrateiro ao empurrar a porta do quarto pertencente a garotinha que havia operado naquela tarde, e deu passos leves até a bolsa de soro, anotando em sua prancheta as melhoras dela.

Suspirou ao ver a menininha toda conectada a tubos, e cheia de escoriações pela face. Mary havia lhe informado que a van com os órfãos estavam voltando de um passeio ao Central Park e Edward não pode deixar de praguejar a imprevisibilidade da vida; certamente aquela menininha – que não devia ter mais do que cinco anos – e todos os outros haviam saído todos felizes do orfanato, sem nem imaginar que acabariam o dia em um Hospital ou, pior ainda, dentro de caixões.

Olhando o rostinho redondo de bochechas proeminentes, Edward perguntou-se qual seria o nome e a história daquela criança desamparada. O que havia acontecido com sua família para que ela acabasse num orfanato?

Ele sorriu, imaginando que sua bailarina provavelmente teria muita empatia com a menina, se chegasse a conhecê-la. Ele sabia que era por causa do filho que perdera, mas Bella adorava crianças. Ele sempre a flagrava admirando as criancinhas dos comerciais de TV com os olhos brilhando, sempre via como ela tinha uma dedicação descomunal com seus alunos e ele bem sabia que, intimamente, ela desejava ardentemente poder ter um filhinho também, alguém que ela pudesse amar e proteger, como queria ter feito no passado. Alguém para completar sua felicidade.

Doutor Cullen pegou seu celular no bolso do jaleco e se surpreendeu ao ver apenas uma mensagem ainda não lida de Bella, porque, normalmente, ela mandava umas duzentas a cada hora.

Oi, amor.

Já estou acostumada com seus plantões intermináveis e por isso, hoje, disse a mim mesma que não iria importuná-lo com mensagens a cada minuto. Só estou mandando essa para dizer-lhe que estou indo pra cama e que quero que você me acorde quando chegar, afinal, ainda lhe devo uma massagem.

Beijos, até mais.

Edward sorriu bobamente ao terminar de ler a mensagem. Ele ainda adorava constatar a cada minuto o quanto Bella mudara e o quanto ela o amava, mesmo sem dizer as palavras claramente.

“Edward, você já pode ir embora.” A voz grossa e arrastada de Morris soou no quarto, e Edward sentiu que suas pernas cansadas recebiam uma carta de alforria. “Obrigado por ser prestativo e esquecer sua folga.”

Edward sorriu. “É o meu trabalho.”

“As vidas agradecem.” Os dois traumatologistas apertaram as mãos cordialmente e Edward sentiu-se, mais uma vez, uma pessoa nobre, alguém que fazia peso no mundo. Deu uma última olhadela para a garotinha inerte na grande cama e decidiu que perder sua folga para salvar vidas, e futuros, e sonhos, realmente, valia muito a pena.

-

-

-

Edward regulou o soro que estava conectado ao bracinho da menina e suspirou. Fitou os olhos curiosos dela e sorriu, lamentando ao ver que ela desviou o olhar rapidamente.

Ela havia acordado do coma induzido há três dias, mas não havia proferido nenhuma palavra desde então. Ele sabia que isso poderia se dever ao fato dela estar traumatizada com o acidente, mas não gostava de ver seus pacientes sofrendo, ainda mais quando se tratava de uma criança.

“Eu sei o seu nome.” Edward disse vagarosamente, sentando-se na beira da cama e a encarando sorridente, tentando passar alguma confiança. “Sei que você se chama Alyssa, mas você não sabe o meu. Você gostaria de saber?” Edward bateu-se internamente, vendo como não tinha nenhum jeito com crianças, e tendo a certeza de que sua bailarina, apesar de tudo, teria muito mais tato para aquilo.

Alyssa – como ele havia descoberto ser o nome dela, por meio da assistente social sobrevivente– maneou a cabeça lentamente e colocou o polegar ente os lábios vermelhos.

“Me chamo Edward.” O médico sorriu. “E eu sei que você pode não querer ser minha amiga por causa desse jaleco branco e das agulhas, mas eu gostaria muito de ser seu amigo. Então, quando você resolver falar alguma coisa, eu vou estar aqui para ouvir, ok?”

