Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 21
Capítulo 20 - Tiro no escuro


Notas iniciais do capítulo

FELIZ NATAAAAAAAL!! Atrasado, nós sabemos... mas, o que vale é a intensão, e é Natal todo dia, certo? Bem, acho que nenhuma desculpa será o suficiente pra vocês. Demoramos demais, e espero que possam nos perdoar lendo o capítulo 20. É um dos nossos preferidos!
E lemos TODOS os comentários do capítulo anterior, TODOSS!! Vocês são DEMAIS! Obrigada mesmo! Respondemos alguns, mas não todos porque temos que viajar daqui a pouquinhoo!! O capítulo nem foi revisado nessa pressa, mas simplesmente não queríamos deixar vocês sem esse presente de fim de ano! Quando retornarmos da viagem, responderemos TODOS os comentários restantes!
Enfim... Aproveitem o cap!



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Lyin' here with you so close to me
It's hard to fight these feelings
When it feels so hard to breathe
I'm caught up in this moment
Caught up in your smile

I've never opened up to anyone
So hard to hold back when I'm holding you in my arms
We don't need to rush this
Let's just take it slow

Just a kiss on your lips in the moonlight
Just a touch in the fire burning so bright
And I don't want to mess this thing up
I don't want to push too far
Just a shot in the dark that you just might
Be the one I've been waiting for my whole life
So baby I'm alright, with just a kiss goodnight

I know that if we give this a little time
It will only bring us closer to the love we wanna find
It's never felt so real
No, it's never felt so right

Just a kiss on your lips in the moonlight
Just a touch in the fire burning so bright
And I don't want to mess this thing up
I don't wanna push too far
Just a shot in the dark that you just might
Be the one I've been waiting for my whole life
So baby I'm alright, with just a kiss goodnight

Just a Kiss- Lady Antebellum


Minutos depois...

Quando chegara em casa, o cansaço tomava conta de seu corpo. Agora, parecia que uma onda de energia havia se instalado nele, incapacitando-o de dormir. Como o poderia, afinal?

–Eu não sei como agradecer. –Disse Harry , em frente a Viviane na soleira da porta de seu apartamento.

–E nem precisa. –Respondeu ela, sorrindo-lhe sincera. –Eu só quero saber como as coisas vão se resolver. Espero mesmo ter ajudado, Harry. Eu teria feito isso antes, mas...

Harry impediu com que ela continuasse quando a abraçou. Ela o abraçou de volta, um pouco surpresa com o gesto.

–Você foi uma das melhores pessoas que conheci esse ano, Viviane. Espero que possamos conversar mais vezes. É uma ótima amiga.

–Agradeça a ruiva. –Falou ela, divertida, soltando-se do abraço.

–Eu irei falar com você se eu conseguir algo. –Prometeu Harry.

–Bom, acho melhor você mandar uma carta. Vou estar meio longe em algumas semanas.

–Longe?

–Minhas férias estão terminando. Gales me espera para a próxima temporada. –Revelou a morena, não parecendo muito animada. –Bom, já vou indo. Já te ocupei demais por hoje e, pelo o que você disse, tem muito o que fazer.

Harry sorriu, vendo-a passar por sua porta, mas, antes que a fechasse, um pensamento correu por sua mente .

–Viviane. –Ele esperou até que ela se virasse novamente em sua direção. –John sabe que você vai voltar para Gales?

Viviane desviou o olhar, encarando o chão, parecendo pensar muito na resposta ou, imaginou Harry, em John. O loiro não havia lhe contado muita coisa, mas ele sabia que os dois eram bem mais que amigos.

Por fim, depois do que lhe pareceu minutos, ela finalmente respondeu:

–John já sabe demais.

E voltou a caminhar em direção a saída.

–XXXXX-

A semana se passou lentamente para Harry.

O espião não voltara a mandar cartas e isso o incomodava. Porém, lhe deu tempo livre para fazer o que tinha contado à Hermione. Na terça e na quarta, ele ficara mais tempo que o normal sentado em sua mesa no ministério, tentando montar o quebra cabeça com as peças que tinha em mãos, tão focado e determinado a resolver o caso que nem mesmo a ajuda de Rony e John ele aceitou quando esses a ofereceram.

–Tenho tudo sob controle. – Era o que ele respondeu, de modo que nem Rony, John ou qualquer outro no departamento dos Aurores voltou a tocar no assunto.

Quando não estava no Ministério, a mente de Harry era totalmente ocupada por Gina. A lembrança dela aceitando o seu convite fora responsável por todos os seus sorrisos na semana e, imaginar como seria o “encontro amigável” lhe embrulhava o estômago com tanta ansiedade. Toda vez que deitava-se em sua cama antes de pegar no sono, desejava que o dia seguinte fosse sexta. Mas, para ele, o tempo demorou a passar.

–Vai rolar a nossa dedicação exclusiva ao Whiskey de fogo amanhã? –Quis saber John, na quinta-feira.

–Não vai dar. –Respondeu Harry, arrumando alguns papeis em sua mesa. Era fim de tarde, quase no término de seu expediente e, milagrosamente, naquele dia, ele sairia no horário certo.

–O Potter tem um encontro com a minha irmã. –Disse Rony, encostado na mesa de Harry. John abriu um sorriso malicioso assim que Rony acabou de falar, fazendo o chefe dos aurores revirar os olhos.

–Quer dizer que você vai sair com a ruivinha!? E quando iria me contar? –Quis saber o loiro.

–Não devo satisfação da minha vida para você, John. Você já tem a sua pra se preocupar. – Falou Harry, arrumando os óculos no rosto.

–Mas é claro que deve! Quer dizer, você precisa das minhas dicas para conquistar a Gina... você sabe... ouvir a voz da experiência é sempre bom!

