Memories From Those Moments escrita por Agatha Fawkes


Capítulo 14
Capítulo 14 O Que Eu Precisava Ver...




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Ainda vivi por muitos e muitos anos, o suficiente para ver meus netos crescerem e fazerem suas próprias conquistas, tomar seus próprios rumos. Uma coisa que eu aprendi neste tempo restante foi que viver e existir são coisas distintas. Não é porque se existe que se vive, assim como há muitos que vivem, mas não existem. Zayn já não mais vivia, porém eu o sentia a cada respirar meu, ele continuará existindo nos corações dos que o amaram, ele os vê e se orgulha, apesar da distância, de tudo o que estão fazendo para transformar a dor em sorrisos, os espinhos em rosas. Assim será com todos. Nunca realmente perdemos aqueles que amamos, uma hora, de um jeito ou de outro, eles acabam voltando para nós.

Foi numa manhã de inverno... Ou terá sido ainda na madrugada? Fui dormir, meu corpo já bem cansado, minha mente tranquila. Esqueci-me de dizer que durante os anos seguintes à morte de Zayn eu não derramara mais uma lágrima sequer. Todos os meus sentimentos se condensaram em uma saudade doce, em uma lânguida quietude da alma, talvez porque eu soubesse que desde então ele sempre estaria comigo, desde então aquela nossa música nunca deixaria de ecoar em meus ouvidos... Bem, voltando ao assunto... Em minhas conversas noturnas com Deus, eu tinha o costume de Lhe perguntar quanto tempo ainda me restava, naquela noite não precisei mais esperar por uma resposta. Fechei meus olhos e minha respiração serenou, meus músculos relaxaram, meu coração pulsava pelas últimas vezes. Me vi fora de mim, uma expressão calma e pálida em minha face. Caminhei pela casa e, de repente, me vi na casa onde Helen morava com seu esposo. Afaguei-lhe os sedosos cabelos e sussurrei:

"Grandma loves you, dear. Have sweet dreams!" E então, ela murmurou num tom quase inaudível:

"I do too, grandma, very much."

Depois estava na casa de Charlie e Sarah, mas estava no quarto de Rupert, aquela familiar bagunça adolescente imperava ali, mas eu já não me importava, não reclamaria mais com ele, não era o momento. Dei-lhe um beijo na bochecha e ele se mexeu, sorrindo. Crescera tanto... Agora estava no quarto de Charlie e Sarah, ambos dormiam quietos, uma cena celestial.

"Meu menino..." Disse-lhe ao ouvido. "Como você cresceu... Sempre me foi motivo de muito orgulho, meu tesouro! Cuide bem da nossa família, seja sempre forte e amoroso, um dia nos veremos de novo. Mamãe sempre estará por perto, está bem? Te amo, meu bebê. Que Deus o abençõe."

Vi uma lágrima saindo de seu olho fechado, ele entendeu... Terminadas as despedidas, me dirigi para o lado de fora da casa, era hora de seguir meu rumo. O céu estava meio cinzento, talvez refletindo a paisagem que se encontrava abaixo dele. Fazia um frio gostoso, eu bem me lembro, mas já não sentia nada disso, nem me incomodava. Ao abrir a porta, vi uma linda e intensa luz, mas que não ofuscava a vista. Tinha alguém me esperando ali, ou melhor, havia mais de uma pessoa. Ao me aproximar, vi Zayn com o rosto jovem outra vez, usando um lindo paletó branco e me vi, ao mesmo tempo, com os cabelos impecáveis e as maçãs do rosto com o frescor da juventude,eu estava usando um longo e gracioso vestido branco. Os outros rostos que vi me eram familiares, recortes de toda a minha existência... Papai, mamãe, meus avós, alguns amigos, até Allan! Ele caminhou em minha direção e parou exatamente em frente ao arbusto em que eu o vira muitos anos antes. Demo-nos as mãos. As palavras eram desnecessárias naquele momento. Ele então desabotoou o paletó e, naquele momento, eu percebi que ele iria me mostrar o que disse precisar que eu visse há tantos anos atrás, quando seu espírito me guiara a seus amigos em perigo.

Foi então que, em seu peito esquerdo, exatamente onde fica o coração, eu vi uma tatuagem. Era o nosso símbolo que ele havia entalhado na árvore, a história tantas vezes contada, o infinito com nossas iniciais... A e Z, começo e fim.


Fim, não! Eternidade... Como aquele nosso símbolo, aquele nosso amor...



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