Narrador On

Estavam os três naquele quarto a um bom tempo, as meninas ficavam cada vez mais nervosas, elas precisavam saber de mais coisas, elas ainda estavam no escuro, e o Ivan parecia ser a luz que ia começar a iluminar suas mentes. Ele tornou a falar e elas ouviram-no com toda atenção.

- Depois que eu vi a marca no meu braço fiquei muito confuso e perdido, e não contei pra ninguém sobre o que aconteceu, pois pensei que achariam que eu fiquei louco. Eu não sabia como controlar meus supostos poderes, e não fazia a mínima idéia do que estava acontecendo comigo, até que um dia analisando a marca no meu braço, eu me lembrei de ter visto uma parecida em um livro que tinha numa estante no escritório do meu pai, então eu comecei a procurar aquele livro, pois não lembrava exatamente em qual eu tinha visto e haviam três estantes cheias de livros naquele lugar. Até que depois de uma semana procurando eu encontrei o livro, ele continha um pouco da história da nossa cidade, e havia o relato de um homem louco que assassinou os amigos, acho que o nome dele era William Lybert, os relatos diziam que ele foi encontrado no meio de um ritual com todos os amigos mortos, e que ele só foi preso porque estava desacordado quando foi encontrado, ele foi internado em um hospício, mas que conseguiu fugir, e que desapareceu sem nunca mais ser encontrado. Nos relatos dos enfermeiros do local ele dizia que era o único que merecia ser chamado de “Filho da Natureza”, e que os outros não mereciam aquele poder, e que era imortal, que nada poderia deter o poder dele. Tinha uma foto dele que foi tirada quando ele estava no hospício, nos braços dele, havia várias tatuagens, todas eram espirais com um símbolo no meio. Não dava pra ver o rosto dele na foto, porque estava em preto e branco, e ele estava olhando pra baixo, e o cabelo dele cobria o rosto.

As meninas ouviram cada palavra do que ele dizia um pouco chocadas. Será que elas eram “filhas da natureza”? O que será que aconteceu com esse tal de William? Será que ele era mesmo imortal como dizia?

Ivan ainda não tinha terminado de contar a história, então elas resolveram que não iam se pronunciar até ele terminar.

- Depois que eu terminei de ler os relatos no livro eu cheguei a conclusão de que eu era um “ Filho da Natureza”, como o tal do Will se denominava, eu continuei minhas pesquisas, mas não encontrei nada sobre isso na internet, decidi então começar a treinar como usar meu poder, até que consegui controlar um pouco, posso controlar qualquer coisa que contenha no mínimo 50 % de água, por isso vocês me viram com as latas de tinta ao meu redor, a tinta é à base de água, eu não estava controlando as latas e sim o liquido dentro delas. Pronto, contei tudo que sabia pra vocês.

- Uau – foi só o que a Sophia disse.

- Estou meio chocada com tudo isso – Mandy falou enquanto assimilava tudo o que ouviu – Eu não sei se fico feliz por saber mais sobre o que somos, ou se fico mais assustada do que antes. Juro que se eu não já tivesse visto os poderes com meus próprios olhos eu acharia essa história toda um absurdo.

- Eu também, mas nós somos a prova viva de que ela é real – disse Ivan – Bom pelo menos eu sei que agora não sou o único, agora nós somos três.

- Na verdade, agora nós somos cinco – falou Sophia.

- Como assim cinco? – indagou Ivan

- Nós conhecemos mais dois iguais a nós – Mandy disse – E eu acho que nós temos que contar pra eles isso que você nos contou.

- Quem são esses dois? Eu os conheço? – ele perguntou.

- Conhece sim, e acho que vai ficar meio chocado – falou Sophia, ela olhou pra irmã como quem dissesse que ela deveria contar quem eram.

- Os outros dois são o Diogo e a Lexis – Mandy finalmente revelou.

- O que? Eles dois também? – ele parecia estar assimilando essa ultima informação – Eu nunca imaginaria que o Diogo também possuía poderes.

- Na verdade ainda não possui, eu e ele só liberamos as marcas dos nossos braços, mas ainda não conseguimos usar os nossos poderes. – Mandy falou meio triste.

- Eu fiz nevar no meu quarto inconscientemente, e como isso só tem dois dias, ainda não tive tempo pra treinar meus poderes – Sophia disse.

- Se você quiser depois eu te ajudo a treinar – Ivan falou olhando pra ela.

- Se não for incomodar eu aceito – ela falou e corou.

- Depois nós vemos isso dos treinamentos, agora precisamos mesmo é nos comunicar com os outros dois e contar tudo que sabemos – Mandy falou cortando o clima – Vou ligar pro Diogo do telefone do escritório, volto já, aproveitem – disse num tom malicioso.

Narrador off

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Povs Diogo on

Eu estava no meu quarto só de bermuda afinando meu baixo quando meu celular tocou, eu não conhecia o numero, mas atendi mesmo assim.

- Alô? – atendi meio desconfiado.

- Alô, Diogo? – uma voz familiar falou.

- Ele mesmo, quem fala? – perguntei.

- Oi, aqui é a Mandy, é que eu to ligando do fixo aqui de casa – ela se explicou.

- Oi am.. Mandy porque você não ligou do seu celular? – droga, quase chamei ela de amor, onde eu estava com a cabeça?

- É uma história meio longa, você está em casa? Se sim a Lexis está aí?

- Estou sim, e ela está no quarto dela, por quê? – me sentei na cama.

- Eu preciso que vocês venham aqui em casa o mais rápido possível, de preferência agora. – ela falou séria.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei apreensivo.

