Chegando a essa planície tão tão distante, ainda com sua recém nascida nos braços, Lola a poderosa, se empenhou em construir a maior torre que seu poder poderia suportar. Era uma espécie de castelo, mas apenas a torre, era alta, feita em blocos de concreto, revestida em aço por dentro, e protegida por fora com espinhos venenosos ao seu redor, ninguém podia entrar, e nem sair, pois não havia saídas, nem portas, apenas janelas para ventilar o ar, mas elas eram altas demais para que alguém saísse, entrasse, ou mesmo tentasse escalar.

A imensa torre estava escondida entre uma densa vegetação, que continha plantas venenosas, que no menor contato com a pele causava terríveis queimaduras e urticárias, alguns insetos pequenos, mas com apenas uma picada letal, e grandes plantas carnívoras e famintas.

Ninguém conseguiria atravessar o Forte de Lola, pelo menos não vivo ou em sã consciência. Lola tinha equipado com sua magia toda a torre para acomodar confortavelmente ela e sua pequena Rapunzel, ela se tele transportou para dentro da enorme construção, e sabia que se precisasse sair para buscar alimento ela usaria a magia, que a deixaria imune aos perigos que ela mesma colocou no bosque, sendo assim portas não seriam necessárias para que ela saísse ou entrasse em sua nova casa, apesar de que ela tinha uma leve desconfiança que sua mágica poderia ser limitada, mas com o tempo ela arrumaria uma maneira de contornar a situação.

Lola estava decida a lutar até seu ultimo suspiro para manter a segurança de sua filha, sendo assim ela não poderia se atrever a voltar para Heaven’s Land para buscar seu amado Lars, era muito arriscado, triste, mas arriscado. Ela teria que aprender a viver sufocando este sentimento, mesmo amando Lars com todo seu coração e sua alma, sua pequena Rapunzel era mais importante, e afinal de contas Rumplestiltskin não tinha jurado voltar para pegar Lars, e sim a menina, sendo assim ele estaria a salvo.

Com um toque de mágica Lola se virou para criar Rapunzel, e conforme a menina ia crescendo, cada dia ela ficava mais e mais semelhante a Lars, com lindos cabelos louros e olhos azuis, ela também era pálida como sua mãe e tinha seu doce e atrevido sorriso.

Com o passar dos anos, Rapunzel sempre bombardeava Lola, perguntando sobre seu pai, e Lola habilidosamente mentia que ele havia morrido lutando na Guerra Dos Ogros. Quando era questionada sobre sua magia, Lola dizia a menina que ela simplesmente nasceu com poderes mágicos, e não sabia o porque nem como ela tinha eles, Rapunzel inocentemente acreditava em tudo que sua mãe lhe dizia.

A cada dia que Rapunzel crescia, seus cabelos cresciam também, e lembravam mais e mais os de Lars, Lola não conseguia e não tinha coragem de cortá-los, pois de certa forma uma parte de Lars estava ali presente, toda vez que Lola escova os cabelos de sua filha, sentia o cheiro e a lembrança de seu amado. O cabelo da menina crescia incrivelmente rápido, sendo assim desde os cinco anos de idade eles já quase tocavam o chão.

Quando Rapunzel estava prestes a completar dezoito anos, quase todo o espaço da torre era ocupado por seus longos e sedosos cabelos loiros. Como Lola temia em usar a magia desnecessariamente para sair do castelo, quando tinha que ir colher frutas no bosque, ou matar algum animal para o jantar, ela pedia para que Rapunzel gentilmente usasse seus cabelos como uma espécie de corda, para que Lola se locomovesse para fora da torre.

Apenas Lola podia sair de dentro daquele lugar, os pés de Rapunzel jamais tinham tocado o a grama que tinha em volta do castelo, Lola jamais permitiria que sua preciosa filha saísse daquela torre, pois havia muitos perigos lá fora, Rumplestiltskin, Leônidas e Regina que Lola nem sabia quais eram suas intenções mascaradas em tamanha generosidade.

Rapunzel por sua vez, sonhava em conhecer o mundo, em tocar a grama, tomar um banho de rio, conhecer pessoas novas, poder correr sentir a terra tocando sua pele, e visitar novos lugares. Ela passava todo o seu tempo fantasiando em como seria sua vida, quando ela realmente começaria a tomar um rumo diferente, e às vezes chegava até a ficar rancorosa, toda vez que pedia a sua mãe para pelo menos ir colher frutas junto a ela, e sua resposta era sempre a mesma: NÃO.

A jovem estava começando a ficar frustrada, e se agarraria em qualquer oportunidade para escapar desta prisão. Quando Lola notava as intenções em sua filha, a aterrorizava dizendo o quanto o mundo era cruel e perverso e que ela não sobreviveria um dia lá fora.

Finalmente quando Rapunzel completou dezoito anos, fez mais uma vez a pergunta, sutilmente a sua mãe.

