Odeio Amar Você escrita por Narcissa


Capítulo 31
Trente et un


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez a culpa não foi minha, foi do Nyah u.u
E eu não tenho a minima ideia do que fazer com a história agora.
Boa leitura.



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A casa estava silenciosa. O piso de madeira estava completamente limpo e as cortinas estavam todas abertas. Regina deixou as coisas em cima da mesinha e andou até a cozinha, a fim de colocar sua flor em um jarro. A cozinha estava bem arejada e igualmente limpa. Assim que pôs a flor no jarro, notou um pedaço de papel sobre o balcão.

Achei que seria bom ter a casa limpa e arejada para sua volta”

O bilhete não tinha nenhuma assinatura, mas, a levar pela letra, Regina sabia bem quem era o remetente. A remetente. Muito considerável da parte dela.

Depois de um banho quente e uma taça generosa de cidra, Regina se permitiu relaxar e descansar. A sua cama estava arrumada e convidativa e ela se deixou acolher pelo calor bem regulado.

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Regina acordou com a decisão fixada em sua mente. Iria apagar qualquer resquício do que havia sobrado, tanto físicos como emocionais. Carregaria dessa horrível experiência apenas memórias, com as quais aprenderia a lidar. Depois da ligação de Emma, ela saiu apressada de casa, com destino a um lugar que nunca achou que visitaria para isso; seu cofre.

O lugar ainda carregava seu ar úmido e lúgubre, carregado de uma magia pesada e reprimida. Os diversos itens ali guardados ansiavam a serem tocados, utilizados e libertados. Mas Regina sabia bem onde estava o que procurava.

Quando abriu o pequeno baú, foi atingida por uma onda de memórias. Ali estavam alguns dos itens que havia usado para lançar a maldição e mais outros que haviam tido destino semelhante. Um frasco continha um pó dourado, facilmente confundido com pó de fada. Ao pega-lo, uma corrente de prata veio junto, entrelaçada ao vidro. Franzindo a testa Regina desenroscou a corrente para dar uma melhor olhada. Era uma corrente muito bonita que continha dois pingentes pendurados: Um cisne de prata e uma coroa de ouro. A visão dos ornamentos provocou uma “coceira” na memória de Regina, como se isso a recorresse a uma lembrança já esquecida. Fitou a corrente por alguns minutos, um pouco frustrada e inquieta. Sabia a quem aquilo pertencia e não era a ela. Entretanto não conseguia se lembrar, como se forçasse uma lembrança inexistente. A corrente lhe trazia uma sensação boa, aconchegante, mas não fornecia a fonte dessa sensação.

Sem mais demora, guardou o frasco no bolso do casaco juntamente com a corrente. Iria encontrar Emma e passar uma borracha definitiva em tudo isso.

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O sol ameaçava despontar seu brilho por detrás das nuvens, propiciando uma sensação agradável e quente. Quando o carro a deixou na fronteira, pode ver alguns carros no local, porém nenhum deles era o fusca amarelo que ela detestava. Isso a desanimou.

– Senhora Prefeita – um rapaz a recebeu com um olhar de admiração misturado com receio e um toque de medo. Era bom ver que as pessoas ainda a respeitavam.

– Vamos acabar logo com isso, não é mesmo? – perguntou seca.

– Certamente, Prefeita – respondeu uma voz atrás dele. Regina sentiu o estômago dar um looping e se odiou por se permitir ter essas sensações como uma adolescente. Emma estava linda, como sempre; colete sobre xadrez e jeans e botas. Os cabelos estavam mais loiros e mais rebeldes, o que apenas contribuía para acentuar a beleza de seu rosto.

– Emma... Você já está aqui – disse Regina visivelmente surpresa.

– Sim, quis adiantar as coisas, pois sei que você não é muito... hum, paciente com tudo isso.

A morena arqueou a sobrancelha.

– Manobra arriscada pressupor minhas ações.

Depois de um eye-sex totalmente inapropriado o rapaz que antes conversava com Regina se manifestou desconfortável.

– Se me dão licença, madames, eu preciso voltar.

Regina assentiu e o seguiu. Não quiseram fazer uma cena, mas o lugar chamava atenção por si só. Depois de descer o “barranco” segurando uma corda, Regina observou o local pela primeira vez desde o acidente.

A vegetação havia mudado junto com a estação, mas ainda era possível distinguir os locais afetados. Uma arvore de pequeno porte havia se partido e o que antes era um espaço semiaberto agora parecia uma clareira. Ela olhou para onde o carro havia parado.

– E o meu carro? – perguntou com a voz baixa.

