O Lado Escuro escrita por Charlotte Fuller


Capítulo 1
Prólogo




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“Diga duas palavras que estão em sua cabeça nesse momento.” Disse inquisitivo.
          “Padrão, incólume.” Sorriu encantadoramente no final da pronúncia.

“Incólume?” Ergueu as sobrancelhas, divertido.

“Sim.” Alargou o sorriso, apresentando os dentes estupidamente perfeitos. “Algo que aprendi hoje.”

“E o que seria?”

“Intacto.” Apoiou as belas maçãs do rosto na palma de sua mão. “Mas prefiro a primeira forma, soa mais requintado.”

“Então, gosta de coisas luxuosas?” Perguntou desafiador.

“Não.”

“Não?” Repetiu abobalhado.

“Não.” Afirmou novamente.

“Deixa-me como um cego em meio a uma guerra.” Admitiu acanhado. O escarlate combinava com sua face. Para os olhos da mulher, era esplêndido. Seus dedos finos tocaram sua bochecha ruborizada e seus olhos possuídos, de um amor fraternal, contemplaram-no. “Não gosto de ficar exposto.”

“Não seja bobo. Gosto da sua franqueza, é admirável.” Acariciou seus olhos devota.

“Mas ela me deixa fraco e a fraqueza é um mal brutal nessa vida.” Rebateu, ainda com os olhos fechados.

“Está errado, meu querido, fraqueza é o que nos torna mais fortes.” Recolheu as mãos, fazendo-o abrir os olhos e encará-la em desagrado. “Basta admiti-la.”

           Repreendeu-se pela resposta que surgira na ponta de sua língua. Não gostava de desabar os muros e tornar-se límpido perto de outros.



          “Você é minha fraqueza.” Respondeu em um suspiro.

“Não. Olhe pra mim!” Mandou, vendo-o focar-se em seus olhos. “Não sou sua fraqueza, apenas ajudo-o a ficar mais sensível, humano.”

“Compreenda-me, tornou-se minha maior fragilidade desde que te conheci.”
          “Pois sabes que nunca serei sua.” Declamou com pena, o que o irritou cegamente.

Não gostava de ser tratado como um coitado.

“E por que ainda se aventura nessas jornadas?” Exaltou-se elegantemente. Um olhar de fora diria que não passava de uma conversa amena. Mas ela o conhecia o bastante para dizer que aquele era seu tom acusador. “Eu te amo.”

“Amor pela metade não é verdadeiro.” Alcançou suas mãos, mas ele as recolheu. A bela criatura com longos cabelos de um ruivo admirável o encarou, sustentando tristeza em seu belo par de esmeraldas. “Entenda, não quero machucar-lhe como as más línguas espalham pelo povoado. Tenho um apreço descomunal por sua pessoa, mas não é amor. Nunca foi.”

“Queria acusar-lhe de frígida.” Suspirou, inconsolado. “Porém, fora tão verdadeira desde o primeiro segundo, acho que isso me encantou como todo o resto de suas infinitas qualidades.”

          Expressou um meio sorriso taciturno, recolhendo suas vestes e pondo-se a vesti-las calmamente. Os olhos do jovem homem acompanharam todo o processo, afortunados de paixão.

         “Foi bom conhecê-lo.” Disse, tocando a maçaneta de ouro maciço.         “Acredite.”
        “Não nos perderemos por esse mundo, senhorita.” Ela sorriu, mesmo estando de costas. “Há um mundo de aventuras cheio de oportunidades e sei que você não perderá.”
       “Então, isso seria um adeus provisório?” Questionou no hall de entrada, pronta para partir, mas antes esperou por sua resposta. 

“Claramente.” E assim ela deixou a porta chocar-se contra o trinco, deixando-o solitário como antes. Porém, os lençóis haviam absorvido toda sua essência, invadindo-lhe as narinas, tornando sua partida ainda mais dolorida.

15 de Outubro de 1798, França.




Annabel,


Querida irmã, temo ter feito a mais difícil escolha de minha vida. Ponho-me a pensar e uma chuva torrencial de pensamentos alaga minha mente confusa, perdida. Acabo de abandonar o homem a quem entreguei meu coração, de modo frio e calculado. Não restam mais esperanças para minha pessoa, eu sinto, e nesse jeito tortuoso vou seguindo para o meu desagradável fim.
Annabel, estou grávida e a covardia impediu a mim e esse bebê, fruto de um grande amor, de ser feliz. Minha jornada agora segue para uma pequena vila, onde tentarei cuidar desse filho com todo carinho que hei de dar. Mas serei amargurada, uma velha tristonha, no fim, por negar o sentimento mais belo que presenciei. Escrevo esta carta com um buraco de dimensões assustadoras, sustentando o que antes chamava de coração. Minha irmã, minha amiga, peço que se ponha a rezar pela alma perdida de sua irmã mais nova.

Com carinho, Phelippa Andre Vincent.


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Notas finais do capítulo

Preciso de reviews. ha



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