–Voz da experiência? Experiência em que? Pés na bunda? – Caçoou Rony, rindo.

–Experiência em boas noites de sexo, coisa que o nosso chefe ali não faz há um bom tempo. Ainda lembra como se faz, Potter? – John abriu um sorriso que deixava a mostra todos os seus dentes ao mesmo tempo que Rony virava-se com raiva para o melhor amigo.

–Sexo? Você disse que seria um encontro entre amigos!

–E é... –Falou Harry, na mais perfeita calmaria. Anos de amizade com John, já sabia como não cair nas provocações do amigo. Rony, porém...

–Não podemos descartar a possibilidade de uma amizade colorida... –Falou o loiro.

–Cala a boca, John. – Disse Harry e Rony, em uníssono.

–E Harry... –Continuou o ruivo. – Sabe que eu aprovo o seu relacionamento com a Gina. Mas, sabe-se lá o que vão fazer... só... não me conte, ok?

Harry riu e balançou a cabeça em afirmação.

–Agora eu já vou. Hermione disse que ia chegar mais cedo em casa...

–É isso aí, Rony! Enquanto uns não fazem, e outros planejam em fazer... me enche de orgulho saber que você ta na ativa! Casamento deve ter o seu lado positivo, afinal. –John deu tapinhas nas costas de Rony, recebendo uma careta como resposta.

–Não é isso. – Harry levantou-se da cadeira e deu a volta em sua mesa. – É que hoje é o dia dele cozinhar. A Hermione dividiu as tarefas domesticas. Rony procura chegar cedo em casa nos seus dias de cozinheiro porque o jantar sempre demora com ele no fogão...

–E ele sabe fazer algo comestível?

–Adora falar da vida alheia... –Resmungou Rony, dirigindo-se para a saída da sala enquanto revirava os olhos. Quando ele saiu, Harry e John ainda riram por mais alguns segundos.

–Ele tem razão... –Comentou Harry, olhando sério para o loiro em sua frente. – Você devia se preocupar mais com a própria vida.

–Além do trabalho, minha vida está em completa ordem.

–Tem certeza? –Harry viu John dar de ombros. – Até o seu caso com a Viviane?

–Até o meu ex-caso com a Pintinha. Infelizmente... – John pareceu realmente triste em falar isso.

–Ela vai voltar para Gales. –Revelou Harry.

–O que?

–Você ouviu. Mas, pra quem tá com a “vida em completa ordem”, acho que isso não faz muita diferença, não é?

John estava estático no meio da sala, sem nenhuma expressão em seu rosto que denunciasse seu estado de espírito no momento.

–É... – afirmou ele.

Mas a verdade era que o loiro já não tinha tanta certeza assim.

Harry sorriu e fez o mesmo caminho que Rony fizera minutos antes, dando tapinhas amigáveis no ombro do amigo quando passou por ele. Não sabia se era exatamente um segredo a volta de Viviane para Gales, mas, se ela lhe ajudara, por que não retribuir? Admitia sua completa incapacidade de distinguir sentimentos amorosos – esse papel era de Hermione-, e reconhecia que poderia ter feito uma grande burrada contando aquilo ao amigo, pois se nem John e Viviane sabiam explicar o que tinham, ele muito menos. Mas, quando a morena lhe visitara, viu algo nos olhos dela quando falaram de John, algo que Harry estava costumado a ver entre Molly e Arthur, entre Rony e Hermione e até mesmo na foto que tinha de seus pais. E, com os dias que passara na Toca e o olhar do amigo quando a vira no Beco Diagonal, Harry soube que, se alguém podia desarmar John – em todos os sentidos-, esse alguém é Viviane.

Depois de minutos pensando sobre, decidiu sentir-se satisfeito com o que fizera e, esperando que os amigos se resolvessem, Harry extinguiu qualquer pensamento de sua mente que não fosse relacionado a Gina. Afinal, ele reconhecia que não estava muito diferente de John no quesito ‘mulheres’, mas, com sorte, a situação mudaria.

A sexta chegou fria. Nada anormal estando na Inglaterra, pensou o chefe dos aurores. Quando chegou ao ministério naquele dia, checou a previsão do tempo no Profeta e sorriu pois, apesar da baixa temperatura, não choveria. Ele queria que fosse tudo perfeito e que pudesse desfrutar da companhia de Gina sem que tivessem que se incomodar com o clima.

Pelo resto de seu expediente, tentou se concentrar no trabalho e ignorar ao máximo as provocações de John afim de aplacar o nervosismo que por vezes o atingia.

–Você parece um idiota, Potter. –Resmungou Harry a si mesmo, quando a possibilidade de Gina odiar o lugar para onde a levaria pairou em sua mente.

Nem mesmo a rápida visita de Hermione em seu departamento para desejar-lhe boa sorte o fizera sentir-se menos ridículo e ansioso, embora o fato dela ter tentado arrancar-lhe a informação do local para onde ele levaria Gina tivesse o deixado um pouquinho irritado. Como se não soubesse que ela contaria para a amiga assim que saísse da sala dele...

Adiantou suas tarefas e nem ao menos almoçou direito para que pudesse sair mais cedo naquele dia. Queria estar longe quando Hermione e Rony chegassem. Chegou em casa, abasteceu a tigela de Almofadinhas, tomou um banho e se vestiu, consultando o relógio para ver se estava bem de tempo. Teria que passar em um lugar antes de finalmente se encontrar com a ruiva.

–Eu volto mais tarde, amigão. –Disse Harry, para Almofadinhas, ao mesmo tempo em que colocava seu casaco. –E não deixe Rony e Hermione namorarem.

