The Ruler And The Killer escrita por Marbells


Capítulo 18
There is something in the air


Notas iniciais do capítulo

Hi! Mais um capítulo, é verdade. Como vou estar fora uns dias decidi ser boazinha e postar mais outra capítulo hoje ainda. Não sei se amanhã vou postar, mas juro que vou tentar.
Não respondi aos comentários todos - acho que só respondi a um na verdade -, mas foi porque tenho de sair do computador rapidinho e ou postava ou respondia aos comentários. Então, muito obrigada por comentarem, vocês são fantásticos!
P. S- Tenho uma surpresa para vocês no capítulo. Hehe.
Boa leitura!



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Era de madrugada e eu não conseguia dormir. Os braços de Cato estavam ao redor da minha cintura e pareciam feitos de pedra. Olhei para o seu rosto, sereno e já sem sinal de nenhuma cicatriz ou queimadura. Sorri e acariciei o rosto de Cato, que suspirou, ainda a dormir, e murmurou qualquer coisa. Com cuidado, tentei tirar os braços dele da minha cintura e, depois de muito tentar, consegui que ele me largasse. Cato fez um barulho estranho e virou-se para o lado, abraçando o casaco que até á momentos nos cobria aos dois. Saí da tenda, sempre tendo o cuidado de não fazer barulho. Eu não conseguia dormir, mas isso não implicava que Cato também não pudesse ter direito às suas horas de sono e, como eu sabia muito bem, aquele garoto tinha uma tendência irritante a ficar extremamente desagradável quando não dormia o suficiente.

Sentei-me á volta da fogueira, que Cato tinha apagado, e começei a afiar as minhas facas. O meu objetivo era abstrair-me de tudo o resto, da arena, dos outros tributos e de todos os pensamentos inoportunos que pudessem invadir a minha mente. E a melhor forma para me distrair era afiar facas. Havia algo na forma como elas brilhavam e no som de ferro contra ferro que me fascinava.

Enquanto isso, perdi-me nos meus pensamentos. Cato e eu tinhamos decidido que já não íamos esconder a nossa relação, mas também não gritariamos que estávamos juntos para todos os tributos ouvirem. Não, quem nos visse que visse e quem não visse azar. Ou, neste caso, isso seria uma grande sorte.

A arena estava em completo silêncio, apenas algumas moscas resolviam aparecer perto de mim de vez em quando e o som das minhas facas a serem afiadas não eram muitlto. Tirando isso, não se ouvia mais nada. Pelo menos, até alguém aparecer atrás de mim, com passos lentos e pesados.

-Olá, Clove! – Peeta murmurou e, sem seguida, sentou-se a meu lado. Olhei para ele ultrajada. O que ele estava ali a fazer?

-O que está aqui a fazer, Peeta? – ele coçou a cabeça e bocejou.

-É o meu turno de vigia, lembra? – ah, isso. Pois, acho que me esqueçi mesmo. Assenti e continuei a afiar as minhas facas – Não conseguia dormir?

-Pareçe que não, a não ser que eu seja sonâmbula e não saiba. – respondi com secura, mas o garoto não pareceu ter ficado abalado com a minha falta de simpatia. Aliás, ele até já devia estar acostumado a ser mal-tratado por nós.

-Sabe, Clove, - ele começou, com um tom e um ar pensativos – eu estive a pensar em como vocês conseguiram escapar da floresta e não me ocorreu nenhuma ideia.

-E nem precisa de ocorrer, lorverboy, isso já passou.

-Mas, pense bem, vocês os dois demoraram quase uma hora para fugirem da floresta e, quando voltaram, tinham apenas alguns pequenos machucados. – isso é o que ele pensa – E eu pergunto-me como conseguiram isso? – não havia perigo no rosto de Peeta, apenas curiosidade e isso foi algo que me aliviou.

-Eu e Cato temos anos de prática, garoto, sabemos como nos defender e como escapar de uma floresta em chamas.

