Povs Sophia on

Acordei bem disposta naquele domingo, estava me sentindo mais leve do que nunca, eu e a Mandy, como ela gostava de ser chamada, conversamos até tarde sobre muitas coisas, nem parecia que no mesmo dia evitávamos qualquer tipo de aproximação uma com a outra.

Ela não parecia mais em nada àquela menina que eu não suportava, é como se ela tivesse saído daquele mundinho imaginário em que vivia e acordado pra vida, ainda estava curiosa pra saber o motivo da mudança, mas toda vez que eu tocava no assunto ela se desviava e acabávamos falando de outras coisas. Mas eu contei o porquê de eu ter deixado o cabelo crescer e pintado de preto.

Flashback on

No meu antigo colégio eu tocava em uma banda, e que eu namorava com o vocalista da mesma, na época eu achava ele incrível, até pensava que o amava.

Os elementos da banda eram muito unidos, e eu era a única garota, nós tocávamos o terror no colégio, sempre nos aproveitando dos mais fracos, daí que eu comecei a brigar, mas fora disso eu ainda mantinha minhas boas notas, pois só agia daquele jeito no colégio, em casa eu sempre estudava.

Pra mim estava tudo muito bem, até que os garotos começaram a se envolver com coisas que não deviam, passaram a beber e a usar umas substâncias ilícitas, eu não queria me envolver com aquilo, mas eles começaram a dizer que eu era fraca, boba, que não tinha nada demais, e eu estava preocupada com eles, pois apesar daquilo, eles eram meus amigos.

Depois de um tempo meu namorado começou a mudar drasticamente, até que começou a roubar pra poder comprar as drogas. E estava planejando algo grande, que ia render muito dinheiro. Eu fiquei muito assustada com tudo aquilo, e terminei o namoro com ele. Ele não gostou nada, mas não fez nada pra me impedir de deixá-lo, e mesmo tendo terminado com ele, eu ainda estava preocupada, e contei tudo pro papai, ele disse que o melhor era denunciá-lo à policia, pois se ele não fosse impedido agora, depois poderia ser tarde demais, e ele não ia ter salvação. Eu fiquei muito insegura por um tempo, mas concordei com ele, e denunciei-os. Na noite em que eles iam por o plano em prática a policia ficou de tocai, e eles foram pegos em flagrante. Eles não podiam ir presos por serem menores de idade, mas foram mandados pra uma espécie de reformatório.

Eu não sabia se eles tinham consciência de que fui eu que os denunciei, e tinha medo que se descobrissem, eles quisessem se vingar de mim. Passei muito tempo sem sair de casa, estava apavorada, meu pai dizia que eles não tinham como descobrir, mas pra tentar me acalmar ele me mudou de colégio, e aos poucos eu fui retomando minha vida. Pintei o cabelo e deixei crescer, parei de vestir aquelas roupas ousadas e sempre pretas, que eu usava, e passei a me vestir mais discretamente e colocar um pouco de cor no meu guarda-roupa. Queria mudar, ser uma pessoa melhor. Mas vivia tendo pesadelos com meu ex querendo se vingar de mim, e junto com ele tinha mais alguém, não era nítido, mas eu sabia que era um homem, e que ele tinha os cabelos bem vermelhos e os olhos amarelos, quase dourados.

Flashback off

Eu havia contado todo o ocorrido a ela, e a mesma ficou meio chocada, eu só não falei dos pesadelos, pois os mesmos não tinham tanta importância, mesmo que me assustassem muito.

Conversamos muito naquela noite, até o papai praticamente nos obrigar a ir dormir, dizendo que mesmo que no outro dia fosse domingo, não era muito bom ficarmos acordadas até a madrugada. Quando olhamos o relógio levamos um susto, já ia dar 1 da manhã, e ainda estávamos acesas, mas concordamos em ir pra cama.

Pela primeira vez em tempos eu não tive nenhum pesadelo, o que me alegrou bastante. Me levantei, tomei meu banho, me arrumei e desci pro café.

