Odeio Amar Você escrita por Narcissa


Capítulo 20
Vingt


Notas iniciais do capítulo

Alô alô
Estou tentando postar rápido, pq o amor aqui é grande ♥

Vocês devem ter percebido que sou meio exigente na escrita, as vezes escrevo um capítulo várias vezes até eu sentir que está... Certo. Culpe isso pela demora hahahaha
E também eu preciso me concentrar, ai vem o animal do meu irmão e liga a TV em programas como Mecanimais e Peixonautas, pus o garoto para ver TV com fones de ouvido porque ele tira todo meu foco. Culpem ele também (culpem mesmo). É que todo o processo de escrita envolve um ritual. Você respira fundo, canta um mantra em sânscrito (não) e derivados :P
Enfim, é isso. Seus reviews são incríveis, sério, eu sempre fico dando pulinhos quando os leio :D
Boa leitura.

P.s: Manteiga, sua danada, esse capítulo é para você. E PARE DE LER ESSA HISTÓRIA!



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A luz foi quase suficiente para me cegar. Meus olhos, acostumados com a escuridão, repulsaram a luz, mas não se fecharam. Mantiveram-se abertos, procurando reconhecer tudo que viam. Tudo era novo, era como nascer de novo (só que dessa vez vestida).

Com esse novo sentido a posto eu estava mais alerta, mas isso não significava que eu estava melhor. Na realidade, pouco havia mudado, eu apenas voltara a ser capaz de captar a luz, muito incômoda para ser sincera. Tentei fechar os olhos novamente, o escuro era menos incômodo, mas meus olhos não se moveram. Que beleza, nem piscar eu era capaz?

Legal.

Tentei mover os olhos, lentamente (talvez essa fosse a chave).  Alguns segundos se passaram e meu globo ocular se moveu para direita. Imperceptível, mas já era alguma coisa.

- Mãe! – Uma voz infantil, agora um pouco mais clara, adentrou meus ouvidos. – Mãe, você acordou! Você está aqui, você voltou!

Os sons chegavam a mim como vindos do fundo de um poço, ou um rádio em outra frequência. Impossibilitada de me mover para identificar o dono da voz, eu tentei pensar a quem pertencia. Pensar... Está ai um ato que eu não sabia se seria capaz de executar com destreza. Quero dizer, as memórias vieram a mim, eu não havia ido buscá-las, seria assim com meus pensamentos? Nesse momento eu fiquei apavorada. Se eu não comandava meu corpo, não era capaz então de comandar minha mente?

Pensei.

Meu cérebro lento processou a voz... Repassei o que ele havia dito

“Mãe, você acordou”.

...

Então as palavras me atingiram, sintaticamente, o semântico ainda não fora processado.

Eu era mãe?

Eu era mãe.

E esse foi o maior dos choques, dentre toda a minha jornada.

Eu tinha um filho. Oh meus deuses. Como era o rosto dele? Queria que ele se aproximasse para eu poder vê-lo.

- Emma! Oh meu Deus, Emma você está aqui!

Um timbre contralto mais afeminado se manifestou. Deuses, quem seria? Minha outra filha? Se era, quantos anos tinha?  

Tentei acalmar meus pensamentos, se fosse possível, eu provavelmente já estaria me contorcendo na cama. Contive-me em pensar novamente, desta vez conseguindo piscar. Não sabia se fora minha agitação interna ou meu corpo que possuía vontade própria, mas fiquei feliz em “normalizar” a situação.

Nesse momento, um outro corpo chegou (Corpo. Era estranho definir assim as outras pessoas. Corpo era eu, ali, inerte), meio agitado.

- Não acredito! Emma, você está aqui! Isso é impossível! Deixe-me checar você.

E esse quem era? Meu marido? Eu era casada? Tentei procurar um anel de comprometimento em meus dedos, mas lembrei-me de que estava imobilizada. Tentei sentir um aro frio em um dos dedos, mas só o que senti foi um aparelho ligado em meu indicador. Minha outra mão estava envolta em alguma coisa dura. Esta era uma das fontes da dor.

