Revelação.

Capítulo 8: Câmara Secreta

Hermione levantou-se da poltrona e saiu correndo do salão comunal. Todos ainda estavam jantando então ela poderia ir aonde queria sem ser barrada. Caminhou a passos rápidos e silenciosos para as Masmorras. Entrou no banheiro da murta-que-geme e se aproximou da pia onde existia a entrada para a câmara secreta.

Era loucura, mas a câmara era o lugar que ela deveria ir. Só podia ser isso! Era o local que as suas visões lhe mostravam. Ela olhou para a pia e viu o desenho da serpente. Ela fechou os olhos e lembrou-se das vezes que vira o Harry falar em ofidioglota. Sussurrou alguma coisa que a lembrava do que Harry havia dito.

A pia se mexeu, abrindo a entrada. Hermione respirou fundo e entrou. Caiu em cima de vários ossos que se quebravam e vaziam barulho quando ela se mexia. Ela se levantou e começou a andar. Em um canto, jogado, havia uma pele de cobra que devia ter talvez mais de dez metros de comprimento.

Ela sabia que o basilisco estava morto, mas mesmo assim, ficou atenta a qualquer barulho que não fossem os seus pés no chão úmido. Caminhou até ver uma porta redonda de ferro. As travas eram em formato de cobras. Ela sussurrou a mesma coisa que dissera no banheiro feminino e as cobras começaram a destravar a entrada. A porta abriu-se lentamente. Ela entrou e andou lentamente até o final. Surpreendeu-se ao perceber que havia um sofá vermelho no local para o qual ela se dirigia. Não se lembrava de seus amigos relatando algo sobre um sofá vermelho. Ela estava com a varinha empunhada, mas logo baixou ao ouvir uma voz.

–Pelo visto entendeu o meu recado. – Uma voz rouca e doce, se é que isso é possível, falou em seu ouvido, fazendo-a se arrepiar. Sentiu um cheiro diferente, mas não o identificou.

Ela se virou lentamente e seu olhar se encontrou com olhos cinza. O garoto tinha cabelos escuros, parecia estar no último ano e a analisava. De repente todas as conversas com Harry sobre as lembranças do Lorde das Trevas chegaram até ela. Ele estava muito bonito. Quer dizer, comparando ao rosto ofídico, é claro.

–Você é Voldemort. – Disse ela. Hermione falou baixo, mas ele a ouviu e ergueu a sobrancelha.

–Pode me chamar de Tom Riddle, Srta Granger.

– Como... Como... – ela gaguejou sem conseguir completar a frase.

–Você sabe Hermione. – Afirmou ele – Você sabe como eu consigo voltar. Mas não contou ao Potter, não é?

–Não. – Murmurou ela.

–Fiquei curioso, ao saber disso. – Prosseguiu ele – Talvez você possa me explicar o porquê de manter esse segredo.

Ele se sentou no sofá de dois lugares vermelho e fez sinal para que ela se sentasse ao seu lado. Ela o fez. Tom a encarava. Mesmo que ela sentisse medo, ele não parecia ameaçador. Apenas curioso.

–Eu... Eu não... Não sei como você faz isso. – Gaguejou ela.

Ele sorriu.

–É claro que sabe. – Falou ele se aproximando – A aluna mais inteligente de Hogwarts com certeza já descobriu.

–Horcruxes. – Ela disse antes que pudesse evitar.

Hermione tentou se afastar, mas ele foi mais rápido. Na verdade, ele não a impediu fisicamente. Mas algo a impedia de se afastar dele, mesmo que a sua consciência gritasse: PERIGO! PERGIGO! ELE ESTÁ PRÓXIMO DEMAIS!

–Por que você não revelou a sua grande descoberta? – Ele pegou uma mecha do cabelo castanho que caia em seus olhos e o colocou delicadamente atrás da orelha dela.

–Não sei. – Ela fora sincera. Até tentara contar ao Harry, mas não conseguira. Muito menos agora que tinha brigado com ele.

Ele sorriu e ela se deu conta de uma coisa.

–Você está ligando minha mente com a sua. – Disse ela – Por quê?

–Pensei em conseguir novas informações sobre o Potter. – Ele estava sendo sincero e isso a surpreendeu – Mas parece que você está indo para o lado certo.

Ela pensou em como as visões diminuíram quando ela começou a andar com os sonserinos. Mas ela era uma sangue-ruim. Então por que ele iria notar se ela está indo para o lado dele, ou não?

–É uma bruxa muito talentosa, Srta Granger. – Continuou ele como se respondesse a pergunta dela – E bonita também. Seria de muita utilidade para mim, mesmo sendo uma nascida-trouxa. Pode ser considerada uma exceção da raça que eu desprezo. Afinal toda regra tem a sua exceção.

Ela se arrepiou. O Lorde das Trevas dizendo que ela era bonita? Só podia ser um sonho. (N/A: Notem que ela pensou sonho, não em pesadelo). Sempre tivera medo dele, mas agora estava muito próxima a Tom Riddle. E ele a chamava para participar na batalha do lado dele.

–Ah... – Ele a calou com um dedo nos lábios dela ao ver que ela não tinha resposta.

–Nesse sábado haverá um passeio a Hogsmead. Tenha a sua resposta em mente até lá e venha me dizer. Se negar, não a matarei e nem será torturada, pelo menos por ora. Se aceitar... – Ele a analisou e prosseguiu – Bem, conversaremos no sábado. Eu não a incomodarei até dar a sua resposta.

Ela assentiu.

Ele a soltou e ela se dirigiu a saída.

–Boa noite, Hermione. – Disse ele.

–Boa noite, Tom. – Ele sussurrou antes de sair.

Ela não vira, mas ele havia ouvido e dera um leve sorriso antes de desaparatar.

***

Hermione saiu da câmara. Pôs a cabeça para fora do banheiro e ao perceber que não havia ninguém, foi em direção do sétimo andar. A mulher gorda resmungou qualquer coisa por ter sido acordada no meio de seu sono de beleza. Ela entrou no salão comunal. Estava vazio. Há essa hora os monitores estavam fazendo ronda. Agradeceu a Merlin mentalmente por não ter sido pega. Preparou-se para dormir e deitou-se. Dormiu rapidamente e teve uma noite tranquila, sem sonhos.