O cachorro latiu em resposta, como se tivesse confirmando que iria seguir as ordens.

30 minutos mais tarde, ele já estava em frente a porta do apartamento da ruiva. Viviane abriu a porta para ele com um sorriso malicioso nos lábios e que ele tratou de ignorar educadamente.

–Oi, Harry. Pode entrar. –Disse a morena. –Eu convidaria você para o jantar, mas...

–Obrigado, Viviane. Como está? –Quis saber ele, entrando no apartamento já notando algumas diferenças feitas no local.

–Bem. –Respondeu ela, dando de ombros. Fechou a porta e caminhou até o sofá para tirar Bichento de cima de uma almofada. Ele miou aborrecido. –Ela já está vindo.

Harry assentiu.

–Desculpa por te deixar sem companhia para o jantar, hoje.

–Sem problemas, é por uma boa causa. –Respondeu ela, sorrindo divertida. –Mãos acima dos ombros e nada de ser idiota, entendeu?

–Nasci para seguir ordens, Keller. –Disse Harry, entrando na brincadeira, fazendo a morena rir.

–Ótimo. Nesse caso, divirtam-se! –Falou ela, dando uma piscadela à ele enquanto sumia em direção a cozinha junto a bichento. Ele agradeceu mentalmente por aquilo e rezou para que nenhum irmão resolvesse dar o ar da graça naquele momento, muito menos Jorge. De comentários inconvenientes, já bastavam os de John.

Não demorou muito para que Harry ouvisse o rangido por uma porta abrindo. Segundos depois, Gina apareceu, e o pouco de nervosismo bobo que sentia se extinguiu pois, ao ver o sorriso tão lindo, tão dela que ela lhe lançou, se lembrou que tudo o que já havia acontecido e de como as coisas ainda aconteciam entre eles era exatamente daquela maneira: completamente natural, como quanto aquele primeiro beijo em que trocaram, no salão comunal da Grifinória, em frente a todos da casa.

–Oi. –Disse a ruiva. A resposta dele, porém, foi:

–Você está linda.

Gina sorriu agradecida. Trajava um vestido verde musgo de manga três quartos que iam até o meio de suas coxas. O frio a obrigou a usar uma meia preta para cobrir as pernas e uma bota de cano baixo da mesma cor. Os lábios estavam marcados por um vermelho suave e os cabelos lisos e soltos, tão lindos e incrivelmente ruivos e que, pensou Harry, com certeza deveria ter um perfume maravilhoso tanto quanto ele se lembrava que tinham na época de Hogwarts.

Embora seu traje não tivesse nada demais, ela sabia que o elogio fora sincero.

–Obrigada. Espero estar de acordo com o lugar que vamos. –Disse ela, vestindo o casaco que trazia em mãos.

–Não se preocupe. Prometo que não passaremos nenhuma vergonha por você não estar de longo.

Gina riu.

–E eu posso saber o que é isso? –Indagou ela, apontando para a pequena cesta que ele carregava.

–Isso... –Disse Harry, erguendo o que carregava. - ... é o nosso jantar.

Gina levantou as sobrancelhas, a pergunta muda visível em seu semblante.

–Você vai me agradecer por isso daqui a pouco. – Explicou ele, erguendo sua mão em direção a saída. - Vamos?

Gina assentiu, pegou seu casaco e saiu com Harry ao seu lado do apartamento. O frio na barriga que tomara conta de seu corpo durante toda aquela semana pareceu se agravar, como se estivesse acabado de fazer um vôo rasante até o chão. Conformada que tal sensação não ser extinguiria até o final daquela noite, a ruiva resolveu ignorá-la enquanto desciam as escadas para saírem do prédio trouxa – ela ainda não confiava plenamente no elevador.

Deram boa noite ao porteiro e se dirigiram ao ponto mais deserto que encontraram por aquele perímetro. Ainda em silêncio, Harry ofereceu sua mão á ela para que pudessem aparatar. Ela o olhou intrigada antes de aceitar seu gesto e juntar sua mão na dele.

–Eu poderia chantageá-lo, e só aceitar aparatar com você depois que me dissesse para onde vamos. – Falou ela, dando um sorriso tão sapeca que fez Harry lembrar-se de Fred e Jorge.

–Nesse caso, agradeço por estar sendo boazinha comigo porque confesso que não pensei nessa possibilidade.

–Humm, quer dizer que você já tem tudo planejado!? Imaginou tudo dessa noite?

–Cada detalhe. –Falou ele, a olhando nos olhos.

–E está sendo um bom vidente até agora?

–Nunca fui bom em Adivinhação. – Harry suspirou. – Perdi o controle dos meus planos quando você aceitou o meu convite. Agora estou atirando no escuro e esperando contar com a sorte.

Gina riu com a sinceridade dele. Logo depois, se ajeitou ao seu lado, fechou os olhos, segurou com mais força sua mão e esperou que o puxão no umbigo viesse. Tão rápido quanto o bater de asas de um pássaro, eles aparataram. Quando ela voltou a abrir os olhos, o cenário já havia mudado.

No momento em que reconheceu os portões da entrada de Hogwarts, por onde já passara muitas vezes, Gina olhou para Harry com a boca aberta e um semblante curioso.

–Hogwarts? Droga, como isso não passou pela minha cabeça!? – Confessou a ruiva, embora a pergunta tenha soado mais para si mesma do que para ele. – Não sabia que já era permitido aparatar aqui.

–E não é. Mas, sendo quem sou, tenho alguns privilégios. –Falou ele, dando de ombros. Observou Gina largar sua mão e andar para mais perto do portão, olhando admirada para algumas velas flutuantes que se estendiam enfileiradas uma ao lado da outra durante toda a extensão do portão, e continuavam pelos muros da escola.