—Mamãe, você sabe que dia é hoje?

—Sim meu anjo, um dos dias mais... — felizes talvez não fosse à palavra mais adequada para o dia, pois foi o dia que sua mentira foi descoberta também— memoráveis de toda minha vida, seu aniversario minha flor.

—Exatamente mamãe, sabe o que eu queria, mais que tudo no mundo, de presente neste dia? Ein ein ein?

—Uma torta de cereja? Eu sei que é sua favorita, daqui a pouco irei buscar cerejas frescas para fazê-la.

—Sim, também, mais, bom... Eu poderia ir com você? Assim ganharia dois presentes, ir lá fora e colher as cerejas para minha torta, afinal eu mereço, e você sabe disso, mamãe.

—Rapunzel querida, não quero discutir de novo isso com você, meu bem. Eu já disse milhões de vezes e estou cansada de repetir, você não vai ir lá fora.

—Mas por quê? Isso não é justo! Hoje é meu aniversario de dezoito anos, e eu acho que eu tenho o direito de ir pelo menos alguns passos para fora desta torre!

—Eu realmente não estou com vontade de discutir isso com você, esta discussão está encerrada, você não vai sair lá fora, e ponto final. Não adianta ficar argumentando e inventando desculpas para isso.

—Mas, mamãe! É meu grande sonho, você não me deixa fazer nada, até parece que eu sou sua prisioneira e não sua filha.

—Entenda de uma vez por todas, você NUNCA, NUNCA irá sair desta torre! Você me entendeu? NUNCA! Jamais! Tire essa idéia da sua cabeçinha cheia de cabelo - Lola gritou, causando algumas lagrimas nos olhos de Rapunzel.

—Se um dia eu fugir, não adianta reclamar - Rapunzel sussurrou.

—O que você disse? Não fale isso nem de brincadeira! Você está louca? Se você sair daqui, coisas muito, muito ruins podem acontecer me prometa que você nunca ira fugir, tentar ou pensar em fazer isso, vamos diga! — Lola gritava em uma voz tremula e descontrolada a beira das lagrimas.

—Calma! Foi apenas uma brincadeira, eu não vou fazer isso, fique tranqüila! Quanto drama, credo. Não brinco mais.

—Eu não acho que você realmente entenda gravidade da situação! O mundo lá fora é perigoso, ele iria devorar uma garotinha como você em dois segundos! Escute o que eu digo sua mãe sempre tem razão, ela sabe o melhor para você!

—Tá bom! Eu já entendi, não sou surda!—Rapunzel bufando disse.

—Ótimo, agora me ajude a sair, irei buscar as cerejas para você, e não vou tardar a voltar. Antes do escurecer estou de volta, e farei aquela torta que você tanto ama.

Rapunzel soltou seus longos cabelos pela janela, e Lola cuidadosamente os usou com apoio para descer da torre.

Neste dia caiu uma grande tempestade, o que tardou um pouco a volta de Lola para a torre, ela teve que ficar abrigada embaixo de uma arvore por algumas horas, até que a chuva cessasse e ela pudesse retomar a torre.

—Espero que Rapunzel entenda minha demora— Lola pensou.

Com algumas horas mais tarde do que o previsto, Lola retornou até sua casa-torre.

—Rapunzel! Jogue seus cabelos! Mamãe chegou!— Lola gritou, mas Rapunzel demorou mais do que de costume para ir atendê-la e Lola estava ficando impaciente.

—Rapunzel! Ande, não tenho a noite toda! Estou molhada e cansada, venha logo, menina!

Rapunzel finalmente apareceu na janela e jogou os cabelos, Lola os escalou e quando chegou até a janela,com a ajuda de Rapunzel entrou dentro da torre.

—Menina, porque você demorou tanto para ir me ajudar?

—Mamãe, algo maravilhoso aconteceu!

—Deixe-me adivinhar, você finalmente limpou seu quarto, não, melhor ainda, limpou o meu e o seu, a casa toda?

—Não mãe, não sou sua empregada, sua boba.

—Então o que aconteceu de tão maravilhoso?

—Você não vai acreditar!

—Se você não me disser, não vou acreditar mesmo.

—Eu nem sabia que isso era possível, mas pelo visto é, mas o nosso tio veio nos visitar!

—Que tio? Você andou comendo aqueles cogumelos de novo? Eu falei pra você não mexer nisso menina.

—Ai mãe! O nosso tio Rumple veio me visitar, ele se lembrou do meu aniversario! Isso não é maravilhoso? Super legal.

—O que, você só pode estar brincando— Lola começava a sentir aquele velho sentimento de desespero batendo em sua porta, quando é interrompida por uma velha voz.

—Surpresa em me ver, dearie?

Lola olha em direção a voz, que vinha da cozinha e quando se aproxima, vê aquele que ela esperava nunca mais ver em toda sua vida: Rumplestiltskin.