Um rosto apareceu em meu campo de visão. Um rapaz meio louro, com feições enérgicas. Deduzi que fosse o médico, uma vez que trazia um estetoscópio pendurado ao jaleco. Checou alguma coisa nos monitores e pareceu satisfeito. Então virou seus olhos vivos para mim. Encostou seu estetoscópio em meu peito nu, causando um calafrio por estar muito gelado.

Peito nu.

Não sabia se eu era capaz de corar, mas se fosse, com certeza o teria.

Ele chamou uma enfermeira e juntos eles tiraram o tubo que obstruía minha garganta.  Aliviada, deixei o ar penetrar meus pulmões.  Tão bom, até minha visão melhorou. O tubo foi substituído por um tubo menor com duas saídas de ar, que foi colocado em meu nariz. Fui atingida por uma vontade de espirrar. Isso era bom, não era? Dizia que meu corpo respondia a ações externas.

Pena que não funcionava assim com as internas.

- Emma, é o Dr. Whale. Você consegue me ouvir?

Sim, claro que conseguia. Fracamente, mas conseguia. Porém as palavras não saiam da minha boca, nem mesmo um murmuro. Imaginem o quão frustrante era isso.

- Emma, se você consegue me ouvir, pisque os olhos duas vezes.

Seria fácil, se meu corpo obedecesse. Tentei fazer força sobre meus olhos, mas era como se minhas pálpebras estivessem coladas na parte superior de meus olhos.

Ótimo.

Ele então tirou alguma coisa do bolso. Eu não era capaz de acompanhar movimentos rápidos, então só percebi o que era quando uma luz cegante atingiu meu olho esquerdo e depois o direito.

- As pupilas reagem aos estímulos de luz – Disse o médico (não era meu marido, afinal) em tom prático – O que é uma boa notícia. Os sinais estão bons, a frequência está um pouco lenta, mas com certeza irá se normalizar. A fala vai ser o processo mais difícil, assim como a escuta. Ela vai precisar de meses para se recuperar. Mas vai ficar bem.

As outras duas pessoas no quarto vibraram de alegria. Eu ia ficar bem. Certo, eu também deveria estar feliz, não era? Eu tinha um filho, uma... Filha(?) E ia ficar bem. Ia ser um processo lento, mas iria acontecer.

Mas eu não me sentia bem, me sentia incapacitada. Ficar ali, sem me mover, sem dar sinal de “vida” era pior do que estar no nada.  O que me restava era encarar o teto, com meus olhos que tinham vontade própria.

- Acho melhor a deixarmos descansar. Provavelmente, o corpo dela consumiu e está consumindo muita energia, o repouso é fundamental, logo ela vai apagar novamente. Mas vamos continuar alertas a qualquer mudança.

Eu queria gritar, pedir para eles ficarem, mas não pude. Senti suas presenças me deixarem, e eu fiquei sozinha novamente.

Tentei aproveitar isso para melhorar minhas habilidades de locomoção (que até agora eram nulas). Comecei pelos pés. Tentei mover os dedos, e não senti nada de diferente. O problema era que eu sentia cada parte do meu corpo, sabia que elas estavam ali, mas não conseguia comandá-las. Minhas pernas mantiveram-se inertes. O mesmo com todo o resto.

Aaaaaaaaah.

Foquei-me ao meu rosto. Meus olhos piscavam quando queriam, meus globos oculares se mexiam milímetros e meu nariz, se eu não o visse por minha visão periférica, diria que não estava lá. Minha boca estava entreaberta, captando alguns sabores no ar. Ótimo, pelo menos meu paladar funcionava. Minha língua era como todo o resto do meu corpo.

Tentei apurar meu sentido gustativo. Eu sentia o “gosto” de hospital, de remédio, de flores, particularmente rosas, e de...

