Sparks Fly escrita por Nathália


Capítulo 8
Capítulo 07 - Felicidade.




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– Eu senti tanto sua falta, Jus. – Ela disse soluçando e passou seus braços em volta do meu pescoço. Sem pensar duas vezes envolvi sua cintura e há ergui um pouco tirando seus pés do chão. Melanie me abraçou mais forte e escondeu seu rosto na curvatura meu pescoço.

– Eu também, pequena, eu também. – Fechei meus olhos tentando controlar minha respiração e sorri, se o mundo acabasse naquele momento eu não iria me importar.

Capítulo 07 – Felicidade

I'm tryin' to put it all back together, I've got a story and I'm tryin' to tell everybody, I've got the kerosene and the desire. I'm trying to start a flame in the heart of the night […] I know the memories rushing into mind. I want to kiss your scars tonight, I'm laying here because you've got to try, you've got to let me in, let me in. (Heartbeat – The Fray)

– Mel! Desça logo ou vocês vão se atrasar. – Judith gritou do andar de baixo e me olhei mais uma vez no espelho. Não estava feia, mas também não estava bonita o suficiente para encontrar Justin depois de dois anos.

Durante esse tempo ele veio visitar Pattie duas vezes, mas eu só ficava o observando de longe, pela janela do meu quarto ou pela da sala e quando ele parecia perceber me escondia rapidamente me lembrando das palavras que minha mãe havia proferido: não quero que você tenha mais nenhum contato com esse garoto Melanie.

Depois disso me afastei ainda mais da minha família, não os odiava, mas me sentia magoada por terem me obrigado a me separar de Justin.

– Já estou indo! – Gritei de volta e peguei minha bolsa que estava jogada em cima da cama.

Estava tão nervosa e tão ansiosa ao mesmo tempo, não sabia se ficava em casa tentando controlar a minha angústia até ele chegar ou se ia até o aeroporto e o enchia de abraços, qualquer escolha era desesperadora. Não conseguia acreditar que em menos de uma hora Justin ia estar de volta... Estar de volta ao lugar que ele nunca devia ter saído.

Desci as escadas rapidamente e encontrei Pattie sentada no sofá de casa me esperando impacientemente.

– Me desculpe por fazê-la esperar Pattie, me desculpe mesmo. – Disse assim que cheguei ao final da escada e ela sorriu amigavelmente pra mim.

– Tudo bem querida, Justin vai ficar muito feliz em ver você. – Assenti enquanto todo o sangue do meu corpo ia parar nas minhas bochechas e ela se levantou. – Muito obrigada pelo chá Judith.

– De nada dona Pattie. – Judith sorriu e pegou a caneca que estava na mão de Pattie. – Se comporte Mel. – Olhou autoritária para mim e sorriu.

– Eu sempre me comporto. – Disse por fim e ela voltou para a cozinha. – Vamos? – Perguntei para Pattie e ela concordou sorrindo.

Assim que saímos de casa tranquei a porta enquanto Pattie manobrava o carro, entrei no mesmo e finalmente fomos para o aeroporto, íamos chegar atrasadas, mas não estava tão ansiosa assim. Estava com medo, medo de ver como Justin estava e medo de já ser tarde demais para poder ajudá-lo. Passei praticamente a noite inteira em claro pensando no que dizer a ele quando finalmente nos víssemos, mas tinha certeza que não ia conseguir falar nada do que tinha treinado e no final acabaria chorando igual uma idiota na sua frente.

Pattie ligou o rádio e logo pude escutar a voz melódica de Mat Kearney invadir o carro, Here We Go não era uma música que eu queria escutar nesse momento, mas como já falei anteriormente; o mundo conspira contra mim às vezes.

Did I get too close in the pouring rain?

If there's one more chance for us here tonight

I'll take the long way 'round this time

(Eu cheguei perto demais da chuva?)

(Se há mais uma chance para nós aqui hoje à noite)

(Eu vou tomar o caminho mais longo desta vez)

Oh, love, it's easy if you don't try to please me

If you don't want to see me anymore

(Ah, o amor, é fácil se você não tentar me agradar)

(Se você não quiser me ver mais)

Oh, oh

Here we go again

I know how I lost a friend

We go 'round and 'round again

Oh, oh, oh, oh

(Oh oh, aqui vamos nós outra vez)

(Eu sei como perdi um amigo)

(Nós damos voltas e voltas)

Mexi-me desconfortavelmente no banco, e tentei me manter concentrada nas árvores da estrada que passavam como flashes pelos meus olhos devido à alta velocidade do carro. Suspirei pesadamente e encostei minha cabeça na janela do carro fechando meus olhos em seguida.

– Pattie... Por que você ainda fala com meus pais? – Perguntei com a minha cabeça ainda encostada na janela e ela abaixou um pouco o volume do rádio.

