Estou sendo arrumada por minha equipe de preparação, porque hoje é o dia da entrevista com Caesar Flickerman, que será televisionada para toda Panem. Meu estilista trouxe para mim um vestido curto, cor de laranja e muito suave. Eu o vesti e parecia que eu estava coberta de penas, de tão leve e macio que ele era. Minha maquiagem não é extravagante, ela é normal e delicada. Quando saio do quarto encontro Cato em um lindo terno azul. Meus olhos brilham de admiração do quão lindo ele está. Ele olha pra mim dos pés a cabeça.

Uhh, tão sexy. – Fala ele com aquela sua voz sedutora.

Não mais quanto você. – falo rindo.

Entramos no elevador com toda a equipe e vamos ao local destinado. Lá, vejo que todos os tributos já chegaram inclusive Glimmer e Marvel. Faço de tudo para evitar contato visual com Glimmer, mas quando olho para um lado, ela está lá em um bonito vestido branco. Somos posicionados em uma fila na ordem dos distritos e Glimmer é a primeira a ser entrevistada. É a minha vez. Vou ao palco e sou aplaudida por uma multidão, enquanto Caesar pega minha mão e a beija. Sento e tento ser o mais natural possível.

Então Clove, me conte o que você mais ama na sua vida. – fala Caesar e toda a plateia olhando fixamente para mim.

Bem... Eu não tenho algo tão importante na minha vida. – Falo tentando disfarçar meu nervosismo.

Tem que haver algo. Sua mãe, irmãos, um animal de estimação... um garoto? – fala ele sorrindo.

Acho que ele sacou. Acho que a capital sacou a de todos os tributos. Nosso apartamento é filmado? Não entendo. Como sabem que amo Cato? Isso não é possível. Estou extremamente confusa, mais não posso deixar de responder Caesar se não jogarei tudo na cara dos telespectadores da capital. – Bem, tem sim... um garoto sim... Mas isso ninguém precisa saber.

Oh queridinha, entendo que você gosta dele. Quando você ganhar os jogos, vai voltar para casa rica, com fama e vai ficar com ele. – ele fala confirmando para a plateia.

Eu não vou ganhar. Ele vai. – falo mais logo depois que falo a última sílaba, a sirene que diz que meu tempo acabou é tocada. Saio do palco, mas a plateia não aplaude ela cai em lágrimas.

Estou indo em direção ao local mais longe possível dali, mas Glimmer me segue e me impede.

Onde a queridinha vai? Atrás do príncipe encantado? – Ela me provoca.

Não. Vou para um local onde não possa passar pelo seu rastro. – A provoco.

Cato gosta de mim. Só você não sabe. – fala ela.

Imediatamente pulo nela e nós duas começamos uma briga. Isso não é uma luta, é uma briga de garotas. Só há cabelos sendo puxados, unhas arranhado, gritos, beliscões, tapas, vestidos sendo rasgados e não paramos de rolar no chão. Todos ouvem os gritos e vão em nossa direção. A briga só acaba quando Cato e Marvel nos separam. Estamos horríveis. Vermelhas, machucadas e desarrumadas.

VOCÊ VAI MORRER! – grito para ela.

NÃO, SE EU TE MATAR! – ela devolve.

Cato está me levando em suas costas, como se eu fosse um saco para nosso apartamento. Ele me põe no sofá bota a mão na cabeça e começa.

Clove, o que foi que houve? Porque vocês brigaram? Porque vocês se odeiam tanto? Olha como você tá agora. Me da um motivo pra isso tudo. – Fala ele estressado.

Ah, você quer um motivo? Eu te dou um motivo: VOCÊ. – falo explodindo e corro pro meu quarto.

Entro debaixo das cobertas com o vestido rasgado e começo a chorar. Será verdade mesmo aquilo que ela disse? Ele gosta dela? Não pode. Ele falou para mim que eu sou a única da vida dele. Ele mentiu? Porque ele mentiria para mim? O beijo que ela deu nele o mudou? E ele está com medo de me machucar dizendo que a ama? Estou extremamente confusa, soluçando sem parar. Ouço um toque cuidadoso na porta do quarto. Não pode ser Cato, ele nunca bateria assim. Abro cuidadosamente a porta e vejo que é uma Avox. Ela trouxe um copo d’água para mim.

Obrigada – falo sorrindo.

Entro no banho e lá fico por 1 hora. A cabeça debaixo da água gelada, sem fazer nenhum movimento. Percebo que estou com a pele toda enrugada e saio. Me visto com um pijama de seda da cor amarelo e ponho minha cabeça no travesseiro. Demoro a dormir, mas quando finalmente consigo, durmo pouco. Não paro de ter pesadelos de como será na arena. O sangue de Cato percorrendo minhas mãos, Marvel morrendo em meus braços, Glimmer me matando. Isso toma conta da minha cabeça e saio do quarto. Peço um leite morno, e vou ao sofá e lá fico sentada olhando para o nada. Fico assim pelo tempo que acabo meu leite, e depois me deito. Adormeço ali.