– Eles levaram pouco tempo depois. Sinto muito, mas ele foi totalmente danificado.

Ela apenas assentiu.

Andou pelo local ligeiramente cabisbaixa. Era quase palpável a dor que havia naquele local, estava errado.

Cuidadosamente, tirou o frasco do bolso e o abriu. Se estivesse em seu reino na Floresta Encantada, certamente este já teria liberado a mágica contida em si, fervilhando de poder. Entretanto, Storybrooke não funcionava assim. Foi necessária muita concentração e também a cega expectativa que a mágica fúnebre do local fizesse sua parte. Que as lembranças ruins de dor e pesar agissem como força impulsora e como matriz energética da magia. Estava pondo toda sua fé, na esperança de que obtivesse sucesso.

– Regina, você está bem? – a voz de Emma caminhou suavemente até ela, que se manteve de costas.

– Sim, eu acho. É só um pouco estranho tudo isso. Mas é bom seguir em frente.

Emma assentiu. Pensou em algo reconfortante para dizer, mas afagar Regina era como afagar uma leoa.

Emma já se virava para sair quando notou um brilho no chão. Franziu a testa e se abaixou para pegar. Parecia um colar. Quando seus dedos tocaram o metal, ela recuou. Estava tão gelado que parecia queimar. Arriscou mais uma vez e pegou a peça, deixando os pingentes sobre a palma da mão. Observou o que parecia ser uma coroa de ouro adjacente a um cisne. Seus olhos esmeraldas seriam capazes de queimar as peças pela intensidade que as olhava. Conhecia aquilo, só não sabia como.

Regina notou o silêncio atrás dela e se virou. Emma encarava alguma coisa em sua mão. Seguindo com os olhos, viu que ela tinha na mão a corrente que encontrara mais cedo em seu cofre. De supetão, esticou o braço arrancou o cordão das mãos da outra. Ambas se encaram surpresas. Emma tinha um olhar assustado, porém confuso. Já a morena parecia ultrajada, como se o fato da xerife ter invadido sua privacidade a tivesse ofendido.

Sem dizer uma palavra, Regina pôs o cordão no bolso e passou por Emma, emanando um campo de frieza e hostilidade.

No final, Emma havia se oferecido para levar a Prefeita de volta a cidade. Sem questionamentos, foram as ultimas a sair do local. O tempo havia mudado e nuvens nebulosas ameaçavam cobrir o céu de Storybrooke.

– Você é muito inconstante, Regina – disse Emma fechando a porta da viatura e dando partida.

Regina virou a cabeça lentamente.

– Como é?

– O que? É verdade.

Com os lábios finos de indignação, a morena se limitou a ficar calada. A questão era; um lado de si sentia vontade de estrangular Emma. Como era irritante e teimosa! Mas, o outro lado – que ficava maior a cada dia – gritava uma necessidade de estar perto dela. Só precisava decidir qual lado deixaria transparecer.

Estava pensando nisso quando uma gota do tamanho de um biscoito atingiu o para brisa do carro. Seguido desta, muitas outras começaram a pipocar no teto do carro, causando um barulho estrondoso.

– Para, para o carro agora! – Regina segurou com firmeza o braço de Emma, que, alarmada, pisou no freio.

– Regina, tá louca? – Emma estava ofegante – Eu quase morri de susto!

Ambas respiraram fundo e Regina só se manifestou quando se acalmou.

– Emma, eu não consigo. A chuva... O carro. Acho que tudo isso ainda é um trauma para mim.

Emma suavizou o olhar, complacente. Entendia completamente o lado dela e tinha que admitir que tampouco gostava de dirigir nessas condições.

– Bom, nós podemos ficar aqui até a chuva passar se você quiser.

A ideia disso causou um formigamento nas mãos da morena e ela desviou o olhar para a janela. Olhando mais atentamente, reconheceu o lugar.

– Não, eu tenho uma ideia melhor.

Depois de Emma manobrar o carro para tirá-lo da estrada, ela entregou a Regina uma capa que tinha guardada. Debaixo da chuva, elas se encolheram sob a capa.

– Estamos perto – gritou a morena para sobrepor o barulho da chuva. Em dois segundos, ambas estavam encharcadas.

– Perto da onde? – perguntou Emma.

Regina assentiu decidida.

– De um lugar que gosto de ir quando quero ficar sozinha.


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Notas finais do capítulo

YEEEEEY, vocês se lembram desse lugar, não é? Se não, voltem alguns capítulos e verão que a Rainha Regina tinha um "lugar que gosta de ir quando quer ficar sozinha".
Deixo para vocês a dúvida do que acontecerá no próximo capitulo.
Beeeijos e até