–Então Harry Potter usufrui do poder do sobrenome agora, hum? – Gina virou-se para ele com um olhar de deboche.

–Não costumo fazer isso. Mas foi por uma boa causa. – Ele lhe devolveu o sorriso na mesma moeda.

–Estou feliz por ter feito você quebrar as regras. –A ruiva lhe lançou uma piscadela que, se não fosse pelo som de passos vindo na direção deles, teria feito Harry agarrá-la ali mesmo.

“Encontro de amigos”. Aquilo parecia até piada vendo-os naquele momento, trocando...flertes? Harry não sabia ao certo. Gina nunca fora como as outras mulheres com quem já saíra e, embora houvesse sido poucas, ele sabia reconhecer o interesse delas consigo... Bem, ele tentava. Mas aquela ruiva... aquela ruiva tinha um jeito espontâneo e desinibido, de modo que não sabia dizer se ela estava flertando ou simplesmente sendo... ela.

–Pronta para rever um amigo? – Perguntou Harry à Gina, assim que Hagrid aproximou-se do portão.

Se não fosse por algumas rugas perto dos olhos, a ruiva diria que Hagrid estava exatamente como se lembrava: A barba negra que cobria quase todo o seu peito, os cabelos volumosos da mesma cor e as vestes que, embora não estivessem rasgadas, eram notáveis seu tempo de uso.

–Harry! Gina! –Exclamou o meio gigante, assim que abriu os portões da escola. Estendeu os braços gordos e longos na direção do casal, mas a ruiva fora mais esperta ao correr para abraçá-lo antes que Harry pudesse o fazer.

–Hagrid! Oh meu Deus, quanto tempo! – Falou Gina, no meio do aperto do abraço do amigo.

–Gininha, nem acredito que é você!

Harry riu com a visível satisfação do amigo em revê-la.

–E você, Harry. Nem lembro da última vez que veio me visitar! –Hagrid soltou Gina para dar um abraço no moreno, que o retribuiu com cuidado para não ter a sacola que carregava em uma das mãos esmagada. Aquilo certamente arruinaria parte da noite.

–Desculpe. O trabalho tem me ocupado bastante. – Respondeu ele, embora tivesse visitado o amigo no mês passado.

–Oh, entrem,entrem!! Canino vai ficar feliz em revê-los!

–E a escola, Hagrid? Os alunos tem dado muito trabalho, senhor Professor? –Perguntou Gina, sabendo que o gigante se animava com o assunto.

–Não... Os mais novos parecem ter medo das criaturas, vejam que absurdo! Mas logo vão aprender, tenho certeza!

Harry trocou um olhar cúmplice com Gina, que mordia o lábio tentando não rir. Ambos sabiam que o fato dos alunos terem medo das criaturas nas aulas do meio gigante não era nenhum absurdo.

–Eles são bonzinhos, sabem? –Continuou Hagrid, enquanto guiava os dois pelo caminho conhecido sendo iluminado pela lamparina que carregava em uma das mãos. –Os alunos. Alguns são bem agitados e dão dor de cabeça para Mcgonagall.. Mas não são como vocês, Rony e Hermione, é claro.

O trio riu diante da revelação.

–É bom que aproveitem. Em alguns anos, Teddy terá 11 anos e virá à Hogwarts. –Falou Harry, já avistando a casa do meio gigante ao longe. Na janela, podia-se ver a cabeça de Canino.

–E Victoire também! –Exclamou Gina, lembrando-se da sobrinha mais velha. –Ela e Teddy costumam brigar muito.

–Oh, tanto quanto Rony e Hermione? –Quis saber Hagrid.

–Talvez ainda não tenham chegado a esse ponto. –Respondeu Harry, que fora testemunha de muitas brigas dos amigos.

Ao chegarem em frente a cabana de Hagrid, ouviram os latidos de Canino. O meio gigante pendurou a lamparina ao lado da porta antes de abri-la.

–Ora, quieto, seu grande puxa saco! –Disse Hagrid ao cachorro, enquanto abria espaço para Harry e Gina passarem, tendo Canino pulando em suas pernas.

–Você não mudou nada, Canino. –Falou a ruiva, acariciando a cabeça do animal.

–Deixe-me pegar os pratos, Harry. Eu ia fazer um jantar, mas você disse que traria comida trouxa. Quem consegue resistir a comida dos trouxas?!

Harry colocou a cesta em cima da mesa e começou a tirar as coisas de dentro dela com a ajuda de Gina.

–O cheiro está maravilhoso. –Ponderou ela. –E obrigada por ter trazido o jantar.

Harry riu. Os dotes culinários de Hagrid não eram nada bons, afinal.

Minutos depois, os três já estavam sentados à mesa, apreciando o jantar e bem mais relaxados. Harry tirara o casaco e ajudara Gina com o dela, ficando feliz por ter tido a oportunidade de sentir o perfume floral mais de perto. Canino descansava ao lado do dono enquanto este bebia e discutia com as visitas sobre os preparativos para o casamento de Rony e Hermione e sobre o novo membro Weasley, a pequena Roxane.

Além disso, Hagrid fez questão de demonstrar a satisfação em ver Harry e Gina juntos, deixando-os um tanto sem graça.

–Vocês fazem um belo casal, sabia? Sempre soube que dariam certo, assim como Rony e Hermione. – Dissera ele um momento da noite em que Harry não conseguiu segurar o riso de vergonha enquanto Gina se preocupou tanto em não perder vê-lo sem graça que nem negou nada a Hagrid. – Vai levá-la para o baile, Harry? Já estou separando o meu melhor traje!

–Que baile? –Quis saber Gina.

–O baile do Ministério. Eles dão uma grande festa todo ano. – Explicou o meio gigante.