-Mas… - não o deixei terminar e decidi pôr fim áquela conversa.

-Chega, Peeta, nós saímos vivos daquela porcaria que os Idealizadores prepararam e eu até percebo que você esteja preocupado porque somos seus inimigos nesta arena e enquanto estivermos vivos você corre risco de vida, mas cale-se! – exclamei exaltada – E espero que se cale mesmo, porque, se não o fizer, eu mesma farei com que não volte a abrir a boca. – os olhos do garoto pareciam estar prestes a saltar das órbitas e isso deixou-me contente ou, pelo menos, com menos vontade de pegar numa das minhas facas e a espetar naquela cabeça oca e boba – Ótimo que entendeu. – dei um falso sorriso e voltei a concentar-me nas facas.

Mas o silêncio só durou alguns minutos, porque, ao contrário do que eu esperava, Peeta parecia estar com vontade de ficar com o rosto desfigurado.

-Você o salvou, não foi? – virei o rosto e os meus olhos encontraram os dele, azuis e temerosos, mas determinados a obter uma resposta.

-Não ouviu o que eu disse á pouco? – abanei a cabeça e, sem perceber porquê, respondi-lhe: - Sim, eu o salvei. Como sabe disso, hein? – Peeta abriu um sorriso vitorioso.

-Eu não sabia, mas tive sorte. – tive de me conter para não gargalhar. A sério, aquele garoto devia ser louco – Mas, afinal, eu tinha razão.

-Razão no quê, loverboy? – ele inclinou-se para mim e sussurrou:

-Você o ama. – suspirei e guardei as minhas facas no casaco, mesmo que as quisesse usar não podia – E eu sei que é verdade, não vale a pena fugir como fez no rio.

-Eu não fugi, apenas tinha coisas mais importantes para fazer. – ele sorriu ainda mais.

-Tal como ir ter o Cato, certo? – olhei para ele com espanto.

-Como sabe disso, seu idiota miserável? – rosnei e ele afastou-se um pouco, assustado pela minha mudança de humor.

-Eu… eu vi vocês ao longe.

-E o que mais viu? – Peeta abanou a cabeça.

-Nada, eu estava muito longe e tinha a certeza de que se me aproximasse o suficiente para você me ver eu estaria morto. – inclinei ligeiramente a cabeça e concordei:

-É, você tem razão. Mas da próxima vez que eu souber que me esteve a espiar juro que vou dar um jeito de estragar essa sua carinha de idiota, entendeu? – Peeta balançou a cabeça, assentindo – Agora saia daqui, Peeta, quero ficar sozinha.

-Mas eu estou no meu turno, Clove, você é quem está a mais aqui. – ok, isso é provocação autêntica!

-Está a expulsar-me?

-Depende. – a sua expressão era brincalhona e eu não tinha paciência nenhuma para aquilo.

-Nem vou perguntar do que é que depende. – levantei-me e fui para a tenda, mas, antes de entrar na mesma, Peeta me chamou:

-Clove? – virei a cabeça na direção dele.

-O que foi? – Peeta sorriu amigavelmente e tive de controlar a vontade de lhe dar um murro.

-Eu vou guardar o seu segredo. – conti um suspiro de alívio e, absurdamente, sorri-lhe.

-Tudo bem, mas não pense que por isso lhe fico a dever um favor. – Peeta abriu os olhos, fingindo uma expressão horrorizada e levou a mão ao peito.

-Mas é claro que não! – ri baixinho e rolei os olhos – Boa noite, Clove!

-Adeus, Peeta. – entrei na tenda e a fechei. Á minha frente, Cato estava deitado no chão, com os abraços em baixo da cabeça e uma expressão pensativa e tensa. Ele estava acordado – Porque não está a dormir? – deitei-me ao lado dele.

-Acordei e você não estava aqui. – engoli em seco, temendo que Cato tivesse saído da tenda e me tivesse visto a conversar com Peeta. E se ele ouviu alguma coisa? – Está tudo bem, pequena? – forçei um sorriso.