Bem, essa sempre foi uma grande curiosidade minha... Meus pais sempre se referiam ao filho dela como um marginal depois que tudo aconteceu, e mesmo assim Pattie nunca deixou de ser amiga da nossa família.

– Seus pais só queriam te proteger Mel e eu... Eu faria a mesma coisa no lugar deles. – Olhou para mim por alguns segundos e mesmo não concordando, apenas assenti com a cabeça. – Dois anos já se passaram, Justin está melhor e está voltando para casa... Você deveria dar uma chance para eles de novo querida.

– Eu sinto falta da vida que nós tínhamos antes sabe? Das viagens, dos acampamentos, das festas de finais de anos que passávamos juntos... – Suspirei e encarei a estrada que estava na minha frente. – Eles andam tão distantes ultimamente.

– Tudo vai voltar ao normal agora. – Piscou para mim e sorri. Olhei para estrada e a ansiedade que estava sentindo ontem de noite voltou ainda pior, por que esse aeroporto tinha que ser tão afastado da cidade?

Depois de mais longos quinze minutos finalmente chegamos, um pouco atrasadas graças a minha demora, mas finalmente chegamos.

– Hum... Quer que eu espere aqui no carro? – Perguntei depois de Pattie estacionar o carro e abaixei a cabeça.

– Não, por quê? O prometido é você ir buscá-lo junto comigo. Aconteceu alguma coisa?

– Não... É só que... – Comecei a brincar com meus dedos e Pattie riu enquanto segurava a minha mão.

– Vai dar tudo certo, ok? Tente se acalmar. – Concordei a abri a porta do carro para sair. Pattie ativou o alarme e quando percebi ela já estava praticamente correndo para chegar até a entrada principal do aeroporto.

Naquele momento eu já não tinha mais controle sobre o meu corpo, meu coração batia freneticamente e por mais que tentasse acalmá-lo não conseguia, minha respiração estava desregulada e minhas mãos soando frio e tudo isso - inconscientemente, é claro – me faziam brincar com meus dedos descontroladamente, como se aquilo fosse realmente me ajudar. Não queria nem saber como meu corpo ia reagir quando finalmente o visse.

Consegui acompanhar os passos de Pattie, mas mesmo assim fiquei um pouco afastada. Ela ficou alguns segundos parada, provavelmente procurando Justin e assim que o viu sentado em um dos bancos do saguão seu rosto se iluminou com um sorriso e foi correndo abraçá-lo.

Minha vontade era de fazer a mesma coisa, abraçá-lo até não aguentar mais, até meus braços e minhas costelas doerem, mas não teria coragem suficiente para tal coisa.

Caminhei até onde eles estavam, mas mantive uma distância saudável. Só de sentir o cheiro do seu perfume, mesmo de longe, meu corpo se enrijeceu e ele mal sabe que se sorrisse na minha frente seria capaz de agarrá-lo ali mesmo... Não, eu não seria.

– Você não sabe como senti saudades, meu filho. – Pattie disse o apertando ainda mais nos seus braços e Justin levantou seu rosto para limpar as lágrimas que estavam no mesmo.

– Eu também mãe. – Ele suspirou e deu um beijo demorado na testa de Pattie.

Abaixei minha cabeça novamente e naquele momento o chão parecia ser a coisa mais interessante daquele aeroporto para mim, não tinha coragem nem de olhá-lo, mas sabia que teria que fazer isso em algum momento.

– Mel... – Ele chamou minha atenção e levantei a cabeça para olhá-lo, o que eu não deveria ter feito, é claro.

Justin estava bem mais alto do que antes e seu corpo com certeza já não era mais o mesmo, seu cabelo que antes era grande e jogado para o lado estava curto e um pouco bagunçado em cima, seus olhos me transmitiam segurança e seu rosto já não era mais como o de uma criança. Ele havia crescido, virando um homem e inexplicavelmente conseguiu ficar mais irresistível do que antes. Assim que terminei de olhá-lo senti meu corpo se esquentar e minhas bochechas se ruborizarem então rapidamente voltei a encarar o chão.

Tentar esconder o que sentia por ele, e tentar voltar a ser somente sua amiga de novo seria mais difícil do que eu havia pensado.

Justin segurou meu rosto delicadamente com uma mão e fez um pequeno carinho na minha bochecha, somente com aquele toque senti meu corpo inteiro se arrepiar e posso garantir; as coisas que estavam passando na minha cabeça não eram nem um pouco puras.

Fechei meus olhos tentando me controlar e uma lágrima escapou sorrateiramente dos meus olhos, mesmo sentindo uma vontade tremente de me jogar em cima daquele garoto e fazer as coisas mais pecaminosas que nunca ousei pensar algum dia, eu ainda estava angustiada e a vontade que estava de chorar me dominava completamente.

