Is Anybody Out There? escrita por Manu Gayoso


Capítulo 2
Hades.


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey *----*
Primeiro capítulo galera, espero, realmente espero que gostem.
Quero reviews ok? :)) xx



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Acordei rápido com o som do meu despertador. Tinha que me arrumar logo se quisesse chegar cedo naquele inferno que chamam de escola. Botei a primeira roupa que vi, e fui descendo para comer alguma coisa. Sabia que a essa hora da manhã meu pai ainda estaria dormindo, ou melhor, ele ainda estaria quase engasgando com seu próprio vômito, irônico não? Aqui em casa era assim, eu cuidava ou tentava cuidar de tudo enquanto meu pai ficava desmaiado o dia todo. Mas nem sempre foi assim sabe? Antigamente, quando minha mãe estava viva era tudo arrumado, organizado, as vezes até demais, mas eu sinto falta. Mas aconteceu o inesperado, minha mãe faleceu por causa de uma tuberculose e acabou que eu fiquei sozinha. Eu sei, ainda tenho o meu pai, mas por favor, meu pai e nada é a mesma coisa. Eu sou a que preciso trabalhar, eu sou a que preciso lavar as roupas, comprar comida, enfim, fazer tudo o que uma garota de 17 anos não deveria fazer. Só de pensar nesse cretino minhas lágrimas já ameaçam a deslizar sobre minha face. Mas logo as empurro de volta, não vale a pena, não vale a pena chorar por causa desse ser humano que uns chamam de meu pai. Olha eu aqui, tão absorta em meus pensamentos que esqueci de me apresentar, que indelicadeza a minha, me perdoem.

Meu nome é Jade, como já sabem sou uma garota de apenas 17 anos, mas que carrega nos ombros o equivalente a 30 anos. Sou uma garota normal, com meus cabelos loiros na altura do ombro, ok, confesso, são pintados. Tenho uma altura de 1,75, um pouco alta, eu sei. Meus olhos são de cor normal, ou seja, castanhos escuros quase pretos. Meu corpo é aquele que se pode chamar de violão, mas não me acho ou me jogo em cima dos garotos querendo dar para eles por causa disso. Pelo contrário, na escola não tenho muitos amigos, apenas aqueles que passo o recreio, e basicamente isso. Naquela porcaria de escola só existe gente esnobe e metida. Alguns eu posso até agüentar, mas a maioria, Deus que me perdoe. Não sou muito agradável, sempre me meto em brigas, e estou pouco me fudendo para minhas notas ou qualquer aula com algum professor com uma barriga do tamanho do globo terrestre. Sim, pode me chamar de delinqüente. Mas cara, não é como se eu fosse sair por aí matando todo mundo ou tendo uma overdose pela quantidade de drogas em meu organismo. Pelo contrário, eu gosto da minha vida. Por mais que ela não seja lá grandes coisas. Digamos que aqui em casa é assim, eu não mexo com meu pai e ele não mexe comigo, o que pra mim é magnífico.

Agora chega de papo, já me apresentei, e vocês já tem a plena noção de que vou contar a minha história. Então acho melhor eu ir para a escola, porque como eu disse anteriormente, vou acabar chegando atrasada. Peguei mina mochila, botei meu casaco e sai porta a fora. Minha escola não era tão longe da minha casa, mais ou menos uns 10 minutos andando, não tinha a necessidade de um carro. Mesmo porque eu não tenho um carro, e do jeito que as coisas estão indo, provavelmente não vou ter um nunca. Ok, vou parar de deprimir vocês com minha vida de merda. Cheguei na escola e estava infestado de gente, garotas loiras, morenas, até mesmo ruivas. Umas com vestidos, e até saltos, eca, como elas agüentam ir para a escola de salto? Algumas usavam saias que digamos cobria boa porta de seu útero, outras estavam mais normais, com calças jeans e blusas de bandas ou algo do tipo. Olhei para o lado e vi um grupo de meninos, todos riam , provavelmente de alguma piada que o mais popular do grupo fez. Eles eram do tipo de garotos que se passava alguém que eles considerassem estranho eles iriam parar de conversar, olhar diretamente para a pessoa julgada e começar a humilhar ela. E sabe quem é esse tipo de pessoa? Se disse alguém como eu, acertou.

Os garotos daqui usavam um tipo de jaqueta que identificava que estavam em algum time da escola, alguns matariam por ter uma dessas. Eu juro que não o porque. É só uma jaqueta gigante, com as cores do colégio, que no nosso do meu colégio eram vermelho e preto, ridículo. Vocês devem estar pensando que eu sou uma pessoa detestável, mas para falar a verdade se vocês estivessem no meu lugar, iriam saber o que eu passo nessa budega, é. Pelo menos os garotos usavam calça jeans e alguns bermudas, pelo menos isso, já é um começo.  Adentrei na escola me desvencilhando daquele mar de pessoas. Estávamos no meio do período, mas incrível que pareça, ou não, eu não tinha parceiro em praticamente nenhuma aula. Não que eu esteja reclamando, porque eu com certeza não estou, mas é meio broxante você entrar em uma sala e ver todos com pares e você sendo excluída no fundo da sala. Tudo bem que eu ficava com meus fones o tempo todo, mas mesmo assim. Fui para a minha primeira aula, laboratório, tinha que ser, a aula com um dos meu professores que tinha a barriga maior que o globo terrestre, é pois é.