-Claro. – aproximei-me de Cato e ele abraçou-me, beijou a minha testa e olhei para ele – Fui apenas apanhar ar, não conseguia dormir.

-Já tem sono, agora? – assenti e sorri para ele.

-Sim. E adivinhe aquilo com que vou sonhar?

-O quê? – Cato sorriu em expetativa, mas, provavelmente, ele já sabia o que eu ia dizer.

-A morte da “Garota em Chamas”. – Cato lançou-me um olhar cúmplice e maldoso.

-Mal posso esperar por ver isso acontecer.

-Já somos dois, garoto da espada. – o seu sorriso se tornou doce e a mão de Cato afagou o meu rosto – Boa noite, Cato.

-Aposto que já é de madrugada.

-Não interessa, - retruqui, fechando so olhos e encostei a minha cabeça no peito do meu parceiro de Distrito – enquanto eu estiver a dormir é de noite para mim.

-Então, boa noite, pequena. – sorri e, em poucos minutos, já estava no Mundo dos sonhos, mas, desta vez, não era Katniss Everdeen quem morria. Era eu.

Peeta´s POV

Nunca pensei em morrer numa arena e muito menos na mesma arena onde estava a garota que eu amava desde criança. Katniss apenas deve ter sabido da minha existência no dia em que lhe mandei um pão queimado em plena chuva. Esse dia atormentou-me até agora. Penso sempre em como podia ter ido ter com ela e ter-lhe dado o pão sem o jogar no chão, como a podia ter ajudado quando vi que ela precisava de ajuda. Mas eu não fiz nada disso, agi como um idiota e não posso fazer nada que mude esse dia. E o pior é que estou nos Jogos Vorazes e ela veio comigo. Quando Effie disse o nome de Primrose, fiquei enraivecido. Como podiam eles sequer deixar que o nome de uma garotinha de 12 anos fosse contabilizado? No entando, Katniss me surpreendeu mais uma vez. Ela se voluntariou pela irmã, ela se ofereceu para morrer no lugar de uma garota que seria facilmente eliminada na arena. Katniss me fez amá-la ainda mais nesse momento.

Eu estava aterrorizado. Não conseguia pensar em mais nada a não ser em como a vida era irónica. A garota que eu amava ia para os Jogos Vorazes e, provavelmente, ela nem sabia quem eu era. Isso nem era o pior de tudo. O pior era ver o amigo dela, Gale, com uma expressão semelhante á minha. Eu sabia que ele a via como mais do que uma amiga, mas Gale ainda não lhe dissera. Pelo menos disso eu tinha a certeza.

Quando o meu nome foi anunciado, eu pensei que ia evaporar. Sentía-me febril e a minha vontade de chorar era enorme. Mas eu não podia chorar á frente de Katniss, a mesma garota que queriam que, em certo momento, eu matasse. Mas nunca, jamais eu lhe faria mal. Isso estava fora de questão e de uma forma ou de outra eu arranjaria uma maneira de escapar a esse destino. Ela merecia voltar ao Distrito 12, ela merecia ir viver na Vila dos Venecdores, junto com a mãe e a irmã e, talvez, junto com Gale. Mas isso já nem me importava mais. Desde que Katniss Everdeen ganhasse a 74ª Edição dos Jogos Vorazes, seria impossível eu morrer mais feliz.

Á noite, eu pensava em como os meus pais e irmãos estariam. Não eramos uma família propriamente unida e eu tinha a certeza de que eles ultrapassariam facilmente a minha morte. Quando era mais novo, cheguei a ter medo da minha mãe. Ela apenas… não sabia como mostrar o seu lado carinhoso, com ninguém. Mas o medo que sentia por ela passou a raiva. Eu queria uma mãe que não gritasse comigo por cada erro que cometia – mesmo quando ele era reversível – ou que chegava a bater-me. Por outro lado, o meu pai já era um homem mais simpático e menos bruto, mas dava-me quase tanta importância como a minha mãe. Os meus irmãos, bem eles deviam estar a zombar de mim e a dizer coisas como “Não acredito que ele vai morrer virgem!”. De qualquer forma, até era bom que eles não sentissem muito a minha perda, pois continuavam a ser a minha família e, mesmo que não confiassem em mim o suficiente para acreditarem que eu pudesse ganhar os Jogos, eu não queria que eles sofressem.

