The Ruler And The Killer escrita por Marbells


Capítulo 3
Decisions and Anxiety


Notas iniciais do capítulo

Oi, tributos! Obrigada pelos comentários do capítulo anterior, foram o suficiente para me deixarem cheia de vontade de postar outra vez.
Espero que gostem deste capítulo!



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Eu ainda estava imóvel em cima do palco, não queria acreditar no que estava ouvindo. O que aquele idiota estava pensando? Ele prometeu que não iria se voluntariar! Tentei manter meu sorriso, mas não consegui, pelo que optei pela minha expressão mais fria. Ninguém podia saber o meu ponto fraco, isso podia ser usado contra mim.

A mulher da Capital mandou Cato subir ao palco e lhe perguntou o nome.

–Cato Ruthless. – ele respondeu com a voz inespressiva. Eu evitava olhar para ele e suava frio. A única vontade que tinha naquele momento era a de matar alguém da forma mais lenta e tortuosa possível.

–Muitos parabéns, Cato! Uma salva de palmas para o nosso tributo masculino! – todos aplaudiram novamente, gritos de euforia se ouviam. Eles estavam contentes, sabiam que nós eramos os melhores tributos que podiam ir representar o Distrito 2 e confiavam em nós para lhe trazer honra e distinção. Mas não era com isso que eu me preocupava naquele momento.

Não olhei mais para Cato desde que ele se voluntariou, o meu olhar estava fixo em algum ponto na multidão. Acho que ele percebeu que não valia a pena falar comigo naquele momento, pois também não me dirigiu a palavra. Pelo menos durante alguns minutos.

Não tinha ideia do que faria na arena com Cato nela também. Apenas tinha a certeza de que não poderia deixar que nada acontecesse com ele. Cato ganharia, de uma forma ou de outra ele acabaria por ganhar. Sim, era isso mesmo. Estava decidido então. Cato ia ganhar os 74º Jogos Vorazes e eu apenas me certificaria que ele chegaria ao fim dos Jogos, vivo e com os habitantes de toda a Panem a aplaudir.

Depois da colheita, fui levada para uma sala onde os meus pais iriam para se despedirem de mim.

Eu nunca me dei bem com os meus pais. Eles raramente estavam no nosso Distrito e, quando estavam, eram demasiado sentimentais e me tratavam de uma maneira enjoativa, como se, de repente, eu passasse a ser muito importante para eles.

A despedida foi mais fácil do que eu pensava e os meus pais pareciam saber aquilo em que eu estava a pensar. Eles não me obrigaram a prometer que ganharia, eu apenas tive de jurar que ia lutar até á morte e que mataria o máximo de tributos que fosse possível.

Embora a minha relação com os meus pais fosse um tanto fria, eles sempre respeitaram a minha amizade com Cato, talvez por saberem que ele era a única pessoa que me protegeria num momento meu de fraqueza (o que era muito raro mas já tinha acontecido algumas vezes). A minha mãe dizia que o Cato era o irmão mais velho que eles gostariam que eu tivesse e que estava contente por pelo menos eu conhecer alguém quando estivesse na arena.

Quando eu nasci a minha mãe teve algumas complicações depois do parto e acabou por não poder ter mais filhos, o que fez com que eu ficasse sendo filha única (o que era um caso muitissímo comum nos Distritos mais pobres, pois, muitas vezes, os pais não tinham dinheiro nem para se sustentarem a si próprios). Às vezes eu ficava a pensar em como seria a minha vida se tivesse tido um irmão ou uma irmã. Talvez não fosse tão solitária e a minha natureza sarcástica e sádica já não me pertencesse. Mas depois eu chegava á conclusão de que, se eu tivesse tido um ou mais irmãos, não teria feito amizade com Cato ou talvez nós nem nos tivessemos conhecido.

*

Quando entrámos no trem que nos levaria á Capital, sentei-me perto da janela. Algumas pessoas vestidas de uma forma estranha vinham nos cumprimentar e nos informaram que em breve o nosso mentor iria ter connosco. Mais uma vez, não esboçei nenhuma emoção, pois embora o nosso mentor tivesse a experiência de um tributo dos Jogos Vorazes não eram algumas táticas que iam manter-me viva. Além disso, eu já tinha a certeza de que não ficaria viva tempo o suficiente para ver o fim dos Jogos.