Mandy já estava na mesa quando desci, e me disse que o papai tinha ido dar uma volta, e que até perguntou se ela queria ir, mas ela disse que tínhamos algo pra resolver, e que teria que ficar pra próxima.

Eu não estava muito confortável com aquela situação, mesmo sabendo que eles também têm marcas parecidas nos braços, e que estão tão perdidos nessa história quanto eu. Diogo não gosta de mim, e não sei ainda como ele vai reagir, só aceitei que a minha irmã contasse pra ele, porque ela parecia confiar bastante no mesmo, o jeito que ela falava dele chegava a ser até engraçado, não sabia ao certo, mas achava que ela está apaixonada.

Povs Sophia off

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Minha relação com Sophia mudou drasticamente em menos de 24 horas, era meio estranho, mas eu estava gostando muito dessa nossa aproximação.

Depois do almoço nos dirigimos à biblioteca, era um pouco longe, então tivemos que pegar um ônibus porque o papai ainda não havia voltado do tal passeio e não poderia nos levar.

Chegando lá logo procurei avistar Diogo e Lexis, e não demorei muito pra encontrá-los, a cara de surpresa deles ao me virem com a Sophia foi hilária, acho que era a primeira vez que éramos vistas andando juntas.

- Vocês duas são mesmo muito parecidas, se não fosse pelo cabelo seria difícil dizer quem é quem – falou a Lexis brincalhona.

-Concordo com você irmãzinha, mas o que interessa mesmo é saber o que a Sophia está fazendo aqui – ele me olhava confuso – Mandy acho que merecemos uma explicação.

- Tá certo eu explico, mas vamos pra um lugar mais reservado, acho melhor não falarmos disso em público – eu falei.

Entramos na biblioteca e pedimos pra usar uma das cabines que eles disponibilizavam pra trabalhos em grupos, e como estávamos em quatro não foi difícil conseguir a permissão. Entramos na cabine que não era muito grande, mas confortável, tinha uma mesa e seis cadeiras, era suficiente pra podermos fazer as pesquisas sem nos cansar muito.

Contamos a eles sobre o fato da Sophia também ser uma de nós, e que eu e ela havíamos feito as pazes. Lexis aceitou numa boa, Diogo ficou com um pé atrás, mas acabou aceitando.

Ficamos boa parte da tarde na biblioteca, mas infelizmente não conseguimos nenhuma informação, o que foi muito frustrante, mas o que mais me incomodou foi que o Diogo ficou muito distante de mim todo o tempo, ele mal olhava pra mim, e sempre que estávamos a sós ele se desviava e dava um jeito de fugir de mim.

Já era hora de irmos pra casa e enquanto as meninas iam devolver os livros que havíamos pego, e antes que ele desse um jeito de se esquivar eu fui tirar satisfações.

- Diogo, o que está acontecendo? Por que você está me evitando? – perguntei séria, mas com certo receio.

- Eu não estou te evitando – ele disse.

– Está sim, hoje você mal falou comigo, e fugiu toda vez ficamos a sós – eu disse em um tom triste - Olha se você se arrependeu do que houve entre a g.. – ele não me deixou terminar, e me puxou pra um beijo.

- Não é nada disso, eu nunca ia me arrepender disso – falou assim que nos afastamos ainda me segurando em seus braços e me olhando com carinho.

- Então porque você estava me evitando? – perguntei ainda zonza.

- Eu não estava te evitando, é que eu fiquei meio desconfortável com a presença da sua irmã, e também eu não sabia como agir, não sabia se você estava arrependida – explicou-se, mas eu confesso que não acreditava que era só isso, eu sentia que havia algo mais, mas eu ia deixar pra descobrir depois, então fingi que acreditei.

- Você é muito bobo mesmo, claro que não estou arrependida – disse sorrindo, foi ai que eu ouvi uma voz vinda da porta, que me fez soltar ele de uma vez.

- Eu sabia que estava rolando algo entre vocês - Lexis disse sapeca.

- Eu também já estava desconfiada – Sophia falou rindo – Mas é melhor a gente sair daqui, é proibido namorar na biblioteca.