A menina sorriu timidamente, revelando covinhas encantadoras e Edward se sentiu um pouco mais confiante.

Ele retribuiu o sorriso dela e projetou-se para depositar um cálido beijo na testa de bebê, afagando-lhe os cabelos logo depois, apenas pensando em como sua Bella amaria conhecer aquela menina.

-

-

O relógio de pulso do Doutor Cullen marcava o passar do meio dia quando ele rompeu pela porta do quarto de Alyssa, segurando o prontuário dela na mão esquerda e uma caixa de bombons na direita.

Bella provavelmente o acusaria de traição, se o visse saindo de casa com presentes que não eram pra ela, mas Edward não teria problema em dizer a ela que estava se apaixonando por uma criança de sete anos. Não do jeito que ele era apaixonado por ela, obviamente – era quase um amor de pai pra filho.

Edward estava dando muita mais atenção à pequena Alyssa do que aos seus outros pacientes, mas não pode evitar, visto que a menininha o havia conquistado com seu sorriso de covinhas e risada contagiante. Ele nunca havia tido muito contato com crianças e as vezes chegava até a pensar que não gostava delas, mas Alyssa lhe era especial de uma forma diferente; ela meio que havia despertado em si seus instintos mais fraternais e protetores.

Alyssa estava internada há quase dois meses, tratando de suas fraturas e recuperando-se de sua cirurgia na coluna e, desde então, o Doutor Edward tornara-se a sua parte preferida de estar naquele lugar.

Então, Edward não deixava nenhuma chance de ir até o quarto dela escapar. Sempre que tinha um minutinho livre,ia ver como ela estava passando, e tinha vezes até que ele conseguia desenhar alguma coisa com ela.

Ele sempre desejava que Bella também tivesse a oportunidade de compartilhar tais momentos consigo e com Alyssa, mas sabia que isso estava meio que fora do seu alcance.

“Oi, tio Edward.” Alyssa disse animadamente, seu sorriso de encantadoras covinhas iluminando toda penumbra do quarto de hospital.

“Oi, pequena.” O médico respondeu animadamente. “Eu trouxe chocolate pra você!” Os olhos da menina brilharam instantaneamente. “Mas vê se não conta nada pra ninguém, tá? Isso iria me deixar muito ferrado.”

Alyssa assentiu, estendendo as mãozinhas e ofegando de felicidade ao ter a caixa de chocolates depositada nelas. “Eu posso comer agora?” Indagou, com os olhinhos arregalados numa surpresa e expectativa imensa.

“Claro, querida.” Edward riu, sabendo que ele estaria muito ferrado se alguém descobrisse isso, principalmente levando em conta que já era quase hora do almoço.

“Eu amo chocolate! Amo de verdade verdadeira!” Deleitou-se no primeiro bombom, melecando-se toda e fazendo o traumatologista gargalhar com a fofura daquela cena.

“Faz tempo que você não come?” Indagou despreocupadamente, mas viu que Alyssa havia se empertigado um pouco.

“Só um pouquinho.” Demonstrou nas mãos. “Minha mãe não deixava eu comer muito.”

Edward sorriu tristemente, afagando os cabelos negros dela e perguntando-se o quanto ela havia sofrido nas mãos da mãe biológica. Afinal, ficara sabendo que a mulher havia perdido a guarda de Alyssa por conta de maus tratos há pouco mais de seis meses e as marcas com as quais o médico havia se deparado durante a cirurgia e os tratamentos apenas reafirmavam o sofrimento.

Talvez ser órfão fosse realmente uma coisa terrível, mas Edward tinha sérias dúvidas se até isso não seria melhor do que ter certas pessoas como pais.

“Mary vai vir te ajudar a tomar um banhozinho daqui a pouco, certo?” Alyssa assentiu, com as bochechas gorduchas completamente sujas de chocolate. “Mas você tem que tirar esse chocolate desse rosto, criatura!” Edward riu.

Alyssa soltou uma gargalhada alta e tipicamente infantil, daquele jeito tão gostoso e espontâneo que contagia qualquer pessoa que tenha um mínimo de coração.