–Ainda não sei se vou. Os bailes do Ministério não são algo que eu espere ansiosamente. – Harry repetiu as palavras que dizia todos os anos, mesmo sabendo que eram uma completa mentira. Sempre acabava indo para os bailes porque Kingsley simplesmente exigia, ainda que indiretamente, a sua presença. E ele, sendo Chefe dos Aurores, não via outra saída se não comparecer ao evento.

Não voltaram a falar do baile pelo resto do jantar porque Gina quis saber mais sobre o dia-a-dia em Hogwarts e, embora Hagrid houvesse repetido mais de uma vez que a escola se encontrava na mais completa calmaria desde a saída do trio de ouro, a ruiva pareceu realmente interessada em saber a rotina do amigo. Não sabia que sentia tanta falta do seu tempo como uma integrante da casa da Grifinória até Hagrid relatar que a casa fora a grande campeã de Quadribol no ano anterior.

Quando Harry levantou-se e ajudou o amigo com a louça, a ruiva soube que era hora de se despedir.

–Foi uma noite muito agradável. – Disse ela meia hora mais tarde, após abraçar Hagrid e começar a andar com Harry para longe dos portões de Hogwarts.

–Porque está se despedindo? – Perguntou Harry, caminhando ao seu lado.

–Bem, imaginei que fosse me levar para casa e...

–Você está cansada? –Ele viu Gina negar com a cabeça – Ainda bem. Disse que queria lhe mostrar algo. Ainda está disposta a ver?

Ele lhe estendeu a mão novamente, dessa vez com um sorriso enviesado no rosto. Os momentos com Hagrid pareceram dissipar qualquer resquício de nervosismo em seu peito, de modo que Gina não hesitou em juntar a mão na sua.

Pela segunda vez naquela noite, eles aparataram.

Hogsmead, ao contrário de Hogwarts, havia sofrido algumas mudanças com o tempo. Do começo da rua principal onde estavam parados, Gina fora capaz de ver algumas casas das quais não se lembrava e, um pouco mais distante dali, a entrada da Gemialidades Weasley chamava a atenção, ainda que a loja fosse menor que a do Beco Diagonal.

Havia velas flutuantes enfileiradas na frente de todas as casas e lojas da rua e, estranhamente, eram as únicas fontes de luz do povoado. Ao menos, naquela noite.

–Onde está todo mundo? – Perguntou Gina, em um sussurro. Deu-se conta do silêncio atípico de Hogsmead e que ela e Harry parados ali, no meio da rua e ainda de mãos dadas, eram os únicos presentes no local. Tinha consciência que estava tarde, e que possivelmente a maioria dos moradores dali estariam dormindo. Não obstante, em nenhum momento de sua vida lembrou-se de ter visto velas flutuantes em Hogsmead, muito menos que o pequeno vilarejo era um completo breu no inicio da madrugada.

–Você sabe que dia é hoje? – Indagou Harry, começando, em passos lentos, a caminhar com Gina pela rua deserta.

– 1 de Maio.

–Ontem foi 1 de Maio. Já passamos da meia noite, então hoje é 2 de Maio. – Falou ele, a olhando. Gina, por sua vez, parecia maravilhada com a visão das velas flutuantes por toda o povoado de Hogsmead. Nem mesmo o vento frio fora capaz de apagá-las.

–Hoje é aniversário de Victoire. – Disse ela, ainda olhando para as velas.

–Sim. E... hoje faz 8 anos da Guerra. – Assim que as palavras saíram da boca de Harry, eles pararam de andar. Gina virou-se de frente para olha-lo, ainda com sua mão unida na dele. Não era algo que a incomodava. O calor que emanava daquele simples contato entre suas peles era delicioso de modo que não pensava em afastar sua mão da dele até o fim daquela noite.

–Ah... – Ela não sabia o que falar. Lembrar da Guerra lhe traziam lembranças boas e ruins ao mesmo tempo. Além disso, sabia que tal acontecido afetara Harry de uma forma mais profunda do que qualquer outra pessoa. Assim, permaneceu calada, fitando-o como se esperasse que ele quebrasse o silêncio.

–Desde a guerra –disse ele quando finalmente o fez – em todos os anos seguintes, nessa mesma data, os moradores de Hogsmeade homenageam os mortos naquela noite. Eles desligam todas as luzes, acedem velas e as deixam iluminar as ruas durante toda a madrugada.

–É lindo... –Sussurrou Gina, olhando novamente para as chamas no alto de cada vela. – Eu não sabia que eles faziam isso.

–Os alunos de Hogwarts também acendem velas. Você as viu. - Harry não olhava para nada além de Gina, notando o quanto ela ficava linda sob a luz de velas junto a seus cabelos a mercê do vento frio. – Todos os anos eu venho aqui. Rony e Hermione vieram em alguns também.

Conforme caminhavam, mais velas iam surgindo. Gina entrelaçou os dedos de sua mão com os de Harry em um gesto involuntário. Quando o auror planejara trazê-la ali, não queria que ela se lembrasse das mortes e de todas as outras coisas negativas que a guerra deixara, embora ele soubesse que era inevitável. Mas, ele não teria o feito caso não soubesse que, após o silêncio e a e escuridão –exceto pelas luzes das velas-, havia um cenário completamente diferente.

–Você está ouvindo isso? –Sussurrou Gina, olhando ao redor e fazendo Harry sorrir com o gesto. Eles já haviam se afastado consideravelmente do início do povoado.

–Vem comigo.

Harry a guiou pela mão para um beco escuro que, em outras circunstâncias, Gina não entraria.

–Harry... –Começou a ruiva, mas foi interrompida ao notar que o som estranho que ouvia começava a ficar mais forte a medida que adentravam no beco, fazendo-a perceber que tratava-se de... música?