- Aconteceu sim, é sobre o que nós somos, eu e a Sophia descobrimos algumas informações. – falou

- Sério, como? – disse me levantando da cama.

- Quando vocês chegarem aqui eu conto – disse.

- Estaremos aí em vinte minutos – falei já começando a vestir uma camisa.

- Estamos esperando vocês – disse.

- Está certo, até daqui a pouco, beijo. – disse no impulso, e ouvi o silêncio do outro lado da linha, achei que ela não esperava por isso.

- É..é.. beijo – falou e desligou.

Fiquei meio estático, estava me sentindo um idiota, ela me deixava louco, eu estava completamente apaixonado por aquela ruiva. Mas logo saí dos meus devaneios e fui ao quarto da minha irmã contar a novidade a ela pra podermos ir correndo pra casa da Mandy.

Quando contei a ela que as meninas tinham descoberto algo e que pediram pra irmos lá, ela não pensou duas vezes, e foi logo me puxando pra fora de casa. Eu já era maior de idade, mas mesmo não tendo carteira de motorista, se não fosse pra ir muito longe de casa e se eu levasse a Lexis comigo eu podia pegar o carro da minha mãe emprestado, e foi o que eu fiz.

Chegamos na casa delas em menos tempo do que eu havia dito, Mandy abriu o portão pra mim, e como o pai não estava em casa e só ia voltar dali a duas horas ela disse que eu podia estacionar o carro na garagem. Não questionei, sabia que a história ia ser longa.

Quando entramos na casa ela nos guiou até o quarto da Sophia, e eu não nego que levei um susto, junto com a dona do quarto estava a ultima pessoa que eu esperava encontrar ali conversando com ela.

- Ivan? O que você está fazendo aqui? – perguntei confuso.

- Também estou confusa, pensei que íamos falar sobre as... ai doeu – Lexis ia falar mas eu a belisquei antes.

- Não precisa machucar ela Diogo, o Ivan sabe das marcas – Mandy falou meio brava por eu ter machucado a amiga dela.

- Ele sabe? Como assim? – perguntei confuso.

- Acho melhor vocês se sentarem, a história é meio longa. – Ivan falou.

Mandy pegou umas cadeiras pra mim e pra Lexis e se sentou na cama junto da irmã, Ivan que estava sentado em um Puff ia começar a falar, mas foi cortado pela minha ruivinha (de onde eu tirei isso?).

- Ivan, acho melhor eu contar pra eles o que aconteceu aqui em casa mais cedo, antes de tudo – ela falou.

- Concordo – Sophia disse.

- Então tá, pelo menos tenho tempo pra respirar – ele suspirou, ele parecia cansado, acho que essa história era longa mesmo.

Mandy contou tudo que aconteceu desde que Sophia chegou em casa, eu só não gostei do fato de ele estar sem camisa no quarto dela, mas não deixei transparecer. Fiquei chocado em saber que o Ivan era um de nós, isso era muita loucura.

Assim que ela terminou de falar Ivan tomou a frente, ele nos contou como conseguiu seus poderes e toda a história que ele leu no livro.

Agora sim eu estava chocado, aquela história era muito surreal, mas eu sabia que era real, afinal todos nós ali éramos a prova disso.

- Filhos da Natureza? – falou a Lexis – Isso é engraçado, principalmente pra mim – ela falou em relação aos poderes dela, já que ela podia controlar as plantas.

- Então você pode controlar a água? Posso ver sua marca? – eu pedi, e ele assentiu com a cabeça.

Ele levantou a manga da camisa, o braço estava um pouco sujo de tinta, mas deu pra perceber que ele havia limpado um pouco que parecia cobrir a parte onde fica o elemento. Não sei por que, mas acho que vi a Sophia corar quando eu olhei pra marca, era uma espiral como todos nós, e no meio tinha uma gota.

- Bom eu acho que agora nós já temos por onde começar a pesquisar, já sabemos o que somos, mas ainda tem muita coisa pra descobrir nessa história – Mandy falou.

- Concordo, mas acho melhor deixamos isso pra depois, tudo isso me deixou muito cansado – Ivan falou.

- Eu concordo, acho melhor deixarmos pra decidir qualquer coisa amanhã à tarde – Sophia disse – Todos nós estamos cansados, foi muita informação pra um dia só.

- Por mim está tudo bem, se ninguém tiver nenhuma objeção nos reuniremos amanhã à tarde – eu disse e todos concordaram.

- Mandy você se importa se eu terminar o trabalho no seu quarto depois? – Ivan perguntou.

- Não, pode deixar pra terminar outro dia, eu durmo no quarto de hóspedes ou aqui mesmo no quarto da Sophia – ela disse – Você não se importa neh maninha?

- Não, tudo bem, bom que a gente vai poder conversar mais sobre isso sem o papai brigar por causa do horário – Sophia concordou.

- Então está tudo certo, você quer carona Ivan? – perguntei – Minha mãe me emprestou o carro, se quiser te deixo em casa.

- Eu aceito, eu vim a pé mesmo – ele pareceu aliviado em não ter que caminhar tanto.

Logo após descemos pra ir pra casa, mas antes de ir eu aproveitei pra roubar um beijo da minha ruivinha, o Ivan ainda não sabia e ficou meio surpreso, mas as meninas só riram mesmo.

Quando deixei ele em casa antes de sair do carro ele disse.

- Tchau senhor apaixonado.

Eu apenas ri com a brincadeira, afinal ele não falou nenhuma mentira.

Povs Diogo off