Agora, aqui estou eu, a fazer uma ronda á área da cornucópia. Ao meu lado estão Clove e Cato. Cato está tenso e calado desde que começámos a andar, mas, mesmo assim, não sai perto da Clove. E isso apenas prova a minha teoria de que esses dois se amam. As duas máquinas de matar do Distrito 2 estão apaixonadas, mas, pelo menos em voz alta, recusam-se a admitir isso. Já quase todo o grupo os viu aos beijos ou abraçados, mas nenhuma declaração foi ouvida. Cato tem vindo a ser cada vez mais protetor em relação á garota com as facas, mas nem percebo porquê. Aquela garota é um verdadeiro perigo para qualquer ser vivo. Ela e aquelas facas que faz de questão de colecionar são uma das poucas coisas que me fazem temer pela minha vida, ainda mais quando sei que ela não gosta nada de mim. Mas, parece-me, isso tem vindo a mudar. Acho que Clove já percebeu que, por mais que implique comigo, estamos os dois na mesma situação. Eu amo uma garota que, pelas regras da Capital, terei de matar e Clove também terá de matar o Cato.

Porém, algo na forma como Clove fala e olha para Cato ou nos momentos em que ela está sentada á volta da fogueira, a olhar para um ponto no horizonte e com um olhar distante, faz-me pensar que ela já tomou a sua decisão. Tudo isso me faz suspeitar de que Clove está disposta a abdicar da sua vida pela de Cato. Infelizmente, posso ver nos olhos azuis e frios do garoto do Distrito 2 que ele pensa da mesma maneira. E isso é triste e apenas serve para aumentar o meu ódio pela Capital, porque duas pessoas que se amam deviam ficar juntas. Se Katniss me amasse, eu nunca abdicaria da nossa relação. Eu lutaria até não poder mais e, por alguma razão que desconheço, Clove e Cato não pensam da mesma forma. Eles já meteram na cabeça que apenas um deles pode sobreviver e que só um deles sobreviverá. Mas, ao contrário do que se passa comigo, eles estão a ter resultados positivos. Clove e Cato são daquelas pessoas que me pareçem invencíveis quando estão juntos. O garoto é uma muralha humana e apenas mostra algum sentimento quando está perto daquela garota de pequena estatura mas letal. Sim, sem sombra de dúvidas que Clove é letal, mas ela também é humana e tem sentimentos. E por isso custa-me olhar para eles e saber que não podem sobreviver. Katniss tem de ganhar os Jogos Vorazes, mas, se ela não tivesse vindo, sem dúvida que Cato ou Clove seriam os vencedores. Por que sei que, quando me tornar desncessário para eles, Clove não hesitará em cortar a minha garganta com uma das suas amigas a que ela chama de faca.

Porém, o que os carreiristas não sabem é que eles estam a ser usados. Prometi-lhes levá-los até Katniss para que, dessa forma, a matassem. Mas, obviamente, não o vou fazer. Vou tentar atrasá-los o máximo possível, mesmo que isso signifique a minha morte. E sei que já não falta muito para que tal aconteça, pois, pela forma como me olha, Cato parece desconfiado de alguma coisa.

Não sei do que é que Cato desconfia, mas tenho a certeza de que, agora, o olhar dele demonstra que nem Clove tem tanta vontade de dar cabo de mim.

-Vou vou voltar para o acampamento. – Clove disse – Já caçei três coelhos até agora e não pareceu nenhum tributo e, se aparecer, vocês dão conta disso.

