DOIS MESES DEPOIS

Eu já tinha começado a estudar, mas isso não tinha interferido muito na minha vida. O meu namoro com o Niall havia sido revelado através de algumas fotos que ele postou no twitter com legendas do tipo “coisinha fofa”, ou até mesmo “eu te amo!”. Se eu recebi hates? Sim, muitos, mas muita gente também apoiou o nosso romance. Do mesmo jeito que eu não absorvia coisas ruins, eu tentava não me emocionar muito com as boas, que se machucava de verdade com essas coisas era o Niall ele sempre ficava triste quando falavam mal de mim e etc. mas morria de rir quando uma fã ou outra twitava coisas um pouco picantes...

Acordei cedo pra ir a faculdade,( meu turno havia trocado, agora eu trabalhava de tarde na cafeteria.) nunca fora de muita socialização, então não conhecia muita gente de lá, o tempo passava devagar nesses últimos dias porque o One Direction estava em turnê e faziam alguns meses que eu não via o Niall pessoalmente, mas a gente sempre se falava por Skype ou telefone. Mas hoje era um dia especial, até porque era o dia que ele iria chegar e eu estava morrendo de saudade dos meninos.

Eu estava na aula de “história da arquitetura”, ou podemos chamar de “aula que todo mundo dorme” e no meio de alguma explicação eu sinto o meu bolso vibrar e automaticamente peço pra ir ao banheiro para poder atender o meu telefone:

“oi Tia, O que houve?” estava muito confusa, até porque uma tia minha estava me ligando do Brasil.

“Calli querida, posso te pedir para sentar?”

Eu estava no box do banheiro, o que é bem extranho, mas senti que a voz da minha tia estava um pouco diferente, talvez uma pouco triste, chorosa

“já estou sentada tia o que houve, a senhora está chorando?” minha tia era sempre muito alegre e pra cima me preocupei em ouvi-la daquele jeito

“minha filha, há momentos que nós temos que amadurecer e aprender que as nossas vidas são cheias de ganhos  e de perdas também...”

Todo aquele papo estava me consumindo e me deixando pior, mas deixei-a continuar

“... O que eu tenho para lhe falar vai mudar sua vida, mas tudo que acontece conosco está nos planos de deus.”

Ele deu uma forte respirada e continuou.

“sua mãe estava voltando de uma viajem que ela havia feito pelo trabalho de carro e na BR outro carro descontrolado se chocou com o carro dela, outros motoristas que passaram por lá chamaram a ambulância. Os primeiros socorros foram feitos, mas infelizmente minha irmã não aguentou e faleceu”

Foi como se meu chão tivesse desabado e ninguém estava por perto para me salvar da queda, meus músculos se amoleceram e eu escorreguei até sentar no chão, minha vida não fazia mais sentido. Minhas mão se encontraram com os meu olhos e largaram o celular no chão  as lágrimas caiam pelo meu rosto sem controle algum. Minha mente parou de pensar e meu corpo não tinha controle. Me levantei e sai correndo pelos corredores até chegar na sala de aula, puxei tudo que tinha na mesa e corri para o hotel.

Eu não sabia porque, mas socava tudo que via dentro da mala, não sabia o que poderia acontecer, mas só passava pela minha cabeça voltar para o Brasil e tentar descobrir onde minha mãe. Estava no meio de toda aquela confusão em minha cabeça, eu desabei e caí no chão não sabia o que sentir, meu rosto inchado e molhado, minha felicidade escoria como uma torneira ligada. Lembrei de todos momentos que passamos juntas, as brigas, as festas e que eu não tive a oportunidade de dizer eu te amo mãe muito obrigada. tentava me lembrar do olhar dela, do seu jeito, ela era um anjo que passou em minha vida e eu não soube cuidar,  dane-se intercâmbio, dane-se Inglaterra eu queria minha mãe em meus braços, para que eu pudesse dizer que a amo, mas eu não poderia, seu corpo já deveria estar frio sem vida, seu belo olhar que me acalmava nas noites de pesadelo. Tudo aquilo de fora e era enorme a minha insignificância diante daquilo.