Ele esquadrinhou em quanto ela se esbaldava no chocolate e percebeu o quão maravilhoso seria se ele pudesse levá-la pra casa e protegê-la de tudo para sempre. Estranhou esse instinto paternal se aflorando de maneira tão forte, mas não o recriminou. Lembrou-se sua bailarina e de como ela também sempre desejou ser mãe, ter uma criatura a quem amar e proteger, de um jeito que ela não havia conseguido fazer no passado.

Então, Edward Cullen ponderou se Alyssa não seria a pecinha que faltava para que a felicidade e recuperação de sua bailarina fosse completada e plena. Ponderou se a pequena garotinha que tinha até a testa melada de chocolate não seria um anjinho mandado por Deus, para que a vida do casal fosse finalmente perfeita e livre de qualquer falha.

-

-

“Ai, meu Deus, cadê o número dos bombeiros?” Edward disse divertidamente na tarde daquele sábado, descendo as escadas de seu apartamento e encontrando sua bailarina na frente do fogão, remexendo algo na panela.

“Bobo.” Ela ralhou, mostrando-lhe a língua. “Estou indo muito bem na tarefa de aperfeiçoar meus dotes culinários. Você vai até babar quando experimentar meu frango cozido.”

“Ah, eu aposto que sim.” Riu, vendo o notebook em cima da mesa da cozinha, aberto em um site de receitas culinárias. “Não quero que meu apartamento pegue fogo, amor. Por favor, seja cuidadosa.” Gracejou, enlaçando-a pela cintura e depositando um beijo molhando na nuca feminina; ela revirou os olhos, inconscientemente jogando seu traseiro nas partes íntimas dele e perguntando-se como seria possível se concentrar em algo daquele jeito.

“Sua mãe vai vir nos visitar no próximo fim de semana, e eu quero me exibir pra ela, senão ela vai pensar que eu estou deixando o filho dela sobreviver só de congelados e vai me odiar pra sempre.”

“Mas você faz isso.” Edward riu, a mão desavergonhada sendo perigosamente pousada na base dos pequenos seios, cobertos apenas por um sutiã de rendas rosas. A barriga desnuda não foi protelada pelas mãos ásperas, logo recebendo a atenção da outra mão, fazendo com que o corpo pequeno dela se prensasse cada vez mais a ele.

“Mas ela não precisa ficar sabendo, ora essa.” Bella riu, virando-se de frente pra ele e beijando-o doce e superficialmente nos lábios. Desvencilhou-se dele e caminhou até a mesa, deixando uma bandeja lá e arrumando os talheres de forma linear.

Edward gemeu com a visão do traseiro dela levemente empinado, coberto apenas por um short cretino de tão curto. Ele a prensou novamente contra seu corpo, adorando ouvir o grunhido excitado dela ao sentir sua dolorida ereção roçando-a libidinosamente por trás.

“Você é um tarado. Transamos loucamente toda a madrugada e você ainda não se cansou?” Ela perguntou de forma divertida e provocadora, adorando sentir suas pernas bambas ante aquele contato tão incendiário.

“Claro que sim, por isso que levantei quase na hora do almoço.” Respondeu bem rente ao ouvido dela, vendo-a arrepiar-se e sentindo seu ego sendo massageado. “Mas eu nunca cansaria de te ter nua sobre mim, amor.”

“Vamos almoçar, depois eu penso se vou realizar seus desejos.” Riu, beijando-lhe ardorosamente no pescoço e sorrindo vitoriosa ao ver que provocava a mesma excitação nele.

Edward estremeceu. “Antes eu preciso falar com você.”

Ela o fitou com confusão no olhar, as mãos delicadas espalmadas sobre os ombros largos. “Sobre o quê?”

“Sobre algo verdadeiramente sério.” Respondeu-lhe gravemente.

Ela assentiu levemente. “Ok... Vamos sentar?”

Ele assentiu e puxou a cadeira pra ela, sentando-se na outra; segurou-lhe as mãos brancas e fixou seus olhos esmeraldinos nos dela, deixando que o clima sexual e divertido fosse transformado num clima de expectativa quase palpável.

“Bella, eu sei o quanto você sofreu quando perdeu seu filhinho...”

“Ah, não, Edward, por favor... Isso de novo não...” Ela praticamente suplicou; aquele assunto trazia-lhe angústia irreparáveis e ela não queria de forma alguma que seus fantasmas voltassem a assombrar-lhe em sua vida tão perfeita.

