The Key escrita por Ronnie
Notas iniciais do capítulo
Dessa vez, fui bem rápida! ;] hahahaah
Não seria fácil abandonar Beth e Lara ali, naquela casa enorme. Eu estava chorando enquanto fazia as malas.
Eram duas e cinqüenta da manhã e só faltavam alguns minutos para estar na sala de malas prontas e com uma carta deprimente nas mãos, em que eu deixaria para Lara e Beth. Eu estava mais triste por Lara. Ela já havia perdido Catherine e seria muita covardia ela perder a única outra pessoa que cuidava dela como uma irmã mais velha, como uma mãe. Partia-me o coração saber que ela ficaria sozinha novamente. É claro que ela tinha os pais, mas eles não davam muita atenção a ela e Beth também não tinha muita paciência com ela, afinal ela era meio temperamental. Mas, por outro lado eu não podia deixar ela ir conosco, não sabia nem para onde íamos e também, eu arriscaria a minha vida pela dela e ela arriscaria sua vida por mim e eu não queria que isso acontecesse.
Olhei no relógio de meu quarto e vi que eu já teria de estar no andar de baixo há dois minutos atrás, mas algo me prendia aquela cama, onde eu chorava e escrevia o bilhete.
Lara e Beth... Desculpe-nos, mas não deixaremos que arrisquem suas vidas por nós. Estamos partindo esta noite e quando estivermos instalados em algum lugar seguro, mandamos uma carta. Desculpe... Até logo.
Eu não sabia mais o que por na carta, então achei melhor parar por ali.
Peguei minha mochila e desci os degraus da enorme casa, avistando Matthew e Peter me aguardando.
-Fez a carta? – sussurrou Peter para mim, enquanto eu colocava a carta na mesinha de centro.
-Sim. – minha voz saiu falha e rouca, estava óbvio que eu havia chorado, mas ninguém perguntou nada.
-Vamos? – sussurrou Matthew para que ninguém da casa acordasse.
-Sim. – falamos eu e Peter em coro.
Andamos até a porta e já estamos quase fora, quando ouvi a voz mais tristonha da minha vida.
-Aonde vão? – era a vozinha de Lara, já choramingando.
Não consegui me controlar ao olhá-la com lágrimas naqueles olhinhos super deprimidos, olhando-me como se o mundo estivesse sendo sugado para bem longe dela. Eu conseguia sentir o vazio no coração dela, o frio que ela estava sentindo ao ser abandonada.
-Vamos dar uma volta. – tentei sorrir e conter as lágrimas, mas simplesmente não deu. – Volte para cama. Amanhã vou te mostrar uma coisa muito legal. – disse a ela, dando esperanças a ela que eu estaria lá quando ela acordasse.
-Você não vai voltar, não é? – a vozinha dela estava cada vez mais baixa e o corpo dela estava quase deitado no chão, agarrando as próprias pernas.
-Vou sim, daqui a pouco. – sorri para ela e me aproximei, dando-a um forte abraço. Eu não sabia quando eu iria vê-la novamente.
-Eu te amo Mel. – falou ela no meu ouvido, então não consegui me segurar e chorei, forte e alto, abraçando-a, enquanto ela me abraçava ainda mais forte.
-Também te amo Lara. – falei aos soluços.
Ela ficou dura e gélida de repente, então olhei para ela e seus olhos estavam brancos, o que significava que ela estava tendo uma visão.
-Como pode ir para um lugar que nem ao menos sabe onde é? Como pode abandonar um pobre coração que bate tão devagar quanto a pulsação de um morto? – a voz de Lara estava mudada. Parecia a voz de um homem, sendo transmitida por ela. – Leve-a com você... – a voz foi ecoada. – Leve-a com você... Leve-a com você... – até que eu não pude mais ouvir e Lara voltou a ser Lara. – O que houve? – falou ela piscando os olhinhos, revelando sua verdadeira coloração.
Fiquei por um minuto olhando-a e tentando saber o que fazer.
Ela era inocente, mas se fosse treinada e fortificada, teria potencial para ir conosco. A voz que ela transmitiu estava certa. Eu não poderia deixá-la ali. Eu tinha que levá-la comigo.
“Melany, não faça isso...” – ouvi a voz de Matthew em minha mente. Eu não havia alimentado minha serpente naquele dia. – “Sabe que ela não vai agüentar...” – eu não queria acreditar nas palavras dele, por mais que fossem verdadeiras.
Estava completamente confusa. Mas, eu não deixaria aquela menininha doce e inocente correr risco de vida comigo. Um dia ela superaria o trauma e viveria bem sua vida.
Fechei os olhos e respirei fundo.
-Tenho que ir Lara. – falei, tentando não encarar seus olhinhos cheios de lágrimas contidas.
-Eu entendo. – falou ela, com um sorriso nos lábios e lágrimas caindo feito cascata.
Foi dificílimo largá-la e ir com Matthew e Peter, mas eu consegui. Como se eu estivesse prestes a pular de um trampolim de vinte metros, eu tinha que fazer logo e rápido, antes que eu perdesse a coragem.
-Então, vou indo. – sorri para ela, ainda não a encarando nos olhos.
Levantei-me, quando ela me puxou.
-Espere... Quero que leve uma coisa com você. – falou ela sorrindo e subindo as escadas às pressas.
“Mel, temos que ir...” – mais uma vez, Matthew me apressando.
“Espera Matthew!” – gritei, olhando para a escada e esperando Lara voltar.
Ela desceu as escadas as pressas, limpando as lágrimas e com um sorriso infantil nos lábios.
-Eu iria te dar isso daqui a duas semanas, no seu aniversário. – ela estendeu a mão e lá estava uma caixinha de veludo preto que deveria ter mais ou menos vinte centímetros.
-Obrigada. – estiquei o braço trêmulo e abri a caixinha graciosamente e me surpreendi ao ver o que havia ali.
Era uma espécie de frasco com uma ponta afiadíssima.
-O que é? – perguntei, sorrindo para ela.
-É um bule de sangue. Comprei na cidade. – riu ela e apontou para a agulha. – Você espeta alguém ou alguma coisa com isto e vai sugar o sangue para o frasco. É para sempre estar forte. – sorriu ela com as lágrimas descendo pela sua face.
Sorri e comecei a chorar de novo. O gesto dela foi tão doce que eu não tive palavras, então a abracei com toda força.
-Obrigada. Vou usá-lo sempre. – falei entre os soluços.
-Vá logo! Sei que Matthew e Peter estão lá fora te esperando. – riu ela me empurrando para fora.
Então, olhei-a pela última vez e saí porta afora.
-Vou sentir saudades! – falou Lara fechando a porta e rindo para Peter e Matthew que riram para ela também.
Nenhum dos dois chorou, mas estava claro que estavam com o coração na mão.
Atravessamos em silêncio o portão e fomos em direção ao carro de Matthew.
Coloquei a mão em seu carro para abrir a porta, mas alguma coisa aconteceu comigo. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu estava me sentindo zonza, como se minha cabeça estivesse girando 360°. Meu estômago rodopiava e doía e meus músculos se contraiam o tempo todo. Minha visão estava turva.
-Melany! – ouvi os dois gritando o meu nome e vindo ao meu encontro, mas eu não conseguia focar os olhos em nada, eu estava com a mente perdida e os olhos ainda mais.
Olhei para a porta da casa de Beth e Lara estava no mesmo estado que eu, até que ela me olhou e eu pude ler seus lábios.
-Você precisa mais disso do que eu. – até que ela se contorceu um pouco e caiu no chão desacordada, igualmente a mim.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!