Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 1
Capítulo 0 - Prólogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/243551/chapter/1

“-Elisabeth espera! – Grita Douglas quando a vê sair a correr do ginásio da escola, a chorar desesperadamente – Onde vais?!

 

—Deixa-me em paz, por favor! A última coisa que quero ter neste momento, é alguém comigo – diz Elisabeth sem olhar para trás – quero ficar sozinha.

 

O rapaz não entendeu ao pedido da amada, não a queria deixar sozinha, não num destes momentos. Esta deveria ser uma das noites mais importantes das suas vidas, não haveria razão para Elizabeth estar a chorar sem que acontecesse nada. Douglas não conseguia entender o que tinha sucedido, estavam os dois no meio de todos os outro adolescentes a dançar, aquela era a música favorita de Elisabeth, Douglas sabia, Douglas sabia de tudo em relação à rapariga. Os seus olhos castanhos de um chocolate intenso, os seus longos caracóis, os seus lábios, o seu toque especial, como ela estava linda naquela noite, pensara ele. Estavam os dois a dançar agarrados, aquele era o momento da noite, até que, lhe começam a cair lágrimas dos olhos, e sai dalí a cor...”

 

—Ainda lendo esse livro? –Viviane, uma garota alta de ombros largos, olhos azuis, cabelos lisos e extremamente pretos adentrou a sala, onde as jogadoras do time das Harpias de Holyhead descansavam após um longo dia de treino.

 

Ela se deparou com a amiga um pouco mais baixa que ela, com a pele branca e sardenta e os cabelos flamejantes preso em um rabo de cavalo mal feito, lendo um livro trouxa do qual ela mesma havia dado de presente à ruiva.

 

Gina, que até então estava distraída com o livro, estava parada de frente a seu armário, onde guardava suas coisas que usava durante o treino. Seu último treino. Fazia um bom tempo que não lia um bom livro; os treinos e o cansaço não a ajudavam a ter tempo para aquele hábito. Porém, aquele dia, enquanto tirava suas coisas de dentro do armário e as arrumava dentro de uma pequena mala, se deparaou com um livro que não havia terminado de ler.

 

—É... eu não cheguei a terminá-lo. –Disse ela, fechando o livro e o depositando de qualquer jeito na mala a sua frente. Tinha plena consciência de que, com um simples feitiço, poderia fazer aquilo em segundos. Mas arrumar tudo à moda antiga, como fazia quando não tinha idade para usar a magia, lhe trazia certa calmaria. 

 

—Vai mesmo voltar? –Perguntou Viviane, aproximando-se da ruiva que agora colocava outra blusa do time na mala. Gina perdera as contas de quantas vezes ouvira aquela pergunta nos últimos dias. Sabia que a amiga tinha esperança de ouvir uma resposta diferente, mas sempre era a mesma. Ela estava decidida. 

 

Há seis anos, quando conhecera Viviane, logo se tornaram amigas. Eram  boa ouvinte dos problemas uma da outra. Também sabiam se divertir e esquecer de seus passados turbulentos. Porém, uma das qualidades que Viviane mais apreciava na ruiva a estava incomodando agora: decidida. Quando Gina colocava algo na cabeça, não havia ninguém que a fizesse mudar de ideia.

 

—Vou. –Respondeu Gina, após longos minutos observando a morena em sua frente. Ambas ainda vestiam o uniforme do treino que acabara havia pouco mais de meia hora. –Eu sei que você vai sentir a minha falta, mas já disse que vou escrever todos os dias.

 

—Vai ser difícil vir ao trabalho e não ver a minha melhor amiga, sabia? –Viviane deu um meio sorriso. –Onde eu estava com a cabeça quando lhe dei esse livro? Se eu soubesse que você daria uma de “Elizabeth”...

 

—Chantagens não funcionam comigo, Srta. Viviane Keller. –Gina riu marota ao ver a careta que a amiga fez. –E a Elizabeth aqui não esta fugindo de ninguém. Estou apenas voltando para a minha casa, para rever minha família. Já chega de Quadribol. 

A verdade era que amava jogar Quadribol e transformar seu passatempo favorito em trabalho lhe rendera ótimos momentos, incluindo troféus, um conta bancária gorda e novas amizades. Mas depois de um tempo, percebera a real intenção daquilo: a de esquecer o passado, especificamente uma guerra carregada de perdas e, claro, de Harry Potter. 

Não que o odiasse. Mas Gina partira magoada demais, ferida demais, de modo que sequer hesitou em trabalhar com seu esporte favorito. Mas, no fim de tudo, trabalho é trabalho. Mesmo que se tratasse de seu passatempo favorito, a cobrança, os treinos e o restante da rotina exaustiva lhe fizeram enxergar que não queria chegar ao limite de terminar abominando o esporte que tanto amava. Estava deixando o time após o encerramento de uma ótima temporada de jogos, muitos pontos marcados e excelentes lembranças. E estava sendo ótimo sair do time nessas condições. Além disso, nunca havia pensado em seguir aquela profissão pro resto de sua vida, para início de conversa. 

 

—Eu sei que chantagens não funcionam com você, foi a primeira coisa que descartamos quando planejávamos “motivos” para você ficar. – Respondeu a morena ignorando a ultima frase que a ruiva dissera.