“Deixe-me terminar, por favor,” ele piscou, penetrando-a com o olhar, impetrante. “Eu sei que você viu naquela criança a chance de amar alguém sem reservas e ter tudo de volta, sem ter que dar nada em troca... E que perder tudo isso foi muito difícil...”

“Mas você me fez viver de novo, Edward.” Ela garantiu baixinho, abraçando-o quase que sufocadoramente pelo pescoço. “Tudo o que me importa agora é você e a felicidade que eu estou tendo vivendo aqui com você.”

“Você sabe que eu também me sinto assim.” Ele sorriu tortamente e passou seus lábios docemente pelas clavículas dela, pousando sua cabeça ali por alguns momentos. “Eu te amo muito, de uma forma tão louca que chega até a doer, mas eu sei que a nossa felicidade pode ficar mais completa ainda, se tivermos mais alguém com quem compartilhá-la.”

Bella o olhou de forma duvidosa e Edward encetou uma explicação sobre Alyssa, a criança mais adorável que ele já conhecera. Contou a sua bailarina como ela fora parar no hospital, e como ele desenvolvera um laço afetivo muito forte com a menina; contara que ela havia sofrido muito com a família biológica e que ela precisava de alguém que a salvasse também, e, por fim, contou a ideia que tivera: dos dois adotarem Alyssa.

Ao final, Bella o olhava com admiração, extasiada pela ideia que lhe trazia um cotentamento indescritível. Seus olhos castanhos se encheram de lágrimas ante a possibilidade de poder ter um filhinho a quem protegeria e amaria sem nenhuma reserva, como deveria ter feito no passado.

Ofegando de felicidade, Bella jogou-se no pescoço de Edward, distribuindo beijos cálidos por todo rosto de Adônis, ao passo que ele ria, totalmente satisfeito com a reação dela.

“Eu quero, Edward!” Ela disse em meio aos beijos e as lágrimas. “Eu quero mais do que tudo! Oh, Deus, eu não poderia estar mais feliz! Eu prometo que serei a melhor mãe do mundo pra ela!”

“É claro que você será.” Ele repetiu sorrindo enormemente, beijando-a nos lábios e apertando-a mais contra si. “Você é a melhor em tudo o que você faz, meu amor.”

Bella sorriu, limpando as lágrimas com as costas da mão e sorrindo bobamente ao imaginar uma criancinha correndo pela casa, pedindo-lhe que lhe contasse historinhas de ninar e chamando-a de mamãe. Imaginou Edward ajudando-a a arrumá-la para o primeiro dia da escola e levando-a até a porta do colégio. Imaginou o apartamento com incontáveis brinquedos a cada canto, com livros de colorir pelo tapete e chupetas na pia. Prometeu que faria de tudo para torná-la a melhor pessoa do mundo, que a ensinaria que a perfeição era encontrada nas coisas mais simples e que a felicidade não poderia ser resumida em outra palavra que não fosse amor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eaí, pessoal, gostaram? *-* Deixem-me saber, certo? ^^ Acredito que a Bella não estaria realmente totalmente feliz sem poder realizar o sonho de ser mãe.
Mas enfim, meninas, esse é o penúltimo capítulo sobre nossa bailarina perturbada e nosso medico bonitão ): Mas quem leu minha outra história sabe que, lá, eu fiz uma promoção básica para quem recomendasse e aqui eu vou repeti-la rs. Quem me presentear com uma recomendação (quem achar que fic realmente merece, claro) receberá, assim que o último capítulo for postado, três cenas bônus! *-* Serão cenas sem influência no enredo geral da fanfic, obviamente, mas são cenas bonitinhas do futuro dos personagens, ou passado, apenas servindo de recompensa para as lindas que fizerem meu dia mais colorido *u* Claro, quem já recomendou já está "cadastrada" e eu peço apenas que me enviem seu email por MP, caso estejam interessadas, para que eu envie o bônus assim que o próximo for postado :D
Bom, amore, por hoje é só :) Espero que tenham gostado e espero vê-las nos reviews e nas recomendações *-*
Beijos, e até mais :**

PS.: Juro que vou tentar por as respostas dos reviews em dia amanhã o/ rs.