Eu sempre me lembrarei dela... Minha melhor amiga, minha companheira de caça, minha "prima", meu primeiro amor, minha Catnip. 

Ela sempre foi muito especial pra mim, desde que a vi pela primeira vez, naquela floresta, caçando. Aquela garotinha de 12 anos, magricela, linda, aquela timida e corajosa caçadora, uma exíbia atiradora, uma ótima escaladora de árvores, uma garota que nunca, mas nunca se rendeu a dor da perda do pai, a fome, ao abandono da mãe, aos Jogos e principalmente a Capital. E eu só notei isso agora.

Agora que ela voltou para o 12, agora que eu estou no 2, agora que ela está com ele, Peeta, agora que ela está mais distante do que nunca. Eu só notei agora que ela só aceitou ser um casal com ele por causa de Prim, que ela só aceitou se casar com ele, para não causar dor a mim, a minha familia ou a familia dela. Que ela só explodiu aquele campo de força porque era preciso, porque ela tinha que conseguir um jeito de mostrar para a Capital que ela não estava no controle dela, de Peeta, dos outros Tributos, de nós escravos aqui fora da arena, e nem da sua propria invenção eles não tinham o controle, nem de seus proprios Jogos.

Ela era especial. Ela era minha, quer dizer, foi por um curto periodo de tempo, bem menos que eu gostaria. Mas eu a perdi, eu a perdi no momento em que ela foi voluntaria para pegar o lugar de Prim nos jogos, e eu não peguei o lugar de Peeta.

Peeta... ele realmete a merece... Ele a entende, ele sabe o que é a arena, ele sabe o que é ser prisioneiro de um acordo silencioso com os poderosos, ele sabe o que é ir para a morte,  saber que nunca mais voltará. Ele a entende, ele é melhor com palavras do que eu, ele é a parte dela que faltava. E eu sei disso, agora eu sei, ela não pertencia a mim, não pertence, e nunca irá pertencer.

Eu me lembro dos lábios dela nos meus, daqueles lábios doces, e macios, dos nossos unicos beijos, no 12 e no 13. Eles foram expeciais para mim, mas acho que nenhum foi para ela.  Eu forcei o primeiro, e os outros, ela estava completamente carente, e eu, sofrendo. Ela foi mais um sonho para sim, sabe, ela seria uma boa esposa, ela seria uma boa mãe, e eu um bom pai, afinal, desde criança nós estamos acostumados a criar nossos irmãos, nós seriamos ótimos um com o outro, acho que sim... Talvez não, pelo menos, não depois de tudo o que passamos, eu fiqui mais calculista, menos sentimental, e ela ficou menos ativa, mais parada, ela notou que caçar humanos e animais é diferente, mesmo que as pessoas realmente mereçam, não é tão fácil caçá-las.

Ela realmente o ama, ela sempre amou, mesmo sem perceber. Ele a ensinou muita coisa, assim como a minha raiva me ensinou, o meu ciúmes, a minha revolta contra a Capital, o meu despreso contra as pessoas ricas, o meu fogo, o fogo que ela também tem, mas que ela não podia conviver com outra pessoa que também o tenha. 

Eu não tinha chance, e permanecer no distrito 2 foi para me mostrar isso, me manter longe, me manter fora do seu alcance, e a manter fora do meu. Trabalhar na Noz me deixa calmo, me deixa também arrependido, por quase ter explodido milhares de escravos ali dentro, assim como explodiram o meu pai dentro daquela mina de carvão. Pois é... a vida traz arrependimentos, traz muitas coisas, e também traz novas chances, novas chances de recomeçar, de se arrepender, de amar.

Eu sou um mineiro, sou um caçador, sou um guerreiro,um soudado, mas também sou um extrategista, e além de tudo isso, sou o melhor amigo, e o braço direito do Tordo, então já era de se esperar que eu não ficasse muito tempo sozinho.

Eu logo encontrei algém também parecido com Catnip, ela é um pouco mais velha do que eu, mas é uma boa esposa, e logo será uma ótima mãe, eu a amo, e ela também sente o mesmo, ela é uma ótima pessoa, e entende o que eu passei, entende o que Katniss passou e entende o que é ser a última chance do seu distrito. 

- Gale... - perguntou ela.

- Oi Johanna. - falei eu indo em sua direção.

- Chegou uma carta para você. - falou Johanna Mason me entregando um envelope.

Eu o abri, ainda pensando na minha companheira de caça, ela era realmente especial, ela era uma estenção de mim. A carta era dela, estava escrita em sua letra brusca, mas o seu conteudo era mais educado e suave do que ela costumava ser.

"Gale...

Eu não sei exatamente o que falar nessa carta, principalmente pelo fato de que estou sendo obrigada a escrevê-la, você me conhece, e sabe que não sou boa nesse tipo de coisa. Então irei diereto ao assunto, eu gostaria que você fosse para a Capital, pois eu finalmente vou me casar, eu finalmente vou ficar com Peeta. Eu espero que você não fique triste por isso... Eu também gostaria que você levasse a sua esposa, não me contaram quem é, mas eu gostaria de conhecê-la. 

Vai ser um casamento simples, ou mais ou menos, a presidenta quis que fosse um evento mostrado em toda Panem, afinal, eu e Peeta somos, infelizmente, o casal mais famoso de toda ela. E eu queria muito que o meu companheiro de caça estivesse lá, a minha mãe estará. O casamento vai ser dia 25 de maio, alguns dias depois do meu anoversario de 19 anos. Pois é... anda me lembro quando eu tinha 12 e nos encontramos, a partir dali você virou uma das únicas pessoas com que eu confiava.

Obrigada por isso... Eu espero te ver lá.

Katniss Everdeen."