Entrei na sala e fui recebida por olhares que diziam que eu era uma pessoa maluca, estranha e excluída. Eu já sei disso, não preciso que as pessoas fiquem me olhando para enfatizar o quanto a minha pessoa é detestável.

- Bom dia Jade, sente-se por favor.- Disse meu professor com um sorriso falso no rosto e empurrando aquela barriga nojenta dele por cima da mesa.

Logo fui me sentando na minha carteira do fundo. Já havia se passado umas meia hora da aula e continuava a mesma porcaria de sempre, o professor estava escrevendo no quadro, eu estava com meus fones recebendo alguns olhares recriminados porque estava alto demais e o resto dos alunos estavam dormindo de olhos fechados ou de olhos abertos. Estava começando a babar quando uma garota entrou na sala com tudo. Seu estilo era parecido com o meu, meio rock, meio provocante, diferente das demais meninas daqui. E seu cabelo era preto a deixando mais branca que o normal, seu nariz continha um piersing, daqueles de vaca sabe? Que fica bem no septo. Só de olhar já me dava arrepio, garanto que a coitada vai ser zuada por todos por causa disso. Um bando de hipócrita, porque é só olhar para a quantidade de pano na roupa das meninas pra perceber isso.

- Está atrasada...- O professor a repreendeu.

- Sammy, me chame de Sammy. E estou ciente do meu atrasado querido professor, mas é que eu estava muito ocupada tentando arranjar uma forma de matar sua aula, mas infelizmente não deu muito certo.- A garota falava cheio de sarcasmo. Alguém percebeu alguma semelhança aqui, ou só eu?

- Parece que seu plano não deu muito certo não é mesmo? No futuro irei me lembrar disso mocinha. Agora sente-se ao lado de Jade.- O meu professor tentava falar botando alguma moral na Sammy, mas pelo visto não adiantou, também quem vai levar a sério um professor que tem a barriga maior que um globo terrestre? Ok, estou falando muito isso.

- Você é a Jade?- Sammy perguntou olhando para mim e apontando para a cadeira ao lado da minha.

- Aham, senta aí. E seja bem vinda ao inferno.- Esqueci de comentar, sabe quando eu falo que o meu colégio é um inferno é quase literalmente, aí é a hora que você se pergunta, como assim ‘quase literalmente?’ Pois vou responder sua pergunta, o nome do meu querido colégio, é Hades. Se ligou na ironia né?

- O mundo é um inferno Jade.

- Eu que sei.

- Dá para as duas aí atrás pararem de falar por favor? Seus colegas estão tentando prestar atenção na aula.- O professor gritou.

- Ele realmente acha que os outros estão prestando atenção na aula?- Sammy perguntou tentando segurar um riso, o que eu mesma estava tentando fazer.

- Aham.- Nosso plano de tentar segurar o riso não deu muito certo, começamos a rir loucamente, não me pergunte o porque, nem foi tão engraçado assim. Mas acho que quando uma pessoa é louca e encontra outra pessoa louca, é inevitável algo assim não acontecer.

- AS DUAS, PARA A DETENÇÃO, AGORA.- Gritou o professor, vocês devem estar de saco cheio de tanto eu falar o professor isso, o professor aquilo. Mas a verdade é: Eu realmente não sei qual é o nome do professor, mas quer saber? Vou começar a chamar ele de Professor barriga. Boa né?

- Eita, acho que é nossa deixa. Vamos.- Abri a porta e fui para o corredor que agora estava deserto.

- Onde é a detenção?- Sammy perguntou fazendo careta.

- Ta de sacanagem né? Nós não vamos para a detenção.- Digo rindo da cara que ela faz.

- Claro que não, vamos fugir, óbvio.

- Garota, gostei de você.

- Idem, agora vamos antes que nos peguem.

- Beleza, mas como você pretende sair daqui?

- Fácil, vamos pular a janela.- Fui correndo pelo corredor em direção a biblioteca que tinha a janela em direção ao fundo do colégio. Sempre fiz isso, sair escondida do colégio, a maior parte do tempo eu estava em detenção mesmo. E detenção e nada é a mesma merda entupida.