–Eu disse que seria um encontro entre amigos, lembra? –Disse ele, parando em frente a uma porta de madeira. De trás dela, podia-se ouvir risos, passos e uma música alegre. –Todo ano, o povoado homenageia os mortos, mas eles não se esquecem do que aconteceu no fim, Gina: nós vencemos.

Gina abriu a boca, mas nenhum som saiu dela. Harry lhe lançou um sorriso enviesado que a fez querer beijá-lo ali mesmo, no entanto, não ousou levar a ideia adiante, pois ele se virou novamente para a porta e bateu duas vezes nela. Segundos depois, Aberforth Dumbledore surgia por ela.

–Potter! –Exclamou o velho, com uma garrafa de cerveja amanteigada em uma das mãos. – Estava me perguntando se você viria.

–Eu sempre venho. –Declarou Harry, apertando a mão do irmão mais novo de Alvo Dumbledore. – Aberforth, essa é Gina...

–Weasley! É claro que eu conheço Gina Weasley, Potter! Uma das melhores artilheiras das Harpyas. Acompanhei as últimas temporadas, menina. Você é muito boa!

–Oh, obrigada. –Respondeu Gina, sorrindo divertida.

–Vamos, entrem, entrem. –Aberforth conduziu o casal por dentro do seu estabelecimento, o cabeça de javali. Havia vários bruxos ali, bebendo e sorrindo. Não foi difícil constatar que aquilo se tratava de uma comemoração.

As mesas e cadeiras que normalmente se espalhavam por todo o estabelecimento, agora estavam enfileiradas uma ao lado da outra, formando uma grande mesa tal como havia em Hogwarts. Bem no meio do salão, uma roda de pessoas dançando se formava. Umas batiam palmas, observando os que se arriscavam nos paços de dança. Outros, pulavam e dançavam sem se importar se os passos pareciam fora do ritmo da música. Qualquer que fosse o problema – se houvesse mesmo algum-, ninguém parecia se importar. A alegria reinava no local.

Gina ficou maravilhada e nem ao menos se deu conta de quando começara a sorrir e a bater palmas com a música. Seus olhos brilhavam, acompanhando o balançar dos moradores de Hogsmeade ao dançarem. Seus pés queriam os seguir, mas as mãos de Harry estavam em sua cintura, a guiando de acordo com os passos do irmão de Dumbledore.

–Veja quem chegou, Rosmerta! –Gritou Aberforth, parando de frente a um balcão onde, do outro lado, a mulher de cabelos grisalhos alegremente enchia mais copos com cerveja amanteigada.

–Harry! –Falou ela, em um tom que possibilitou Harry ouvi-la mesmo com a música. Ele estendeu a mão para cumprimentá-la. – E, oh! Você é a irmã do Rony, não é?

Gina desviou o olhar da dança e fitou Rosmerta.

–Sim! Como vai, Madame Rosmerta?

–Cansada! Acho que não estou mais na flor da idade. – Suspirou ela. Separando dois copos, ela os encheu de cerveja amanteigada.

–Tenho certeza que Rony continua a achando adorável! – Falou Gina, lembrando-se da admiração do irmão pela mulher a sua frente.

–Vocês Weasleys, sempre tão educados... – Rosmerta estendeu os dois copos para Harry e Gina, que aceitaram de bom grado.

– Como andam as coisas no ministério, Potter? –Perguntou o barbudo, enquanto sentavam na grande mesa onde muitos bruxos os cumprimentaram.

Se Gina não conhecesse Harry há anos, ela talvez não teria notado que o semblante dele ficou tenso, ainda que rapidamente, diante da pergunta. Harry definitivamente não queria falar sobre trabalho, percebeu ela.

– Muito trabalho, o de sempre. –Respondeu ele, bebendo um pouco de sua cerveja amanteigada.

–E você, menina? Deixou o time, pelo o que eu li.

–Ah, sim! Deixei. Estava na hora de tentar algo novo.

Houve gritos e aplausos quando uma nova música começou. Gina sorriu, batendo palmas no ritmo da música.

–Me daria a honra, Weasley? –Perguntu Aberforth, levantando de sua cadeira oferecendo sua mão para ela, em um claro convite para dançar.

A ruiva sorriu e levantou-se, animada.

–Com todo o prazer.

Harry não sabia se ficava com raiva ou não da atitude do velho. Mas, ao ver o sorriso de Gina e seus olhos verdes brilhantes, decidiu que poderia abdicar ficar perto dela por um tempo apenas para poder observá-la de longe.

–Sou velho, Potter, mas sou mais rápido que você. –Disse Aberforth, antes de puxar uma Gina risonha para a pista de dança.

Não demorou muito para que a ruiva entrasse no ritmo da música. Batia palmas, girava, ria e dançava com outro bruxos e bruxas, enquanto Harry apenas a observava. Sentiu-se um pouco incomodado com os olhares desejosos de alguns bruxos em cima dela, mas tratou de acalmar a fera em seu peito que começara a grunhir. O lado bom de ser chefe dos aurores e herói do mundo bruxo é que, quando você tem uma garota, ninguém chega nela. E, embora Gina não fosse sua, Harry não se sentia nem um pouco incomodado em fingir como se fosse. Além do mais, seu olhar se chocava com os de Gina diversas vezes.

O sorriso, as palmas, os giros... Era como se tudo fosse para ele. Seus olhos acompanhavam cada movimento do corpo dela, o modo que ela balançava os quadris, girava a cabeça... tudo era absolutamente encantador.