-Você vai sozinha? – perguntei. A garota podia ser boa com as facas, mas era bem pequena – Pode aparecer algum tributo e…

-Tenho a certeza de que me posso defender sozinha, lover boy. – ela olhou-me com desprezo e beijou Cato – Tente apanhar algum tributo por mim.

-Claro. – ele sorriu e abraçou com possessividade.

Foi aí que percebi o que estava a acontecer com Cato. Ele estava com ciúmes! Ah, isso era ridículo! Como é que eu podia gostar de uma garota que está sempre a repetir o quanto gostaria de me matar? Só mesmo um carreirista para pensar esse absurdo – Nós não vamos demorar muito ainda, já deve ser quase cinco da tarde. – ele disse quando pararam de se beijar.

-Ok, então até logo! – Clove deu um último beijo a Cato e foi-se embora, desaparecendo entre as árvores e os arbustos.

Cato e eu continuámos a andar durante cinco minutos, mas esse foi o máximo de tempo que o silêncio durou, pois Cato resolveu quebrá-lo:

-Não sei o que está a pensar, loverboy, - senti os meus músculos retesaram-se. O tom de ameaça e hostilidade era evidente na voz de Cato, que tinha os maxilares cerrados – mas eu não estou para brincadeiras.

-O quê? – não estava a fingir-me de desentendido nem nada disso, pura e simplesmente, essas eram as únicas palavras que eu consegui proferir, mesmo que gaguejando. Mas isso pareceu piorar o humor de Cato, que, agora, parecia estar com o dobro da altura. Ou era eu que estava a encolher devido ao medo.

-Diga-me, Peeta, - ele disse o meu nome com nojo e afastei-me instintivamente – a “Garota em Chamas” não era o suficiente para você, não? Ou ela acabou com você e agora você anda atrás da Clove? – esbugalhei os olhos e abri a boca para falar, mas fui interrompido – Nem quero ouvir o que tem a dizer. Apenas meta isto na cabeça, Mellark, a Clove é minha!

-Eu sei disso! – na verdade, acho que todos sabiam.

-A sério? – assenti e ele sorriu sem vontade – Porque ontem á noite você não parecia saber disso. – engoli em seco e estremeci. Caramba, ele tinha visto Clove e eu a conversar e pensou que me estava a atirar a ela! Estou feito – É, eu vi a vossa conversinha.

-Estávamos só a falar. – defendi-me.

-Não foi isso que me pareceu. – Cato deu um passo na minha direção e senti o sangue fugir-me do rosto. Bastava um movimento do braço de Cato e, se ele quisesse, eu podia estar morto em segundos.

-Eu na… Não fiz nada de mal, Cato. A Clove é apenas uma… - hum, eu não sei bem o que ela é, mas, como ainda não me matou ou torturou, penso que posso dizer somos amigos – Eu sou apenas amigo dela enão vai passar disso.

-É bom mesmo porque, se eu suspeitar que quer alguma coisa com a minha garota, pode começar a pensar nas suas últimas palavras. Entendeu bem? – sim e eu estou muito aliviado! Obviamente, não foi isso que eu disse.

-Sim, mas, já agora, eu quero explicar uma coi… - não deu tempo para eu dizer mais nada, porque fiquei petrificado quando vi o punho de Cato na minha direção. Infelizmente, o meu último pensamento não passou de um grito reprimido e assustado. Merda.

*

Agora já percebo aquelas pessoas que levam o tempo todo a queixar-se do quanto a Vida não é justa. E eu percebo isso perfeitamente. Quero dizer, além de estar condenado a morrer sem sequer beijar uma vez a garota que amo desde criança, ainda tenho de levar um soco do garoto cuja namorada eu estava a tentar ajudar a ter coragem suficiente para dizer que o amava antes de um deles morrer. Mas, mais uma vez, a vida decidiu mostar o quanto não gosta de mim e decidiu que Cato tinha de me dar aquele que deve o maior soco que alguém já deu em toda a História da Humanidade e o resultado disso foi que fiquei incosciente durante aproximadamente cinco ou dez minutos.