Não consegui identificar o ultimo “gosto”. Era forte e levemente adocicado. Era muito bom e era muito conhecido. Mas meus hemisférios não discerniram, embora eu soubesse que conhecia muito bem. Forcei minha mente, tentando me lembrar, não eram flores, nem perfume.

Suspirei (ou tentei) frustrada. Nem mesmo me lembrava do rosto do meu filho. Não sabia nem se me lembrava do meu rosto... Que tipo de pessoa não se lembra de si mesma?

Queria chorar, mas não conseguia. Que droga! Que droga!

Foi quando algo quente desceu por meu rosto. Uma lágrima. Ela foi descendo lentamente até repousar em minha orelha.  Espante-me, mas senti-me melhor.

Senti-me mais humana.

Novamente, aquele gosto preencheu meus sentidos. Mais forte e mais tocante. Alguma coisa cutucava meu subconsciente, como se pedindo para ser resgatada de lá. Naquele instante, minha vida não se resumia em 2 quilos e meio e massa cinzenta e sim em minhas células receptoras nasais, que se apuravam para absorver o cheiro tão familiar.

O barulho descompassado dos monitores me desconcentrava, eram regulares, um intervalo de, aproximadamente, 1 segundo.  Espantei-me ao ter notado isso, mas meu tédio era responsável.

BIP.

 BIP.

 BIP.

Irritante.

Mas, no intervalo de 1 segundo, não se fazia o silêncio. Meus ouvidos fracos forçaram para captar o barulho de fundo. Era um barulho muito similar, se não igual.

Atentei-me.

BIP, fez o meu monitor.

Nada.

Mas eu tinha certeza de que havia ouvido algum som...

Somente na segunda bateria de “BIP’s” que eu consegui ouvir. O som que acompanhava meu monitor era outro monitor.

Foi quando percebi que eu não estava sozinha.   

A constante presença que eu sentia não pertencia ao meu filho, nem ao médico.

Pertencia a outra pessoa que estava comigo ali no quarto.

Utilizei toda força de vontade do mundo para tentar me locomover, forcei minha cabeça tanto, que meu pescoço começou a doer. O que consegui foi virá-la poucos centímetros, formando um ângulo de 80 ° em relação a cama. Ainda não era possível ver a outra pessoa, mas minha visão periférica me ajudou. Ela estava a alguns metros de distância, em um leito como o meu. Assim como eu, estava ligada a muitos aparelhos. Estava tão apagada quanto eu estava.

E meu subconsciente gritou.

Tudo se encaixou com uma velocidade nauseante. O cheiro familiar, forte e doce, agora fazia sentido. A presença que eu sempre sentia...

Por que ali, do meu lado, estava Ela. Tão inerte quanto eu, porém claramente submersa na escuridão que eu tanto conhecia. Será que estava sofrendo como eu sofri? Será que sentia a dor que eu senti? Se sentia perdida? Ou pior, se sentia morta?

Não, ela não deveria passar por tudo que passei... Ela não.

Tudo voltava para mim. Ela havia acordado minha mente.

Meu filho Henry

Storybrooke.

Mary.

O acidente.

Eu havia voltado a si.

Agora eu estava acordada de verdade.

E precisava acordar Regina.  


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi um dos mais difíceis de ser escrito, então se ficou péssimo, relevem, s'il vous plaît.
So, esse fim de semana eu tenho simulado FUVEST e se eu não passar para 2ª fase vai ser muito triste (ç.ç) e na semana seguinte eu tenho provas a semana toda e prova de proficiência em francês, então vocês não vão me "ver" semana que vem. Depois das provas eu volto a escrever e postar porque se não eu fico louca. Postarei provavelmente a noite porque eu estudo de manhã E de tarde. E estudo de fins de semana, então nas madrugas boladona eu passarei por aqui, se der.
Beeeijos e reviews!
Se you :P