- E aí Arth.- Cumprimentei Arth. Arth era um garoto de 19 anos, não era bonito, era bem feinho, com espinhas na cara, mas ele era gente boa, claro, longe de mim. Ele sempre deixa eu matar minha aulas pulando do prédio pela biblioteca. Tudo bem, não tem como esconder de vocês mesmo. Eu sempre digo pra ele que vou ajudar ele em relação a garotas mostrando alguns truques, se é que você me entende. Mas óbvio, claro que eu nunca vou fazer isso. Eu tenho um pouco de respeito próprio.

- E aquelas aulas Jade?- Perguntou sorrindo, com aquelas espinhas quase atravessando sua boca, seu nariz, seus olhos... eca, que nojo, vou sair logo daqui.

- Logo já começamos Arth. Vou sair beleza?- Ele assentiu.- Vamos Sammy, posso te chamar de Sam?

- Hmm, claro.

- Ok, S, vamos.- Abri a janela e me virei para olhar a Sam.- Se liga, eu pulo e depois você pula ok? A altura é pouca, nem dói.

- Mas...- Não deixei que ela terminasse e pulei da janela. Meus pés bateram com força na grama já seca do fundo da escola.

- Vamos Sam, anda logo.- Sam me olhou de cima com uma cara de duvida, mas pulou aterrizando de joelhos no chão.

- Isso dói sim sua vaca.

- Eu sou vaca? Se olha Sam.- Rimos.- Isso precisa de um pouco de treino mesmo, mas pode deixar que daqui a uns dois meses você já está fera nisso.

- Para onde nós vamos?- Perguntou.

- Algum lugar em mente?

- Nem.

- Sei lá, vamos fuças por aí.

Passamos o dia conversando e rindo que nem retardadas, foi legal conhecer a Sam. Ela é engraçada, gosta das mesmas coisas que eu, eu sei, isso ta parecendo meio lésbico, mas meo, sabe como é difícil arranjar alguém que preste naquele colégio? Pois é. Amém que a Sam entrou pro colégio. Trocamos nossos número de telefone e eu fui pro trabalho, alguém tinha que botar comida em casa. Trabalho em uma loja de roupas e outras coisas, a loja se chama imaginarium e sim, eu sou fanática por essa loja, é a perfeição em forma de loja. Blusas de bandas, acessórios punks, maquiagens maravilhosas, tudo o que eu sempre quis. Mas infelizmente com o meu salário não tem como comprar essas coisas maravilhosas, tenho que pagar um monte de conta e comprar comida, e acaba nunca sobrando dinheiro para desejos pessoais.

- E aí gostosa?- Esse era o Zac, meu ex namorado. Sim, eu já namorei. Ele era o tipo de garoto rockeiro e safado,  tinha o cabelo preto na altura dos ombros e seus olhos eram d um preto que eu jurava que podia enxergar minha alma, claro na época em que eu me sentia atraída por ele. Não tinha um dia que não quisesse fazer sexo comigo. Nossa relação estava indo bem, ele sabia sobre a minha história e eu sabia sobre a dele. Ele havia perdido a mãe também, mas ele ainda tinha família, só não ligava muito para isso, e várias vezes o repreendi por isso. O que eu não daria para ter minha mãe de novo aqui comigo, ou até mesmo o meu pai. Nós terminamos tem quase um ano e desde então resolvi não namorar mais ninguém, só ficar e bem, outras coisas também.

- Fala aí Zac.

- Matou aula de novo hoje é?- Perguntou com um sorriso cínico nos lábios.

- Como você sabe?

- Você sempre faz isso.- Rimos.

- Tudo bem, dessa vez você ganhou.

- Zac, Jade, ao trabalho, os dois.- Sara gritou do balcão, até aqui me enchiam a porra da paciência.

O dia de trabalho foi assim, eu vendia, conversava com Zac, Sara reclamava e voltava tudo de novo, até que meu expediente acabou e eu iria para casa. Estava no meio caminho para casa quando sinto meu celular vibrando em meu bolso.

‘’ Coe puta, vamos sair hoje?’’  Era a Sam, pra você ver como nós ficamos amigas ela já estava me chamando de puta.

‘’ E aí vaquinha, estou passando na frente do FRIENDS, me encontra aqui.’’

‘’ Blz, to indo puta. Me espera aí.’’

Entrei no bar e fui pedindo minha bebida. Não deu nem 10 minutos e Sammy já estava sentando do meu lado.

- Bitch, vamos beber.

- Vai com calma vaquinha, temos aula amanhã.

- Como se você se importasse com isso.

- Tem razão, não me importo, mas não quero acordar com uma resaca do caralho.

- Ok, você ganhou.-

Sam pediu sua bebida e ficamos conversando sobre coisas sem importância, até que deu 23:30 e Sam tinha que ir embora, também achando que era melhor ir para casa fui também. O caminho estava escuro, o clima estava frio, apertei a jaqueta em minha volta. Entrei na minha rua e me deparei com algo, algo que não poderia estar acontecendo, não mesmo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Mereço reviews? *----* nhaac