Após duas músicas, as quais Gina dançou alegremente, a troca de olhares persistiu. Harry demorou mais que o normal para esvaziar sua caneca de cerveja amanteigada, porque sua atenção era toda da ruiva. O único momento que parou de admirá-la fora quando algumas crianças do povoado o abordaram, abraçando-o como se selassem aquele encontro que ocorria todo ano, naquele mesmo dia do mês de maio. Quando voltou seus olhos para Gina, ela andava em sua direção.

–Ei! –Saudou ela, um pouco ofegante e com as bochechas coradas devido a dança. Harry estendeu um copo com cerveja amanteigada para ela, que aceitou sem hesitar.

–Cansada?

–Oh, não. É que fazia algum tempo que eu não dançava... –Explicou Gina, sorrindo. Um bigode de espuma havia se formado na parte superior de seus lábios, fazendo Harry rir. –O que foi?

Ele não respondeu. Aproximou-se um pouco mais dela e, com o próprio polegar, limpou a boca da ruiva com cuidado. Gina não afastou-se ou assustou-se com o gesto, apenas ficou observando-o durante o processo. Fora breve, mas o simples toque dele em seus lábios fez o frio em sua barriga voltar e, o fato dele encará-la de uma forma tão profunda, como se não houvesse mais ninguém ao redor, fez ela ter certeza que o frio não passaria. Não enquanto houvesse espaço entre seus corpos.

–Quer caminhar um pouco? – Perguntou Harry, após minutos se encarando, apontando com a cabeça para as portas no fundo do estabelecimento. Gina sorriu mais um vez para ele antes de assentir.

O Auror pegou o copo das mãos de Gina e depositou ele ao lado do seu no balcão. Em seguida, pegou-a pela mão e a guiou para fora dali. Harry rezou para que não fossem abordados por ninguém. Estava se sentindo egoísta e sabia que tinha dito que seria um encontro entre amigos, mas a verdade era que, desde o inicio da noite, o único momento em que ficara a sós com ela foi quando aparataram. Estava na hora de terem um pouco de privacidade, certo? Seu coração acelerou em resposta.

Lá fora, a baixa temperatura os atingiu. Harry sentiu o aperto da mão de Gina na sua com o impacto do vento em sua pele, ou talvez fosse apenas seu corpo ainda quente devido a dança. Pensou em levá-la de volta para dentro, mas ela o puxou em direção contrária a rua principal do povoado. Embora fria, a temperatura era totalmente suportável.

Harry sorriu de lado e colocou a outra mão, a que não segurava a dela, no bolso, enquanto caminhavam por entre àrvores. Permaneceram em silêncio até pararem de frente a paisagem das torres de hogwarts que eram vistas dali.

–É lindo, não é? –Indagou Harry, olhando encantado para o castelo que durante 6 anos fora seu lar.

–Sim... é lindo. –Concordou Gina, antes de observar Harry ao seu lado. – Você sente falta? Sente saudade do seu tempo em Hogwarts?

–Seria estranho se eu disser que sim?

Gina riu com a careta que ele fizera ao dizer aquilo.

–Humm... Bem, considerando que durante sua estadia lá você enfrentou trasgo, basilisco, dementadores, um torneio suicida e que ainda tinha um bruxo psicopata atrás de você... é, não é nem um pouco estranho você sentir falta de Hogwarts.

–Uma vida escolar bem invejável, não é? – Ambos riram com a ironia. – Com 6 anos em Hogwarts, tenho mais história pra contar do que a maioria dos bruxos conseguem ter em uma vida.

–Você é Harry Potter! Problemas era o seu sobrenome. – Brincou Gina.

–Acho que você esqueceu do pior deles... – Falou Harry, erguendo uma das sobrancelhas.

–Oh, qual?

–O baile de inverno, no torneio tribruxo. Aquela noite foi terrível! – Gina gargalhou diante do desabafo, fazendo Harry se aquecer em seu interior. Se pudesse vê-la sorrir todos os dias, saberia o conceito de felicidade.

–Mas acho que as irmãs Patil tem adjetivos piores para definir aquela noite. – Revelou ela, com o sorriso permanente em seu rosto.

–É... pelo menos você de divertiu. – Falou ele, antes de entrelaçar seus dedos nos dela, mantendo as mãos unidas. Sentir a pele da ruiva na sua, ainda que fosse em um local pequeno, era como sentir o calor de uma lareira na noite fria. Imagiou trazê-la para o redor de seus braços... certamente seria como entrar em combustão. O frio se extinguiria.

–Neville foi uma ótima companhia. Ele pisou no meu pé muitas vezes, mas depois que eu o ensinei, foi ótimo. – Disse a ruiva, rindo com a lembrança.

–Não sabia que você dançava tão bem. –Demorou alguns segundos para ela entender que ele estava se referindo a sua dança com Aberforth.

–Procuro dar o meu melhor. Mas tudo só funciona se o seu parceiro souber conduzir bem, quer dizer, se a dança for em par, é claro.

Harry balançou a cabeça em entendimento, embora Gina duvidasse que ele realmente entendesse.

–Você sabe dançar, Harry?

Ele a olhou com as sobrancelhas levantadas.

–Isso foi cruel.

–Qual é... O que há de tão difícil? – Ela deu um passo para mais perto dele. – Vem, vou te ensinar. Neville conseguiu aprender, então você também consegue.

–Seus pés podem correr um grande perigo. – Alertou ele e, ainda que dançar o assustasse, adorou a ideia, principalmente quando ela soltou sua mão e a guiou até a própria cintura.

–Correrei esse risco, mas apenas porque sei um ótimo feitiço para dores. – Gina sorriu de lado e apoiou as duas mãos nos ombros de Harry. Meros centímetros os separavam. –Pronto?