Eu continuava a olhar para janela, o trem era muito veloz e a paisagem não passava de um borrão colorido aos meus olhos. Ouvi alguns passos atrás de mim e Cato disse:

–Você não pode me ignorar para sempre. – a sua voz estava quase implorativa e, por segundos, quase lhe respondi mas me mantive calada – Clove, fale comigo!

Não respondi a Cato e continuei fingindo que não o ouvia, o que acabou por dar resultado, pois ele apenas se sentou na cadeira a meu lado e ficou ali imóvel e em silêncio.

–Você prometeu que não ia se voluntariar. - murmurei quando já estava mais calma ou, pelo menos, quando já havia menos probabilidades de eu, mesmo sem querer, o tentar matar – Você não cumpriu sua promessa.

–Eu não podia, Clove. – ele sussurrou também – Eu sei que prometi mas… Merda! – Cato tinha a cabeça entre as mãos e grunhiu – Não era suposto ser assim! Eu não ia voluntariar-me e ficávamos os dois juntos. Merda! Merda!

Cato levantou-se e, num fechar de olhos, jogou uma das cadeiras contra a parede. Cato era assim mesmo, ele era impulsivo e não pensava nas consequências dos seus atos. Ao ver que ele não ia acalmar-se por si próprio nos próximos 30 minutos, levantei-me silenciosamente e coloquei a mão sobre o seu ombro. Cato não olhou para mim, continuava a praguejar e tinha os olhos fechados.

–Está tudo bem, Cato. – ele balançou a cabeça e eu suspirei – Nós vamos ficar bem. – murmurei.

–Eu não vou matar você, eu não vou. – os seus olhos se abriram e se fixaram nos meus – Eu não vou deixar ninguém chegar perto de você, Clove. – sussurrou num tom desesperado. Os olhos azuis de Cato brilhavam com desespero e com a raiva contida. Eu percebia o que ele estava a sentir. Mas tinha de me controlar. Por ele.

–Não é comigo que tem de se preocupar, Cato. – disse num tom que suave que apenas usava com ele – Eu já sou grande e sei defender-me. Eu não quero que se preocupe comigo quando estivermos na arena, ouviu? Porque se algo acontecer com você eu juro que temato, e se você já estiver morto eu te resuscito e mato outra vez.

–Me perdoa? – ele perguntou, visivelmente mais calmo – Eu sei que está magoada e com raiva, mas como eu podia deixar você ir para aquela arena com um desconhecido e não ter ninguém que te defendesse lá? – olhei para Cato e perguntei:

–Então é isso, a sua missão é defender-me dos outros tributos?

–E de tudo mais que a ameaçar. – ele sorriu maliciosamente com os últimos rastos de raiva nos olhos – Eu decapitarei qualquer um que se colocar no nosso caminho Clove, torturarei e me divertirei imenso. – bufei e fingi estar aborrecida.

–Espero que esteja pensando em partilhar a diversão…

–Claro que sim, você é a minha parceira! – os dois sorrimos e gargalhámos. Era bom estar assim com Cato outra vez, embora as imagens do meu futuro fatal e não muito distante continuassem a dançar na minha mente – Então, você já não está com vontade de me matar? – perguntou passados alguns minutos e eu suspirei.

–Eu nunca quis te matar, Cato. – ele fez sinal para que eu continuasse e assim eu o fiz, com um sorriso maléfico no rosto – Eu apenas queria te torturar da pior forma possível, mas te deixaria vivo no final. – Cato deu uma gargalhada gutural.

–Oh, assim eu me sinto muito melhor!

–Mas e se… - engoli em seco e olhei nos olhos azuis-escuros. A minha cor preferida sempre foi o azul, sempre desde o dia em que nos conhecemos – E se apenas nós os dois ficarmos no final? – Cato pareceu entender o que eu queria dizer e o vi engolir em seco também, para, sem seguida, olhar para mim com um olhar tão determinado como quando se voluntariou.

–Eu nunca lhe farei mal, Clove.

–Nem eu a você. – dei um risinho nervoso e tirei de dentro da minha bota uma das três facas que eu tinha levado para a Colheita. Prevenir nunca é demais – Fique com isto. – entreguei-lhe a faca e vi-o esbugalhar os olhos.

–Não! É a sua faca, eu não posso…

–Pode sim. – interrompi – E você vai aceitar, porque é uma oferta e eu ficarei ofendida se você recusar. Além disso, eu tenho mais duas comigo.

–Duas? – ele me olhou surpreso e eu balançei a cabeça, não me deixaria distrair – Ah, está bem! – Cato pegou na faca e colocou-a dentro da bota dele – Obrigado, Clove.

