POV BELLA

Assim que chegámos à cozinha agradecei pela minha ideia de arrumar uma mesa bonita para o jantar.

- A comida já deve estar um pouco fria – desculpei-me enquanto tirava a lasanha do forno.

- O cheiro está maravilhoso – Charlie comentou enquanto se sentava e indicava o lugar a Edward – Essa é uma receita nova, Bells?

Edward sorriu quando eu pus a lasanha no centro da mesa.

- Fui eu quem lhe ensinou – comentou olhando-me, possivelmente relembrando daquele dia.

Parecia que tinha sido há tanto tempo e agora aqui estávamos nos, em circunstancias completamente diferentes.

- Tu cozinhas, Edward?

- Algumas coisas.

- Deixa-te de modéstias Edward – falei enquanto os servia e em seguida voltei-me para o meu pai -  O Edward é dos melhores cozinheiros. Tudo o que faz fica bom – elogiei e ele
sorriu tímido.

- Hum – Charlie provou a lasanha e sorriu – se os teus cozinhados ficarem tao bons quanto esta lasanha tens de fazer alguma coisa para eu provar.

- Faço com todo o gosto, Charlie.

- Óptimo – Charlie parecia ter gasto o stock de conversa, pois virou-se para o prato e recomeçou a saborear a lasanha.

Virei-me para Edward.

- Vais ficar cá?

- Aluguei um quarto na pensão de Forks, quando cheguei.

- A sério?

- Sim. Foi fácil. Acho que sou o único hóspede.

- Não me admiro nada. – Sorri, sabendo que era mesmo verdade – vais ficar quanto tempo?

- Não posso ficar muito. Começo a trabalhar na próxima segunda.

Hoje era sexta, por isso ele ficaria no máximo um fim-de-semana.

- Hum – olhei pensativa para a comida no prato.

Voltava com ele ou ficava em Forks?

As aulas já tinham começado mas se eu mostrasse que tenho acompanhado à distancia podia ser que me deixassem refazer a matricula.

Mas e a minha mãe?

Será que ela não se importava de me ver aparecer em Nova Iorque, com Edward?

Provavelmente ela diria que não, mas eu não tinha como saber se isso era verdade ou não.

E Charlie?

Podia ir novamente embora, como se não fosse nada?

Mas eu também não queria separar-me de Edward, logo agora que estava tudo bem connosco.

- Bella?

Olhei para Charlie.

-  Achas que te deixam voltar à Universidade?

Olhei-o agradecida, enquanto ele me piscava o olho.

- Se eu for lá, eu acho que não há problema. Eu tenho lido aqui os livros que estão no programa, por isso, acho que está tudo bem.

- Vais voltar comigo? – Edward perguntou  com um sorriso contido.

- Se a Renee não se importar. Não sei se ela me quer lá em casa.

- Bella, a tua mãe está cheia de saudades tuas. Garanto-te que se não fores por livre vontade ela vem buscar-te. Ela quer-te com ela.

- Mesmo com tudo isto?

Edward abriu a boca para responder mas antes que pudesse dizer algo Charlie levantou-se.

- Esta a dar um jogo que quero ver. Importam-se que eu vá?

- Claro que não, Charlie. A casa é sua.

Ele sorriu e saiu da cozinha. Ao longe ouvi o som da televisão.

Quando estávamos sozinhos Edward afastou a sua cadeira e
esticou a mão.

- Vem cá.

Levantei-me rapidamente e sentei-me ao seu colo, aconchegando-me no seu peito que me reconfortava sem igual.

Edward acariciou-me o cabelo.

- Bella, a tua mãe ama-te. Já te amava antes de tu ires para lá. Quando eu a conheci ela falou-me logo da linda filha que tinha que é o seu orgulho. E depois de te ter com ela durante este tempo o seu amor por ti só aumentou. Por favor não penses nem por um momento que ela está zangada ou que não te quer ver porque isso não é verdade. Ela pediu-me, antes de eu vir, que te levasse de volta.

Desencostei a cabeça do seu ombro para olhá-lo.

- Acho que vou ligar-lhe.

Edward sorriu docemente.

- Acho que fazes muito bem.

Olhei a cozinha, tentando lembrar onde estava o telemóvel, sem conseguir. Senti Edward mexer debaixo de mim e olhei-o sem entender até ver que ele pegava no telemóvel.

Ele discou o número e levou o telemóvel ao ouvido.

- Renee? Como estás?

Retrai-me um pouco, ao ouvi-lo falar com ela e ninguém me podia culpar por isso. Até há uns dias eles namoravam.

A perceber a mudança, Edward pousou a mão nas minhas costas, subindo e descendo.

- Sim, a viagem correu bem. Escuta tenho uma surpresa.

Ele olhou-me com um sorriso e assenti, estendendo a mão.

- Melhor que isso. Espera um pouco.

Edward estendeu-me o telemóvel e fez menção de se levantar, mas eu encostei-me novamente nele.

Respirei fundo, ganhando coragem.

- Mãe?

Do outro lado da linha nada não se ouviu nada por um momento.

- Bella? És tu, filha?

- Sim, sou eu.

- Como é que tu estás, querida?

- Eu estou bem, mãe. E tu, como é que estás?