- Vocês não têm jeito mesmo meninas, quase nos mataram do coração – ele falou meio sem jeito por termos sido pegos no flagra.

Elas haviam chegado na sala enquanto nos beijávamos, e ficaram escondidas vendo o que estava acontecendo. Eu corei com a situação, apenas acenei com a cabeça, até que senti a mão do Diogo segurando a minha, ele olhou pra mim com um sorriso no rosto e me puxou em direção à saída.

Fomos de mãos dadas por todo o percurso até em casa, como nós morávamos perto, pegamos o mesmo ônibus, e descemos em frente à praça. As meninas ficavam fazendo piadinhas com a gente, mas eu nem estava me importando, era muito bom ficar perto dele, conversamos muito durante o percurso, ignorando os comentários sem graça das meninas.

Assim que descemos as meninas se fizeram de desentendidas e se viraram pra que pudéssemos nos despedir devidamente. Depois eu me despedi da Lexis e combinamos de nos encontrar na entrada do colégio como sempre.

Eu e minha irmã fizemos parte do caminho em silêncio até que ela se pronunciou.

- Hoje o dia rendeu não é? – falou debochando.

- Não sei do que você está falando – me fiz de desentendida – e não rendeu não, não conseguimos descobrir nada, ainda estamos na estaca zero.

- É ainda estamos na estaca zero, mas pelo menos você arrumou um namorado – ela falou com um sorrisinho sapeca.

- Eu e ele não estamos namorando ainda, quer dizer, ah você me entendeu – falei corando muito.

- Vocês podem não estar namorando ainda, mas não vai demorar pra isso acontecer, vocês se gostam isso está mais do que na cara – ela ria enquanto falava – eu só cheguei a duvidar disso por causa da cena que vi no outro dia, de você gritando com ele no meio da rua.

- Você viu aquilo? – falei intrigada- Foi por isso que bateu na porta do meu quarto naquele dia perguntando se eu estava bem?

- Não, na verdade foi como se eu sentisse que tinha algo errado, foi estranho.

- Muito estranho, foi naquele momento que a marca no meu braço apareceu.

- Agora eu estou ficando assustada, será que teve alguma ligação?

- Não sei, mas isso é bem estranho – falei e depois fechei a cara.

- O que foi?

- Nada não, é que eu me lembrei de uma coisa e fiquei meio preocupada.

- Do que você lembrou?

- Bom, você e a Lexis liberaram os poderes, e você fez nevar no seu quarto, e o dela ficou cheio de pétalas de flores, então eu comecei a pensar, se tem uma chama no meu braço é meio obvio que meu poder é fogo, estou com medo de botar fogo na casa – falei imaginando.

- Não se preocupe como vocês disseram eu e ela só liberamos os poderes assim por causa das emoções, então só temos que dar um jeito de liberar seus poderes de outra forma – ela falou tentando me acalmar – E também tem meu cunhadinho, ele também não liberou os poderes ainda – ela falou e eu comecei a rir.

- É estranho e muito engraçado ver você falando dele assim – eu ria muito – Mas e você não vai me arrumar um cunhado não?

- Eu não tenho tempo pra essas coisas, e também não estou interessada em ninguém – ela disse e eu não acreditei em nada.

- Tá, vou fingir que acredito, mas eu sei de alguém que é louco por você .

- Sério, quem? – ela me olhou curiosa.

- Ah, isso é segredo, mas você não vai demorar muito pra descobrir – falei rindo, e fui abrindo o portão e entrando em seguida, já que com nossa conversa terminamos o percurso quase sem perceber.

- Ei Mandy me conta vai – ela veio atrás de mim, mas eu não ia contar de jeito nenhum.

Entramos em casa e vimos o papai sentado na sala vendo TV, algo raro, assim que nos viu nos chamou pra jantar, ele havia comprado comida chinesa, e pela primeira vez jantamos como uma família de verdade, rindo e conversando, mas por um momento eu senti falta da mamãe. Como será que ela estava? Não falava com ela desde que ela me deixou no aeroporto. Decidi então, depois do jantar eu ligaria pra ela.