Harry, já completamente hipnotizado pelos olhos de Gina e apreciando o fato de que finalmente ela estava entre seus braços, apenas assentiu. Quando ela começou a dar passos lentos, ele realmente se esforçou em tentar aprender, mas não durou muito. O rosto dela estava próximo demais, as respirações se misturavam, assim como olhos, que em nenhum momento desviaram um do outro. As coxas se roçavam e, aos poucos, aqueles meros centímetros viraram nada.

Gina nem notou o exato momento em que aquela dança improvisada tornou-se um abraço quente. Sentiu os braços de Harry se estreitarem entre sua cintura, de modo que seu peito juntou-se ao dele. Se algum resquício de sanidade surgiu em sua mente, dissipou-se assim que as mãos do moreno subiram por suas costas e afastaram o cabelo ruivo, deixando um lado de seu pescoço livre.

O auror não hesitou em apertá-la um pouco mais contra si e afundar seu rosto naquela curva de onde ele tinha certeza que habitava o mais delicioso perfume. Instantaneamente, sentiu-a suspirar e, logo depois, se arrepiar quando, com a ponta do nariz e dos lábios, acariciou-lhe ali.

As mãos de Gina apertaram-se nos ombros de Harry, perdendo-se na sensação maravilhosa que as carícias dele lhe proporcionavam. Não estavam muito longe da festa, a música ainda podia ser ouvida e, portanto, a ruiva sabia que qualquer um poderia pegá-los ali, compartilhando um abraço íntimo, mas não se importou, simplesmente porque nada a tiraria dali.

–Você está longe de aprender como se dança... –Sussurrou ela, sorrindo. Sua pele parecia em brasa cada vez que sentia Harry roçar os lábios em seu pescoço.

Ele afastou-se apenas o suficiente para voltar a encará-la nos olhos. Subiu uma de suas mãos para a nuca de Gina e sorriu-lhe sem mostrar os dentes.

–Vamos ver. Pode deixar que eu conduzo agora. –Disse Harry, e a beijou.

Uma coruja piou. Risadas e palmas soavam da festa esquecida. Um bruxo aparatou. Em algum desses momentos, ou no intervalo entre algum deles, Gina sentiu suas costas contra o tronco de uma árvore e a língua de Harry encontrar a sua. Céus, como sentira falta daquilo! Como sentira falta daqueles lábios, que agora pareciam saber exatamente o que fazer; do aperto leve das mãos, porém firme; do perfume que emanava de sua pele; da urgência que sentia ao ser tocada por ele. Tudo!!

Talvez fosse o momento quente que antecipara o beijo, ou talvez fosse a certeza de que não estavam fazendo nada de errado, mas, desde que se reencontraram, sentiram como se aquele fosse realmente o primeiro beijo deles. Não havia David, não havia raiva entre ambos. Havia somente paixão.

A respiração de Gina falhou quando as mãos de Harry desceram de sua cintura e pararam na curva de seu quadril, aproximando mais seus corpos. Sabia que, provavelmente, estava parecendo uma adolescente, mas era inevitável. A única coisa que queria era se fundir a ele e esquecer tudo ao seu redor, até mesmo do oxigênio.

–Velhos hábitos, hm? –Disse ela, sorrindo em meio ao beijo. Estando presa entre uma árvore e o corpo de Harry tendo Hogwarts como plano de fundo, fazia-a lembrar dos momentos que passavam nos jardins da escola quando namoraram.

–Pelo menos não temos platéia. –Falou Harry, seu nariz encostando no dela, seus lábios entreabertos e seus olhos famintos encarando-a.

As mãos de Gina estavam espalmadas em seu peito de modo que ela podia sentir o ritmo acelerado de seu coração, e Harry ficou feliz com isso. Queria que ela soubesse exatamente as reações que provocava nele. Queria que ela se desse conta de que, embora ele não conseguisse expressar através de palavras, seus batimentos cardíacos estavam a informando que era por ela que ele clamava. As batidas do coração eram muito mais esclarecedoras que qualquer outra palavra que ele viesse a dizer.

Ele depositou um beijo em sua testa e a ruiva voltou a fechar os olhos. Com o gesto, Harry abriu um sorriso que ela nunca fora capaz de ver, mas soube da existência simplesmente porque era capaz de sentir que ele estava sorrindo.

Quando as bocas voltaram a se chocar, foi como se uma avalanche os acertasse. Os lábios se encontravam lentamente, sugando, puxando cada vez mais para si. As línguas acariciavam-se enquanto as mãos exploravam territórios antes já descobertos, mas pouco aproveitados.

Nenhuma das tentativas de Harry em imaginar aquela noite chegou perto da realidade. Não se podia jogar quadribol sem antes aprender a voar em uma vassoura. Ali, beijando Gina, ele se deu conta de que não podia imaginar beijá-la sem estar a beijando de fato. Sua imaginação não faria jus a realidade.

A realidade era infinitamente melhor.


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Notas finais do capítulo

N/A Cella: A conversa a Viviane com o Harry virá em um cap futuro, aguardem! E eu preciso mesmo dizer o quanto eu to ansiosa pra ler os comentários de vocês? Acho que não, né? HAHAHAHA Espero que a demora tenha valido a pena, demos o nosso melhor!
Aconteceram tantas coisas nesse tempo que sumimos... a Palinha Almeida cruzou o país e veio nos visitar!! Foi muito legal encontrar pessoalmente uma pessoa q você conheceu pela internet (obrigada Nyah) e que se tornou muito especial! Ah, e ela postou uma nova fanfic Hinny, se chama Impasse. Vejam lá, certeza que vocês vão gostar!
Enfim... esperando ansiosamente os comentários de vocês! Feliz Ano Novo, pessoal! Nos vemos em 2016!



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