– Eu senti tanto sua falta, Jus. – Disse e quando dei por mim já estava pendurada em seu pescoço chorando descontroladamente, eu sabia que isso ia acabar acontecendo.

Ele envolveu minha cintura e quando percebi que meus pés não estavam mais no chão o abracei mais forte ainda, escondia meu rosto na curvatura do seu pescoço e pude sentir seu cheiro maravilho novamente.

– Eu também, pequena, eu também. – Ele sussurrou perto do meu ouvido e foi impossível não sorrir. Tinha certeza, que naquele momento eu era a pessoa mais feliz do mundo.

Justin deslizou uma de suas mãos pesadamente pelas minhas costas e senti meus pés baterem no chão, soltei meus braços do seu pescoço e me afastei novamente. Ele limpou meu rosto das lágrimas que havia derrubado – assim como havia feito com Pattie – e olhou para mim sorrindo.

– Continua a mesma baixinha chorona de antes. – Zombou de mim e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Algumas coisas nunca mudam. – Sorri de lado enquanto suspirava e ele assentiu. – Mas vejo que finalmente cortou aquele cabelo ‘à la Troy Bolton’. – Disse sugestivamente e cruzei meus braços olhando para ele irônica.

– As garotas me amam com qualquer tipo de cabelo. – “E como amam.” Pensei enquanto ele me olhava debochado e revirei os olhos.

– Acho que já podemos ir Pattie. – Olhei para ela que estava sentada em uma das cadeiras observando o movimento do aeroporto – que não era muito grande – e ela concordou.

[...]

A felicidade que estava sentindo não cabia dentro de mim e tinha certeza que ela já estava se esvaindo pelos meus poros. Passei o resto do meu dia trancada no quarto tentando estudar, já que teria prova de Biologia e História no dia seguinte, mas a única coisa que eu conseguia fazer era ficar sorrindo igual a uma idiota para as paredes do quarto. Queria ter passado à tarde com ele, mas tinha que colocar na minha cabeça que nossas vidas tinham mudado e que não podia fazer mais isso.

Não podia sair e simplesmente bater na porta da sua casa dizendo para ele pegar um casaco, pois iríamos ficar na praia durante a noite, como eu sempre fazia quando éramos mais novos. Primeiro porque Justin já tinha quase vinte anos e com certeza não gostaria de gastar mais o seu tempo comigo, segundo porque tinha duas provas amanhã na escola e teria que acordar cedo, terceiro porque não sabia mais como me portar na sua presença, quarto porque meus pais com certeza surtariam, mesmo depois de terem relaxado um pouco, eles surtariam e quinto porque não tinha coragem suficiente nem para olhá-lo direito, imagine passar algumas horas com ele.

Bufei e levantei da minha cama, fiquei alguns minutos parada na frente do espelho e só assim percebi como estava sendo patética. Passei dois anos sofrendo por uma coisa não deveria sentir e agora que tinha o meu melhor amigo de volta à cidade, eu fico trancada no meu quarto pesando em coisas que havia prometido à mim mesma parar de pensar enquanto Justin estivesse aqui.

Estava com a mesma roupa que tinha colocado de manhã, meu cabelo estava um pouco bagunçado e meu rosto um pouco amassado. Peguei uma roupa qualquer dentro do closet e fui tomar um banho rápido, ainda eram oito horas da noite e não ia ficar trancada em casa, mesmo que tivesse que sair sozinha. Terminei de calçar meus tênis e bateram na porta do meu quarto.

– Pode entrar. – Disse e minha mãe colocou só a cabeça para dentro do quarto.

– Você tem visitas, não demore. – Concordei e ela fechou a porta em seguida. Annie com certeza não era, já que mal nos falávamos fora da escola e Andrew, bem não via Andrew a mais de duas semanas quase, e se fosse ele teria mandado uma mensagem avisando que passaria aqui.

Peguei meu celular que estava debaixo do meu travesseiro e o guardei no bolso da minha calça, desci as escadas e meu pai estava assistindo jornal na televisão enquanto minha mãe preparava o jantar.

– Não demore, você tem que jantar ainda. – Escutei minha mãe gritar da cozinha e finalmente sai de casa. Tranquei a porta de casa e quando me virei vi Justin sentado em uma das cadeiras de balanço me olhando e sorrindo.

– Acho melhor você pegar um casaco porque vamos para a praia essa noite. – Sorriu maroto enquanto se levantava e senti minhas bochechas esquentarem. Justin realmente não existia.



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Notas finais do capítulo

Me desculpem pela demora lindas :c
Obrigada AllanaBelieve e Paper pelas recomendações vocês são umas lindas e eu ameeeeeeei! *-*
Espero que tenham gostado do capítulo e me desculpem mais uma vez pela demora.
Beijos!