–Por nada, mas, agora, vamos esquecer esses assuntos e vamos falar sobre algo mais interessante… as alianças. – disse num tom de voz falsamente sério e ele gargalhou.

Passaram vários minutos depois dessa conversa com Cato e agora nós estávamos falando sobre as alianças. Naquele momento nós já tinhamos uma, nós os dois seríamos aliados mas presisaríamos de mais alguém, talvez algum carreirista de um dos outros Distritos.

A porta daquele compartimento se abriu e um homem de estatura média, com barba ruiva e várias cicatrizes no rosto veio ter connosco. Devia ser o nosso mentor.

–Olá, eu sou o Brutus e serei o vosso mentor antes de irem para a arena.

–Eu sou o Cato.

–Clove. – nos apresentámos e Brutus puxou uma cadeira, colocou-a á nossa frente e se sentou com a parte de trás da cadeira virada para nós.

–Então, ouvi dizer que um de vocês se voluntariou. – voltei a cerrar os punhos ao lembrar-me do sucedido.

–É verdade. – as palavras de Cato saem curtas e frias, tal como punhais e um pequeno sorriso se forma nos meus lábios. Mas Brutus não pareceu ter ficado incomodado com a frieza de Cato, pelo contrário, um sorriso de escárneo aparece em seu rosto.

–Estão entusiasmados?

–Claro. – respondemos ao mesmo tempo e, também uma harmonia que podia parecer estranha para qualquer um que não nos conhecesse no Distrito dois, sorrimos.

–Vou matar pelo menos 5 tributos. – afirmei convincentemente. Nem eu mesma me perdoaria se matasse menos que 5 tributos e, pelo menos, 1 carreirista.

–E você, Cato, já tem uma lista de quantas mortes quer fazer? – Brutus olha atentamente para Cato, de cima a baixo, como que o analisando.

–Eu não tenho uma lista, não preciso de uma. – Brutus ergue a sobrançelha e Cato sorri maldosamente, aquele sorriso lhe ficava muito bem, tornava-o mais assustador no ponto de vista de qualquer pessoa menos eu e, aparentemente, Brutus também – Não preciso de uma lista para saber que vou matar qualquer tributo que se meter entre mim e a vitória – não pude evitar deixar o meu sorriso morrer ao ouvir isso. Eu desejava arduamente que Cato não se tivesse voluntariado. Mas ao mesmo tempo eu estava contente que ele pensasse assim, ele tinha de ganhar aqueles Jogos. Mesmo que eu não estivesse com ele nesse momento. Ele tinha de ganhar. Por nós os dois.

–Espero que sim. – Brutus disse – Ainda não tive a oportunidade de falar com a vossa treinadora, Enobaria, então, me digam quais são as armas que vocês sabem usar melhor.

–Espada. – Faca. – respondemos em uníssono.

–E o quão bons vocês são com essas armas? – ele perguntou indiferente e eu resolvi responder.

–Somos bons o suficiente para o matar agora mesmo sem que você tivesse sequer a oportunidade de pensar em defender-se. – Cato olhou para mim como se quisesse dizer “Ficou louca de vez? Quer virar uma avox mesmo antes de entrar na Capital?”, eu apenas cruzei os braços sobre o peito. – Mas é claro, apenas se nós quisessemos – Brutus não disse nada, apenas semicerrou os olhos e analisou-me como tinha antes feito com Cato.

Alguns segundos depois, Brutus abriu um meio sorriso e disse:

–Já estou gostando de você, garota.

–Me perdoe, não era essa a minha intenção. – eu digo sarcásticamente, o que faz o ruivo gargalhar ainda mais.

–Espero que controle melhor esse seu feitio enquanto estiver na Capital, garota, mas ele estará completamente do seu lado quando estiver na arena. – o nosso mentor olhou para Cato – Você também me parece bastante confiante, garoto. Se forem tão bons com as vossas armas como a garota diz eu acho que têm boas hipóteses de ganhar. Mas terei de ver para crer.

–Não se preocupe, os treinos começam amanhã.

–Eu sei, e mal posso esperar por isso. – Brutus respondeu ao comentário de Cato e apenas concordei com o mentor, eu também estava ansiosa pelos treinos.

Mal podia esperar para conhecer as minhas futuras vítimas.



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Notas finais do capítulo

Comentem e me deixem saber o que acharam.
Até ao próximo capítulo!



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