O meu nariz parou de sangrar quando chegámos ao acampamento e o sorriso de satisfação de Cato dava-me arrepios. Ele era ainda pior do que a namorada! Agora já entendo porque é os carreiristas têm tanto apoio da Capital: são tão ou mais loucos do que aquela gente que se veste como se fossem borrões de tinta fluorescente!

Entrámos no acampamento e Jean, que era a única que não estava a fazer nenhuma tarefa, olhou para mim com uma expressão que variava entre vontade de rir e pena. É, eu também teria pena de qualquer pessoa que fosse vítima da raiva de Cato. Aquele garoto me fazia lembrar um desenho animado da época pré-Panem. Acho que o boneco se chamava Hulk e era um humano normal que, quando ficava com raiva, se transformava num monstro destruidor. É, sem dúvida que Cato era uma versão moderna desse Hulk, com a exceção de que o desenho animado era verde.

Jean correu até mim e tocou o meu nariz, fazendo-me fechar os olhos.

-Auch! – Cato, que estava ao meu lado, riu e foi ter com Clove que, distraída, cozinhava um dos coelhos que tinha caçado.

-Hey, o que aconteceu ao seu nariz?

-Tropeçei e bati com o rosto numa pedra que estava no chão. – menti e tive um bom resultado. Jean riu baxinho – Tem muito piada a minha desgraça?

-Sim. – ela foi até á mochila e tirou de lá uma garrafa dela – Pode tirar a T-shirt?

-Claro. – ouvi uns risinhos atrás de mim e nem quis ver quem os tinha dado. Tirei, cuidadosa mas rapidamente o casaco e a minha T-shirt e entreguei-a a Jean, que a molhou e enrolou para, em seguida, me entregar.

-Pressione na cana do nariz. – sorri agradecido e fiz o que ela disse. Mesmo sendo pouco, aquilo ajudou imenso, mas a dor continuava no meu nariz eu ainda não conseguia passar um segundo sem sentir uma dor aguda – Só alguém muito azarado para bater com o nariz numa pedra. – ri nervosamente e murmurei:

-Ou alguém muito odiado.

-O quê?

-Nada, hum… Nada. – Jean rolou os olhos e começou a conversar comigo sobre coisas banais.

A garota até que era simpática. Quero dizer, qualquer pessoa que se compare a Clove e Cato pode ser considerada simpática, porque, tenho de admitir, eles só parecem se importar um com o outro. Infelizmente, temo que seja isso mesmo que acabe com eles.

*

Estávamos agora a fazer uma ronda á zona do lago, mas, mais uma vez, não havia nenhum sinal de qualquer outro tributo além de nós os seis. Pelo menos até Marvel, que estava alguns metros á minha frente, anunciar num tom empolgado:

-Hey, acho que vi alguma coisa!

-Um tributo? – Clove quase que saltava no lugar enquanto, num gesto rápido, tirou quatro facas de dentro do casaco. Tremi só de pensar no número astronómico de facas que ela devia ter tirado da cornucópia.

-Bem, pelo menos o que eu vi me parecia uma pessoa, mas não vi quem era.

-Então, estão á espera de quê? Vamos! – Cato ordenou, elevando a espada no ar e soltando aquilo que se aproximava a um grito de batalha.

Começámos todos a correr para a margem do rio, mas tive de parar quando percebi que Marvel tinha razão. Infelizmente para mim, o tributo que estava no rio, com uma ferida na perna, era Katniss, a garota pela qual eu daria a minha vida.


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Notas finais do capítulo

Então, espero que tenham gostado. Sei que o Peeta não é muito de dizer palavrões - foi só um na verdade - e nem sei porque é que escrevi no POV dele, mas até que gostei.
Espero que também tenham gostado e comentem!