 

—Confesso que você e o David são muito insistentes, mas... eu tenho que ir. Não os vejo há muito tempo. Bem, você mais do que ninguém sabe de todos os meus motivos –Gina fechou a mala em sua frente e sentou no banco, ficando de frente a amiga. – Talvez não seja definitivo.

 

—Qual é Gina!? Quem seria besta de lhe negar um emprego? Eles que enviaram a carta, para começo de conversa. E você é a melhor artilheira que eu já vi! Será uma injustiça se não te aceitarem no Profeta Diário como Correspondente Sênior de Quadribol! –Viviane começou a andar de um lado para o outro na pequena sala, enquanto era observada por Gina, que ria diante de tal cena. –Se você ir, acho que não ficarei mais durante tanto tempo do time. 

 

—Não diga isso! Você é uma ótima batedora! Não saia do time por causa de mim! –Gina estava séria. –Isso seria uma burrice!

 

Viviane a olhou incrédula.

 

—Você pode ir e eu não? 

 

—Ouch! Doses altas de drama também não combinam com você, Viviane. -Disse Gina, cruzando os braços, sabendo que a amiga não estava falando sério. - Isso foi uma decisão minha, tem a ver comigo. Eu tenho que voltar, não faz mais sentido eu ficar afastada depois de tantos anos sem os ver. Sinto falta deles...

 

—Até do Harry? –Viviane estava começando a jogar sujo. Deu um sorriso malicioso quando viu a reação da ruiva que revirou automaticamente os olhos diante da provocação.

 

—Por que não? Éramos amigos... –Gina tentou disfarça.

 

Sem sucesso.

 

—Sei...

 

—Viviane... você sabe por que eu vim pra cá, mas não pense que estou voltando com alguma esperança de voltar com ele e... –Começou Gina, mas foi interrompida pela amiga.

 

—Ta, eu já sei. O cara te chutou, ou você chutou ele, não me lembro bem da história... –Gina revirou novamente os olhos. –Aí a princesa, depois de “fugir” do seu castelo, encontrou o príncipe David e juntos viveram felizes para sempre!

 

—Você leva tudo na brincadeira, não é? Não fugi de lá. Apenas aceitei a proposta que me deram. –Gina não estava brava. Sabia que Viviane estava usando toda as suas “armas” na esperança de que ela desistisse de ir. –Vamos nos ver logo Ane, você e o David prometeram passar as férias comigo.

 

—Me desculpe se estou sendo chata, mas... –Viviane puxou Gina para um abraço, não contendo as lágrimas que se formaram em seus olhos. –Vou sentir sua falta, pimenta.

 

—Se me chamar disso mais uma vez, juro que não mando carta alguma! –Gina não chorava. Apesar de ser doloroso voltar para A Toca mesmo sabendo que tivera que abrir mão de algumas coisas, não iria voltar atrás. Estava feliz em pensar que reveria a família e começaria um novo emprego. –Cuide de David por mim, ok?

 

—Ele é o medibruxo, e eu tenho que cuidar dele? –Disse Viviane, sorrindo em meio às lágrimas. –Tudo bem. Tudo por você, ruiva. 

 

—Boa sorte, então. –Disse Gina, enquanto se afastava da amiga e pegava a pequena mala. – Te vejo daqui a algumas semanas. Não faça nada que eu não faria. 

 

—Isso é um bom conselho? -brincou Viviane, antes de sorrir, já saudosa. - Não esqueça da sua grande amiga aqui!!

 

—Não esquecerei. –Gina deu mais um abraço na amiga, e saiu da sala.

 

Respirou fundo. Olhou mais uma vez para o campo onde durante todos esses anos, passara a maior parte do dia, treinando ao lado de Viviane e outras companheiras de time. Sorriu antes de aparatar perto do pequeno apartamento em que morava. Seu refúgio feliz. Não era luxuoso, mas era bem aconchegante. Sentia-se bem ali, na maioria das vezes ficava ali ou tendo uma longa conversa divertida com Viviane, ou matando a saudade do namorado David, o qual o trabalho insistia em “raptá-lo”.

 

Chegou em seu quarto e depositou a mala perto de onde a outra, com suas roupas e outros afins já estavam guardados. Veria sua mãe e seu pai novamente, e estava um tanto ansiosa com isso, fato que aumentou depois de receber a carta de sua mãe, onde essa dizia que estava esperando ansiosamente sua chegada. Durante os anos, claro que haviam se visto, mas não tanto quanto gostaria. Os Weasley haviam adquirido uma fama extraordinária depois da guerra e isso significava mais trabalho para seu pai, que fora promovido no Ministério, e uma Molly muito entretida com os netos que só aumentavam. 

Gina queria aquela bagunça de novo. Queria estar perto de todos e acompanhar mais do que pôde acompanhar da vida de sues irmãos nos últimos anos. E queria o desafio de começar um novo emprego em um novo lugar. Ela sempre gostara de desafios, afinal. 

Sorrindo, chegou perto da janela de seu quarto que lhe proporcionava uma bela vista, tentando imaginar se seria a última vez que veria aquele lugar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já temos alguns capítulos prontos e, provavelmente, não demorará para postarmos o próximo capítulos. Comentários são sempre bem vindos. Agradecemos desde já a quem ler. Beijos das Gêmeas =*