- Melhor agora que falo contigo. Não me faças mais isto, filha, por favor.

- Desculpa. Mãe?

- Sim?

- Posso voltar?

- É claro que podes. Esta casa é tua e a porta está sempre aberta para ti, meu amor.

- Mesmo depois de tudo? – Edward beijou-me a testa, quando funguei, na tentativa de esconder as lágrimas.

Eu estava com saudades de Renee.

- Principalmente depois de tudo, querida. És a minha filha e nada nem ninguém vai meter-se entre nós. Agora está tudo resolvido ou não?

- Sim, agora está tudo bem.

- Já sabes quando vens?

- Não. Eu ligo a avisar, está bem?

-  Não te esqueças.

- Prometo. Um beijinho, mãe.

Desliguei e aconcheguei-me no corpo de Edward.

- E então?

- Tinhas razão. Ela só quer que eu volte.

- Eu disse-te.

Sorri e em seguida levantei-me.

- Vou arrumar isto num instante.

Quando comecei a lavar a loiça Edward apareceu ao meu lado  com um pano na mão.

- Eu limpo.

- Não precisas de fazer isso.

- Não. Mas eu quero.

Enxaguei o prato que lavava e entreguei-o a Edward.

Trabalhamos em silencio durante uns 20 segundos, até ele o quebrar.

- Tinha tantas saudades tuas. – Ele comentou como se não fosse nada.

Olhei-o de lado e vi que enxugava vigorosamente o prato. Estava nervoso.

- Estes dias longe mostraram-me o quanto gosto de ti. É realmente uma sensação muito agradável e completamente devastadora.

- Edward…

- É verdade – Olhei-o novamente e agora ele fitava-me directamente, sem qualquer indício de um sorriso.

- Eu sei, senti o mesmo. Como se uma força tentasse levar-me de volta.

Peguei novamente no prato, voltando a lavá-lo. Enxaguei e passei-lho.

- E essa força… ainda a sentes?

Corei, antes de responder.

- Cada vez com mais força.

Antes de poder pensar em mais alguma coisa senti as mãos fortes de Edward na minha cintura, virando-me na direcção dele e, de repente, os seus lábios estavam em contacto com os meus, num beijo de cortar a respiração, sendo o prato completamente esquecido.

Apesar de ter sido apanhada de surpresa não demorei a reagir e levantei os braços, unindo-os à volta do seu pescoço.

Os seus lábios separaram os meus, no momento em que a sua língua se introduzia na minha boca, enquanto o seu corpo musculado apertava o meu contra o lava-louça e uma das suas mãos infiltrou-se pela minha blusa, afagando as minhas costas, à medida que o seu joelho se insinuava entre as minhas pernas.

Senti a água com detergente  a escorrer pelos meus braços e a molhar a sua camisa, mas nenhum de nós se importou enquanto nos beijávamos.

Quando o ar se tornou necessário, separamo-nos, com as respirações descompassadas e os corações a palpitarem em uníssono, com os olhos de um a olharem directamente nos do outro. Ele tinha uns olhos lindos – foi o que me chamou mais a atenção a primeira vez que o vi.

O verde brilhante, agora ligeiramente mais escuro,  conferia-lhe uma intensidade, como se de um mar bravo de tratasse.

Estiquei-me na ponta dos pés, alcançando-o e encostei os meus lábios aos seus, suavemente, por breves instantes e afastei-me.

Ele sorriu e depois inclinou a cabeça e encostou os seus lábios aos meus.

- Eu amo-te – sussurrou.

Sorri ainda com os lábios encostados aos dele.

- Eu também te amo.

Ouvi os passos de Charlie e afastei-me de Edward, pegando no prato pela terceira vez.

- Andaram a fazer guerra de água, crianças?

Nós sorrimos um para o outro, e passei-lhe o prato.

- Foi mais ou menos isso. O jogo já acabou?

- Sim, já o apanhei no final. Não perdi grande coisa.

- Pai, falei com a mãe.

- Aposto que ela ficou feliz.

- Sim. Diz estar ansiosa para que eu volte.

- E quando vai ser?

Olhei para Edward.

- O meu avião é domingo de manhã.

- Será que consigo um lugar?

- Bella, um avião de Forks nunca vai muito cheio. Eu vou ligar.

- Obrigada, pai.

Antes que ele saísse, Edward chamou-o.

- Charlie? Aproveito e despeço-me já.

- Já vais embora? – perguntei desapontada.

- Sim. Mas amanha venho buscar-te. Quero conhecer o sítio onde cresceste.

Enquanto os dois se despediam, lavei o resto das coisas e limpei as mãos.

Assim que Charlie saiu da cozinha fui até Edward, abraçando-o pela cintura.

- Tens mesmo de ir?

- Sim. Estou realmente cansado.

- Se é assim, vai lá.

Edward inclinou-se, unindo os nossos lábios num beijo rápido e afastou-se.

- Amanha, queres dormir até tarde?

- Não, vem às 9h.

Ele sorriu.

- Dorme bem.

- Tu também.

Suspirei ao vê-lo sair da cozinha mas logo a seguir um grande sorriso foi-se formando nos meus lábios.

As coisas estavam a começar a correr bem.